sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Um bom dia para o Sporting

"A vitória sobre o Feirense, conjugada com o empate do Sporting em Guimarães, deram uma liderança mais sólida ao Benfica. Neste momento, o melhor ataque, a melhor defesa e a única equipa sem derrotas é também o líder do campeonato. É bom que seja o Benfica, mas só conta na jornada 34. O caminho continua de forma competente e serena com olhos postos no 36.º título.
No dia em que o presidente leonino anunciava a conquista de quatro novos títulos, e a certeza da conquista este ano do 23.º, a sua equipa empatou um jogo em que ganhava 3-0 a 15 minutos do fim. Só por maldade ou antisportinguismo se pode considerar que não foi um dia bom na história do clube. Não tenho a mesma certeza do presidente do Sporting, mas sei que Jorge Jesus irá lutar e disputar o campeonato até ao fim e é, por agora, candidato legitimo à sua conquista.
A lesão de Adrien é uma baixa em Alvalade, um indiscutível no onze, mas agora dá para os rivais imaginarem o mérito do Benfica no último mês, sem seis titulares, ter conseguido chegar à liderança do campeonato. Benfica, Sporting e FC Porto serão candidatos e lutarão pelo titulo até ao fim. Retirar o FC Porto das contas seria um erro fatal para os dois clubes com sede em Lisboa, seria ignorar a história.
Pizzi e Nélson Semedo foram chamados com justiça por Fernando Santos. Desejo só que não se lesionem.
A despedida de Mário Wilson, que na minha juventude era o bombeiro de serviço das crises encarnadas, e a que sempre associo aquela educação e civismo próprios de um grande senhor, foi um momento triste da semana.
Um secretário-geral das Nações Unidas adepto do Benfica foi o momento mais positivo desta semana, na qual a violência verbal e o insulto passaram todos os limites do razoável. Fiquemos com o que é bom, e lembremos sempre Mário Wilson."

Sílvio Cervan, in A Bola

No bom caminho

"Disse o pastor: 'Os nossos rivais estão obcecados com o nosso comportamento exemplar financeiro versus o seu que se degrada a cada dia e pensam que mentindo sobre os outros vão podendo esconder a sua real situação. E atenção às dívidas que estão no dito banco mau... não me parece terem entrado nas contas que o Expresso fez na excelente tentativa de apresentar as contas consolidadas do Benfica visto que este se recusa a fazer'.
Anuíram os carneiros: 'Ámem'.
Solto eu: 'Ah Ah Ah'.
E lamenta-se uma amigo meu: 'Um dia ainda o hei-se apanhar a dizer a verdade'.
Falando de coisas sérias, o Benfica lidera o Campeonato Nacional à sétima jornada com 19 pontos em 21 possíveis, tem a melhor defesa e é a equipa mais concretizadora. Sem deslumbrar, a nossa equipa tem apresentado consistência e mentalidade competitiva, o que é de enaltecer, tendo em conta a inacreditável onda de lesões que a tem afectado.
Falando de cosias ainda mais sérias, foi realizada, na passada sexta-feira, a Assembleia-Geral para apreciar e votar o relatório de gestão e as contas do exercício de 2015/16 do clube, na qual, diga-se de passagem, foram apresentadas as contas consolidadas. É pena que, por as AG's se tratarem de um dos momentos mais importantes da vida associativa, não tenha sido tão participada quando julgo que deveria.
O relatório foi aprovado com cerca de 91% dos votos. Tendo em conta o actual momento desportivo do clube (competitivo em todas as modalidades de alta competição) e as contas apresentadas (lucro nas individuais e nas consolidadas, receitas recorde, incremento da quotização), surpreende-me é que não tenha havido unanimidade na sua aprovação."

João Tomaz, in O Benfica

58637

"Descansem, não vos venho falar de orçamentos, dúvidas, perdões bancários, jogadas financeiras para parecer que tudo está bem. Isso é aqui ao lado, junto à churrasqueia do Lumiar. O número de que me apetece falar é o de Domingo passado: 58637. Foram estes os Benfiquistas (e alguns adeptos feirenses) que estiveram na Catedral a assistir a mais uma vitória do Tricampeão nacional. E tudo isto depois de uma derrota amarga a meio da semana em Nápoles...
É também nestes números que ninguém nos bate. Em três jogos disputados na Luz, a me´dia de espectadores é de 55700 pessoas. Sim, mais do que a lotação de qualquer outro estádio em Portugal. E isto em partidas com Vitória de Setúbal, SC Braga e Feirense. E nos quatro jogos fora do SL Benfica, quatro casas cheiras em Tondela, Choupana, Arouca e Chaves.
Se, nas bancadas, não restam dúvidas de quem é o líder, em campo ainda menos. Ao fim de sete jogos, temos mais pontos, mais golos marcados, menos sofridos e continuamos invictos, com três pontos de avanço para segundo e terceiro classificados.
O campeonato vai parar agora, para os compromissos da selecção. E durante essas semanas de pausa, adivinhem quem vai passá-las a remoer-se, a pensar no que podia ter feito e não fez. Imaginem quem é que vai dificuldades em dormir à noite, quem é que vai questionar-se 'mas como é que eles conseguem estar à frente isolados, com tanta gente no estaleiro?' Eu não sou, de certeza. Nem vocês, que acreditam no Benfica, nos seus jogadores, nos seus técnicos e no seu projecto.
Agora, meus caros e minhas caras, é continuar o bom trabalho, é continuar a dar um passo a seguir ao outro, com respeito e responsabilidade, sem euforias. Estamos no caminho certo."

Ricardo Santos, in O Benfica

Casa cheia

"Os quase 60 mil que estiveram presentes no Benfica-Feirense criaram uma atmosfera extraordinária, galvanizaram a equipa para mais uma vitória, e expressaram duas evidências que não podem passar em claro.
A primeira é a de que o futebol disputado à luz do dia tem outro encanto, e cativa muito mais adeptos. Quem viva na zona de Lisboa talvez não entenda quão importante são os horários dos jogos para Benfiquistas que se deslocam de vários pontos do país - de Trás-os-Montes ao Algarve -, e têm de regressar a casa a tempo de poder trabalhar no dia seguinte. Uma partida realizada numa noite de domingo deixa automaticamente de fora uns quantos milhares de pessoas que, simplesmente, não podem ir. Diga-se, em nome da justiça, que a BTV deu um grande impulso no regresso do futebol à sua hora tradicional. E a consequência tem sido um assinalável acréscimo do número de espectadores no estádio.
A segunda evidência é a de que a nação Benfiquista não tem quaisquer dúvidas acerca da grande prioridade para esta temporada. Mesmo depois de uma derrota europeia, o clima de apoio, de alegria, e de entusiasmo, foi um sinal inequívoco do que o povo efectivamente quer. E isso escreve-se com cinco letras: Tetra!
A Champions é uma competição maravilhosa, que proporciona grandes espectáculos, permite valorizar jogadores, e encher os cofres. Mas nenhum clube português tem condições de a vencer. Chegar longe é fantástico... quando se é Campeão Nacional.
A Liga Portuguesa é pois o foco onde devem estar concentradas todas as nossas energias. É nela que se vai escrever o destino da época. Os adeptos sabem isso."

Luís Fialho, in O Benfica

Ignorai-os!

"Lembremo-nos, ao menos, do exemplo do velho capitão Wilson, porque são homens desses que fazem bem ao futebol.

Ter sucesso no futebol não pode ser apenas ganhar. Ter sucesso no futebol, como na vida, tem de significar, empreender, construir, criar, tornar forte, mostrar vontade, ambição, carácter, carisma e compromisso, lealdade ao jogo limpo e respeito pela ética. Ter sucesso deve resultar de qualidade do que se faz; não deve ser perseguido sem olhar a meios para atingir o fim e muito menos aceitá-lo qualquer que seja o preço.
Pelos universos de Benfica e Sporting o ruído está a tornar-se ensurdecedor, pela voz de dirigentes (ir)responsáveis, comentadores facciosos, opinadores inconscientes, gente cega que vai perdendo cada vez mais a estribeira, o respeito e até a noção do ridículo.
Não vale a pena ir mais longe porque nenhuma dessas personagens merece que se vá mais longe.
Mas vale a pena registá-las para não nos esquecermos dos disparates que cometem; vale a pena marcá-las para evitar misturas; e, por fim, vale a pena ignorá-las para manter o ar respirável.
Não sei se deve o Senhor perdoar-lhes, mas seu que não sabem o que fazem.

Nem o que dizem!


O futebol merece que se fale de futebol. Que se fale do jogo. Que se fale do trabalho dos treinadores e do desempenho dos jogadores. O futebol merece paixão, fair-play, ambição e talento. Não merece jogo sujo!
O futebol não se joga de fato e gravata por muitos fatos e gravatas que gostem de o intoxicar. O futebol deve ser amado, não destruído. Deve ser discutido mas não enxovalhado.

Deixou-nos esta segunda, aliás, alguém que tinha tremenda ambição de ganhar mas paixão maior ainda por competir, lutar, melhorar o jogo e crescer.
Alguém que adorava ensinar e sabia ouvir.
Alguém que cumpria a regra e elevava a ética.
Alguém que quase não precisava de falar para se fazer ouvir.
Alguém que tinha realmente um carisma invulgar.
Mário Wilson, eternamente o velho capitão para muitos de nós, foi uma grande personalidade do futebol português. E foi no futebol, sem qualquer sombra de dúvida, um homem bom.
Conheci-o. E fiquei sobretudo marcado pelo tom de voz, pelo sentido de humor e pela bondade.
Honrar a memória de homens como Mário Wilson é honrar o futebol.
Honrar o carácter de homens como Mário Wilson é honrar a dignidade.
E a dimensão humana de quem, no futebol, procura intensamente ganhar respeitando profundamente o opositor.
Não são palavras bonitas agora que morreu.
Mário Wilson foi mesmo, em muitas coisas, um exemplo. Um bom exemplo!
(...)

'Penalty'
Defende o presidente da FIFA, Infantino, que mais tarde ou mais cedo venha a fase final do Campeonato do Mundo de futebl a ser disputada por 48 equipas. Mas terei ouvido bem? O diário francês L'Equipe definiu bem o que o senhor disse: «Ridículo!». É o que é.

Livre Directo
Escreveu Alex Fergunson num dos seus livros que um dos maiores perigos do sucesso é «deixarmos de ver e ouvir». Se bem o compreendo, vemos apenas o que nos interessa e só ouvimos o que nos convém. Devíamos escrevê-lo no espelho da cada de banho!

Livre Indirecto
É pena que a chamada de Pizzi à Selecção corresponda a mais uma lesão, desta vez a de Nani, que não pode hoje defrontar Andorra. Bem merecia Pizzi outro cenário. Um não-muito-bem-amado que tem sabido tornar-se um jogador mais forte e completo!"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Uma das coisas que me faz mais confusão, nesta cobardia opinativa, é quando jornalistas profissionais condenam as opiniões de comentadores!!!! Extraordinário...
Esta confusão deliberada, entre posições institucionais e representativas dos Clubes, com comentários pessoais, é prova da falta de espinha desta gente...
Estará o senhor Bonzinho a falar de um dos Colunistas deste jornal?!!! Estará o senhor Bonzinho a falar da vergonhosa capa deste jornal da última Quarta-feira, onde transformou '3 frases', numa capa?!!! Em contraponto, com vários 'testamentos bíblicos' repletos da mais vergonhosa prosa... inqualificável para um Clube que se quer ser respeitado?!!!!
E todas as outras opiniões, publicadas por este jornal, de tantos outros colunistas, ao longo dos anos... com mentiras, revisionismos históricos nojentos, ofensas várias... será que nenhuma dessas opiniões mereceu o desagravo do senhor Bonzinho?!!!
E já agora, o ataque pessoal ao nível da tasca, é igual à defesa da honra?!!!
Será que existe alguém que tem a coragem de identificar a eleição do Babalu como o principio de uma das mais sujas fases do Tugão?!!! 

Valores fundamentais

"O desporto, e a sua principal modalidade em Portugal, o futebol, não pode deixar de ser uma escola de valores. Era impensável há cinquenta anos que vivêssemos um tão grande vazio. Com a mediatização que estas últimas décadas proporcionaram ao futebol português, temos assistido a uma inversão do espírito desportivo por parte de muitos dos agentes activos, mas com maior destaque para alguns dirigentes. Não se perde nenhuma oportunidade para se atacar o clube rival, que mais parece inimigo. A rivalidade deu lugar a uma inimizade crescente, que se tem tornado violenta, desproporcionada, e acima de tudo estúpida. Todos compreendemos a vontade de ganhar, a procura do sucesso, mas respeitando princípios e valores. Não pode valer tudo para se atingirem os objectivos, seja em que circunstância for. Será que não se consegue perceber que o sucesso de uma competição não se atinge apenas porque um é campeão, mas acima de tudo porque o equilíbrio competitivo torna esse campeonato qualitativamente superior? Esta é a formula de sucesso, e para isso é necessário não esquecer valores fundamentais.
Mário Wilson representou o que melhor havia neste espírito desportivo, livre de barreiras clubísticas, mesmo tendo preferência assumida por um clube. Para mim será sempre o treinador da Académica dos anos 60, da final da Taça com o Vitória de Setúbal. Por sinal a mais longa final. Lidei mais de perto com o Capitão quando me ajudou a compreender o Alverca. Não me disse como fazer, bem pelo contrário, obrigou-me a pensar nas soluções. Não foi o mais velho, sendo o mais velho. Não foi o treinador a falar, foi o homem a abrir caminho a um jovem. Esse humanismo tem que voltar ao futebol. Nós somos adversários, nunca inimigos. Pelo menos que nos fique o seu exemplo."

José Couceiro, in A Bola

PS: Este é um dos problemas do Tugão!!! O diagnóstico até está bem feito, mas chamar os bois pelos nomes, já é mais difícil!!! Enquanto se continuar a meter tudo no mesmo saco, com medo de parecer parcial, ou neste caso especifico, não querer apontar o dedo aos actuais dirigentes do clube do coração, nada mudará...
O Capitão Wilson, com toda a sua energia positiva, humanismo e bom astral, não fugiu ao confronto e à denúncia, das estratégias arruaceiras, manipuladoras, do execrável Pedroto... Até aí, nesse conflito, provou fazer parte das Forças do Bem...!!!
Ao contrário do que hoje acontece com a esmagadora maioria dos protagonistas, a optarem por uma suposta isenção, que acaba por reforçar as estratégias sujas dos Pintinhos e Babalus desta vida...!!! Também existe culpa por omissão...

'Cojones'

"O futuro do papel enquanto plataforma de jornalismo é indefinido. Discute-se muito em todas as redacções do mundo, levanta-se questões, lança-se variadas hipóteses mas... ninguém tem resposta séria à pergunta: «O que fazer?»
A verdade é que, seja qual for a plataforma, o cidadão comum continuará a querer estar informado. E, sobretudo, desejará estar bem informado. É por isso, também, que, há muito tempo, repito a ideia de que, seja no barro, seja em papiro, em papel, na rádio, na TV ou na net, o mundo pode mudar muito mais aquele que, na pré-história, bateu na pedra para deixar um legado informativo da sua realidade através de gravuras rupestres, esse continuará sempre por cá, ora a bater nas teclas dum computador, ora a falar para um microfone, ora a gravar um vídeo no telemóvel.
Mas só tem uma forma de sobrevivência para lá da voragem aparentemente alienada dos tempos de hoje: mais do que ser original, característica muito importante, tem de ser credível. E essa credibilidade constrói-se, nasce dos anos e anos de notícias verdadeiras, de respeito por fontes e leitores, de trabalho, muito trabalho.
É assustadora a voragem dos nossos dias, em que as informações nascem sabe-se lá como e sabe-se lá onde, até que se transformam em monstros que acham por invadir os meios chamados tradicionais ou credíveis. Continuo, porém (e chamem-me ingénuo), a acreditar que, no fim, a verdade vencerá sempre a mentira, o justo vencerá sempre o injusto e a realidade conquistará sempre a invenção...
Nem que seja necessário alguém com cojones, como um futebolista do país vizinho, convocar uma conferência de imprensa para explicar a um pseudo-jornalista que a partilha de um vídeo com comentários do que lhe parecer ser não é jornalismo; que a informação sem investigação não é jornalismo; que a cópia do que se faz na casa ao lado não é jornalismo."

João Pimpim, in A Bola