domingo, 25 de setembro de 2016

Sonho e ambição

"Benfica tem em Outubro e inicio de Novembro uma sequência de jogos que importa ultrapassar. Vencendo. Tendo ambição.

1. É um fim de semana futebolístico bem singular. Sporting e Porto jogaram na sexta e, ontem, o Benfica regressou a Chaves, onde conseguiu esforçada vitória. Agora, e graças às nossas múltiplas e novas auto-estradas, de Lisboa a Chaves é, de verdade, um salto médio. Serão poucos mais de quatro horas. Recordo bem o meio dia que levei em Dezembro de 1998 para ir ver o Benfica ganhar ao Chaves por quatro bolas a zero, com três golos do Nuno Gomes e o outro do Tahar. O capitão era o João Pinto, o treinador Souness e o árbitro José Leirós. E este fim de semana singular leva-nos, de empurrão, à segunda jornada da Liga dos Campeões e à difícil visita do Benfica a Nápoles. Porventura sem a generalidade dos seus reforços de Outubro como sugestivamente referiu Rui Vitória ao abordar, sem dramatismos e com total sinceridade, o conjunto de jogadores lesionados do Benfica. Durante todo o mês de Outubro - que terá outra pausa para jogos das selecções nacionais e para jogos particulares de clubes, como aquele que o Benfica disputará a 8 de Outubro frente ao Santos na despedida do Léo! - o Benfica realizará cinco jogos, entre eles um jogo, da terceira eliminatória, da Taça de Portugal. E logo arranca Novembro, com o jogo, na Luz, frente ao Dìnamo de Kiev. E é esta sequência que importa ultrapassar, vencendo. Lutando. Tendo ambição. Na certeza que em cada jogo tomamos ar. Já que cada jogo é uma final. Bem importante para as contas das duas Ligas em que competimos e para as contas da sociedade desportiva que apresentamos. E como bem percebemos ao ver as contas da SAD no Benfica da última época desportiva há resultados significativos: tri campeão e tri lucro. Ou seja terceiro ano consecutivo de resultados positivos, tanto nos relvados como nas contas. E com a participação na última Liga dos Campeões a dar um forte alento financeiro! Que alento!

2. Ontem e hoje vive-se, em todo o Portugal, a segunda eliminatória da Taça de Portugal. Já estão em prova os clubes da segunda Liga. E cada um dos 92 clubes em prova sabe que receberá três mil euros e sonha, com total legitimidade, com o possível sorteio da terceira eliminatória e com o encontro com um dos grandes do nosso futebol. Tendo, então, acrescidas possibilidades de somar aos quatro mil euros que então arrecadará um valor bem mais elevado com uma possível transmissão televisiva. Mas hoje temos o futebol de todos em todo o Portugal. A equipa de Rabo de Peixe - uma freguesia linda e com orgulho da Ilha de São Miguel - defronta o Gil Vicente. O jogo realiza-se na Ribeira Grande e será, de verdade, um encontro histórico. Em Leiria o União recebe o Portimonense e Vítor Oliveira reencontra um clube, que não o Estádio, que liderou durante duas épocas. E em Sacavém o histórico Sacavanense acolhe um Olhanense que parece esquecer, no presente, parte relevante da sua história, dos seus compromissos e, também, da sua identidade. Em Sintra há um confronto local. O 1.º de Dezembro joga contra o Lourel. É um encontro de amigos. Na zona oriental de Lisboa o Loures confronta-se com o Oriental. É um encontro de vizinhos. Na Figueira da Foz, a Naval, também em total crise, recebe o Fafe. E o que mais me impressionou foi ler declarações do capitão da Naval, Sérgio Grilo: «Aqui na Figueira estarão mais adeptos do Fafe do que nossos. Já era bom ver um ou dois cachecóis verdes na bancada. Era sinal que não estávamos sozinhos». Um clube é um espaço de identidade. Com a sua história e com a comunidade a que pertence-

3. E é também esta identidade que marca os dez anos do Caixa Futebol Campus. Os dez anos da Academia do Seixal. Onde importa não esquecer o contributo, relevante, do respectivo Município. A Academia é um espaço também ele singular. Pelas infra-estruturas construídas e desenvolvidas. Pelos êxitos conquistados. Cinquenta e um títulos nacionais e distritais. Pela repercussão financeira. Gerou em vendas já cerca de 100 milhões de euros e custou em dez anos cinquenta milhões. Pela consagração do conceito de quadro de honra e em que a distinção aos atletas implica necessariamente a componente desportiva mas envolve também a escolar e a comportamental. E, aqui, acredito que a Academia do Seixal pode alargar as ferramentas ao conjunto dos jogadores que acolhe diariamente ao proporcionar novos conteúdos relacionados com esta nova e ampla sociedade de informação que nos domina e condiciona. Ferramentas complementares àqueles que o sistema formal de educação está, nos seus conteúdos, a concretizar. Na certeza como nos ensina John Dewey que «a educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é preparação para a vida, é a própria vida»!

4. Duas notas complementares. No futsal lutamos, na próxima madrugada, na Colômbia, pelo acesso às meias-finais do Mundial. Com a ambição, bem legitima, de alcançarmos a final! Defrontamos o Azerbeijão que apenas tem seis brasileiros na respectiva selecção. Porventura percebemos a razão da eliminação do Brasil pelo Irão! E marca presença neste Mundial o árbitro português Eduardo Coelho, o que importa aqui realçar. A segunda para sublinhar a presença do futebol feminino no play off de acesso ao Europeu. O confronto será com a Roménia e vale a pena sonhar. Sonho e ambição, também no futsal e no futebol feminino. Como aconteceu, concretizado, a 10 de Julho em Paris!
(...)"

Fernando Seara, in A Bola

PS: Aconselho a entrevista do Domingos Soares de Oliveira à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, fica aqui o Link.

12 meses de TAD (parte I)

"No dia 1 de Outubro de 2015 entrou em funcionamento do Tribunal Arbitral do Desporto.
(Praticamente) um ano volvido, cumpre deixar algumas notas relativas à informação disponíveis no site do site do Tribunal acerca da respectiva produção jurídica, na vertente das decisões arbitrais produzidas pelos árbitros:
- Foram proferidos 9 Acórdãos, dos quais 7 se encontram disponíveis para consulta (as partes podem opor-se à publicação das decisões, sem necessidade de fundamentar tal oposição);
- Tais Acórdãos referem-se a pedidos de arbitragem necessária, donde resulta que a arbitragem voluntária ainda não ganhou, tanto quanto se sabe, espaço no TAD;
- Verifica-se que os litígios são essencialmente relacionados com futebol (em 9 casos, apenas um não diz respeito a esta modalidade);
- A maioria dos processo opõem atletas, SAD's e Clubes, às respectivas federações;
-Tratam-se, essencialmente, e como era previsto, de recursos de decisões disciplinares que caem sob jurisdição deste Tribunal;
- Foram proferidas fundamentalmente decisões de mérito, isto é, que abordem e julgam o fundo de causa e não se limitam a resolver a acção por recurso a questões formais;
- Constata-se ainda que as partes não têm divergido quanto à indicação dos árbitros e nem colocado em causa a composição dos colégios arbitrais."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

A noite em que o Benfica fez lembrar os tempos do Souness

"Os autores de Um Azar do Kralj entraram numa máquina do tempo e recuaram aos anos que nenhum benfiquista quer relembrar: os de Scott Minto e os de Michael Thomas

EDERSON
Protagonizou uma das maiores desilusões da noite ao surgir no onze titular, logo hoje que Guardiola viera à socapa do aeródromo de Bragança para observar Júlio César. Teve a seu favor a participação pouco activa numa das piores exibições do Benfica esta época. Acompanhou com segurança a trajectória da bola aos 41 minutos, em dois remates ao poste, o melhor dos inanimados em campo. 

SEMEDO
A poesia portuguesa não tem perdido muito tempo com o drama da actividade laboral. É na boa, porque para descrever a exibição de Nélson Semedo em Chaves basta-nos “o poema dum funcionário cansado”, de António Ramos Rosa. Os versos dão-nos a conhecer um sujeito saído de uma repartição de finanças, perdido no aparente crepúsculo da sua existência, vencido pelo mantra mais depressivo de sempre: “débito e crédito”, “débito e crédito”, ou, no caso de Semedo, “defender e atacar”, “defender e atacar”. Demonstrou o estado anímico de quem pergunta “porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?” e a qualidade futebolística de alguém “cansado dum dia exemplar” que, para nossa angústia, a presente época teima em nos negar.

LINDELOF (OU PAULO MADEIRA)
Uma primeira parte em que pareceu estar a recuperar de um almoço bem regado, vá, totalmente submergido, numas garrafinhas de Muralhas. Surge na segunda parte já com um guronsan no bucho e a coisa corre um pouco melhor, tendo até cometido a proeza de, em alguns momentos do jogo, penetrar o meio-campo adversário com maior clarividência do que os colegas pagos para a realização dessa mesma tarefa.

LISANDRO (OU RONALDO)
Exibição salva pelos regulamentos aos 18 minutos, num fora-de-jogo que benfiquistas menos dados à objectividade descreverão como “não digas disparates, o Lisandro subiu para colocar o gajo em posição irregular”. Foi, ainda assim, sintomático do estado de sítio em que o meio-campo e o ataque flavienses conseguiram colocar os jogadores mais recuados do Benfica, em especial nos primeiros 45 minutos. Acertou o passo na segunda parte e foi um dos onze melhores em campo nos últimos 15 minutos.

GRIMALDO (OU SCOTT MINTO)
Os seus anos na cantera revelaram-se hoje cruciais, tendo sido o único jogador do Benfica em campo que não terá confundido a camisola do Chaves com a do Barcelona. Foi frequentemente prejudicado pela presença de alguns colegas em campo, nomeadamente Pizzi, mas fez os possíveis por ignorar a situação de inferioridade numérica e terminou em grande, com uma assistência para o primeiro golo e um livre mal marcado para o segundo.

FEJSA
Na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na Luz e #sejaondefor. Os leitores mais atentos saberão que já aqui se citou Sophia de Mello Breyner para descrever o profundo afecto que sentimos por Fejsa. Por isso, e não obstante ser o segundo jogo consecutivo abaixo daquilo a que nos habituou, também não vamos desatar a dizer mal do homem. Relembre-se apenas que, na última visita do Benfica a Chaves para o campeonato, há 18 anos, o titular nesta mesma posição foi Michael Thomas. 

ANDRÉ HORTA
Todos sabemos que os benfiquistas são uma grande família, mas a verdade é que não vimos André Horta abraçar nenhum familiar no final do jogo, o que talvez explique a sua pior exibição esta época. Felizmente, a solução é simples. Ao cuidado da SAD do Benfica: comprem uma Sharan, uma Ford Transit, eh pá, não sei, o que vocês acharem melhor, desde que enfiem lá os pais, os tios, os primos, a avó, o caniche e quem mais couber. O miúdo irá certamente retribuir com um regresso às boas exibições e 14 milhões de abraços e beijinhos.

SALVIO
uns tempos, após algumas semanas a tentar disfarçar desânimo, o meu chefe veio ter comigo e perguntou-me se estava tudo bem. Eu expliquei que não andava contente com as minhas funções, que tinha alguma dificuldade em perceber que lugar ocupava na empresa. O meu chefe foi cinco estrelas: disse-me para tirar os dias de férias que precisasse e que pusesse as ideias em ordem, porque a empresa precisava muito de mim. Ora bem. Esqueçamos o facto de ter sido despedido entretanto. Eu não sei se é assim que estas coisas se passam no plantel no Sport Lisboa e Benfica, mas seria interessante Rui Vitória ter uma conversa honesta com Salvio no sentido de garantir que o nosso argentino favorito passe a entregar a braçadeira de capitão a Fejsa antes do início do jogo.

PIZZI
Tremeu que nem varas verdes perante Rakitic, Mascherano e companhia. Uma primeira parte sofrível de um jogador amado e odiado cujos passes falhados são automaticamente multiplicados por dez, o que perfez quatrocentos e trinta sete, isto na primeira parte. As jornadas anteriores pareceram indicar um princípio de acordo com Grimaldo para a execução de inúmeros ataques mortíferos com o espanhol encostado à linha e o português em zona interior, por isso não dramatizemos. Aliás, à hora em que escrevemos estas linhas, já Pizzi se tinha redimido com mais um golo na liga. Eu não vos disse para terem calma? #pissi não falha.

GUEDES
As suas exibições começam a parecer uma espécie de Operação Coração do século XXI benfiquista. Neste caso, espera-se que os donativos venha do Valência ou de qualquer outra entidade legalmente detida por Peter Lim. Enfim. É verdade que Guedes tem passado mais tempo em campo devido às inúmeras lesões dos colegas, é inquestionável a sua entrega ao jogo, e ninguém duvida da sua vontade de celebrar golos e vitórias connosco, portanto, hoje evitaremos culpar o estagiário. Até porque ganhámos.

MITROGLOU (OU NUNO GOMES)
Sófocles, pensador grego que não terá ficado fã do Twitter, disse que nenhuma mentira chega a envelhecer no tempo. Apesar de não perceber um charuto de futebol, a bojarda de Sófocles aplica-se lindamente à exibição do compatriota Mitroglou. Depois de lhe negarem um golo em posição legal aos 37 minutos, Mitroglou reagiu com a tranquilidade de quem, como nós, visita regularmente o citador.pt. Só mais tarde vingaria a verdade desportiva, com um golo pleno de oportunismo que colocou o Benfica na frente e alguns dos seus colegas fora da unidade de cuidados intensivos. Ao invés do vagamente insultuoso "sem saber ler nem escrever", deveríamos adoptar a expressão “uma vitória com a escolaridade obrigatória” - à imagem, aliás, deste cronista.

CERVI
Tentou cumprir o papel de desfribrilhador do ataque benfiquista e até cumpriu, na medida em que conseguiu não irritar nenhum adepto e perturbar alguns adversários. Tem tudo para vir a ser um belo suplente de Salvio, assim que Salvio se tornar suplente de Carrillo. Parece pouco, amigo Cervi? Se fosse fácil não era para nós.

CELIS
Substituiu André Horta e continua a parecer alguém que conquistou a oportunidade de entrar no relvado depois de ter enviado 4 códigos de barras de Tulicreme para um apartado postal. Mais uma vitória #rumoao36, mais uns minutinhos #rumoàequipaB.

CARRILLO
Ia marcando. Toda a gente sabe que o rapaz é habilidoso, mas nem sempre se entende com os colegas, como se de repente o António Zambujo fizesse uma canção com o Regula – o que, infelizmente, acabará por acontecer."

Vermelhão: Complicado, mas justo...

Chaves 0 - 2 Benfica


Três pontos, sem sofrer golos, num jogo muito complicado, ainda com muitos ausentes!
A 1.ª parte foi má... ponto final.
O Chaves entrou com a pedalada toda (que seria impossível aguentar os 90 minutos); o Benfica jogou com os sectores muito afastados, o que facilitava as saídas rápidas do Chaves para o contra-ataque; faltou essencialmente ligação, meio-campo - avançados; e em cima de tudo isto, as leis do jogo nos primeiros 45 minutos foram suspensas!!! Pois o apitadeiro, esqueceu-se dos cartões no balneário... excepto para os jogadores do Benfica!!! Podem achar esta questão secundária, mas toda a agressividade que os Transmontanos tiveram durante a maioria dos minutos, só aconteceu porque perceberam que podiam dar 'porrada'!
No 2.º tempo melhorámos... Jogámos mais 'juntos', começamos a recuperar a bola numa posição mais 'alta', e o Chaves teve menos espaço para o contra-ataque (basicamente um remate perigoso - à malha lateral -, na 2.ª parte). Não fizemos uma exibição de sonho, mas fomos superiores, e marcámos na sequência de bolas paradas...
Não costumo fazer analises resultadistas, mas hoje os destaques são mesmo os marcadores dos golos!!! Com Mitrolgou em campo, a dinâmica ofensiva do Benfica é logo outra; e o Pizzi subiu claramente de forma... e só não está a render mais, porque a Esquerda não é para ele!
A grande surpresa, acabou por ser a chamada do Ederson, que fez um excelente jogo! Não sei qual o raciocínio por trás desta opção, mas se o Rui Vitória antecipou, que neste jogo, o Chaves ia tentar colocar a bola nas 'costas' dos nossos centrais, e por isso era necessário um guarda-redes rápido a sair da 'linha', então a decisão foi acertada... Por exemplo, em Nápoles, com o Benfica a jogar com as 'linhas' mais recuadas, se calhar o Júlio será chamado...!!!
Já falei do critério disciplinar, torto durante os 90 minutos, especialmente na 1.ª parte! Mas o critério técnico também foi torto... Tiago Martins está apresentado, é claramente o 'afilhado' do Desdentado! Foi 'engraçado' verificar a estratégia da lei da vantagem, para evitar dar cartões aos jogadores do Chaves, fez isso 3 ou 4 vezes!!! O Lisandro já não teve a mesma sorte...!!! A agressão do Rafa ao Grimaldo, castigada com um 'aviso', é o cumulo!!!!
Acho mesmo que o golo mal anulado ao Benfica, por fora-de-jogo ao Mitro, com 0-0 no marcador, acabou por ser um erro 'menor'... tendo em conta todos os outros erros!
Apesar de todo o ambiente de festa, neste regresso a Trás-os-Montes, era muito importante não escorregar hoje! O Campeonato vai parar 3 semanas em Outubro, vamos ter oportunidade de recuperar vários jogadores... Depois de todos os obstáculos ultrapassados nestas últimas semanas, manter a liderança é um excelente tónico psicológico!
Antes do Feirense na Luz, temos viagem a Nápoles, onde vamos encontrar o líder da Liga Italiana! Com as actuais opções, com as dificuldades que temos demonstrado no nosso processo defensivo, espero uma equipa diferente: se calhar com Luisão, se calhar com o Horta ao lado do Mitro... se calhar com o Almeida na lateral direita... se calhar com o Pizzi de volta ao seu lugar... vamos ver, apesar do empate com o Besiktas, este jogo em Nápoles não é decisivo, mas era interessante pontuar...!!!