sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Elucidativo

"A norte ouve-se um discurso datado e ridículo, que apenas tenta iludir problemas internos, e já não impressiona ninguém. Os nossos vizinhos da Segunda Circular insistem numa diarreia verbal, que parte da mistificação e acaba no ódio. Enquanto isso, o Presidente do Benfica dá uma entrevista notável a um canal televisivo, onde sobressai o fair-play, a humildade, a serenidade, e uma certeza inabalável no rumo a seguir.
É tranquilizador para os benfiquistas ouvir Luís Filipe Vieira.
Ao contrário dos rivais, o nosso Presidente percebe perfeitamente os requisitos de uma comunicação própria do século XXI, em que se fala para uma massa adepta cada vez mais jovem, cada vez mais instruída, e cada vez mais exigente.
Não se refugia em banalidades. Não deixa questões sem resposta (nem mesmo as mais incómodas). Aborda todos os temas com a segurança de quem sabe muito bem aquilo que já alcançou, mas ainda melhor o que pretende alcançar.
Obviamente existem certas matérias - nomeadamente no âmbito da negociação de jogadores - para as quais todos compreendemos a necessidade de manter alguma reserva, na defesa dos altos interesses do Clube. Expormo-nos em demasia dar trunfos, presentes futuros, aos adversários. Também isso o Presidente soube deixar claro, com a frontalidade de quem nada tem a esconder.
Não são precisas declarações diárias (ou bidiárias), nem facebooks, ou comunicados inflamados, para fazer passar uma mensagem. Numa hora, o nosso Presidente disse tudo o que tinha a dizer.
E o que disse assegura-nos que o Benfica continua, e continuará, no caminho certo."

Luís Fialho, in O Benfica

Não aprendem

"Depois de, há duas semanas, ter partilhado aqui a minha aventura com um taxista inchado como um sapo, hoje venho contar-vos como tenho analisado os posts dos meus amigos e conhecidos sportinguistas no Facebook. Há meia dúzia deles que são bastante activos nas redes sociais. Mais do que as fotografias de apoio do seu clube, o que els gostam de 'postar' são recados ao SL Benfica, a Luís Filipe Vieira ou a Pedro Guerra.
Não há dia que passe sem um claramente do abismo para onde caminha o seu clube. Nada disso me espanta. Afinal, estamos a falar de adeptos que nunca puderam festejar um título de campeão nacional no Facebook. Nem no Twitter. Muito menos no Instagram. Daí terem de usar as redes sociais para atacar quem o faz de forma absolutamente normal há, pelo menos, três anos.
Pois bem, esses meus amigos e conhecidos andam loucos de alegria. Para eles, já não há volta a dar. Já esfregam as mãos (gastas pelos anos de sofrimento) anunciando, depois de apenas quatro jornadas do campeonato. Gosto disso. Não me interpretem mal, gosto porque já sei no que vai dar: no mesmo de sempre. Vai ser uma profunda desilusão misturada com ataques de fúria contra tudo o que mexa.
Não vale a pena. Há malta que não aprende com os erros. Cá por mim, sigo com calma, com confiança no trabalho do meu clube e com a mesma vontade de sempre de ir ao Marquês. Não se preocupem, quando lá chegar faço uma selfie e ponho no Facebook, à semelhança do que tenho feito nos últimos anos."

Ricardo Santos, in O Benfica

Bem-vindo, Carlos Morais

"A contratação de Carlos Morais, considerado o melhor basquetebolista angolano nos últimos anos, é uma grande notícia. Antes de mais pela qualidade do atleta, indiscutivelmente acima da média, não fosse Angola um país com enormes pergaminhos na modalidade. Também pelas primeiras impressões que o jogador deixou na sua apresentação: ponderado, inteligente, conhecedor da realidade do nosso basquetebol e assumidamente benfiquista. Finalmente, por reforçar a ligação do Benfica a um povo cujos laços históricos a Portugal se reflectem, no presente, sobretudo à língua e à afectividade pelos clubes desportivos.
Entre nós, talvez não se tenha bem noção de que, em Angola, o basquetebol é tão popular quanto o futebol. Aliás, Carlos Morais tem sido requisitado para emprestar a sua imagem às principais empresas angolanas. Não é por acaso, duas das maiores figuras da história do desporto angolano são antigos basquetebolistas, tão-só José Carlos Guimarães e Jean-Jaques. Ambos notabilizaram-se ao serviço do Benfica e, com o seu contributo nos anos 80 e 90, tornámo-nos hegemónicos a nível nacional e marcámos presença entre os melhores da Europa.

P.S.1 - José Gomes tornou-se, de acordo com os registos disponíveis, o quarto mais novo de sempre a estrear-se na equipa de honra de futebol do SLB em jogos de competições oficiais. Hugo Leal, Espírito Santo e Chalana mantêm-se no topo da lista.

P.S.2 - Nem de penálti evidente sobre Rafa em Arouca nem a mão de Gelson em Alvalade cegaram para reavivar a discussão em torno da utilização do vídeo-árbitro. Há demandas que são tão inúteis quanto convenientes. Fica claro que o seu propósito pouco ou nada tem que ver com a propalada verdade desportiva."

João Tomaz, in O Benfica

Preocupante futuro UEFA

"Está cumprido o primeiro acto da fase de grupos das competições europeias com preocupante e magro pecúlio para as equipas portuguesas, que apenas conseguiram arrecadar três dos doze pontos UEFA em disputa. Com a concorrência a apertar, o fantasma da diminuição de representantes na Champions começa a adquirir contornos reais, o que levanta putativos problemas de matizes diversas. por um lado, com apenas um representante directo da Liga dos Campeões e outro obrigado a disputar a terceira pré-eliminatória, o dinheiro destinado a Portugal diminui substancialmente; por outro, se perante o quadro vigente de dois mais um na Champions a guerra subterrânea entre os três grandes já está como está, que pensar de uma situação em que, de Benfica, Sporting e FC Porto apenas um tenha garantida a presença na Liga Milionária, o segundo vá à pré-eliminatória e o terceiro seja relegado para a Liga Europa? Do ponto de vista futebolístico, com a repercussões sociais que se adivinham, esta será a antecâmara de uma guerra civil...
Faltam cinco jornadas para o fim da fase de grupos, 80 por cento ainda está por jogar. Devemos, por isso, sentir-nos, ainda assim, optimistas? Francamente, não creio. A derrota do Sporting, por mais injustiça que tenha sido - e foi-o - pode ter comprometido o apuramento para a fase seguinte, num grupo de tremenda exigência; o Benfica, mergulhado em lesões e sem o meio-campo que faz falta ao nível da Champions, deve ser foco de preocupação; e o FC Porto, uma montanha-russa exibicional, nem por estar num grupo acessível garante boas notícias. O futuro olha-se com preocupação..."

José Manuel Delgado, in A Bola

O mais e o menos da semana europeia

"A semana europeia não foi boa para as equipas portuguesas. Na Liga dos Campeões, Benfica e Porto empataram em casa, não tendo jogado o suficiente para poderem ter alcançado algo mais. O Sporting foi melhor mas saiu derrotado nos minutos finais em casa do campeão europeu. O Sp. Braga fechou a ronda com um empate caseiro frente ao Gent.
A minha análise aos pontos positivos e negativos da semana europeia das equipas portuguesas.

Mais

- Nelson Semedo está mais consistente e teve bom rendimento. Esteve seguro, bem posicionado e a tomar boas decisões. Dar profundidade pelo corredor está no seu ADN. Voltou a fazê-lo com critério e procurou os desequilíbrios, nem sempre conseguidos.

- André Horta continua o seu processo evolutivo e na estreia na Champions voltou a mostrar personalidade. Esteve seguro no passe, arriscou (é dele o passe longo para Salvio que acabou por dar o único golo) do Benfica-Besiktas e soube ocupar bem o seu espaço, o que permitiu recuperações e boas coberturas defensivas.

- O grande golo de Otávio no FC Porto-Copenhaga foi a nota de registo muito positivo no Dragão. Danilo foi o único a meu ver a estar próximo do seu rendimento.

- A forma como a equipa do Sporting jogou bem durante toda a partida na casa do campeão europeu em título foi o aspecto mais marcante do jogo. Foi uma equipa personalizada, adulta, organizada e corajosa. Apesar da derrota já no final, a qualidade excepcional foi de grande nível.
Os destaques individuais para mim foram Coates e Ruben Semedo, uma dupla segura e muito concentrada, ambos eficazes nas suas acções. Adrien e Bruno César foram os melhores elementos num sector que foi importante para o controlo do jogo. O capitão leonino fez um grande jogo na forma como ocupou o espaço, pressionou e marcou o ritmo do meio campo. Bruno César, numa posição que foi de apoio simultaneamente à dupla do meio campo e a Bas Dost, voltou a ter rendimento e a marcar em Madrid.

- Gelson Martins mostrou-se em pleno Santiago Barnabéu. Sem medo, pediu a bola, foi para cima dos adversários e usou a velocidade para criar problemas e mostrou a sua qualidade em jogo de grande exigência.

Menos

- As ausências dos avançados principais do Benfica obrigaram Rui Vitória novamente a procurar soluções. E se internamente ainda é possível serem superadas, em jogos da Champions é bem mais difícil. Outra exigência, outra competitividade, outro ritmo, e o Benfica teve de viver com isso. Gonçalo e Cervi foram os escolhidos para a frente e apesar da luta e do empenho revelados, o Benfica mostrou pouco ofensivamente.

- O rendimento apresentado pela equipa do FC Porto foi curto para quem tem ambições para passar a fase de grupos. Marcou cedo mas nem isso deu tranquilidade à equipa ou permitiu demonstrar superioridade perante um adversário que foi crescendo no jogo e assumindo varias vezes o controlo.
O Porto foi uma equipa pouco esclarecida revelando pouca agressividade e pouca intensidade. Em superioridade numérica desde os 66m e com as substituições operadas a alterar a disposição táctica, faltaram ideias para ultrapassar a defesa adversária.

- A forma como depois de 88 minutos de jogo em que foi melhor a equipa do Sporting sofreu dois golos e saiu derrotada de Madrid deixa uma enorme frustração.

- As substituições feitas por Jesus, Vitória e Nuno não tiveram o efeito desejado. Na procura de soluções seja para manter o resultado ou para ir atrás de outro, o que é certo é que as decisões dos treinadores portugueses não foram eficazes.»"


PS: No 'Menos' devia ser incluído a atitude do Otávio, que simulou descaradamente uma falta que não existiu, com queda, rebolanço, gritos... até sair o 2.º amarelo para o jogador do Copenhaga!!!!! E acabou por não servir para nada...

Jesus e a cruz

"O treinador do Sporting lida mal com a falta de tolerância dos árbitros para com os excessos no banco

Imagino que não fosse essa a intenção, mas a verdade é que, quando Jesus diz que, com ele no banco, o Sporting não teria perdido frente ao Real, está a assumir a responsabilidade pela dramática derrota no Santiago Bernabéu. Nem sequer é preciso imaginar a dimensão do raspanete que o treinador dispensaria a um jogador que se tivesse feito expulsar em circunstâncias semelhantes.
A questão é que, mesmo querendo muito acreditar na versão mais benevolente para o treinador leonino, aquela que aponta para o excesso de zelo do árbitro esquecendo as instruções do International Board no sentido de não tolerar protestos no banco, a verdade é que esta não é a primeira, nem a segunda, nem mesmo a terceira vez que Jesus acaba um jogo na bancada. Aliás, mesmo em Portugal, mesmo com árbitros portugueses que falam a mesma língua e já lhe conhecem o feitio exuberante, mesmo com arbitragens que, pelo menos nos últimos tempos, só têm merecido elogios por parte dos responsáveis leoninos, Jesus tem sido expulso com uma regularidade e frequência que já o deveriam ter levado a concluir que, provavelmente, o problema não são os árbitros: é mesmo ele.
Ora, se Jesus tem a certeza de que tudo seria diferente se não tivesse sido expulso, talvez já fosse sendo tempo de fazer a parte que lhe compete para, pelo menos, não se pôr a jeito. É que, por cá, a margem de erro vai dando para quase todos os excessos, mas na Champions, todos os pormenores contam e de vitórias morais está o inferno das equipas que acabam relegadas para a Liga Europa cheio."

Chuteiras Pretas: Manifesto contra o futebol fúcsia

"Eram lindas. Pretas, listadas a branco. Compradas no velho Centro Comercial Londres, ali na Senhora da Hora. As minhas primeiras chuteiras.
Olhado através da inocência dos oito anos, o futebol não é um monstro de sete cabeças, desumano, cruel e polémico. Não, é apenas e só aquilo que deveria ser ao longo de toda a nossa vida: o mais belo jogo do planeta.
Esse futebol da minha meninice, simbolizado nas primeiras chuteiras pretas usadas nos pelados dos distritais do Porto, é o futebol que terá lugar neste cantinho de Opinião.
Parto investido das minhas MJ Sport, orgulhosamente negras, e olho para a actualidade moderna, assumidamente ingénuo, por vezes puro e, quiçá – não prometo nada – com laivos de romantismo. 
«Chuteiras Pretas», sem complexas análises técnico-tácticas, nem tiros ao alvo do costume – arbitragem, claro. O futebol, 22 homens em campo, uma bola, o ADN intrínseco a cada um dos clubes, o comportamento de treinadores e futebolistas.
«Chuteiras Pretas», sempre. Reconheço a minha impaciência e incredulidade para o mau gosto abundante nos criativos das marcas desportivas de maior renome.
Fúcsia, âmbar, jade, escarlate? Em chuteiras não, por favor. A minha palete de cores é minimalista e preconceituosa. Fica aqui o manifesto. O leitor já sabe com o que contar.
Já agora, antes de nos despedirmos com um até já, três notas telegráficas sobre os clubes portugueses na Liga dos Campeões.
Benfica: alérgico ao pé esquerdo de Talisca
Sporting: admirável em Madrid
FC Porto: insuficiente contra o Copenhaga

PS: se o caro leitor identificar algum futebolista da Liga portuguesa com chuteiras pretas, avise-me por favor."