quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Começar bem

"Acharam que a lesão e a ausência de Jonas seria adicional de motivação contra nós. Como se enganaram.

Tondela - Benfica
1. Em Tondela, uma grande vitória, num terreno difícil. Agora só faltam 33 finais, rumo ao Tetra! O Benfica mereceu ganhar, revelando uma forte capacidade de combate e de superação.
Uma boa exibição colectiva, com algumas exibições individuais. Onde se destacou André Horta, que marcou um grande golo - o da tranquilidade! Não tenho dúvidas de que irá brilhar com a camisola do seu (nosso) Benfica e que nos dará grandes alegrias.
Mas para alguns, também ele, durante meses, não terá lugar na Selecção, à semelhança do que disseram de Renato Sanches, por ser do Benfica (conhecemos o filme e sabemos como acaba).
Voltando ao jogo, a verdade é que ambas as equipas tiveram outras oportunidades de golo, embora a vitória do Benfica nunca tenha estado em causa. Até pelas oportunidades que o Tondela teve, ainda que não concretizadas, ora por falta de pontaria, ora por cortes da nossa defesa, ora, ainda, por grandes intervenções de Júlio César que, uma vez mais, fizeram a diferença e valeram pontos.
De facto, contra aquilo que alguns acham - por inveja, apenas, ou por malvadez - Júlio César continua a ser um grande guarda-redes, que dá pontos.
Na verdade - ao contrário de outros com os outros - o Tondela defrontou o Benfica com grande dignidade, encarando o jogo olhos nos olhos, sem medo, sem recorrer à estratégia mesquinha e feia (para o futebol-espectáculo) de adoptar uma postura fechada, com o habitual autocarro (ou muro, se quiserem, que não o das lamentações) na respectiva área, que tantas equipas seguem.
Foi uma equipa que demonstrou uma grande atitude em campo e que pautou o seu jogo com lógica, com querer, com ousadia e, até, com grande qualidade.
De Tondela, uma lição de humildade (do campeão!), com o aviso de que qualquer jogo lá não será fácil. Será, antes, um campo difícil de ultrapassar, com um adversário que causará grandes obstáculos!
Além disso, as próprias debilidades evidentes do relvado serão uma dificuldade acrescida, apesar de se poder reconhecer que o Estádio João Cardoso não estava tão mau quanto o esperado, durante a semana - a julgar pelas notícias trazidas a público, que reportavam a reparação do mesmo dias antes da recepção ao Benfica. No entanto, apesar de ser um relvado praticável, não está, de todo, em bom estado, pelo que, a manter-se assim, durante o inverno, criará dificuldades acrescidas a quem lá jogar nessa altura.


Contra os arautos da desgraça
2. Em Tondela, a confirmação de que, à imagem do que se viu na época passada, o Tondela foi uma equipa consistente, lutadora e muito trabalhadora, que criou inúmeras dificuldades.
O Sporting estreou-se lá, na época passada, e se não fosse um golo de penalty, no último minuto, numa jogada começada de forma irregular (até cansa falar de tanta estrelinha)... tinha empatado.
Mas o Tondela de Petir - recordemos, já agora - em 2015/16, empatou em Alvalade e foi às Antas ganhar. Assim como ao Estádio Dom Afonso Henriques e à Mata Real (onde venceu por 4-1).
De facto, o Tondela (uma das equipas que criou maiores dificuldades aos grandes e que mantém, grosso modo,a base da época passada) só poderia tentar ser um grande obstáculo ao Benfica.
Embora saibamos a mistificação em torno da primeira jornada do campeonato e o que isso significa nas contas finais de cada campeonato, porque, o que é importante não é como começa, mas como acaba.
Claro que para os outros, os profetas da desgraça alheia, o Benfica iria perder pontos em Tondela. Primeiro por ser em Tondela, depois por se tratar da primeira jornada do campeonato, e, por fim, por nos faltar Jonas, um jogador tantas vezes decisivo. Ora...as quase certezas deles deram lugar a uma vitória clara e justa do Benfica.
Achavam que a lesão de Jonas seria um adicional de motivação contra nós.
Como se enganaram.
De facto, é inegável que Jonas tem uma qualidade muito superior ao normal, o que lhe permite ser uma grande mais valia num plantel muito valioso. É, também, inegável que dentro do campo dá mais sentido posicional à equipa, tornando o jogo mais claro e com mais soluções. Para além de ser um jogador muito inteligente. No entanto, no Benfica não há jogadores insubstituíveis.
Nem titulares indiscutíveis.
Há, contudo, alguns jogadores que, pela sua qualidade, podem fazer a diferença em campo.
É o caso de Jonas!
O plantel está capacitado para qualquer situação, mesmo quando se trate de solucionar a ausência de um jogador fundamental. Por isso, Rui Vitória, na conferência de antevisão do jogo, referiu que «aqui não há dramas, há soluções».
Que diferença... lembram-se?
E a solução para Rui Vitória, no jogo frente ao Tondela, foi Gonçalo Guedes, que fez uma grande exibição, aproveitando da melhor forma a oportunidade que lhe foi dada.
Porque... as oportunidades são dadas.
Um jogo de grande entrega e de dedicação de Gonçalo Guedes, mostrando que é opção.
Moral da história, ou da jornada, neste início de campeonato sosseguem os arautos da desgraça, porque, aqui, não há dramas.
Porque todos queremos ganhar.

As expectativas para a nova época. Até ao fecho do mercado.
3. De Tondela (repita-se), o exemplo de humildade (de campeão!) e a lição da força que a convicção nos dá, para a conquista do tetra.
A convicção das bancadas - grande aliada no apoio de que delas surge, seja onde for, e em Tondela não foi excepção, com os bilhetes esgotados em uma hora - e dos que nos representam no relvado. A convicção, ainda, gravada no novo autocarro, «rumo ao tetra».
Bem sei que ainda é cedo e que as equipas estão longe da sua melhor forma. Ainda há muito para afinar e para combater, em cada jogo. Para que seja alcançada a estabilidade final. E que começará a ganhar contornos aquando do encerramento do mercado de transferências.
Até lá, muito pode acontecer.
Até aqui, ficou mais uma vez demonstrado que as novas aquisições foram cirúrgicas.
Ainda assim, independentemente do resultado do fecho do mercado, estamos preparados para o que vier.
Estamos, efectivamente, preparados para o que o mercado ditar.
Uma ou outra indefinição é própria dos grandes clubes europeus. E, sendo o Benfica um desses clubes, tem havido todo o cuidado para que sejam atenuados os reflexos dessas consequências de mercado. Com a certeza de que, se vier mais algum jogador, será uma das grandes contratações desta época. Pelo contrário, se não vier mais ninguém, os possíveis candidatos descobertos e captados pela imprensa serão irrelevantes.
Com a certeza, ainda, de que os jogadores que farão parte da constituição final deste plantel serão os melhores do mundo.
Porque, nós só queremos ganhar! Esse é o nosso objectivo, presente em todas as temporadas.
E esta época, quando a esse fim, será tão decisiva quanto as outras.
Porque aqui só as vitórias interessam. Para que, cada vez mais, possamos convencer, acreditar e liderar!
Muito melhores que os outros, cá dentro, iguais aos melhores, lá fora!
À Benfica!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Vítimas de sucesso?! Essa agora...

"Sucesso levaram ao topo mundial de vendas: €700 milhões no Dragão, €600 milhões, na Luz! Há, sim, vítimas de... insucesso: Sporting (largo anos) e FC Porto (agora). E não esqueçam  enorme contributo... da Selecção.

Potenciais «vítimas» de sucesso são todos os clubes que conquistam títulos - ainda mais se o fizeram frequentemente- Ou os que, numa rija disputa, muito perto ficaram de tal conseguir. Ou, ainda, mas de forma bem menos relevante, aqueles que, embora longe de grande sucesso, revelaram um ou outro jogador com alta qualidade.
Mas que é ser «vítima» de sucesso?
1 - No caso de quem andara a ganhar mais uma vezes do que os outros, cair em amolecimento, partindo do princípio de que o próximo êxito virá já a seguir... - consequente derrapagem da estrutural capacidade competitiva. Exemplos não faltam: à escala internacional, Milan, Manchester United...; por cá, o Benfica de muitos anos pós-décadas de ouro, e, bem recentemente, o FC Porto que, num ápice, desatou a derreter a sua hegemonia também de décadas.
2 - Súbito salto de futebolistas para estrelato de muito superior dimensão, tornando impossível mantê-los no clube, a curto ou médio prazos... É assim em todo o mundo do futebol, regra de que se exceptuam colossos, desde logo financeiros, como Barcelona e Real Madrid (tirar Messi, Neymar e Suarez ao Barça, ou Cristiano Ronaldo ao Real Madrid, só por híper decidida vontade do jogador... - e bem se sabe como, aí, e qualquer que seja a dimensão do clube, surge outra regra: a de a «vítima» pouquíssimo poder fazer...).
Continuando neste ponto de jogadores cruciais que, de repente, se tornam inseguráveis...
Problema do Sporting (João Mário, Slimani...; lá para Janeiro ou Julho, quiça William, Adrien, patrício, ou Gelson...).
Problema do Benfica, desde final da época anterior... (Gaitán e Renato Sanches logo partiram...). Aliás, problema do Benfica há mão cheia de anos... Dí Maria, David Luíz, Ramires, Javí Garcia, Witsel, Fábio Coentrão, Cardozo, Matic, Rodrigo, Markovic, Enzo Pérez, Oblak, Garay, Maxi Pereira, agora Gáitan e Renato...
Problema do FC Porto que ganhava...: Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Deco, Costinha, Maniche, Pepe, Anderson, Falcao, Hulk, Mangala, James Rodrígez, Alex Sandro, Danilo, Jackson Martínez...
Actual problema do SC Braga: Rafa e Boly.
Mas isto é ser «vítima» do sucesso?! Na última dúzia de anos, vendas portistas acima de €700 milhões (!) e vendas benfiquistas para lá de €600 milhões (!) são, sim, prémio ao sucesso. Recordes de vendas que nenhum outro clube, à escala mundial, terá atingido! Imprescindível prémio nas finanças de cada SAD, frise-se! Se tanto dinheiro reduziu ou não, substancialmente, os passivos, ou se foi, ou não, desbaratado... é outra conversa.
Vítima de insucesso tem sido o Sporting. E é agora o FC Porto. A mais valiosa venda do Sporting (Nani, €25,5 milhões) da ta de há 9 anos...; e a seguinte (João Moutinho, €14,5 milhões) ocorreu há 6 épocas... No FC Porto que deixou de ganhar, ninguém vale transferência choruda. Nem por Brahimi, quanto mais por Aboubakar e Indi - jogadores apontados a saída -, existe quem esteja disposto a pagar o que a SAD pede.
O Sporting muito bem sabe o preço de prolongadíssimo insucesso. O FC Porto está a conhecê-lo.

Falta frisar que  valor de mercado para João Mário, Rui Patrício, William e Adrien muitíssimo aumentou com o enorme sucesso... da Selecção Nacional. Essa que enorme cegueira clubista considera coisa secundária!


Mau arranque europeu do FC Porto. Muito mal na 1.ª parte, naturalmente melhor quando um adversário foi expulso, mas, mesmo tanto temo contra 10, curtinho... Ter de ganhar e Roma vai ser obra! Esperança, quiça mor, naquele defesa pouco italiano...; amontoar muitos lá atrás não foi defender bem...
O FC Porto já começara desastrosamente... Quando o seu presidente declarou não conhecer jogador que acabara de contratar!... E quando a estrutura portista quis inscrever na UEFA esse jogador, sujeitando-se a vexame na resposta: informamos ter de recusar porque ele em competição da UEFA já jogou nesta época. Céus!!!"

Santos Neves, in A Bola

PS: Esta crónica é uma resposta ao último delírio de Eduardo Barroso, que neste mesmo jornal, escreveu, que o Sporting está a ser vítima do seu próprio sucesso!!!!!!!!!!!!

Estrelas iminentes ou cadentes?

"Na crónica de 3.ª feira em A BOLA, Fernando Guerra abordou (bem, na minha opinião) o sempre glosado tema das expectativas perante jogadores que despontam.
Volto aqui ao assunto, como leigo incapaz de ver, num relance, o que outros extrapolam para uma carreira. Cá para mim, perante certos pormenores, vejo que dali não virá nenhum craque. Já o inverso é bem mais difícil de conter a definitividade. Uma ou duas exibições de encher o olho podem significar um futuro de ouro ou apenas a conjugação de acasos em que o futebol é fértil. Depois, há sempre os aspectos ligados à envolvência pessoal e à magnitude de exigência. Um jogador vindo de outras paragens geralmente não pega de estaca. A incógnita reside no tempo para maturar e tornar-se português. Gaitán, por exemplo, não brilhou no início do percurso e, passo e passo (ou passe a passe), mostrou ser um predestinado. E, muitos casos há, de jogadores que brilharam em clubes mais modestos, mas que chegados aos grandes se revelaram um fiasco.
Com tanto repertório comunicacional e excitação promocional, a hiperbolização de uma ocasional grande jogada logo assume foros de certificação de génio, pérola, prodígio e muitas adjectivações. Creio que isto não é bom para os potenciais craques. Uma maioria perde-se no auto-convencimento de mancheter laudatórias, ou no decurso do tempo como supremo juiz. Só uma minoria bem orientada e exigente pode chegar longe. Mas o caminho - como em tudo na vida - ou é de pedras, ou é de areia movediça. A paciência e cautela deveriam, pois, ser disciplinas obrigatórias no (de)curso do futebol."

Bagão Félix, in A Bola

PS: Recordo que ontem Fernando Guerra, defendeu que não devemos nos precipitar, nos elogios ao André Horta... avisando, que podemos estar na presença de mais um 'Licá'!!!!

Caminho mais longo e mais fácil

" 'A Roma entrou muito bem no jogo, conseguiu o golo, talvez tenha relaxado um pouco'
Casillas, guarda-redes do FC Porto, ontem, após o empate na champions

A UEFA prepara mudança radical nas competições europeias, sobretudo na Liga dos Campeões, a partir da época 2018/19: os quatro primeiros países do ranking - neste momento Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália - passam a colocar directamente quatro clubes na fase de grupos; hoje, os três primeiros têm três vagas directas, o quarto apenas duas, e cada um apresenta uma equipa adicional no play-off.
Como consequência, o 5.º classificado no ranking, actualmente Portugal, deixará de ter o seu 3.º classificado a entrar directamente no play-off, tendo de disputar mais uma pré-eliminatória. Teoricamente seria mau para Portugal (que nem deve conseguir manter o 5.º lugar, se calhar nem o 6.º...). Na prática, e pelo que se viu ontem no Dragão, pode ser uma benesse.
Actualmente, o ranking UEFA determina os cabeças de série no play-off. A Roma, 3.ª em Itália na época passada, e com presenças intermitentes na Europa, ficou do lado mau. O FC Porto crónico participante na Champions, ficou do lado bom. Olha-se para as equipas, para os orçamentos, e só o ranking diz que o FC Porto é superior à Roma. O que se viu até à expulsão de Vermaelen confirmou-o, as hipóteses dos dragões seguirem em frente são muito reduzidas.
De futuro, e tendo por base esta época, o FC Porto teria de fazer mais um jogo mas evitaria Roma (Inter, porque a Itália teria quatro lugares), Villarreal, Man. City e Moenchengladbach, independentemente de quem fosse cabeça de série. Ainda que com mais uma ronda, as possibilidades de chegar à fase de grupos seriam bem maiores..."

Hugo Vasconcelos, in A Bola

Meu credo

"Não creio em bruxas que lançam feitiços para que alguns homens e mulheres sejam campeões olímpicos, pero acredito que há diferentes formas de chegar a uma das poucas medalhas olímpicas de cada desporto. Acredito que: países com poucas razões para orgulho social, cultural ou científico, o substituíam pelos pódios desportivos; dirigentes de boa vontade, que chegam a níveis de responsabilidade sem conhecimentos suficientes para elaborarem, ou discutirem, projectos - no mínimo - quadrienais; atletas e treinadores que se hipervalorizam, confundindo esforço com rendimento e mais de tudo, que existam países que não planeiam para um ou dois ciclos olímpicos, quantificando objectivos de percurso e, explicando depois, as razões de sucessos e insucessos.
Também não creio que apenas subam ao pódio atletas com particulares capacidades morfológicas, psicológicas, rácicas, de origem social ou de países grandes, ricos e em paz. Conhecemos a história de campeões nascidos com problemas físicos e/ou meios desfavoráveis que vencem os dos ditos países. Particularmente, quando integrados em inteligentes planeamentos (nacionais ou pessoais) atingindo elevados níveis de rendimento. Se não, como poderia orgulhar-se dos nossos portugueses medalhados? Ou dos que melhoraram recordes, chegam a lugares de destaque e dão o seu melhor? Frase que, confesso, detesto, porque não creio que se vá a uns JO - final de ciclo de preparação - sem essa intenção.
E como não creio em bruxas, também não acredito em sorte e em azar senão em casos particulares: ter num primeiro sorteio, ou jogo, alguém de nível muito superior, lesionar-se em cima da hora e casos deste jaez. Os SES, devidos a erros técnicos ou tácticos, fazem parte da competição. Podem ter acontecido a muitos atletas, que ficaram à frente ou atrás dos queixosos. Sabemos lá os ses de todos! Fadas e bruxas não existem mas estas e outras razões são verdades que, algumas vezes, a mim própria custam a admitir."

Jenny Candeias, in A Bola

Força...

Excelentes indicações da dupla João Ribeiro e Emanuel Silva, no K2 1000m. A vitória na meia-final até pode não dizer nada, mas os níveis de confiança e ambição estão altos...
Para mim, neste momento, são potencialmente a 'melhor' oportunidade de Portugal somar mais uma medalha... No K4 será mais complicado...

Pelo que vi, os Alemães e os Sérvios que se qualificaram automaticamente e os Australianos são os principais favoritos, e depois além da embarcação portuguesa, os Italianos, os Lituanos e os Húngaros, estão a um nível alto... dos Finalistas, só os Eslovacos parecem fora da 'corrida'!!!

Talvez a Ana Cabecinha na Marcha, e a dupla João Silva/João Pereira no Triatlo, tenham algumas chances, mas o mais normal, será conseguirem o Diploma (Top-8)!

A qualificação da Teresa Portela para a Final B, no K1 500m acaba por ser normal, tendo em conta os problemas físicos da Teresa durante a época...

Foi pena a eliminação do Rui Bragança nos Quartos... num combate 'esquisito'!!!

Entre aspas e metáforas

"1. O campeonato nacional (mantenho a antiga designação, mais significativa do que Liga qualquer coisa) começou com normalidade. Venceram os «grandes» sem grandes exibições, mas com mérito e das arbitragens não provocaram tão acesas quanto estéreis discussões. Ainda bem.

2. Continua o defeso entre aspas até que chegue o dia sem aspas: 31/8. À parte os campeonatos ingleses (1.º e 2.º escalões!) animados pelo aumento inusitado de direitos televisivos e pelos (assim chamados) investidores chineses, sente-se alguma relativa moderação. Ou me engano ou muito do que leio e ouço fica bem aquém das expectativas dos clubes vendedores que apostaram e tomadas firmes..,

3. Como a exageração tomou conta de quase tudo, até antevi os Jogos do Rio como um fracasso de organização e um ponto de acumulação de confusão e de violência. O que temos visto? Uns Jogos que abriram com brilhantismo e um funcionamento que não fica atrás de anteriores edições. Talvez aqui o sangue brasileiro tenha herdado essa notável capacidade de «desenrascanço», que, por cá, bem conhecemos. Depois de anunciada hecatombe com a transgressão de prazos e procedimentos, tudo acaba bem. A surpresa, para mim, tem sido a irregular afluência de espectadores.

4. Continua a haver a tentação e concretização de casos de dopagem. E de acusações, mesmo entre atletas. Neste ambiente, gostei da bela metáfora da etíope Almaz Ayana vencedora dos 10.000 metros de atletismo (e nova recordista mundial, 23 anos depois): «o meu doping é o treino, o meu doping é Jesus!». Assim seja verdade."

Bagão Félix, in A Bola

Eles acrediitaram!

"Nelson Évora foi, ontem, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sexto na final do triplo salto com 17,03m, o seu melhor resultado do ano. Na véspera, Susana Costa fora 9.ª na final feminina da mesma prova, enquanto Patrícia Mamona conseguiu um novo recorde nacional (14,65 m) e alcançava um há um par de anos inimaginável, sexto lugar, a escassos nove centímetros do pódio.
Este é o atletismo português na segunda década do século XX. Um atletismo em que as disciplinas técnicas paulatinamente foram conquistando os louros do êxito e aparecem hoje como os grandes impulsionadores da modalidade.
Isto apesar de muitas pistas, fundamentais sobretudo para o progresso, continuarem a não ter o apetrechamento necessário para servirem cabalmente para a função que foram construídas. Mas é este atletismo que hoje, com técnicos bem apetrechados e dedicados, consegue fazer milagres.
Faço parte de uma geração que se habituou a ter como referência do desporto nacional os fantásticos resultados que os atletas do meio fundo iam conseguindo internacionalmente. Assim como hoje, após a consagração do futebol nacional no recente Campeonato da Europa, é gratificante ouvir, além-fronteiras, palavras de admiração pelo feito conseguido, também nas duas últimas décadas do pretérito século o atletismo nacional era reconhecido, em qualquer canto do mundo, como um dos baluartes do meio fundo e fundo internacionais.
Mas o paradigma mudou. Deixámos de ser uma referência do meio fundo e fundo mas conseguimos espraiar-nos, com nível, pelo todo da modalidade. Não somos, ainda, um país referência para saltadores, mas temos um conjunto de atletas e técnicos de todo mundial.
Termino hoje com as palavras que permitiram a Nelson Évora sonhar com a, tal, medalha que, desta feita, ficou a uns centímetros: Quem não acredita está morto!"

Carlos Cardoso, in A Bola