sexta-feira, 15 de julho de 2016

Inacreditável

"La Rochefoucauld explicou, com quase quatro séculos de avanço e através de uma das suas máximas, o extraordinário feito da selecção portuguesa no Campeonato da Europa 2016: 'Embora os homens se orgulhem das suas grandes acções, muitas vezes não são efeito de um grande projecto, mas fruto do acaso' (tradução livre).
De facto, quem diria que Portugal, tendo um grupo de jogadores teoricamente pouco mais que razoável e a milhas (qualitativas) daqueles de 1966, 1984, 2000, 2004 ou 2006, chegaria sequer à final do Europeu, quanto mais conquistá-lo. E passaria pela mente de alguém por dotada que fosse para a ficção, que Ronaldo se lesionaria na primeira parte da final e o herói seria Éder, o patinho hediondo (feio seria um eufemismo tendo em conta as criticas que lhe foram dirigidas) da selecção?
Amanhã, e ainda menos daqui a dezenas de anos, poucos se recordarão do futebol cinzento e 'cauteloso' produzido pela equipa, do fraco desempenho na fase de grupos ou da combinação improvável de resultados que facilitou a tarefa portuguesa no acesso à final. Para a história ficará, e muito bem, o maior feito do futebol português, bem como os seus protagonistas entre os quais Renato Sanches, eleito o melhor jogador jovem do torneio distinção que recebeu com indiscutível mérito, não obstante a escassa utilização na fase inicial do torneio por uma incompreensível teimosia do seleccionador.
Ao Renato, ao Eliseu e aos restantes, parabéns. Deixo também abraço ao Pizzi e ao André Almeida por entender que mereciam, pela sua qualidade e desempenho ao longo da temporada, terem feito parte do lote de convocados de Fernando Santos."

João Tomaz, in O Benfica

Para a eternidade

"Se, depois de uma fase de grupos insípida, e de uma qualificação sofrida, alguém me dissesse que Portugal ia ser Campeão da Europa, diante da anfitriã, sem Cristiano Ronaldo, e com Eder a marcar o golo da vitória, provavelmente teria soltado uma gargalhada.
Sim. Era um dos que não acreditava. Era um dos que duvidava das capacidades da equipa, e das possibilidades de êxito num Europeu onde França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica e Inglaterra se apresentavam com grandes ambições. Era um dos que pensava que o optimismo do seleccionador era excessivo, ou até romântico.
Mas o futebol é assim mesmo, e é por ser imprevisível, irracional e caprichoso que o seguimos com tanta paixão.
Há que reconhecer que a sorte bafejou Portugal. Quer na final, quer no trajecto até lá chegar. Mas tem de se dizer também que a equipa nacional soube aproveitar essa dose de fortuna com humildade e com competência. Soube interpretar muito bem as suas forças e fraquezas, potenciando as primeiras, e disfarçando as segundas. Cresceu ao longo da prova, mudando quando tinha de mudar. Demonstrou união, solidez e uma confiança à prova de bala. Mereceu entrar para a história.
Num país pequeno e periférico como o nosso, este triunfo é algo de extraordinário, e, provavelmente, irrepetível. E prova que o nosso futebol – tantas vezes vilipendiado e mal-tratado por cá – é um dos grandes agentes do orgulho português no exterior. Que felizes devem estar os nossos emigrantes, particularmente os que vivem em França! Eles, mais do que ninguém, mereceram este triunfo. 
Obrigado Fernando Santos!
Obrigado Selecção Nacional!"

Luís Fialho, in O Benfica

Campeões da Europa (Porque se ganhar não é tudo já querer ganhar é... quase tudo!!!)

"Esqueceram-se de criticar, com a mesma ousadia, a decepcionante Inglaterra, a previsível Espanha e, até, uma França bem arrogante.

10 de Julho, o dia em que se cumpriu Portugal!!!
«E ao imenso e possível oceano, ensinam estas Quinas, que aqui vês, que o mar com fim será grego ou romano: o mar sem fim é português.»
E no passado domingo, citando Fernando Pessoa, o mar sem fim foi português!
Na véspera de fazer 50 anos do início do Mundial de king Eusébio, em Old Trafford, passámos o Bojador, passámos a dor. Esbanjando emoções...
Um jogo de sofrimento, de lágrimas, e um golo, do meia da rua, já no prolongamento. Num País com uma comunidade lusa de cerca de 1,5 milhões, que mantém uma identidade própria. Perante um País. Perante o Mundo?
Qual Nação «valente», agora, sobretudo, «imortal» (passe, claro, o exagero)!
Para a história deste campeonato da Europa, fica a vitória destes 23 jogadores, guiados por um homem do leme, que sonhou e conseguiu, emocionado o País.
Para além de Fernando Gomes, que escolheu e acreditou em Fernando Santos!!!
A vitória da Selecção que não era favorita, excepto no discurso do Seleccionador nacional.
Que empatou quase todos os jogos, que se arrastou para alguns prolongamentos, que foi uma vez a penalties, mas que, ainda assim, chegou à final. Para vencer a França (tal como previ), o adversário que sempre preferi!!
Havia 40 anos de contas a acertar!
No domingo, as lágrimas das lesões e contratempos deram lugar a «sangue, suor e lágrimas». De alegria!
Um jogo que foi um teste a uma equipa, um teste à paciência do capitão Ronaldo e do comandante Fernando Santos.
Fora dos relvados, lá como cá, como no resto do mundo, uma ambição (desmedida, até há dias) e um discurso de coragem e de crença!
Uma união extraordinária em torno do plantel e da equipa técnica, traduzidas numa vitória.
Perante a auto-intitulada, por muitos, «toda poderosa» e favorita França que não nos conseguiu parar...
Apesar da revoltante entrada de Payet (internacional ou não) sobre a capitão de Portugal!!!
Ainda assim, sem Ronaldo, fomos campeões!!!
Um Ronaldo que, mesmo fora das quatro linhas, capitaneou como nunca, ainda que fosse impedido de jogar e ganhar, lá dentro, a final que lhe faltava...
Ganhou quem mais quis ganhar!
E se ganhar não é tudo, já querer ganhar é... quase tudo!!
A equipa uniu-se e superou-se, com humildade e perseverança.
Dentro do relvado, um adicional de alma e coragem, um maior sentido de compromisso, entre jogadores e treinador, talvez a maior razão do triunfo (à imagem do que havia sucedido, no Benfica, com Rui Vitória). Para a história deste campeonato, a vitória de uma equipa teoricamente menor, mas que foi superior. Eis, pois, o primeiro grande título da Selecção... de Portugal.
Um título há muito merecido e que nos permitirá sermos reconhecidos e vistos como um efectiva potência futebolística (da Europa e do Mundo). Um título com base na crença de Fernando Santos, que nos deu, desde sempre, uma lição de fé e de persistência. Porque, como o próprio disse, ninguém é campeão devido a um só jogo.


Virou-se o feitiço contra o feiticeiro!!!
Tantas foram as vezes que fomos fortemente criticados, enquanto equipa e por isso - porque nisto do futebol não há meios termos - enquanto Povo, pelos jornalistas franceses, numa inadmissível atitude chauvinista!

Desde o futebol praticado, ao modo de apuramento, e até mesmo, à sorte (esquecem-se que a «sorte protege os audazes»)!
Focaram-se demasiado em Portugal, espicaçando-nos para a vitória final. Esqueceram-se de criticar, com a mesma ousadia, a decepcionante, a previsível Espanha, e até uma França bem arrogante. E a Selecção que tinha um futebol «feio» e «nojento» e que dava «sono» é, agora, campeã da Europa!
Fomos desdenhados e massacrados, esquecendo-se que «nojento» talvez seja insultar de forma gratuita uma Selecção, «nojento» talvez seja lesionar o melhor jogador do mundo e «nojento» talvez seja não colocar as cores da bandeira de quem ganhou a final, à França, na Torre Eifell. Mas «cruel», mesmo, é perder a final contra a equipa que mais rebaixaram, num claro ajuste de contas. E com um golo de herói mais improvável, nestes 23, cujo nome perdurará, para sempre, na galeria de honra do futebol português: Éder, de seu nome!!
C'est la vie!

A recepção
Portugal foi recebido de braços abertos, em apoteose e em clima de grande euforia. Uma euforia desmedida, mas tão apaixonada, por um País que ergueu, finalmente, a voz, no mundo do futebol, para comemorar um 1.º lugar (em vez dos 4.ºs, dos 3.ºs ou dos 2.ºs que... eram tão imerecidos como prenúncios de uma futura vitória).
De Paris para Marcoussis até Lisboa! Depois de Belém (uma palavra devida, também, pelo optimismo e apoio do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, sem complexos por gostarem e perceberem de futebol), o mar de gente pelas principais ruas de capital portuguesa, até à Alameda Dom Afonso Henriques. Nas ruas, nos passeios, em carros, em motas, nos viadutos, a loucura e a alegria de milhares de portugueses. Nos rostos, o imenso orgulho de ser português (como se tivéssemos esperado, todos, uma vida por esse momento)!
«Cumpriu-se o Mar», só faltava «cumprir-se Portugal»!!

Taça da mão e Eusébio??
Eusébio da Silva Ferreira, um dos melhores jogadores de todos os tempos, que conquistou tudo, com e pelo Benfica, mas a quem faltou um título pela sua Selecção!
Quis o destino que não o conquistasse e que, em vida, não pudesse assistir a esse momento.
Ainda assim, esta vitória também é dele, porque também lá esteve, no domingo, a interceder para, finalmente, festejar. E os jogadores, sabendo disso, trouxeram-no, em fotografia, no autocarro e depois no avião que os transportou para Lisboa. Já em casa, na capital portuguesa, no percurso pelas ruas principais, um grande pano com a imagem do pantera negra na sede da FPF.
Até porque a Taça do Campeonato da Europa também é sua.
«Tu és o Nosso Rei, Eusébio!», numa justa e sentida homenagem ao Rei do futebol português!!!
Resolvendo, de vez, a mesquinha divisão criada em torno de Eusébio e de Ronaldo, dois jogadores igualmente extraordinários, mas tão diferentes no tempo. Sendo, por isso, incomparáveis, mas, ambs, igualmente de nível mundial!!!

Marquês de Pombal
Em cerca de 8 meses de futebol profissional, Renato Sanches conquistou um Campeonato Nacional, uma Taça da Liga e um Campeonato da Europa. Já outros foram mais depressa campeões europeus, pela Selecção, do que campeões nacionais pelo seu clube (nem sabem o que isso é), apesar de lá andarem há muitos anos! Não quero entrar na graça fácil, que por aí circula, mas ainda bem que lá estavam, entre os 23, Eliseu e Renato Sanches... porque, dos outros, dos que jogam em clubes de Lisboa, ninguém sabia o caminho para o Marquês de Pombal...
Como alguém diria, agora em português, «é a vida»..."

Rui Gomes da Silva, in A Bola

O senhor convicção

"Fernando Santos deu aulas de estratégia. Defensivo? Lembrem mudanças para... ganhar.

Campeões da Europa!!! Só uma pessoa sempre disse que isso ia acontecer (não mascaremos a verdade!). Felizmente, essa pessoa foi /é o treinador nacional, líder técnico e mental desta proeza.
Fernando Santos, o senhor convicção. Com extraordinária capacidade para unir 23 futebolistas, grudando-os, é o termo, titulares e suplentes, rumo a objectivo dito quimera: é agora, vamos conquistar a glória! Exemplo máximo: Ricardo Quaresma, esse enormíssimo talento habitualmente sob críticas de mau feitio, aceitou ficar no banco e entrar cheio de ganas para ajudar o colectivo e, se possível, decidir. Creio que, aqui, também houve forte marca do capitão Ronaldo, seu grande amigo desde do berço, no Sporting.
Fernando Santos mestre também a definir, mudando, estratégias e tácticas, sem perder essencial forte estrutura da equipa. «É muito difícil alguém ganhar a Portugal.» Foi... impossível. Estudou meticulosamente os trunfos de cada adversário. Bloqueou-os (vide Croácia de Modric, Rakitic, Mandzukic; País de Gales de Bale e... França que já tinha o título «no papo») e, depois, foi em busca da vitória.
Portugal nada Grécia-2004. Não se acantonou na defesa, não ficou à espera de ser feliz num pontapé de canto, ou livre, cruzado por alto. Deu aulas a defender com grande rigor, o que não é o mesmo que fazê-lo com muitos sempre na retaguarda. E lançou substituições... atacantes. Única excepção: Danilo ao lado de William nos derradeiros minutos do 3-3 com Hungria. Quanto Patrício 2 vezes foi batido por desvios de remate no corpo de colega...
Após decepcionante estreia (empate com Islândia), Fernando Santos lançou trio de início, frente à Áustria. Deveríamos ter ganho por 3 ou 4 (2 remates contra poste, inúmero desperdício). Frente à Croácia, chamou Quaresma, somando a Ronaldo e Nani, para... ganhar. E vejamos a final, em casa da França: primeiro, imediata e certeira reacção à perda de Ronaldo (!), virando 4x4x2 em 4x3x3, obviamente não mais defensivo... (controlou o poderoso meio-campo francês, pois Renato saiu da direita juntando-se a William e Adrien na zona central). Depois, ao sair Adrien, não entrou Danilo, médio de tracção atrás...; sim Moutinho, para melhorar organização e... saídas rumo ao ataque. E qual foi a última substituição? Renato por Éder, o nosso único puro... ponta de lança. Portugal não tremeu por ficar sem Ronaldo, soube bloquear favorotíssima França - e esta, quanto a mim, fez, na 1.ª parte, a sua melhor exibição no Europeu -, desgastou-a e... quis ganhar, não esperando pelas grandes penalidades.
Sorte? Sim, no golo islandês que nos atirou para o 3.º lugar do grupo. E no remate de Gignac contra poste (também remates portugueses esbarraram nos ferros). O oposto de sorte nos 3 claríssimos penalties não assinalados perante Croácia, Polónia e País de Gales, que poderiam ter aberto bem mais cedo o caminho do êxito. Sete jogos. A partir do terceiro, rendimento da nossa Selecção sempre a subir. Excelente na meia-final e na final. Não digam que foi sorte!

Opiniões há muitas. Eis as minhas... Selecção mais forte: Alemanha. Caiu na meia-final por não ter o ponta de lança Gomez e, sobretudo, traída por grosseiros erros individuais, oferecendo os dois golos.
Melhor equipa: a que foi capaz de ser campeã, Portugal.
Melhor treinador: Fernando Santos. De cátedra, deu aulas de estratégia! (e de como transmitir convicção). Alemão Low e italiano Conte têm de ser muito bons.
Pior treinador: Hodgson. Os bons jogadores ingleses mereciam comando técnico não tão ultrapassado...
Melhor jogador português: Rui Patrício, formidável! Tendo outro gigante, Pepe quase taco a taco. Patrício absolutamente decisivo. No voo para defesa naquele desempate! E como brilhou na final! Ele e Pepe estão, com Raphael e Ronaldo, no melhor onze para a UEFA.Onde alemão Boateng ao lado de Pepe é para rir... Esqueceram-se do italiano Bonucci! E do islandês Sigurdsson!
Revelação: Raphael Guerreiro. Ataca e defende em grande, estupenda técnica no pé esquerdo, preciosa nos dribles, nos cruzamentos, nos livres direitos. Muda-se para a Alemanha, o Dortmund soube antecipar-se.

Renato Sanches eleito o melhor jovem. Venha de lá quem vier, para ele é igual... Aos 18 anos!
Quem me surpreendeu: José Fonte. Titular no quarto jogo, não mais deixou de sê-lo, anulando pontas de lança de alta craveira com impressionante eficácia.

Muito forte destaque: Nani. Outro gigante: ganas, personalidade, golos e... número 1 em versatilidade táctica. Que campeonato fez!
Ronaldo: assumir em pleno o sacrifício de se tornar ponta de lança. Brilhante nos seus três golos (dois foram de outra galáxia!). E que senhor capitão! Injustíssima lesão mal começara a grande gala!"

Santos Neves, in A Bola

Ainda as vitórias

"Campeões de futebol, mas também - é justo realça-lo, no meio do quase monopólio histérico da bola - a notável participação nos europeus de atletismo (3 medalhas de ouro, 1 de prata e 2 de bronze), ainda que injustamente colocada só em 2.º plano pelas autoridades políticas. E bom seria festejarmos no sábado o europeu de hóquei em patins, que nos foge desde 1998, e sermos campeões europeus de futebol de sub-19 (em sub-17 já somos!).
Ainda sobre a final, Cristiano Ronaldo fez, para mim, um dos melhores jogos da sua notável carreira. Lesionado, quase não jogou. Lesionado, chorou de dor, desalento e de incontida alegria. Lesionado exortou os colegas e comandou a sua determinação. É também assim que se escrutinam os melhores entre os melhores.
Esta vitória em terreno gaulês foi um indelével sinal de que o desporto, em geral, e o futebol, em especial, podem (e devem) ser factores de união e de exaltação de portugalidade. Mesmo que se queira relativizar a importância do futebol planetário, este título inédito e marcante é um motivo de enorme orgulho para todos nós, os que cá vivem e os da diáspora espalhada pelo mundo, e também para a lusofonia que o futebol cimenta desde Cabo Verde a Timor.
Receio, porém, que terminada a êxtase do título europeu, a bandeira da paz seja derreada e entremos no incontrolável jogo de guerras e guerrilhas estéreis no futebol doméstico. Claro que a rivalidade clubística é sempre bem-vinda e é um factor de emulação que se deve potenciar. Mas, temo o rápido regresso a uma nova overdose de tudo menos de jogo jogado, alastrando como uma insidiosa amíba que tudo condiciona."

Bagão Félix, in A Bola

Fair-play financeiro da UEFA vs. Clubes portugueses !!!

"A época 2015/2016 terminou e já se pode afirmar que até ao momento o SL Benfica é o único dos 3 grandes que cumpriu sempre com o fair play financeiro, ao contrário do Sporting onde já teve prejuízos acumulados de grande dimensão e do Porto que pela primeira vez, esta época, não cumpriu com o FPF.
O Porto esta época terá prejuízos forçosamente superiores a 40M e pergunto-me se não serão mais próximos dos 50M que dos 40M. Da última vez que tiveram prejuízos semelhantes, salvaram-se através dum aumento de capital e da passagem de quase 50% do estádio para a SAD. Desta vez vão mesmo incumprir com o fair-play financeiro. E mais uma vez o passivo aumentará como tem sido seu apanágio.
O Sporting encontra-se numa situação bem pior.
Primeiro que tudo não conseguiu cumprir por duas vezes (se bem que dá primeira vez "por sorte" a equipa de Bruno de carvalho não conseguiu apurar-se para as competições europeias, não tendo sido portanto alvo de análise por parte Uefa).
Em segundo lugar porque o seu grupo tem um capital social superior a 300M negativos e a sua SAD tem menos activo e mais passivo que a do Porto, que com os interesses sem controlo ainda consegue ter capitais próprios positivos.
Em terceiro lugar porque a SAD do Sporting tendo capitais negativos bem superiores a 10M, com o prejuízo deste semestre verá a situação piorar e porque tem ainda 135M em Vmoc's que em teoria não são passivo, contudo na prática são, o que aproxima o capital social da sua SAD nos cerca de 150M negativos.
Para piorar ainda mais a situação desde que Bruno de carvalho está no comando o saldo não tem sido muito positivo. Desde que entrou, no cômputo geral a SAD do Sporting tem menos de 1M de ganhos...se é que tem ganhos(ou seja até ao fim da época 2015/2016).

Nunca é de mais lembrar que o Sporting subscreveu 55M em 2011 e em Janeiro de 2016 não conseguindo pagar as dezenas de milhões de euros subscritos teve que alagar o prazo não por 2 ou 5 anos mas por 10!anos. E sem esquecer os 80M em 2014, obviamente.
Imaginando que para pagar somente os Vmoc's teriam que poupar cerca de 13M por época, a verdade é que desde 2013/14 nem sequer 1M de ganhos têm.

Conclusão, é realmente surpreendente e ficamos todos estupefactos quando pessoas que fazem acordos de reestruturação com a banca e que são eleitos pelos sócios Sportinguistas têm declarações públicas como "o Sporting tem uma saúde financeira invejável e não necessita de vender. " Quais as empresas, como a SAD do Sporting, que se podem dar ao luxo de serem reestruturadas por um banco em vias de falir e por um banco que acabaria por ser intervencionado pelo estado e terem prejuízos anuais superiores a 20M, como esta época de 2015/2016, e ainda afirmarem que não necessitam de vender activos para pagarem o que devem? A situação da SAD Sportinguistas é extraordinariamente invejável.

E o que vai acontecer ? Creio que absolutamente nada. A banca portuguesa está pelas ruas da amargura, o Bes foi à vida, assim como o BPN e o BPP já para não falar do Banif e do BCP que ainda deve 750M ao estado depois de ter sido intervencionado. Ah e claro a Caixa que pelos rumores necessita dum aumento de capital de 4MIL MILHÕES! Isto significa que nem o NB nem o BCP se interessam pelo Sporting. Enquanto os VMOC's estiverem lá o Banco terá um activo de várias centenas de milhões de euros e enquanto os VMOCs lá estiverem a Sporting SAD não verá o seu passivo aumentar em várias centenas de milhões de euros. O Sócrates(por muito que me custe dizer) é que tinha razão a dívida não se paga..vai-se gerindo.. adiando indefinidamente.

Basta ver através dos relatórios e contas que a Sporting SAD depois da reestruturação já obteve novamente empréstimos provenientes dos bancos ajudados pelo dinheiro dos contribuintes.
Se o Sporting não paga porque haveria o Porto e o Benfica de pagar? A contenção financeira foi uma anedota quando reparamos no aumento brutal que tiveram nos custos operacionais e podemos supôr que a nula necessidade de vender faria do Porto e Benfica candidatos reais a vencer todos os anos a Liga europa e provavelmente a liga dos campeões já que ambos dão provas de conseguirem chegar aos quartos algo que a maior potência desportiva só uma vez na vida conseguiu tal feito.
Quanto à Benfica SAD tem vindo a recuperar das perdas que teve há uns tempos e ja leva quase 45M de lucros nos últimos 3 anos, sendo que desde 2010 tem no cômputo geral um resultado positivo. Para o próximo ano depois do tetra desportivo a prioridade é ter também o Tetra financeiro e ir pagando naturalmente o que deve, abatendo pouco a pouco o seu passivo, alocalizando o resto para reforçar o plantel."

Bruno Paiva