O Benfica venceu hoje o Cova da Piedade num treino de conjunto, realizado no CFC. Aqui fica o resumo:
sábado, 9 de julho de 2016
Rumo ao 1, outra vez
"Quem havia de dizer que a nossa Selecção, a indisputada dona do futebol mais entediante deste Europeu, chegava à final de Paris? Pelos vistos, toda a gente. Porque não houve em Portugal nestes últimos dias frase mais dita, gritada e soluçada do que a velha máxima do 'eu sempre acreditei', o que, sendo verdade, é admirável em função das hesitações exibidas nesta caminhada. Sendo mentira, continua a ser admirável porque se a fé move montanhas, como dizem, mais difícil lhe deve ser impor-se em retroactivos à população de descrentes em geral.
Acreditassem ou não acreditassem - o que interessa isso agora? - a questão é que a Selecção portuguesa segue 'Rumo ao 1', porque em todo o seu historial (sénior) nunca conseguiu ganhar um torneio desta envergadura. O mais perto que esteve desse céu foi há 12 anos mas viria a perder, a final do Euro'2004 para a Grécia, perante o desconsolo de um país inteiro que tão depressa sempre acreditou como deixou de acreditar quando o árbitro apitou para o fim e só valeu o golo de Charisteas e o nosso embaraço.
Rumo ao 1, portanto. Portugal tem tudo para vencer. Tem uma raça de futebol capaz de adormecer até o adversário. E tem a sua velha toalha branca de volta. A toalha branca que Eusébio enrolava no braço para dar sorte sempre que a Selecção jogava foi na quarta-feira o adereço com que Pepe se apresentou na bancada. Pepe, note-se, quando joga bem é português mas quando compromete passa logo a ser brasileiro. Tal como Renato Sanches que quando joga muito tem 25 anos e quando joga pouco tem 18. É nestas coisas que temos de acreditar. Rumo ao 1, outra vez, quem diria?"
Mais uma Final...
Grande lançamento do Tsanko Arnaudov esta manhã em Amesterdão! 20,42m a 4.ª melhor marca da qualificação para a Final do Peso!
Na mesma prova o Marco Fortes, confirmou estar longe do seu melhor, com 18,64m...
Vamos fazer a festa dos portugueses
"A um dia e algumas horas de distância da final da 15.ª edição do Campeonato da Europa, sem que alguém detenha poderes mágicos para adivinhar o que nela irá passar-se, em respeito pela verdade deve sublinhar-se o desempenho espantoso da Selecção Nacional. No princípio, eram 24 países. Agora, são apenas dois, a quem cabe o privilégio de decisão do título. Portugal é hoje falado e admirado no mundo inteiro por causa do futebol. Não por ter jogado bem ou mal, ao ataque ou à defesa ou por ter marcado poucos ou muitos golos, mas tão-somente por ser um dos finalistas. Estatuto determinado pelos resultados, a única fronteira que, em concreto, separa os fracos e os fortes, os vencidos e os vencedores. Que explica também o sucesso estratégico de Fernando Santos, o qual, contra ventos e marés, foi capaz de construir a estrada que o levou tão longe, a ele e aos seus jogadores. Depois, com a franqueza e a tolerância dos homens bons, espalhou a sua mensagem e foi cativando seguidores. A discussão sobre a política competitiva definida para este Europeu, essa, vai prolongar-se e suscitar barulho imenso sem que se vislumbre uma conclusão nos anos mais próximos... No entanto, apesar da confiança do nosso seleccionador na vitória, convém destacar que, independentemente do resultado de amanhã, ninguém pode apagar o caminho que a Selecção já percorreu, sendo certo que partimos para a última final não para estragar a festa dos franceses, mas sim para fazer a festa dos portugueses.
A força de acreditar de Fernando Santos teve a virtude de revolucionar o discurso do treinador lusitano. Foi uma decisão corajosa e um salto de gigante em direcção ao futuro. Marco Silva, que representa a nova geração, já percebeu a mudança e felicitou o seleccionador por isso."
Fernando Guerra, in A Bola
Para bem!
"Que não haja dúvidas sobre um dos mais belos predicados da vida real: a misteriosa capacidade de ultrapassar os limites da imaginação ou do onírico. Na verdade, por mais fantasiosa ou épica que uma vida ideal possa parecer, ainda assim as malhas tecidas pelas concretas circunstâncias da realidade - ou seja, da única vida que, de verdade, existe mesmo - conseguem sempre surpreender pelo espanto. Cá estará o dia de amanhã como mais um exemplo de excelência para o comprovar.
A final do Europeu é, e não poderá deixar de ser, um jogo de futebol. Mas engana-se redondamente quem julgar que se trata só de um jogo de futebol. Assim como se poderá dizer com plena propriedade, parafraseando uma famosa lição, que quem só saiba de futebol nem de futebol afinal saberá, também quem ignorar o - como designá-lo? - lado lunar do futebol estará a desprezar uma dimensão nuclear da realidade.
Nunca apreciei os queixumes e lamentos ordinariamente invocados como supostas causas justificativas dos insucessos, mesmo quando estejam sustentados em factos reais, o que, aliás é raro, e não sejam apenas resultantes do delírio latente, da má fé consciente ou da cobardia escondida pela falta de vergonha. Por isso, simetricamente, não há porque aceitar a atribuição principal do êxito à sorte do jogo, à cumplicidade do sorteio ou à benevolência das arbitragens. Sem mérito ninguém chega aonde de onde amanhã vamos partir.
O mundo inteiro cabe numa bola de futebol. Aos incréus: é favor perguntar a Raphael Guerreiro, Anthony Lopes ou Adrien Silva. Ou também aos ancestrais lusos de Antoine Griezmann, para não mencionar já os de Matuidi.
Obrigado selecção nacional! Parabéns! E para bem!"
Paulo Teixeira Pinto, in A Bola