quinta-feira, 30 de junho de 2016

Redirectas XLIV - Renato Sanches de Norte a Sul


Este é o dia que marca o antes e o depois.
O antes do Renato Sanches benfiquista para o Renato Sanches português.
Eu avisei que não havia a miníma dúvida que nesta selecção era Renato Sanches mais 10.
E é assim que vai ser daqui para a frente.
Mais uma vez reitero a minha tristeza por termos vendido um jogador desta dimensão.
O Benfica merece mais! Mas compreendo as palavras de Luís Filipe Vieira. Um dia o Benfica poderá manter estes jogadores por mais tempo.
Mas eu mantenho que na actual situação o Renato Sanches ficaria pelo menos mais uma época no Glorioso se fosse eu que mandasse!
Hoje estou feliz com a vitória da nossa selecção porque mostrou-se uma equipa. E finalmente se vê o respeito que dão a quem o merece. É para nunca mais saír da equipa.
E é um jogador de tal dimensão que foi marcar o penalti. O segundo! Sem palavras.
E como não podia deixar de ser: 'Homem do jogo' pela segunda vez consecutiva.
E o golo fez dele o jogador mais jovem alguma vez a marcar pela selecção portuguesa num campeonato da Europa ou algo assim.
E o treinador dele que diz que ele é o melhor jogador do Europeu.
É só elogios de todos os que escuto nestes streams manhosos do EUA, UK e afins.
Tudo deliciado com ele.
Balack, Kompani, McManaman
Enfim.
Que pena não termos mais uma época de sonho com ele de manto sagrado vestido.
E não, não vou ver jogos do Bayern.
Eu sou do Glorioso Sport Lisboa e Benfica!
Tudo o resto passa-me ao lado.

Ficarão as saudades e talvez alguns jogos da selecção para disfrutar da excelência do seu futebol.

P.S.

O Fernando Santos diz que o Renato Santos lhe faz lembrar o Coluna no seu início. Eu nunca vi jogar o grande Mário Coluna mas olhava para o Renato Sanches de manto sagrado e vinha-me à mente o Coluna. Por isso escrevi este artigo: http://oindefectivel.blogspot.co.uk/2016/02/redirectas-xxvii-nunca-mais-e-sexta.html.
Foi em Fevereiro. Já aí está feita a comparação entre Renato Sanches e Mário Coluna.
Não tenho grandes dúvidas que Renato Sanches estará entre os melhores do Mundo dentro de alguns anos como um dia esteve Mário Coluna.

As semanas-chave do campeonato

"Muito do que aconteceu na última Liga ficou logo escrito na pré-época. Do campeão aos altos e baixos do segundo e terceiro

São os jogadores que ganham e perdem campeonatos. O Benfica campeão disparou quando começou a usar o médio (Renato Sanches) que, claramente, lhe faltava em Agosto. O Sporting descarrilou quando, numa quebra de Slimani, precisou do segundo ponta de lança e ele não esteve lá (e como seria se Mitroglou tivesse seguido para Alvalade?). O FC Porto entrou em coma com o fanico psicológico do avançado Aboubakar, nos últimos meses de 2015, agravado pelo excesso de fé na contratação de um suplente (Pablo Osvaldo) com um histórico duvidoso e, talvez, pela ausência de um médio atacante numa floresta de oitos. Muito do que foi a última época decidiu-se entre Junho e Agosto, em gabinetes e halls de hotéis. Há sempre apostas e uma percentagem de incerteza, que pode ser mínima, dependendo do perfil de quem se contrata. Mitroglou nunca foi um risco; Osvaldo e Teo Gutierrez eram-no, sem dúvida; esperar por Renato Sanches, fosse ou não esse o projecto inicial (não acredito), aproximou o Benfica da catástrofe. As boas decisões tomam-se agora, com alvos já delimitados: montar uma equipa que valha, pelo menos, 80 golos e 85 pontos no campeonato. Ou evitar que ela se desmonte, no caso do Sporting, sabendo que, mediante o sucesso desse objetivo, poderá, ou não, arrancar com um avanço considerável sobre os outros. Estas são as semanas cruciais da Liga. Na última época foram-no."

As surpresas do Campeonato da Europa

"Inevitavelmente, as grandes surpresas, até agora, deste Europeu são as eliminações de Inglaterra e da campeã Espanha, pela Islândia e pela Itália, respectivamente.
A terceira surpresa talvez seja a referência de Lopetegui para suceder a Vicente Del Bosque, como seleccionador espanhol.
Parece que Angel Villar, Presidente da Federação Espanhola, tem Lopetegui em muito boa conta - como todos os benfiquistas, não me esqueço das alegrias que me (nos) deu - pela sua experiência nas selecções, onde, inclusivamente, conquistou o Europeu de sub-21, em 2013.
Mas, relativamente à eliminação, a surpresa não foi tão grande, ainda, que esteja em causa a campeã em título, uma vez que, para além de ter sido uma (possível) final antecipada, a Itália tem uma boa equipa e tem jogado muito bem (embora sem nomes sonantes).
Surpresa foi o resultado do Inglaterra-Islândia.
Não obstante a Inglaterra jogar pouco, a verdade é que tem bons jogadores.
Mas a Islândia surpreendeu (apesar de eu já ter dito que seria uma das grandes surpresas deste europeu). 
Não tendo jogadores de renome, nem vedetas, são eficazes, jogam bem e são extremamente competentes. 
O que prova que também os países (neste caso, as selecções) não se medem aos palmos (a julgar pelos cerca de 330.000 habitantes do país).
Seguem-se, agora, os quartos de final, com um (grande) Itália-Alemanha, um (curioso) França-Islândia, um (confiante) Polónia-Portugal e um (imprevisível) Bélgica-País de Gales.
Se Portugal passar, e, a continuarmos a ter a sorte dos resultados (alheios, inclusive), que venha... o País de Gales (vencedor de uma Bélgica mais do que favorita).

As alterações de Fernando Santos na equipa 
Segue-se, hoje, a Polónia. Que Marselha seja o talismã, ao contrário do que aconteceu em 1984, frente à França.
No meia da habitual intensidade de uma competição deste género, Fernando Santos tem conseguido recuperar bem a equipa.
Não deixa de ser curioso que, até aqui, quase nunca retirou nenhum jogador do onze inicial por opção técnica (sendo Ricardo Carvalho e Vieirinha as excepções).
Teve sempre uma «lesão» ou «condicionamentos físicos», para que os jogadores a sair, durante a semana, tenham razões para não serem efectivos no próximo jogo.
Está a ser inteligente nessa gestão, apesar de tais opções o conduzirem para o que tenho vindo a referir: a equipa que vai acabar o Campeonato da Europa será muito diferente daquela que começou. E Fernando Santos percebeu isso.
Ele, que vai confirmando o princípio defendido por Napoleão Bonaparte, ao afirmar que não precisava de «generais que fossem bons militares», mas de «generais que tivessem muita sorte».
Et voilá!
Porque de falta de sorte é que Portugal não se pode queixar.
A mesma que permitiu que o golo da Islândia, no último minuto do jogo com a Áustria nos tivesse atirado para o terceiro lugar do grupo, que significou ficar no lado certo do quadro deste Euro... até à final... em Marselha!

Clubite na Seleção???
Muito se tem falado das escolhas da equipa titular, havendo quem entenda que o que está em discussão não é tanto a qualidade e o valor dos nossos jogadores, mas a forma clubitizada como os adeptos estão a ver essas opções.
É natural que exista uma certa clubite.
No entanto, não obstante a existência de preferência sobre certos jogadores das nossas equipas, terá de haver uma análise lúcida e objectiva sobre as possibilidades existentes.
Porque, clubite não pode ser confundida com visão.
Ora, um dos casos que mais discussão gera é o de Renato Sanches. Serei, certamente, suspeito, mas a verdade é que Renato Sanches tem todas as condições e características para ser titular, pela dinâmica e pela intensidade - já para não falar na alegria e na vivacidade - que impõe ao jogo.
É só uma questão de ter coragem para... reconhecer que tem de jogar de início.
E não se trata de clubite minha.
Aliás, ao que vejo por aí, clubite foi felicitar, em determinadas páginas da internet, a passagem da selecção aos quartos de final com uma fotografia de alguns dos titulares frente à Croácia... vestidos com o equipamento do Sporting, o respectivo clube - ao contrário do que aconteceu com Benfica, Braga e Porto, que publicaram uma fotografia da selecção... de todos nós.
Ainda assim, e para contrariar essas picardias mesquinhas, sublinhe-se o exemplo de Renato Sanches e de Adrien, que se abraçaram, numa imagem extraordinária (após o golo de Portugal), o que evidencia o grande ambiente que se vive na Selecção.

O Portugal «nojento» visto pelos franceses
O jornal francês 20 minutes escreveu que «este Portugal é nojento, mas está nos quartos de final». Em causa os três empates e a única vitória, no prolongamento, em consequência do também único remate à baliza.
Algo inadmissível para o jornal, já que não se tratava de uma qualquer equipa da terceira divisão francesa. 
Para o 20 minutes, Portugal não mostrou «grande coisa», nem brilhou, nem tão pouco teve garra, provando ser «possível chegar aos quartos de final ao jogar de forma bem nojenta».
Depois disso, contudo, o jornal efectuou um pedido de desculpas, explicando que não tinha sido intenção de «julgar um país ou uma cultura», apenas a equipa, que teve um jogo «redutor e chato» (passando a incluir a selecção portuguesa no lote das candidatas à conquista do Europeu).
De facto, as características apresentadas pela selecção Nacional, no jogo que fez frente à Croácia, quer pelo seu rigor táctico, quer pelo seu posicionamento, sobretudo defensivo, implicam um determinado tipo de jogo, em que dificilmente alguém marcará a Portugal, o que é diferente de dizer que «dificilmente alguém ganhará a Portugal».
Uma coisa é ter fé, outra coisa é achar que alguma equipa muito forte não nos poderá ganhar. Portugal, contra a Croácia, foi pragmático, com um futebol defensivo, pelo que não será difícil aceitar que, para sermos campeões europeus, teremos de fazer mais.
Porque, se analisarmos as estatísticas desse jogo - posse de bola, remates enquadrados, passes, cantos, oportunidades de golo, duelos ganhos, eficácia, etc. - só poderá concluir que será difícil ganharmos a jogar dessa maneira frente a equipas mais fortes.
Por isso, só espero que, quando efectivamente precisar, Portugal melhore a sua atitude.
Ou seja, o melhor Portugal será aquele que, precisando de ganhar, vai ganhar.
E ainda vamos (muito) a tempo...

P.S. começa a época 2016/17
Começa, amanhã, oficialmente, a época 2016/17. O meu desejo, para mais uma temporada, é que tudo termine como no ano passado.
Que os outros, quaisquer que eles sejam, continuem a ser a melhor equipa, com as melhores exibições e com novo recorde de pontos, a lutar pelo título até ao fim... e que o Benfica seja campeão.
Tetra Campeão!!!"

Rui Gomes da Silva, in A Bola

O que vi até agora

"Chegados aos quartos de final do Euro, é já possível fazer uma análise com 44 partidas realizadas. Não vi os jogos todos e, tirando aqueles em que Portugal interveio, não vi nenhum completo, tal a fartura e sensaboria. Mesmo assim, tenho para mim que:
1. Os favoritos continuam a ser a França (apenas porque anfitrião), a obrigatória Alemanha e a manhosa Itália, que resolverão entre si um dos finalistas. Do outro lado, vão ter pela frente Portugal ou Bélgica;
2. A equipa sensação tem sido a Islândia, um grupo de marciais bravios e gelados, logo seguida por Gales & (Gareth) Bale;
3. As selecções mais decepcionantes foram a Espanha, muito mais débil do que a antes campeã mundial e (bi) europeia e a Inglaterra, pátria do melhor futebol de campeonato, mas incapaz de, há muitos anos, ter uma selecção ao nível da Liga. Ainda a Rússia, que nem sequer estagiou para o Mundial que lá se vai jogar; 
4. Até agora não tem havido nenhum novo jogador - revelação e nota-se o desgaste das principais constelações de craques;
5. Ficou provada a insensatez da regra de poucas equipas serem eliminadas - na fase de grupos. Isso levou a um futebol arrastado, medíocre e de contas e continhas. Lamentável ter havido equipas que tiveram de esperar 2 ou 3 dias para saber se ficavam ou iam para casa;
6. Os melhores (ou mais espectaculares) jogos foram o Hungria-Portugal (até agora com mais golos, 6) e o Inglaterra-Islândia (uma correria do princípio ao fim, longe dos pastosos passa-para-o-lado-devagar-devagarinho).
7. O equipamento mais bonito é o de Gales. Como o Benfica, sem tirar nem pôr, com o mesmíssimo encarnado..."

Bagão Félix, in A Bola

Mais festa e futebol

"Apesar de não ter vencido um único jogo durante os 90 minutos nem ter tido uma óptima actuação, Portugal tem boas chances de vencer a Polônia e de chegar à semifinal e até à final, já que as selecções mais fortes estão do outro lado.
Contra a Croácia, Portugal definiu uma maneira de jogar, certa ou errada, o que não aconteceu nos jogos anteriores, quando ficava indeciso entre pressionar, ter o domínio da bola e do jogo ou recuar e contra-atacar. Contra a Croácia, o time defendeu muito bem, marcando mais atrás, não deu chance ao adversário, porém, também não criou chances de gol, o que só aconteceu na prorrogação. O jovem Renato Sanches, apesar de irregular e errando vários passes, mostrou que tem óptimo e amplo repertório e que já merece ser o titular. Se vencer, Portugal deve enfrentar o bom time da Bélgica, favorito contra País de Gales.
A França joga contra a surpreendente Islândia. Será a Islândia o Leicester - ou mesmo a Grécia, campeã em 2004 - da actual Eurocopa? É pouco provável, apesar das dificuldades da França nas vitórias anteriores. Contra a Irlanda, Griezmann mostrou sua precisão técnica nas finalizações.
O clássico dos quartos-de-final é entre Alemanha e Itália. Pelas vitórias sobre Bélgica e Espanha, não será surpresa uma vitória italiana sobre os campeões mundiais. Não há favorito. A Alemanha, como sempre, tem crescido na competição. Mas prefiro a formação da última Copa do Mundo, com o trio de meio-campistas, formado por Kroos, Khedira e Schweinsteiger.
Após as eliminações da Espanha no Mundial e na Eurocopa, muitos pedem uma total renovação da equipe e do estilo de jogar. Não vejo assim. Todos os armadores, defensores e o goleiro estão em forma e são destaques de grandes times. O problema maior está na qualidade dos atacantes, bons, mas modestos para uma grande selecção. Todos os óptimos atacantes do Barcelona e do Real Madrid são estrangeiros.
As festas na Eurocopa, dentro dos estádios e pelas ruas, estão cada vez mais bonitas, com a diminuição das badernas. Melhorou também a qualidade das partidas. Tudo caminha para um grande fim.

Positivo
Melhorou a qualidade das partidas. A Itália marca muito bem e contra-ataca ainda melhor. A Alemanha cresceu na competição, com seu padrão de eficiência. Será um grande clássico.
Negativo
Espanha foi eliminada. Faltaram atacantes de mais qualidade e um repertório ofensivo mais amplo. O time trocava passes, mas tinha dificuldades de entrar na área."