terça-feira, 28 de junho de 2016

História com muito poucas repetições

"A imagem 'low profile' de Rui Vitória fica ligada à conquista do tricampeonato. Muito poucas foram as vezes que o técnico respondeu ao arquirrival e às provocações que chegavam, com regularidade, de Alvalade. Hoje, é um técnico claramente mais forte e mais seguro, mas nem por isso mais confiante. Isso nunca deixou de o ser. Foi precisamente, a capacidade que teve de nunca perder a fé naquilo em que acredita, de nunca se ter desviado do caminho - o 'tal' que tanta brincadeira gerou - que ajudou o Benfica a chegar ao 'tri'. O mérito pertence-lhe, obviamente! Vitória soube quebrar regras e instituir as suas. Uma delas foi a de manter uma aposta até final, desde que acredite que essa é a melhor solução. Ganhou o respeito dos jogadores. Chega a 2016/17 em estado de glória, mas com responsabilidades acrescidas. É certo que o Benfica é, dos três grandes, aquele que menos pressionado entra em campo. No plano teórico. Foi tricampeão contra a generalidade das apostas, numa época de várias (e importantes) mudanças.
Mas agora, tal como há um ano, são os resultados que vão ditar se o élan à volta da equipa se mantém. E, aqui, a fasquia está bastante mais elevada. Rui Vitória conseguiu, com aquilo que muitos considerariam pouco, no meio de um turbilhão de emoções, com uma pré-época que muitos criticaram, construir uma equipa e com apostas improváveis em jovens do clube. O baixo investimento em reforços, a confirmar-se, não poderá ser uma atenuante. Deixou de o ser. O que os adeptos não lhe pediam a 15 de Junho de 2015 - que fosse campeão - exigem-lhe agora. A estabilidade é maior, a margem de erro - está em sentido inverso. E Vieira quer o 'tetra' da história."

Vanda Cipriano, in Record

Rui Vitória diz que Benfica regressou “com vontade de ganhar mais um título”



O treinador do Benfica garantiu esta terça-feira que a equipa tricampeã nacional de futebol regressou ao trabalho com “ambição” e uma “grande vontade de ganhar mais um título”.
“Queremos aquilo que nos tem norteado desde a época passada: uma ambição tremenda, um trabalho rigoroso e uma vontade grande de ganhar mais um título”, afirmou Rui Vitória, em declarações à BTV.
O técnico ‘encarnado’, que esta terça-feira no regresso ao trabalho contou com a presença de 23 jogadores, prevê dentro do campo “um campeonato bem disputado e competitivo, como tem acontecido nos últimos anos, com três ou quatro candidatos ao título”.
Fora do campo, Rui Vitória prometeu um Benfica “respeitador” em relação aos seus valores e aos adversários.
O técnico admitiu estar a encarar o regresso ao trabalho como uma continuidade da época anterior, na qual o Benfica conquistou o terceiro campeonato consecutivo e venceu a Taça da Liga.
“Parece que isto é uma continuidade do ano anterior, parece que saímos um pouco para descansar e que já cá estamos outra vez”, disse, acrescentando que sente que “os jogadores têm uma vontade muito grande de enfrentar o trabalho”.
Rui Vitória considerou que a pré-época “é sempre um momento importante para definir as bases de trabalho de uma equipa, porque é o momento em que uma equipa está de certa forma mais liberta para se conseguir passar a mensagem aos jogadores”.
O técnico lamentou “não ter todos os jogadores a trabalhar, porque alguns estiveram na Copa América e outros estão no Euro2016”, mas lembrou que isso faz parte desta altura do ano.
Numa análise ao desempenho de Renato Sanches no Euro2016, Rui Vitória considerou que o médio, formado no Benfica e que esta época vai representar o Bayern de Munique, “é um exemplo” a vários níveis.
“O Renato é dos nossos, vai ser um jogador de sucesso, tem tudo o que os grandes jogadores têm. É um exemplo da visão que se teve há um ano e um exemplo de trabalho para todos os jogadores”, disse
O plantel ‘encarnado’ vai treinar no Seixal nas próximas duas semanas, iniciando a 17 de julho um estágio em Burton, Inglaterra.
O primeiro compromisso oficial dos tricampeões nacionais será a Supertaça Cândido de Oliveira, a disputar a 7 de agosto, em Aveiro, frente ao Sporting de Braga.

In observador.pt

Polónia irá dar-nos a iniciativa

"Ao imaginar antecipadamente um Portugal-Croácia, pensaríamos sempre em duas equipas com um futebol ofensivo de qualidade e sem grandes cautelas. O que veio a acontecer no relvado, no entanto, foi precisamente o contrário. Duas selecções a respeitarem-se ao máximo no plano estratégico (também a autointitulada favorita Croácia o fez) e talvez tenhamos assistido, até ao momento, ao jogo do Campeonato da Europa com menos situações de finalização e oportunidades de golo.
A nossa equipa preparou este jogo reconhecendo o bom momento e a grande qualidade individual e colectiva da selecção croata. É diferente. em termos de confiança, passar em primeiro lugar no grupo em que está a Espanha ou fazê-lo com três empates, como nós o conseguimos. Não foi alterado nada aquilo que têm sido os nossos princípios e ideias. O seleccionador fez quatro alterações muito específicas no onze, entre elas a já esperada entrada de Raphael Guerreiro. Apostou nas maiores rotinas defensivas de Cédric (Perisic a isso obrigava), entrou José Fonte para fazer descansar Ricardo Carvalho, havendo aqui maior poderio físico para o duelo com Mandzukic, e ainda se estreou Adrien no onze (só depois do jogo se soube que João Moutinho não estava em condições de actuar), o que nos deu grande capacidade de pressão e condicionou bastante a construção de Modric.
No plano ofensivo não conseguimos ser a selecção que tínhamos sido durante a fase de grupos, a comandar grande parte do jogo e a criar situações de finalização em muito bom número. Mas também não vimos aquela selecção croata que atravessava um momento tão bom a conseguir fazê-lo. E isso aconteceu porque as organizações defensivas respeitaram os planos estratégicos e foram muito rigorosas.
A forma como conseguimos ultrapassar esta Croácia irá dar grande confiança aos nossos jogadores. Estou em crer que na 5.ª feira iremos ver a nossa selecção mais confiante, mais solta e isso ajudará, naturalmente, a que a qualidade do nosso jogo seja melhor, com outra dinâmica ofensiva, que possa permitir aos nossos jogadores mais decisivos e de maior talento aparecerem mais no jogo. Se isso vier a confirmar-se, de certeza que estaremos mais perto de vencer.
Nos quartos-de-final voltaremos a um registo em que por norma não nos sentimos muito confortáveis. A selecção da Polónia a dar-nos a iniciativa, num jogo onde iremos naturalmente ter maior controlo em posse, seremos uma equipa a jogar mais tempo em ataque posicional e onde, à partida, teremos algum favoritismo, apesar de isso, nos quartos-de-final de uma prova como esta, contar muito pouco.
Há algo de que o nosso seleccionador não abdica: grande rigor na preparação estratégica para cada jogo e só ele saberá o que será melhor em cada momento. Sendo assim: irá manter o que foi idealizado para o último jogo ou, pelo contrário, poderemos esperar mais algumas novidades para surpreender o nosso adversário? Daqui por dias teremos a resposta.

Positivo
Percebe-se que o espírito na nossa selecção está forte. Existe um compromisso comum e isso nestas competições tem grande importância. Sinal de confiança para o grupo: dos jogadores de campo, com excepção de Bruno Alves, já todos foram utilizados.

Negativo
A selecção de Espanha vai para casa mais cedo do que o previsto. Reconhecendo que a queda foi frente a uma Itália muito forte e competitiva, não deixa de ser surpreendente a selecção bicampeã europeia cair nos oitavos-de-final e de forma justa."

E quando o lance é cinzento

"Sob o ponto de vista da arbitragem, o último jogo de Portugal com a Croácia teve várias incidências, mas dessas destaco duas em particular, que servirão de mote ao assunto que hoje quero aqui abordar. A primeira refere-se a um pisão de José Fonte na perna de um adversário, quando o jogo já estava interrompido. Ficou a dúvida se esse contacto foi inevitável ou se o português atingiu o adversário de forma deliberada. A segunda refere-se a uma acção de Raphael Guerreiro que, já perto do final da partida, colocou as mãos nas costas de um atacante croata, na área portuguesa. O jogador aguentou o contacto e cruzou, embora em desequilíbrio. A dúvida é saber se esse toque foi suficiente para ser considerado infracção (e aí seria grande penalidade contra Portugal) ou se, por outro lado, podia ter sido considerado como um contacto no limite máximo da legalidade, visto que o adversário prosseguiu a jogada? As respostas a estas perguntas moram na opinião que cada um terá de cada lance, porque são de facto situações de análise muito difícil, susceptíveis de gerarem várias opiniões. São, aliás, a prova provada que a beleza do futebol passa por nem tudo ser expectável ou preto no branco e que o factor surpresa e imprevisibilidade só contribuem para alimentar a paixão que todos sentimos pelo desporto a que chamamos meritoriamente de rei.
É sobretudo devido a essa dificuldade de análise de várias incidências de jogo que muitas das decisões dos árbitros não são baseadas apenas no que vêem, mas sobretudo na sua intuição. E por intuição refiro-me a experiência acumulada, a vivências de jogo, àquilo a que chamamos feeling e que lhes permite lerem qualquer lance com mais maturidade, qualidade e grau de acerto.
Usar os sentidos como ferramenta de apoio à decisão é pois uma das formas mais inteligentes que um árbitro pode ter para avaliar, sobretudo quando o lance é assim: cinzento. Porquê? Porque por vezes ver não chega. É preciso deduzir. Sentir. Cheirar. Perceber através do que se conhece dos jogadores e do jogo. É fundamental saber ler a expressão de inocente ou culpado do eventual infractor, a cara de dor da alegada vítima, a forma como o jogador cai, a maneira como aceita ou contesta a decisão, o tipo de lesão que a jogada originou, a linguagem corporal envolvida, a atitude de cada um perante o árbitro e adversário. Até a forma como o público reage, como fala. Tudo conta, tudo ajuda.
E aí o árbitro mais sensato, mais forte emocionalmente, mais perspicaz e intuitivo, falhará menos. Porque, tal como jogar, arbitrar é uma arte para gente inteligente."

Duarte Gomes, in A Bola

Portugal não é a Grécia

"Cada seleccionador tem as suas manias. Nada a fazer quanto a isso, em razão da autoridade discricionária de um mister, sem paralelo noutra actividade. Põe e dispõe a seu bel-prazer, aceitando mal ou recusando simplesmente dar explicações quando confrontado sobre questões menos simpáticas. Não é nenhum reparo a Fernando Santos, atenção, apenas ligeiro preâmbulo para uma viagem breve ao passado recente da nossa Selecção, retirar do baú o que já foi usado e verificar que os anos passam mas há coisas que não mudam, nem ficam fora de moda.
No Euro-2004, Luiz Felipe Scolari, a partir de certa altura, resolveu preparar terreno à não inclusão de Maniche na convocatória final. Houve reacções, entre elas a minha. Por mais de uma vez me referi ao assunto, em defesa do jogador. Também por essa altura, o mesmo seleccionador alinhou no cerco que asfixiou Vítor Baía. No essencial, arranjou um novo titular (Ricardo) e, para calar as vozes discordantes, descobriu um jovem promissor chamado Bruno Vale, portista, como prova das suas boas intenções, embora depressa se tivesse livrado dele e, por arrasto, de Baía.
No entanto, Scolari viu-se num beco sem saída ao ver a sua teimosia fracassar ante a Grécia na primeira jornada do grupo, mas foi célere na mudança. Mestre em golpes de rins, fez de conta que nada se passara e logo no jogo seguinte recorreu ao meio-campo do FC Porto, campeão nacional e Europa, entrando Deco e saindo Rui Costa, o qual viria pouco depois a renunciar à Selecção, não pela despromoção a suplente, mas pela nebulosidade/pouco respeito que caracterizou o processo.

No Euro-2016, Fernando Santos não foi capaz de eliminar a linha de fronteira entre os meus e os outros, pese a ecumenicidade da sua política ao abrir portas da selecção aos presentes e aos ausentes. Correu bem, no sentido em que recuperou alguma gente que andava perdida e contribuiu para o apuramento de Portugal, mas ao envelhecer os quadros nas convocatórias deu à experiência conservadora primazia em relação à juventude rebelde. Aliás, o próprio Fernando Santos nunca escondeu que seria difícil dar esperança a candidatos a lugares que do seu ponto de vista se encontravam preenchidos. É convicção generalizada, por isso, que Adrien Silva, Renato Sanches e Rafa, por exemplo, só foram escolhidos por força das circunstâncias, leia-se impedimentos de Tiago, Bernardo Silva e Danny. Ao seleccionador assiste o direito de não ter gostado das mudanças que se viu obrigado a fazer, mas a saúde do futebol português ficou muito agradecida: tiraram-lhe anos de cima e deram-lhe genica, alegria e mais força de acreditar. Fernando Santos tem a nossa confiança, apesar de sabermos que a sua visão do futebol jogado é esta que se vê, pensada e cautelosa, sempre em velocidade de segurança e sem ultrapassagens que coloquem em risco a solidez da organização. Tudo bem, desde que utilize os melhores, ou, se preferir, retire os que se encontram condicionados.
A propósito: então, só soube à última hora que Moutinho não estava em condições? Estranho. Pensava eu que ele tinha saído da equipa por claro défice de rendimento na competição, provavelmente consequência de uma época apagada e de um quadro clínico que o tem incomodado nos últimos meses. Além de, mesmo na plenitude de recursos, me parecer desfocado no modelo privilegiado para o Europeu.

Sobre André Gomes, de futebol pastoso, sem alma, nem garra, que qualidades verá nele o seleccionador que mais ninguém consegue descortinar? É bom executante? Claro que sim, mas não chega. Tacticamente será mais evoluído que a concorrência? Talvez, admito tudo, mas, sem mais informações sobre o assunto, considero que a sua titularidade constitui o segundo mistério nesta equipa. O que é bom: existirem apenas duas situações susceptíveis de gerarem controvérsia. Sinal de que devemos aproveitar a favorável conjugação de factores: confiança do seleccionador, enorme vontade de Cristiano Ronaldo e de todos os jogadores, inclusão de pessoal jovem com pressa de mostrar serviço e infindo entusiasmo do povo.
Não sei se vai dar para chegar a Paris, mas sei que não há desculpa para mais equívocos. Devem ser valorizados os que garantem disponibilidade física e mental para jogar nos limites, e julgo que isso não tem acontecido. Sem querer intrometer-me onde não sou chamado, penso que, neste momento, a Selecção precisa mais do músculo de Adrien Silva do que do tricô de João Moutinho. Fernando Santos é quem decide, mas, por favor, não nos ponha a jogar à grega. Já faltou mais, mas se o fizer será o mesmo que manchar a imagem do futebolista português. No resto, proceda como quiser, devendo ter a noção de que a esta hora já estaria fatiado pela lâmina afiada da crítica feroz caso não tivesse sido feliz com a Croácia... 

Nota 1 - Prudência com a Polónia depois de amanhã em Marselha. São fortes como os islandeses, mas jogam mais. Ganhámos em 2002 (Mundial da Coreia), mas desde aí a situação alterou-se: derrota e empate com Scolari (apuramento Euro-2008) e empate com Paulo Bento (particular).

Nota 2 - Messi falhou penalty na final da Copa América e despediu-se da selecção argentina. Imagine-se o massacre que seria se fosse Ronaldo. Vergonhosa a campanha contra o capitão português desde que começou o Europeu, mas a FPF continua muda..."

Fernando Guerra, in A Bola

Os 'encarnados' na «Cidade Verde»

"Saint-Étienne, onde jogou Portugal frente à Islândia, é cidade que o Benfica conhece. Em Novembro de 1967, jogou aqui para a Taça dos Campeões Europeus e perdeu por 0-1. Apurou-se.

Saint-Étienne - Estou de volta a Saint-Étienne, desta vez para o Inglaterra-Eslováquia. Foi nesta cidade do Leste da França, na região de Auverne-Rhône-Alpes, a pouco mais de 50 Km de distância de Lyon e no eixo da rodovia para transportes pesados que leva a Toulouse e, em seguida,a Bayonne e à fronteira basca com Espanha, que Portugal deu o seu pontapé de saída na XV edição do Campeonato da Europa, conhecido anteriormente por Taça da Europa das Nações, sétima presença lusitana numa fase final da competição. Chamam-lhe a «Cidade Verde».
Comecemos por Geoffroy Guichard, fundador das lojas Casino, um dos pólos comerciais de Saint-Étienne e proprietário da propriedade que levava o nome de Estevaliére, precisamente onde se ergueu, a prtir de 1931, o Estádio Geoffrey Guichard, como está bem de ver, local onde actua desde sempre a Association Sportive Saint-Étienne, clube represententativo «du coin lá bas».
Com capacidade para 42.000 espectadores, construído à boa maneira inglesa, com quatro bancadas e aberto nos cantos, veste-se geralmente de verde, a cor dos armazéns Casino, do seu clube e de toda a gente que ao longo de décadas trabalhou para a família Guichard.
No dia 30 de Novembro de 1967, o Benfica defrontou o Saint-Étienne nos oitavos-de-final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, 2-0 na primeira «mão», em Lisboa, dava conforto para a viagem de resposta, mas os «stephanois» - nome porque são conhecidos os habitantes locais, em razão de um dos primeiros nome da cidade, Sant Stephan, fundada por refugiados húngaros no ano de 930 - não estiveram pelos ajustes e infernizaram a vida aos 'encarnados'.
O «Caldeirão» encheu. É com orgulho que o estádio de Geoffrey Guichard tem a alcunha de «Chaudron»! Era qui que eu queria chegar.


Golos aos nove minutos!
Logo aos nove minutos, Bereta fez o 1-0 e levou os verdes ao rubro.
Uma falha de Humberto Coelho comprometia José Henrique e o Benfica ficava encostado às cordas. Aí soube seu Mohamad Ali contra Foreman, em Kinchasa, 1974: aguentando golpe atrás de golpe até aos desfalecimento físico e psicológico do adversário.
Mekloufi, Carnus, Bereta, Patrick Revelli e Jacquet eram as grandes figuras do Saint-Étienne. Bereta chegou a ser campeão de França usando a camisola dos fundadores do clube, os empregados da cadeia de armazéns Casino.
«Allez les verts!», gritava-se nas bancadas.
De nada serviu. O Benfica aguenta o resultado até ao fim e sai com a eliminatória resolvida. Os golos de Eusébio e José Augusto, no Estádio da Luz, mantiveram vivo o campeão de Portugal.
Mas, num assomo final de sincero incómodo, Roland Thiéry, comentador televisivo, fechou assim o seu trabalho: «A equipa que ganhou duas vezes a Taça dos Campeões morreu e está bem morta. Nada mais resta do que uma formação envelhecida que se defende praticando anti-jogo».
Bem pôde pregar no deserto. Para os benfiquistas pouco importava. Tinham ultrapassado a eliminatória com mais ou menos facilidade. Continuavam a ser grandes dos grandes na Taça dos Campeões."

Afonso de Melo, in O Benfica

O primeiro passo...

Na 'casa' recentemente remodelada (como se pode ver na foto...), começou, hoje, oficialmente a época 2016/17. A época do 36! A época onde queremos escrever pela primeira vez (!!!) nos livros de história, o Tetra Vermelho!!!

Estive alguns dias afastado do blog (foi o meu defeso!!!), e ao contrário de anos anteriores, os últimos dias de Junho até trouxeram novidades, algumas já confirmadas (Cervi, Kalaika...), outros ainda por confirmar (Celis, Zivkovic, Benitez... Nagy, Pjaca...).

Hoje, os jogadores apresentaram-se. Ainda com muitos ausentes, devido aos compromissos com as Selecções... Sendo assim, as surpresas/destaques, foram os muitos jovens da Formação que vão começar no plantel principal. Sendo provável o regresso de alguns à equipa B, sendo que a maioria deverá acabar emprestada!
Recordo que ainda temos jogadores que podiam/deviam estar 'aqui', mas estão a 'caminho' do Europeu de sub-19 (Joãozinho, Digui, Dias...).

Aliás é no 'capitulo' dos emprestados, que está uma das minhas preocupações! Eu sei que os empréstimos normalmente são decididos mais lá para o fim da janela de transferências, até lá haverá muito bluff entre as partes interessadas, mas o Benfica tem muitos jogadores para colocar... É necessário reduzir a massa salarial, e reduzir os 'emprestados', é essencial para o equilíbrio do nosso plantel...
Hoje, por exemplo 'faltaram' à apresentação: Ola John, Nélson Oliveira, Djuricic, Taarabt, Rojas, Vítor Andrade, Amorim, Hélder Costa, Diego Lopes, Ponk, Scholl, Varela, Frisenbichler, Mukhtar, Haramiz, Murillo, Derley, Romário, Lolo, Fariña, Candeias, Bebé, Nuno Santos, Cardoso, Guzzo, Rebocho...

Os 23 de hoje (a contar com o atraso do Jardel...):
Júlio César, Paulo Lopes, Ederson, André Almeida, Nélson Semedo, Luisão, Jardel, Lisandro, Kalaica, Lystcov, Grimaldo, Marçal, Dawidowicz, Gilson, André Horta, João Teixeira, Pizzi, Salvio, Cervi, Gonçalo Guedes, Rui Fonte, Saponjic e Luka Jovic.

Talisca (30/6), Mitroglou (4/7), Samaris (8/7), Fejsa (4/7), Carcela (8/7), Lindelof (15/7), Jonas (15/7), Jiménez (15/7) e Eliseu (depende...) estão autorizados a apresentarem-se mais tarde. O Carrillo deverá apresentar-se no dia 1 de Julho.

Entre os muitos jovens que hoje se apresentaram, julgo que o Kalaica, o Dawidowicz, o Horta, o Fonte e o Jovic têm possibilidades (uma mistura entre os meus desejos pessoais e a lógica!!!) de ficar no plantel... Lystcov, Marçal, Gilson, Teixeira, Saponjic devem ser emprestados! Salvio, Jardel, Carrillo, Lisandro, Guedes têm mercado, e podem ser vendidos... Sendo que a decisão mais 'complicada', parece-me ser a questão dos Centrais: neste momento temos 5 Centrais no plantel... e em termos de rendimento desportivo dentro do relvado, o 'dispensável' é o Capitão!!! Estes 'problemas' são comuns, em todos os clubes, mas nunca são fáceis de resolver...

"Os Lugares da Memória"

" 'Trophy rooms', 'halls of fame' e o reconhecimento de valor cultural ao património desportivo.

A valorização do património desportivo enquanto património cultural remonta, na maioria dos países, ao final do século XIX. O valor cultural dos testemunhos, materiais e imateriais, da prática desportiva começou por ser reconhecido pelos próprios clubes desportivos. Inicialmente, os clubes utilizavam os objectos mais importantes do seu acervo - os troféus - para ornamentar o gabinete da direcção, onde podiam ser vistos, em exclusivo, pelas figuras de topo do clube - e seus convidados de honra. Gradualmente, os clubes de maior relevância passaram a reunir esses objectos num espaço próprio, geralmente designado trophy room. Considerados autênticos relicários, estes espaços começaram por estar acessíveis apenas a sócios mas, a pouco e pouco foram abrindo as portas a todos os adeptos e turistas interessados. Actualmente, maioria dos clubes mais relevantes do panorama desportivo internacional possui o seu próprio museu, autênticos halls of fame sobre a sua história e as suas vitórias.
No Sport Lisboa e Benfica, o percurso não foi diferente. Depois de anos com as 'taças e objectos de arte (...) expostos no gabinete da Direcção', o Benfica criou a sua primeira Sala das Taças. Em 1927, quando o Clube procurou um novo imóvel para instalar a sua secretaria, fê-lo com o intuito de possuir um espaço onde pudesse expor o seu acervo, que contava já com 65 taças. 'trezes bronzes, quatro «plaquetes», 14 galahrdetes e uma quantidade avultada de medalhas e objectos de arte'. Assim, na secretaria da Rua Capelo (1927-1931), considerada para imprensa 'a melhor e mais completa de todas que existem no nosso país, em clubes desportivos', o Benfica instalou a sua primeira Sala das Taças 'decorada rigorosamente em estilo português, pelo proficiente mestre da scenografia, sr. Luiz Salvador' (pai de Eugénio Salvador). Durante os 86 anos que se seguiram, o Clube organizou outras Salas das Taças e exposições até que, em 2013, inaugurou o Museu Benfica - Cosme Damião.
Até 15 de Outubro, no n.º 9 da Rua Jardim do Regedor, em Lisboa, estará patente ao público a exposição Os Lugares da Memória: Salas de Troféus do Sport Lisboa e Benfica - Do Relicário ao Museu, onde se evoca o percurso das exposições do acervo do Clube, em espaços próprios, ao longo do tempo."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica