terça-feira, 10 de maio de 2016

Da sorte

"Talvez ninguém tenha transformado o futebol em literatura como o Nélson Rodrigues - que disse:
- A primeira e grande virtude do campeão não é a técnica ou a táctica, como presumem os idiotas da objectividade. O que marca o campeão é a sorte, ou seja - uma virtude sobrenatural.
Com o Benfica perto de se tornar campeão eu tenho ouvido amiúde:
- ... foi sorte... é a sorte... só sorte!
Se foi a sorte, foi aquela sorte que dá trabalho, que custa muito suor e muita esperteza. Mas não foi só. No futebol, todas as dúvidas são traidoras - e a pior que se pode ter na cabeça (e nos pés) é a dúvida de se duvidar de si. Ou seja: quando os jogadores jogam como se estivessem sempre a suspeitar da sua grandeza vão-se tornando mais pequenos do que são - e os jogadores do Benfica, mesmo quando não jogaram no brilho que a sua grandeza lhes permitiria (e às vezes não jogaram...), nunca jogaram a suspeitar da sua grandeza, nunca se tornaram mais pequenos do que na verdade são. Foi sorte? Foi. Foi a sorte de terem Rui Vitória - que depois de ter caído com a equipa no lodo, não deixou que o coração da equipa (e o seu) lá ficasse preso. Sacudiu-o da lama, concertou-o - e, a agitá-lo sem mais parar, foi fazendo dela, da equipa, cada vez mais uma melhor equipa, a melhor equipa.
É verdade: quem jogou o futebol mais deslumbrante, mais eletrizante e mais sensual do campeonato foi o Sporting. Mas o ter jogado futebol assim não significa aquilo que Jesus prega a sete ventos:
- Somos a melhor equipa do campeonato, ninguém tem dúvidas...
Eu tenho. Porque, no futebol, a melhor equipa não é a equipa mais capaz de ganhar concursos de beleza - é a equipa mais capaz de ganhar campeonatos. E o Sporting se perder este campeonato perde-o por ter tido a cabeça dos pés no ar em três ou quatro jogos onde não podia perder pontos - e perdeu. Coisa que o Benfica não fez. Alguns ganhou-os na alma - ou na sorte de a ter como a tem - como uma virtude sobrenatural..."

António Simões, in A Bola

Trapalhada na gestão

"Norton de Matos também se sentiu na necessidade fazer opções, mas, ao contrário de Nelo Vingada, explicou-as. O treinador maritimista pensou, e decidiu, de outra forma.

Nelo Vingada engendrou uma trapalhada sem se dar conta das consequências que dela poderiam advir, principalmente nesta fase da época em que, embora correndo atrás de objectivos diversos, todos os clubes queimam os últimos cartuchos na esperança de alcançá-los. É evidente que não está em causa a honorabilidade do treinador, nem pode estar nunca, por ser quem é, uma pessoa de valiosa carreira, com longa experiência e imenso conhecimento, mas não restam dúvidas de que ao anunciar a política de gestão de plantel para enfrentar o bloco de dois jogos (Estoril-Benfica) deveria saber, ou no mínimo suspeitar, que tanta ousadia iria suscitar dúvida e discussão, como aconteceu.
Os treinadores, regra geral, gostam pouco de ser questionados sobre as decisões que tomam, recusando-se aos devidos esclarecimentos. O que só complica...

Em concreto, entendeu Nelo Vingada que devia prescindir de alguns habituais titulares no encontro da 32.ª jornada, no campo do Estoril, por estarem em risco de exclusão. Assim sendo, abdicou de João Diogo, Alex Soares e Edgar Costa, reservando-os para o jogo seguinte, frente ao Benfica. Estes três elementos foram titulares no domingo à noite, nos Barreiros, mas nenhuma melhoria significativa na produção do colectivo se observou: saiu derrotado nos dois casos. Ou seja, o Marítimo, que, é o 12.º-, com 35 pontos, poupou com o Estoril (8.º) e investiu frente ao Benfica (1.º) e corre o risco de ter de pagar a factura em Moreira de Cónegos (14.º).
A criteriosa gestão provocou incómodos ao autor, como ele próprio confessou, e prejuízos ao clube que representa: perdeu o jogo com o Estoril, perdeu o jogo com o Benfica e perdeu meia equipa para o jogo com o Moreirense referente à última jornada... Gerir assim não se recomenda.
Norton de Matos também se sentiu na necessidade de fazer opções, mas, ao contrário de Nelo Vingada, explicou-as: poupou na visita a Alvalade, por não interessar ao União o campeonato do título e concentrou todas as tropas no fim de semana seguinte com a Académica, a quem precisava ganhar para sobreviver no campeonato da manutenção. Foi prudente e teve êxito nessa operação.

O treinador maritimista, no entanto, pensou, e decidiu, de outra forma. Também não faz parte do campeonato do título, mas talvez não tenha resistido à tentação de interferir nele para ficar na história. Não era preciso, porque já faz parte da história devido ao seu iniludível contributo na construção dos alicerces que permitiram projectar o futebol português no estrangeiro a partir da base. De aí, a inutilidade desta tentativa falhada em subir ao palco das estrelas, na medida em que a modesta classificação do emblema madeirense, além de exigir desempenho mais de harmonia com as suas ambições, colide com a relevante obra desportiva e social que o presidente Carlos Pereira tem erguido em benefício do clube e da comunidade, obra essa que faz do Marítimo um caso de referência em Portugal.

Vítor Oliveira é merecedor de admiração e respeito, pelo valor do trabalho realizado, pela relevância dos resultados e pela independência com que sempre procurou impor-se em meio nada fácil. Não é o facto de se ter transformado num especialista em promover equipas, mas sim a competência com que o faz e a simplicidade que nunca o abandona mesmo nos momentos de comemoração, como agora se verificou com o Desportivo de Chaves, que recoloca Trás-os-Montes no mapa da principal Liga portuguesa.
Com esta, foi a nona subida à primeira Divisão que teve a assinatura de Vítor Oliveira e a quarta consecutiva: Arouca, em 2013; Moreirense, em 2014; União, em 2015; Chaves, em 2016. Currículo admirável, também ele único em Portugal e se calhar no Mundo."

Fernando Guerra, in A Bola

Categórico

"«Se o Benfica ganhar o próximo jogo, começo a acreditar». O tweet de João Vale, no final da partida contra o Marítimo, resume com precisão o estado de espírito dos benfiquistas e é, também, a chave do sucesso. A memória do futebol desconchavado do início da época e a sucessão de maus resultados que assolaram a equipa durante muito tempo afastaram qualquer sonho de vitória. Mas, semana a semana, o Benfica foi ultrapassando todas as adversidades e deixou para trás adversário após adversário. Hoje, a conquista do tri é uma possibilidade real, à distância de uma vitória.
É a memória viva dos insucessos de início da temporada e a bazófia com que os nossos adversários nos têm brindado ao longo do campeonato que mantêm o Benfica focado apenas no seu percurso e com uma humildade que ajuda a enfrentar as dificuldades. E não têm sido poucas. O Benfica superou todos os testes: estabilizou as opções técnicas quando a pressão para mudar era muita; teve a frieza de não responder à incontinência verbal e facebookiana dos adversários; perante ondas sucessivas de lesões, encontrou nos 'Manéis' da equipa B soluções à altura; recuperou de desvantagens em vários jogos; reequilibrou-se fisicamente após o desgaste da Champions; e, domingo, contra o Marítimo, realizou das melhores exibições dos últimos tempos, respondendo à pressão psicológica que envolvia a partida e, acima de tudo, mostrando confiança e um espírito de grupo notável que permitiram (con)vencer, mesmo jogando com 10.
Custa a acreditar: contra as expectativas, o Benfica está, de forma categórica, a três pontos de ser campeão."

Vieira e Vitória à beira do sucesso

"O Benfica está a noventa minutos de se tornar tricampeão nacional. Basta vencer, na Luz, o Nacional e garantirá essa marca histórica, que também tornará efectiva uma mudança de ciclo, do FC Porto para o Benfica, na liderança do futebol português.
Neste importante trajecto, estiveram dois treinadores, mas esteve, apenas, uma direcção e um presidente. Se o Benfica vier a cumprir com previsível vitória o jogo que lhe falta, Vieira chegará aos cinco títulos de campeão nacional nos quinze e poucos anos que tem de presidente no clube e conseguirá três títulos consecutivos. Todos os campeonatos são vitórias colectivas, mas estes números, constituiriam, indiscutivelmente, uma vitória individual de Luís Filipe Vieira.
Ao mérito que lhe pertence na escolha de um conjunto de quadros técnicos, que tornaram a estrutura da SAD e do clube, na Luz e no Seixal, competente e profissional, junta-se o incontornável mérito na escolha de Jorge Jesus, primeiro, e, depois, de Rui Vitória, um treinador que não tinha experiência de grandes clubes e que apenas tinha deixado boas indicações num clube exigente como o Vitória de Guimarães, para mais, em circunstâncias financeiramente difíceis.
A verdade é que Rui Vitória correspondeu à aposta de Vieira com resultados acima da expectativa, depois de ultrapassar, com o decisivo apoio de alguns inábeis ataques externos, uma crise inicial de adaptação e de consolidação de liderança.
O mais importante da filosofia de Vitória foi agora assumida, logo após o jogo com o Marítimo, no Funchal: «Queremos vencer por nós e não contra ninguém». Eis a crucial diferença!"

Vítor Serpa, in A Bola

'Matrioskas'

"O futebol português continua a revelar-se uma autêntica 'caixa de Pandora' no que respeita a condutas impróprias, lesivas da ética e da verdade desportiva. O problema da falta de receita dos clubes portugueses não é novo. Trata-se de um fenómeno enraizado na cultura desportiva nacional que o SJPF acompanha com evidente preocupação, quer por determinar a perda de capacidade de investimento e competitividade da esmagadora maioria dos clubes nacionais quer por criar 'terreno fértil' para actos de gestão danosa, que agudizam os problemas financeiros e punem, inevitavelmente, os protagonistas do espectáculo.
Neste contexto, tendo em conta que ninguém vive de 'receitas mágicas', a fiscalização continua a ser a chave. Basta analisar o número de clubes em dificuldades financeiras, em especial os que enfrentam processos especiais de revitalização ou processos de insolvência, para perceber que algo falhou e continua a falhar nesta matéria.
Eis que surge a operação 'Matrioskas', levada a cabo pela Polícia Judiciária com o objectivo de investigar negócios ilícitos que envolvem o maior accionista da SAD do União de Leiria. Não vislumbro melhor exemplo da necessidade de alterações que há muito o SJPF propõe: é preciso rever urgentemente os mecanismos de fiscalização e clarificar as 'regras do jogo' para os investidores.
Sabemos que o futebol português integra um mercado à escala global e, por isso, não pode deixar de captar o investimento estrangeiro e de se abrir a novas fontes de receita. Contudo, a obtenção de financiamento não pode ser feita a todo o custo, transpondo os limites da legalidade. Se nos escusamos a aferir a idoneidade dos investidores, bem como a legitimidade dos recursos financeiros de que dispõem, abrimos a porta a novas 'matrioskas', tornando o mercado português apetecível para aqueles que, ao invés de contribuírem para o sucesso desportivo das equipas que controlam, promovem o crescimento das organizações criminosas que gerem.
A importância deste tema vai muito para além da criminalidade fiscal: o fenómeno das apostas ilegais, os resultados desportivos combinados (match fixing) e o tráfico humano são apenas alguns dos flagelos que consentimos de forma encapotada. É preciso agir!"

Lisboa em festa... e mais uma taça para o Benfica!

"No mês dos Santos Populares, de Camões e de Portugal, o Benfica honrou a cidade com uma brilhante vitória.


Lisboa amanhecer em festa a 8 de Junho de 1013. Ao toque de alvorada, ouviam-se foguetes enquanto as bandas filarmónicas desfilavam pelas ruas, a marcar o início das Festas de Lisboa. Foram oito dias de grande animação, com vários eventos revestidos de grande imponência, numa época em que a jovem República procurava afirmar-se. Contou com paradas militares, cortejos, corridas de touros, cânticos regionais, espectáculos musicais e concursos florais. Os eventos desportivos fizeram também sensação e o futebol, cada vez mais popular na capital, não foi esquecido. Um programa soberbo, decorado com iluminações e fogo-de-artifício!
Porém, o brilhantismo das festas foi perturbado por um atentado. No momento em que o cortejo em honra do poeta Luís de Camões passava a Rua do Carmo, um grupo de operários com uma bandeira negra onde se lia 'Pão ou trabalho' tentou integrar-se no cortejo, que a polícia tentou impedir. A certo momento, ouviu-se uma enorme explosão de uma bomba! Os primeiros momentos foram de pânico, mas pouco depois transportaram-se os feridos para o hospital e a Rua do Carmo voltou ao normal, com os eléctricos e seguirem repletos de passageiros para a festa da aviação no Campo Grande.

Tal incidente não afectou o torneio de futebol, que decorreu sem sobressaltos. Organizados pela Associação de Futebol de Lisboa, contou com a vinda, pela primeira vez, de um misto do Porto e outro de Portalegre, tendo como anfitriões os clubes lisboetas Benfica, Império e Lisboa FC. 'Um dos números mais interessantes das festas' foi disputado em eliminatórias durante três dias - 8, 11 e 12 de Junho - e levou numerosas assistências aos campos desportivos da cidade.
Na véspera de Santo António, realizou-se a final entre o Benfica e o Lisboa FC. O Benfica, que até então, derrotara o Misto do Porto (2-0) e o Império (8-0), repetiu uma brilhante exibição vencendo por 1-0. Honrou, desta forma, o título de bicampeão de Lisboa, recentemente obtido, e conquistou o lindíssimo troféu em disputa, que recebeu o nome da festividade e do poeta Luís Camões.
A Taça Festas da Cidade de Lisboa pode ser vista na área 9. Outras conquistas do Museu Benfica - Cosme Damião."

Ana Filipa Simões, in O Benfica

Boa sorte... até um dia destes!!!


Afinal, o Renato não foi para Manchester... Depois, da eliminatória com o Bayern, os Germânicos não resistiram...!!!
E isto, numa altura da época, onde se dizia (e se diz) que o Renato estava em baixo de forma!!!

Este tipo de vendas, são inevitáveis. O mercado português assim o obriga, nem com toda a nossa 'força' temos capacidade para travar a saída dos nossos maiores talentos.
Agora, não podemos deixar para o fim da janela de transferências em Agosto, o 'fecho' do plantel! Precisamos de jogadores de qualidade, sendo para a posição do Renato, até precisamos de dois!!! Um para ser titular, e outro para ser uma opção válida... algo que este ano não houve!!!

Apetecia-me escrever muita coisa, mas o João Gonçalves no Red Pass fez-me o favor de passar a minha 'raiva' para palavras... leiam!
Não foi o primeiro, nem será o último Benfiquista, a ser vitima da calunia e da inveja mesquinha, tão típica neste País... por tudo isso, toda a sorte do Mundo para ti Renato... mas antes da despedida, queremos a Dobradinha!!!!

Benfiquismo (XCIX)

Após a expropriação do Campo das Amoreiras,
fomos, mais uma vez, obrigados a mudar de casa...
Ficou conhecido entre os Benfiquistas como:
A Estância de Madeira...
Foi inaugurado no dia 28 de Maio de 1941