sexta-feira, 6 de maio de 2016

Passado e Futuro...

"O relógio é uma máquina sem piedade, nunca pára. E digo isto porque, apesar de me parecer tão próximo, já lá vão 14 anos desde que cheguei ao maior Clube Português. Mudou muita coisa no Sport Lisboa e Benfica e muita coisa vai continuar a mudar, mas aquilo que se fez nestes anos é um ganho que já não vamos perder.
Sinto-me orgulhoso porque sei qual foi o ponto de partida, porque vivi o início da recuperação do Sport Lisboa e Benfica, porque testemunhei tudo o que foi feito durante estes 14 anos, mas, principalmente, porque quando olho para trás, nada resta do clube endividado, sem prestígio europeu, sem infraestruturas, sem reconhecimento internacional. O ano que passou foi um ano de muitas emoções.
O ano que estamos a viver poderá ser de novas sensações e de renovadas alegrias, em virtude de muitas conquistas que estão no nosso horizonte. Mas é bom que todos os Benfiquistas tenham a perfeita noção de que não foi fácil chegar aqui. Lembro-me bem dos primeiros tempos quando cheguei ao Estádio da Luz, da falta de credibilidade do clube, do incumprimento com os compromissos assumidos e das dívidas acumuladas de muitos milhões. Lembro-me bem da distância, cada vez maior, entre o clube, os sócios e os adeptos.
Os mandatos que levo na presidência do Sport Lisboa e Benfica obrigam-me a reconhecer a importância de todos quantos continuaram a acreditar na solidez do projecto e no acerto do rumo traçado. Como sempre tenho dito, as conquistas do nosso clube fazem parte do passado, os títulos e troféus ganhos podem ser visitados no Museu Benfica Cosme Damião. É tempo de pensar no futuro, no que temos de fazer, no que já fizemos e podemos melhorar e, finalmente, mudar nas áreas onde não atingimos os resultados desejados. 
Desde o início desta longa etapa, há 14 anos, ficou provado que a estratégia ganha sempre ao improviso e quando as bases são firmes conseguimos ultrapassar as dificuldades com maior segurança. Foi assim quando tivemos de sanear as contas do clube, foi assim com o nosso magnífico Estádio, foi assim com os nossos modernos pavilhões, foi assim com a nossa Academia de excelência, foi assim com a pioneira Benfica TV e foi assim com o nosso inovador e apaixonante museu. Tenho muito orgulho em dirigir um clube que, tendo nascido em Lisboa, fez de Portugal a sua bandeira e de todos os portugueses o seu destino final. Como tenho afirmado ao longo destes anos intensos, o Sport Lisboa e Benfica nunca será um projecto acabado. Sou optimista, mas também sou exigente e sei que teremos mais condições de continuar a ganhar, quanto maior for o apoio e a ligação dos sócios e adeptos ao clube. Tenho imenso orgulho na massa associativa do Sport Lisboa e Benfica pela sua dedicação, empenho, paixão e lealdade. Foram, e são, estas quatro características que nos permitiram atingir um estatuto muito especial - somos a organização desportiva de maior sucesso em Portugal, tanto no Futebol, como nas Modalidades e tanto na perspectiva competitiva, como na vertente económica. Não me tenho cansado de dizer que o que verdadeiramente interessa, e faz do Sport Lisboa e Benfica um clube especial e único, são as pessoas, os seus sócios e adeptos.
Para mim, a prioridade de ontem é a mesma de hoje - os sócios e adeptos. Sem eles nada disto teria razão de ser. O Benfica é hoje um clube admirado, seguido, reconhecido pela inovação, pela modernidade. É um clube global que conseguiu reinventar-se em pouco mais de uma década. Como nunca me canso de dizer, nem me cansarei de afirmar, ninguém é dispensável no Sport Lisboa e Benfica. Isto tem de ficar bem claro na cabeça de todos! O segredo da recuperação do clube, nestes últimos anos, tem sido a estabilidade e a união dos benfiquistas em torno daquilo que é essencial. Os alicerces do Sport Lisboa e Benfica estão nas suas Casas, estão a Norte, estão a Sul. Estão em todo o mundo! O Sport Lisboa e Benfica está onde estiverem os benfiquistas. Este livro é um testemunho sério e apaixonado de alguém que assistiu a muitos dos passos que foram dados ao longo destes anos."

Verdadeira situação patrimonial

"Fonte: Relatório de Auditoria do Sporting. Na (...) o que consta no relatório da auditoria do Sporting sobre a evolução patrimonial. Ora, o Passivo que está evidenciado em 2013 é nada mais, nada menos do que quase 500 milhões de euros! E não estamos aqui a contar com a gestão que se seguiu!
E agora vamos ver duas breves frases que constam do mesmo relatório - não esquecer que o relatório é feito pelo próprio Sporting!
É o que vos damos na (...). Ou seja, o património excluindo o Estádio, resume-se "... a direitos de superfície com três bombas, a Quinta de Alvalade (1 bomba) e um lote Construz (morro Padre Cruz), ou seja, daí a depreciação que os altos responsáveis do Sporting não queriam que acontecesse ao petróleo, pois tem interesse em algumas bombas de gasolina.
Vejamos isto numa imagem do Google na (...).
A verde o que existia em 1995, a preto, é o que existia em 2013. Em 2016 não sabemos o que existe, nem sequer sabemos se existirá alguma coisa em 2020!
E por aqui fica esta semana o escriba.

Ataque cerrado
É inacreditável como se aprendem facilmente todas as manhas do jogo do cinismo e da desconformidade com a verdade.
Há uma particularidade que se deve explicar. Dar o ouro ao bandido é a pior atitude que se pode ter! 
O Benfica e os seus elementos, andam a ensinar como os outros clubes podem desculpar as suas imperfeições.
Uma coisa é analisar os lances e constatar que este ou aquele, foi mais prejudicado ou mais beneficiado. Mas outra coisa completamente diferente é atribuir a esse facto, a responsabilidade pelos seus desaires. Não quero com isto dizer que o Benfica foi mais beneficiado do que prejudicado, que não foi! Mas se o fosse, o paupérrimo desempenho de rivais do Benfica deve-se a outras razões, que não àquelas que efectivamente são a verdadeira Razão!
Tudo isto é fruto do reflexo da sociedade Portuguesa actual.
Hoje em dia, todos aprenderam que o que interessa é mandar vir, mesmo (...)"

Pragal Colaço, in O Benfica

Assim vai o Futebol português

"De visita à Escócia, foi à distância que vi, pela primeira vez esta temporada, um jogo do Benfica na Luz. Refiro-me ao Benfica-SC Braga, cujo triunfo nos permite disputar, em nove edições da Taça da Liga, a sétima final (e tentar o sétimo título). É uma sensação estranha, que detesto ao ponto de incompreender que a Luz não esteja sempre repleta como tem estado nas últimas partidas do Campeonato Nacional. Cerca de 49500 espectadores de média é interessante e inigualável em Portugal, mas uns 11 mil abaixo do que seria desejável.
Vi o jogo num pub com uns amigos escoceses entusiastas de Futebol. Contei-lhes o que se tem passado em Portugal e comecei por lhes dizer que o presidente do nosso rival "passa a vida" no Facebook a lançar suspeitas infundadas sobre o Benfica. Sorriram.
Mostrei-lhes a agressão do Slimani ao Samaris. Espantaram-se para, logo que lhes revelei a inexistência de um cartão vermelho ou de um castigo após a análise do vídeo, se rirem.
Referi-lhes as poupanças do União da Madeira em Alvalade, seguidas da "infelicidade" do guardião dos madeirenses no primeiro golo do Sporting, e deram umas valentes gargalhadas. Continuei com a descrição do anti-jogo dos nossos últimos adversários e notei que começaram a duvidar se eu estaria a falar a sério.
Finalmente, falei nas poupanças dos nossos adversários antes de nos defrontarem, expliquei-lhes o que é, agora, o jogo da mala, e não obtive qualquer reacção imediata. Até que um deles me disse que, das duas uma, ou estaria a gozar com eles ou já bebera demasiado. Compreendo-os... Nem quero imaginar o que de mim pensariam se lhes falasse no castigo da FPF à nossa equipa de Futsal."

João Tomaz, in O Benfica

Jogo sujo

"Houve o corte de electricidade no Restelo, a zaragata entre jogadores do Marítimo, e os vários indisponíveis do Moreirense, antes das partidas com o Sporting. A poupança de titulares do União em Alvalade, mesmo precisando de pontos. A exibição simpática do Arouca. O penálti de Tonel. Mas se eram necessárias mais evidências de que algo de estranho se passa no nosso Campeonato, esta jornada trouxe-as. E nem falo de penáltis por assinalar.
Vejo Futebol há mais de 40 anos, e não me recordo de uma equipa sem aspirações, fazer o anti-jogo que o Guimarães fez na Luz ao longo da primeira parte. Não esperava, nem queria, facilidades. Mas esperava um adversário a jogar Futebol. O que se viu foi a triste cena de onze almas (mais umas quantas no banco) desesperadas para retirar pontos ao Benfica, não hesitando em recorrer a simulações, provocações, quebras de ritmo, e a uma agressividade muito acima do normal. Até mudaram de táctica, testando-a propositadamente na jornada anterior, à custa de um empate em casa. 
Na Amoreira, um Marítimo também com classificação definida, entrou em campo sem cinco jogadores que tinha em risco de suspensão, poupando-os para a próxima jornada, cedendo pontos que, teoricamente, até lhe seriam mais acessíveis. Porquê? Segundo o treinador, para preparar a próxima época.
Podemos juntar as declarações do presidente do FC Porto, que deixaram claro porque motivo não seria de esperar um desfecho diferente no Clássico.
Os factos falam por si. Não podemos fingir que não vemos. A porcaria está a regressar em força ao Futebol português. E, se nada fizermos, vem para ficar."

Luís Fialho, in O Benfica

Eles que poupem

"De há umas semanas para cá temos assistido a um triste espectáculo: o do desespero. As equipas que têm defrontado o SL Benfica no seu caminho para a conquista do Tricampeonato jogam como se fosse a partida mais importante das suas vidas. Querem, sabe-se lá porquê, tirar pontos ao Glorioso. Se fosse apenas pela motivação competitiva não estaria aqui a perder tempo com isso, a não ser para aplaudir. Quem gosta de desporto aprecia a competição saudável, o chamado jogo pelo jogo.
Mas não é isso que se está a passar. Há jogadores e equipas do principal Campeonato português que poupam os seus activos pata defrontarem o campeão em título. Colocam em causa as suas carreiras desta época - acessos à Europa ou manutenção na primeira divisão - em troca de alguma coisa de que todos falam, mas ninguém assume.
Já lhe chamaram o Jogo da Mala, com uma alegada quantia de prémio de jogo a avolumar-se no caso de o SL Benfica perder pontos e ceder a liderança à trupe do Lumiar. Não sei se isso será verdade, nem sei se para aqueles lados haverá capital suficiente para sequer pagar os ordenados dos últimos meses. Muito menos dos que faltam para o ano acabar. O que sei é que isso me motiva e deve motivar ainda mais os jogadores e técnicos do campeão em título. Eles que poupem à vontade, eles que se esfolem para ganhar a bola, eles que se remetam ao autocarro frente à baliza. Isso só nos faz mais fortes.
Faltam duas jornadas. Poupem, metam a carne toda no assador porque o petisco será ainda mais saboroso. Não esperamos facilidades, mas é isso que faz de nós o maior Clube de Portugal. E a longa distância dos outros, os coitados que choram e se vendem."

Ricardo Santos, in O Benfica

Ederson e Oblak, casos de estudo

"Portugal tem dado muitos e bons exemplos de capacidade na prospecção e valorização de futebolistas. Ederson, ontem chamado por Dunga ao escrete canarinho que vai disputar a Copa América, é o mais recente caso de sucesso de um jogador que cruzou o Atlântico aos 16 anos para se integrar na formação do Benfica, por cá fez o percurso nas camadas jovens dos encarnados e a via-sacra da tarimba, que o levou a Ribeirão e a Vila do Conde, até ao regresso à casa-mãe onde agarrou com as duas mãos a oportunidade nascida da lesão de Júlio César, antes de Alvalade. Ao exemplo de Ederson, que por si só seria assaz significativo, acresce o de Jan Oblak, que trilhou as mesmas pedras encarnadas do brasileiro. O Benfica descobriu-o, na Eslovénia, aos 17 anos e passou várias épocas a trabalhá-lo de forma competente, com empréstimos que se revelaram muito bem sucedidos. Quando saltou para a ribalta, por lesão de Artur Moraes no Algarve, de imediato se percebeu que estava ali um caso muito sério de predestinação. Não é em vão que, hoje, a generalidade dos analistas internacionais vê no colchonero Oblak um dos melhores guarda-redes do Mundo.
Para fazer frente à esmagadora capacidade financeira dos clubes ingleses, espanhóis, alemães, italianos e franceses (e ainda turcos e russos...) aos emblemas nacionais não resta outra via que não passe pelo binómio prospeção/formação. São estes os valores que temos para manejar e nesta arte já demos sobejas provas de bem trabalhar. Esta é, em minha opinião, a regra a que devemos obedecer. O que não invalida as exceções que pontualmente possam compor plantéis."

José Manuel Delgado, in A Bola

Os dias difíceis de Pinto da Costa

"O contexto em que José Peseiro entrou no FC Porto esteve longe de ser o ideal mas quatro meses depois também já fará sentido concluir que o treinador foi incapaz de resolver o problema que herdou. Se a ideia de contratar Peseiro passava pela habitual qualidade do seu processo de jogo e pela possibilidade de, a partir daí, tornar o futebol dos dragões mais atraente, a verdade é que o plano não funcionou. O FC Porto de José Peseiro é uma desilusão e o pior de tudo é que, pelos vistos, o treinador é a única pessoa que ainda não percebeu o que está a acontecer. Quem é derrotado em metade (!) dos jogos não deve justificar-se com as arbitragens e muito menos dizer que "o FC Porto também merece ser campeão". A equipa perde muito porque joga pouco. Essa é a questão de fundo e é estranho que Peseiro não a entenda. Ou se recuse a entender.
A sucessão de flops em que se têm tornado as escolhas de Pinto da Costa são uma novidade. Os últimos três treinadores que chegaram ao Dragão foram Paulo Fonseca, Lopetegui e, agora, Peseiro. Dificilmente o balanço poderia ser pior e, sejamos claros, falhar três vezes seguidas é um sinal inequívoco de que as coisas mudaram. Em sentido contrário, os rivais de Lisboa passaram a acertar. No Benfica, os últimos anos foram para o longo reinado de JJ, em primeiro lugar, e agora para Rui Vitória. Em Alvalade, e depois da chegada de Bruno de Carvalho, o Sporting teve Leonardo Jardim, de seguida Marco Silva e, por fim, Jorge Jesus. Curiosamente, Jesus, Rui Vitória, Leonardo Jardim e Marco Silva já estiveram todos no radar do FC Porto, em circunstâncias e momentos diferentes. Olhando para o que fizeram e estão a fazer em Benfica e Sporting, de que história estaríamos aqui a falar se algum deles tivesse chegado a ser apresentado, ao vivo e a cores, no Porto Canal?"

Ainda vale tudo

" "Tranquilidade", sugere o Sporting. Voltou do futuro e conhece o campeão?

1. Falando de épocas desportivas (defesos incluídos), o recorde renova-se a cada folha do calendário civil que se vira: a "carga de ombro" mais intensa, espalhafatosa, agressiva, ruidosa e violenta de que há memória na rivalidade construída por Benfica e Sporting dura desde 4 de Junho de 2015, data oficial da mudança de Jorge Jesus da Luz para Alvalade, num processo que originou feridas insaráveis. Na última terça-feira, passados 334 dias na história de remoques cruzados que transformaram o campeonato numa prova do género "vale tudo", Octávio Machado convocou de urgência uma conferência de Imprensa. Nela, o director-geral dos leões, fintando o tema dos alegados incentivos a adversários para travar o rival, começou por recriminar o Benfica, em particular a sua comunicação. "Cria um clima de terror, intimidação e tensão", disse. Depois sugeriu a retirada do seu clube do palco da polémica até ao fim da época: "O Sporting não vai contribuir para criar perturbação ou desestabilização." Porém, pela cadência de ataques e contragolpes vistos, a questão é esta: dá para acreditar na promessa de "tranquilidade"? Só se o Sporting regressou do futuro e, por isso, já sabe que será ele o campeão...

2. Há menos de um mês, em noite de homenagem, Paulo Paraty já se despedia do futebol e da vida, mas não se percebeu - ou não se quis aceitar. Independentemente de ter agradado mais a uns do que a outros ao longo da carreira, aquele ex-árbitro internacional valorizou um bom princípio: a vontade de querer acertar. Que descanse em paz."

João Sanches, in O Jogo

O duelo

"Polémicas à parte, devem o futebol e os adeptos dar graças por esta empolgante luta Benfica - Sporting, das maiores de sempre.

Sim, é verdade que Rui Vitória tem superado todas as expectativas, no sentido em que poucos acreditavam (eu incluído) que conseguisse conduzir a equipa do Benfica até aqui, e que Jorge Jesus tem, no fundo, estado muito igual a si próprio (dentro e fora do campo...), no sentido em que vem fazendo o que se esperava do grande treinador que é e que todos sabem que é. Polémicas à parte, deve reconhecer-se como fantásticos os percursos de Benfica e Sporting esta época, com a diferença (que não é pequena) de o Benfica ter recebido o seu novo treinador com a barriguinha cheia de títulos e uma estrutura muito consolidada nos últimos anos, e o Sporting ter pedido ao seu novo treinador que fosse capaz de construir muita coisa ao mesmo tempo.
Parece evidente ter Jesus encontrado no Sporting a necessidade de criar uma equipa que fosse capaz de competir no topo do campeonato - cumprindo aquilo que realmente prometeu -, mas também novas condições materiais e emocionais absolutamente indispensáveis a quem quer, hoje, discutir títulos em provas de resistência e o Sporting há muito parecia não ter.
Para vencer jogos basta, talvez, talento, mas para vencer campeonatos é preciso muito mais do que isso. E tendo uma equipa muito mais do que talento... até o talento se torna maior.
O Sporting já tinha, na verdade algum talento. Com a chegada de alguns jogadores reuniu ainda mais talento. Chegaram o brilhante Bryan Ruiz e, mais recentemente, a nova muralha leonina formada pelo intenso Schelotto, o magnifico Sebastián Coates, o aplicadíssimo Rúben Semedo e o determinado Marvin Zeegelaar. De todos esse talento e de um diamante em bruto como Slimani fez Jesus fortes competidores e uma equipa de autênticos leões.

Para vencer campeonatos não chega, realmente, ter talento. É preciso mentalidade verdadeiramente competitiva, é preciso compromisso, é preciso trabalhar muito e todos os dias, é preciso concentração total e nunca relaxar, é preciso permanente foco no objectivo, é preciso união, sentimento de equipa, comunhão com os adeptos, é preciso ser solidário, morrer pelo companheiro, sacrificar interesses individuais à força do colectivo, e é preciso que tudo isso junto seja capaz de ajudar a equipa a superar-se sempre que os momentos forem menos bons.
Tudo aquilo que o Benfica demorou alguns anos a construir, bem e de forma estruturada, já neste século, e tudo aquilo que o Sporting está, agora, a criar sobretudo pela mão de Jorge Jesus.
Sempre ouvi dizer que os campeões são, na maioria das vezes, as equipas que vencem mesmo quando não jogam bem. Porque quando as melhores equipas - e os melhores jogadores - jogam bem dificilmente deixam de ganhar.

Foi, na minha opinião, muito graças ao que está, pois, para lá do talento que o Benfica conseguiu reerguer-se e superar a perda de um treinador com a tremenda influência que Jorge Jesus teve na Luz. Nem sempre jogando bem, lá está, nem sempre sendo muito consistente, nem sempre conseguindo superioridade clara, a verdade é que o Benfica tem mostrado esta época como cresceu tanto nos últimos anos, como se tornou numa força de futebol dominante e não apenas pontualmente dominadora, e como se preparou para suceder na realidade ao esmagador FC Porto das duas últimas décadas e meia. Jorge Jesus foi, na Luz, fundamental e decisivo nesse processo (seja o Benfica capaz ou não de o reconhecer agora) e Rui Vitória teve entretanto, no mínimo, o enorme mérito de aproveitar o que lhe pareceu bem e de induzir a equipa a confiar nela própria.
Rui Vitória parece ter apostado forte - e terá acertado - no lado emocional da equipa, na coesão e na força interior, criando-lhe provavelmente a ideia, já aqui o escrevi, de que ela precisaria de jogar pela própria vida e pela honra de ser bicampeã nacional e de lutar para que nada, e ninguém, o pudesse pôr em causa.

Nessa medida, parece Rui Vitória ter sido inteligente. Terá percebido a tempo o que fazer e como fazer para levar a equipa a superar-se muito mais pela força da alma do que pela solidez do próprio jogo, e a verdade é que temos visto muitas vezes este Benfica jogar muito mais como uma equipa ferida no orgulho e atingida no caráter do que propriamente como uma equipa de grande futebol. 
Claro que cada tem treinador tem o seu estilo e a sua forma de conduzir as equipas, mas confesso a minha atracção por treinadores intensos, que se alimentam do jogo e do que querem que os jogadores façam, gosto de ver no campo treinadores como Jorge Jesus ou Diego Simeone, que refilam e se irritam, que corrigem e alertam, que vivem o jogo no limite e estão sempre prontos a intervir, que dão tudo para contagiar as suas equipas, para as empurrar, para as guiar, como autênticos generais querendo o sucesso das suas tropas.
De Rui Vitória, o que vemos é na realidade bastante diferente disso. No banco (e naquela área técnica que limita a acção dos treinadores) Rui Vitória mostra-se mais passivo. Mas também é inegável que mostra, ao mesmo tempo, muita tranquilidade e talvez passe, com esse estado de alma, uma ideia de confiança na equipa.
A esse estilo e a essa confiança juntou-lhe Rui Vitória também a natural auto confiança que foi ganhando à medida que foi vendo a equipa vencer e foi vendo a equipa subir até à liderança do campeonato, até aos quartos de final da Liga dos Campeões e, agora, até à final da Taça da Liga. 
Mérito de Rui Vitória esse compromisso emocional que o Benfica revela. Mas é sério reconhecer que este Benfica alimenta-se hoje, em matéria de futebol, da potência do tal Ferrari de que Jesus falou e que, queira-se ou não, o mesmo Jesus muitíssimo ajudou a construir na Luz.
Polémicas à parte, este é pois um campeonato e uma época destinados a ficar na história do futebol português por terem sido os dois grandes rivais de Lisboa protagonistas de um dos mais empolgantes duelos de sempre.
Só por isso, já devíamos agradecer-lhes.

Sim, também concordo que estas duas últimas jornadas já deveriam ter levado os jogos com influência directa entre si a serem jogados à mesma hora. Na verdade, não consigo realmente perceber porque abandonou a Liga essa medida cautelar, digamos assim. Pegando apenas num exemplo, julgo que não faz muito sentido que os aflitos Tondela e Académica joguem antes do V. Setúbal, uma vez que Tondela e Académica ocupam os os últimos lugares da Liga e, em caso da derrota de ambos (respectivamente nos campos de Paços de Ferreira e SC Braga), já não precise, na prática, o V. Setúbal de se incomodar muito com o seu jogo em Alvalade.
Será assim tão difícil defender o clima de confiança indispensável para que os adeptos se sintam verdadeiramente protegidos na sua paixão pelo futebol?

Comenta-se nos bastidores que o presidente do Benfica não terá gostado nada de ouvir de figuras ligadas ao clube comentários públicos sobre suspeitas privadas. Nomeadamente sobre o confronto de domingo, com o Marítimo. Comenta-se ainda que Filipe Vieira terá decretado silêncio. Fez muito bem. Há limites para tudo!"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Até compreendo Luís Filipe Vieira se realmente mandou 'calar' alguns os Benfiquistas antes do jogo da Madeira (até porque em Portugal é normal os criminosos tentarem passar por vitimas... como foi visível naquela 'conversa' do Panelão!), mas é incompreensível do ponto vista jornalístico, criticar ou censurar denuncias, que até foram confirmada indirectamente pelas 'respostas' dos visados...!!!
Mas estes são os jornaleiros que temos... que já passaram todos os limites da decência e da dignidade profissional à muito tempo...

Os outros três heróis da Liga

"Benfica e Sporting transformaram a Liga 15/16 em algo que vai ficar para a história do futebol português. Tem sido um campeonato tão intenso e excitante em relação à luta pelo título que, confesso, nunca dei neste espaço o devido relevo a outras equipas e treinadores que, cada qual à sua maneira e dimensão. foram verdadeiros vencedores. Por isso, o espaço de hoje vai inteirinho, e com a devida vénia, para o Arouca de Lito Vidigal, para o Paços de Ferreira de Jorge Simão e para o União de Norton de Matos.
Lito Vidigal levou o Arouca para patamares impressionantes. Uma equipa que passou as últimas duas temporadas a sofrer até ao fim pela permanência transformou-se rapidamente num credível candidato à Liga Europa, meta agora muito próxima de ser atingida (pode acontecer já nesta jornada). Os 52 pontos estão muito acima daquilo que era normal para esta formação e o facto de somar menos derrotas que o FC Porto é um prémio extra. Lito Vidigal já tinha justificado maior atenção em épocas anteriores. Este ano 'apenas' o confirmou como um dos treinadores a levar mais a sério.
Quando Jorge Simão chegou a Paços de Ferreira revelou a ambição dos 48 pontos (mais um do que a equipa fizera na temporada anterior com Paulo Fonseca). Objectivo cumprido a duas jornadas do fim. Notável. Mais impressionante: pode igualar o máximo histórico do clube (54 pontos conseguidos por Paulo Fonseca). Única frustração: em 12/13, esses 54 pontos bastaram para atingir ao 3° lugar e agora não valem sequer o 4°, nem garantem o 5°. Não é por a história relativa do campeonato negar a Jorge Simão o topo que o Paços deve olhá-lo como um 'segundo', porque no contexto pacense pode e deve ser visto como um 'primeiro' se igualar esse registo.
O União regressou à Liga com o rótulo de candidato à despromoção. tal como o Tondela (que pode voltar hoje à, 2.ª Liga). Norton foi 'torpedeado' pelo próprio presidente e viveu períodos em que parecia estar, todos os dias, à beira do despedimento. Nem isso o quebrou. Manteve a equipa sempre em linha com o objectivo final e pode ganhar neste fim de semana o 'jackpot': o bilhete da Liga 2016/17. Não para ele, desconfio, mas para a equipa ."

Jogos Olímpicos no Catar?

"Sebastian Coe, presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), durante a apresentação do meeting da Liga Diamante a decorrer em Doha, no Catar, questionado sobre a possibilidade deste país organizar uma edição dos Jogos Olímpicos, respondeu insistindo que é importante para o movimento olímpico apoiar a globalização do desporto.
Num momento em que se enfatiza a sustentabilidade na organização dos eventos, a transparência e o respeito pelos direitos humanos, não deixa de ser curioso o argumento da globalização do desporto! A realização da segunda edição dos Jogos Europeus em 2019 está em risco. A Holanda, que tinha sido anunciada como anfitriã acabou por desistir. Foi anunciado no passado mês de Novembro que a Rússia havia sido escolhida para acolher o evento. Decisão que estaria dependente da resolução dos problemas com o doping. A organização dos Jogos Europeus seria dividida entre Sochi, que acolheu os Jogos Olímpicos de Inverno em 2014, e Kazan, palco das Universíadas em 2013.
No entanto, recentemente, o ministro do Desporto russo, Mutko, afirmou: «A Rússia nunca terá enviado uma candidatura para os Jogos europeus», esclarecendo que a Rússia não tem interesse na candidatura e que está «absolutamente ocupada até 2020».
A Brasília havia sido atribuída a organização das 30.ª Universíadas a realizar em 2019. O Brasil, considerando o caderno de encargos e a crise financeira que vive presentemente, desistiu da organização. Neste momento existe a possibilidade de Nápoles, pois parece não haver interessados em cumprir o elevado caderno de encargos desta organização (só a taxa de inscrição são cerca de 23 milhões de euros). 
Vamos pensar no Catar para globalizar o desporto ou apenas porque estão dispostos a garantir aquilo que mais ninguém quer pagar?"

Mário Santos, in A Bola