"Este Benfica de Rui Vitória mostrou, uma vez mais, que não desiste. Que não baixa os braços. Que tudo faz para a conquista dos 3 pontos.
1. Faltam cinco jornadas para o final desta Liga. Cada jogo é uma verdadeira final. Logo faltam cinco finais. Na busca do título, acima de tudo. Mas também na procura de um lugar europeu. E, em razão da abissal diferença de receitas entre a primeira e a segunda liga, a luta pela permanência naquela competição que proporciona, em termos de receitas televisivas, um valor bem significativo. E que obriga a questionar a curto prazo a viabilidade económica e desportiva de uma segunda liga que só em custos globais de arbitragem atingirá quase os três milhões de euros. E se olharmos para a segunda liga constatamos a imensa disputa pela subida ao principal escalão do nosso futebol e que antecipa, nestas derradeiras jornadas, uma luta bem renhida entre vários clubes. E a vitória ontem do Portimonense face a um Olhanense que terá de provar, e muito, para permanecer nas competições profissionais pressiona, entre outros, Chaves e Famalicão. Mas ontem em Coimbra o Benfica sofreu e muito. E lutou e muito. A Académica precisa(va), e muito, de pontos e, ontem, teve a sorte do jogo. No primeiro remate que fez à baliza do Benfica marcou um golo. Aliás um bonito golo. Mas este Benfica de Rui Vitória mostrou, uma vez mais, que não desiste. Que não baixa os braços. Que tudo faz para a conquista dos três pontos. De outra vitória. Que sabe que, cada jogo, só termina bem depois dos noventa minutos. Ontem foi já depois dos noventa e sete! E com o colinho imenso dos milhares de adeptos que pintaram de vermelho as bancadas do Estádio Municipal de Coimbra e com o capitão Luisão, no banco, a sofrer com os colegas e a mostrar que este Benfica vale como um todo. E que é um por todos e todos por um.
2. Está formalmente constituída a nova Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol. O conjunto dos delegados eleitos tomou ontem posse. E a apresentação das candidaturas para os órgãos sociais - Presidente, Direção, Mesa da Assembleia Geral, Conselho Fiscal, Conselho de Disciplina, Conselho de Justiça e Conselho de Arbitragem - termina já no próximo dia 20 de Abril. As eleições realizam-se a 4 de Junho e a posse dos órgãos sociais eleitos terá lugar no dia 7 de Junho. Sabemos que o Doutor Fernando Gomes será reeleito. É uma reeleição justa e merecida. E temos conhecimento que o Presidente da APAF, José Fontelas Gomes, já terá constituído o elenco do seu futuro Conselho de Arbitragem. O que importa, agora, é que o novo Conselho de Disciplina assuma que não pode repetir os cento e trinta e quatro dias que o actual Conselho demorou para decidir o denominado caso Slimani. Na verdade desde o dia em que o actual Conselho de Disciplina decidiu abrir um processo de averiguações - a 27 de Novembro do ano passado - até à passada sexta feira, dia da publicação da decisão, passaram 134 dias. É muito tempo. Demasiado para a celeridade que o futebol de hoje exige. Mais do que a bondade - ou se quisermos a não bondade - de uma decisão, exige-se um tempo razoável para essa mesma decisão. Um prazo que se entenda. E não um sistemático adiamento que não se percebe. E, porventura, a consciência que o que é escrito seja minimamente compatível com o que é visto. Por todos. Mesmo que haja, sempre, olhos pintados ou olhos com cores na avaliação, mesmo que não minuciosa, de lances discutíveis de um jogo. Nos próximos dez dias vão saltar os nomes para os órgãos, em especial para os órgãos considerados como vitais. Diria que estruturantes. Arbitragem e Disciplina. Sem esquecermos o Conselho de Justiça. Agora com menores atribuições em razão da institucionalização do Tribunal Arbitral do Desporto. Que, aliás, está a desagradar a alguns. Incluindo alguns que o deveriam apoiar e estimular! Vamos conhecer, assim, as listas. Vamos saber quem fica e quem sai. Vamos perceber se a renovação apenas atinge o Conselho de Arbitragem. E, depois, vamos entender como os principais clubes, a Liga, o Sindicato dos Jogadores e as principais Associações se colocam perante os elencos apresentados para os diferentes órgãos. Com a certeza, uma vez mais, que o Doutor Fernando Gomes merece ser reeleito por uma larguíssima maioria. Diria por uma quase que unanimidade. Sendo certo que ele terá que ter presente, em relação alguns actores desportivos, a lição do filósofo grego Aristóteles: «A gratidão é o sentimento que envelhece mais depressa»!
3. Na próxima quarta feira um Estádio da Luz cheio de fervor, mas consciente das dificuldades, será um dos palcos da Europa do futebol. E com atenções de todo o Mundo. O Benfica saiu de Munique com a cabeça bem erguida. E os seus admiráveis e fiéis adeptos com a consciência que vale a pena acreditar nesta equipa, nesta equipa técnica, neste Presidente, nesta Direcção, nesta SAD. Lisboa acolherá, com a simpatia de sempre, milhares de seguidores do Bayern. E o Município da capital não deixará, estou certo, de saber receber uma das comitivas mais emblemáticas da Alemanha. Com a certeza que os alemães cada vez mais procuram Portugal e Lisboa para as suas férias ou para os seus fins de semana prolongados. O futebol é também um ponto de encontro. E as competições europeias momentos para conhecer cidades, os seus monumentos, os seus museus, a sua gastronomia, os seus ambientes. E Lisboa tem um pouco de tudo. E mais o fado, património da Humanidade. No todo, uma atmosfera singular. Que motiva, sempre, a um regresso!
4. Quando o Benfica marcou, ontem, o seu bonito segundo golo recordei uma frase de um grande jornalista, e dramaturgo, brasileiro. Nelson Rodrigues escreveu um dia que «no futebol, o raciocínio é uma carroça diante da velocidade vertiginosa do instinto». Foi o que senti quando festejei o fantástico golo do Raúl Jiménez! Verdadeiro instinto de goleador!"
Fernando Seara, in A Bola