sexta-feira, 1 de abril de 2016

Nós acreditamos!

"Hoje o Benfica joga muito mais que três pontos. O jogo com o SC Braga é o mais difícil do Campeonato. Pelo valor do Braga, pelo cansaço dos jogadores, pela proximidade da Liga dos Campeões, o jogo de hoje não decide o título, mas decide o favorito a ganhar o Campeonato.
Como já tinha escrito este jogo seria o mais difícil de toda a segunda volta, cada vez mais, estou convencido disso mesmo. Só um super Benfica, no máximo da vontade e qualidade, ganhará hoje ao SC Braga.
Esta semana traz um Lindelof tocado, um Jonas exausto e muitos outros com cansaço acumulado nas selecções.
Estar com a cabeça em Munique seria fatal, até porque o jogo de logo contra o Braga é mais importante e mais decisivo. Espero sinceramente ver o melhor Benfica da época logo à noite, perante um público entusiasta e que tem que levar a equipa ao colo nos momentos mais difíceis. Hoje serão mais de 60 mil a representar muitos milhões. Terá de ser assim para ser campeão. O título já estaria garantido se este mesmo árbitro não se tivesse equivocado tantas vezes, sempre em prejuízo do Benfica, no jogo com o Arouca da primeira volta. Mas Nuno Almeida é um bom árbitro, e espero que não seja desculpa, nem motivo, para não se atingir o objectivo da vitória.
Ganhar ao Braga é tudo que espero de Munique. Ganhar ao Braga é quase conseguir o objectivo da época. Jogar bem contra o Bayern de Munique, num estádio de sonho, é tudo que peço aos heróis que jogarão uns quartos de final da Liga dos Campeões contra a melhor equipa do mundo. É bom ser dos melhores e jogar contra os melhores.
Entramos em Abril com as nossas aspirações intactas ao essencial dos nossos objectivos e isso só os grandes clubes e as grandes equipas conseguem. Um grande mês de Abril seria um Maio de festejos. E nós benfiquistas acreditamos que isso é possível."

Sílvio Cervan, in A Bola

Um abraço ao futuro

"Um miúdo irrompeu pelo campo em direcção ao seu ídolo, Renato Sanches, que o envolveu carinhosamente num abraço. Foi o ponto alto de um jogo amorfo, como são normalmente os particulares da Selecção portuguesa.
Não fosse este episódio, assim como o início do aquecimento e a entrada em campo do nosso médio de 18 anos, quase nem se daria pela presença do público em Leiria, anestesiado que estava pelo Futebol sem chama protagonizado por Portugal.
O Renato, ele próprio ainda um miúdo, contrariou este fado do Futebol português. Estreou-se na Selecção como tem jogado no Benfica e como, no passado, o fez na B e na formação. Rápido sobre a bola, forte no 1x1 defensiva e ofensivamente, irreverente nas acções ofensivas, nunca se escondendo da bola, e inteligente na definição dos lances. Portugal, no tempo em que o novo prodígio do Futebol português esteve em campo, deu a sensação que poderia e quereria dar a volta ao resultado. O futuro do meio campo da Selecção Nacional passará inevitavelmente pelo Renato. De tal forma que, apesar de ser júnior, poucos entenderão que não passe já. É do tipo de jogador que surge um por década.
E, por isso, perante as ofertas irrecusáveis que surgirão do estrangeiro, não será por muito tempo que contaremos com o seu contributo. Importa reconhecer que a sua enorme qualidade transfigurou a nossa equipa, sabendo-se que, não obstante o excelente trabalho desenvolvido no Seixal, dificilmente surgirá outro Renato nos tempos mais próximos.
Acautelar a sua substituição é fundamental e este será, talvez, daqueles casos em que se terá que procurar uma solução dissonante do novo paradigma da aposta "made in Benfica" "

João Tomaz, in O Benfica

Uma Final

"Depois de uma incompreensível pausa para jogos amigáveis das selecções - porque não antecipar o fim de época numa semana, ao invés de a interromper na sua fase mais quente, numa espécie de anti-clímax que não agrada a um único adepto de Futebol? -, regressa o Campeonato. E regressa com mais uma final, esta diante de um adversário que está a realizar uma temporada fantástica, com aspirações em quatro frentes distintas. Há mesmo quem diga que este será o jogo mais difícil que o Benfica tem pela frente na sua caminhada rumo ao 35.º.
Além da qualidade do adversário - equipa com experiência de grandes momentos, que dificilmente se impressionará perante as 65 mil pessoas que se esperam na Luz -, e além de esta partida chegar na sequência da referida pausa, com desgaste de viagens, com diferentes metodologias de treino, com dispersão mental face aos objectivos, haverá também que combater todos os pensamentos, palavras, actos e omissões que remetam para compromisso seguinte, o de Munique. Não podem jogar-se dois jogos ao mesmo tempo, e independentemente do prestígio internacional que uns quartos-de-final da Liga dos Campeões conferem, ninguém (jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos) pode esquecer, por um momento que seja, que o grande desígnio da época é o Tricampeonato, e que a caminhada para o atingir não permite o mais ínfimo percalço.
Nestas circunstâncias, dizer que o Benfica-SC Braga se trata de uma final, não é conversa fiada. Tendo em conta que um empate pode significar a perda da liderança, e a dependência de terceiros, o que hoje teremos na Luz é mesmo uma verdadeira Final."

Luís Fialho, in O Benfica

Mente, que eu gosto

"É 1 de Abril e o Futebol a sério está de regresso. Acabaram-se as concentrações das selecções, os jogos a feijões e as longas viagens. Hoje, a Luz vai encher para ver o Bicampeão Nacional a receber a segunda equipa que melhor joga em Portugal, os únicos clubes portugueses que continuam a contribuir para o ranking nacional nas provas da UEFA. Dos outros já não reza a história e nada disto é mentira. Hoje é o único dia em que vamos poder assobiar para o lado quando ouvirmos obscenidades como "o Benfica é uma equipa inferior", "o Benfica é ajudado pelos árbitros" ou "o Sporting é a maior potência desportiva nacional". Hoje vamos poder rir sem consequências, porque a 1 de Abril tudo é permitido aos mentirosos. Amanhã não! Amanhã voltamos à carga para defender o bom nome do Clube mais titulado de Portugal, aquele com a história mais grandiosa em todas as modalidades.
E para continuarmos a sê-lo, hoje, no Dia das Mentiras, temos que ser verdadeiros. Na atitude, na forma de encarar o jogo. Temos que continuar a ser verdadeiros profissionais para derrotar o SC Braga e continuar no lugar que nos pertence por direito. Não podemos perder tempo a pensar se o SC Braga vai poupar jogadores para as competições europeias ou não. As finais que temos pela frente são todas para ganhar, independentemente do adversário, dos convocados ou do estádio em que joguemos. O SL Benfica não pode perder tempo com as críticas, com os ataques de baixo nível ou com as manchetes corrosivas. É tempo de o Clube se concentrar naquilo que se passa em campo e continuar no caminho certo, o do melhor ataque, do melhor goleador, das oportunidades aos jovens jogadores.
Carrega Benfica!"

Ricardo Santos, in O Benfica

O jovem Renato

"Quando em Leiria, faz hoje oito dias, um jovem adepto correu para dentro do relvado onde jogavam Portugal e Bulgária, não para abraçar, como seria mais normal, a estrela da companhia (CR7) mas sim o também muito jovem Renato Sanches, deu para perceber muita coisa. No mínimo, deu para perceber o impacto que o miúdo do Benfica está a provocar no futebol nacional ao ponto de motivar tão acesos debates e tão apaixonadas opiniões.
É discutível, evidentemente, se Renato Sanches já está preparado para o futebol ao mais alto nível. O que julgo que não tem discussão é na realidade o impacto que o jovem médio do Benfica já conseguiu, desde que no final de Novembro surgiu como titular da equipa de Rui Vitória.
O que tem Renato Sanches de tão especial? Talvez o fulgor e a paixão com que joga sejam a melhor resposta. E é muito jovem, o que por norma costuma afectar mais profundamente os mais jovens adeptos, como aconteceu, com as devidas diferenças, quando Cristiano Ronaldo começou a construir, ali por 2004, a grande figura do futebol mundial em que veio a transformar-se.
O impacto provocado pelo jovem Renato Sanches tem levado, como seria de esperar, muitos observadores a discuti-lo enquanto jogador. E levou Rui Vitória a tomar, ontem, posição perante algumas críticas, sobretudo relativas à integração de Renato na selecção nacional, defendendo o treinador do Benfica, de forma bastante pedagógica, pareceu-me na verdade, que se está perante um tipo de jogador de futebol não muito vulgar nos tempos que correm, alguém, segundo Vitória, que mistura «o profissionalismo com a alegria do jogador de rua».
De certa forma, creio que Rui Vitória tem razão, sobretudo quando considera que Renato Sanches é o tipo de jogador que seduz e apaixona os adeptos do futebol, pelo seu perfume africano (no que diz respeito à imprevisibilidade e explosão e ao lado genuinamente mais natural e até mais selvagem de jogar a bola) e pela tal paixão com que procura contagiar o próprio jogo.
Por outro lado, é impossível negar que, esta época, há realmente um Benfica antes e outro Benfica depois de Renato Sanches, do mesmo modo que é impossível negar a influência que o jovem teve no crescimento emocional da equipa.
Nada disso, porém, deve impedir-nos de discutir Renato Sanches como jogador de futebol, não no sentido de lhe diminuir ou ignorar as tremendas capacidades físicas, o talento natural e o potencial de crescimento, mas muito em particular na medida em que se torna indispensável não cair no exagero de o classificar já como um craque, como vulgarmente designamos aqueles que melhor dominam o que é necessário dominar num jogo de futebol.
Um exemplo: o sportinguista João Mário já é um craque - e aproveito, aliás, para concordar com o que neste jornal escreveu esta semana o treinador Vítor Manuel, quando considerou o jovem leão um jogador bem à medida, por exemplo, do 4x3x3 do Barcelona, pelas semelhanças com o estilo do fabuloso Iníesta... João Mário é um craque; Renato Sanches pode vir a ser um craque. Na justa diferença está, pois, a sensatez com que se deve analisar e discutir o jovem do Benfica.
Tem Renato Sanches, na verdade, aquele puro sangue que empolga os adeptos, tem fulgor e uma presença física absolutamente notável e muito natural, o que também ajuda a encantar a plateia. Mas não se diga que não poderá o jovem Renato ganhar outras capacidades, e sobretudo não se imagine que perderá o perfume que tem quando aprender que o jogo tem muito mais para compreender do que compreender o que fazer quando se tem a bola.
Ninguém pode ainda saber, evidentemente, se Renato Sanches irá ou não integrar s eleitos de Fernando Santos para a fase final do Campeonato da Europa, podemos apenas prever que não será fácil incluir o jovem do Benfica, considerando todo o leque de opções.
Vai depender, naturalmente, da condição dos jogadores no final de maio, vai depender do que fizerem ainda até lá, talvez até dependa, um pouco também, de como vai terminar o campeonato português... Que ninguém fica indiferente ao jovem médio benfiquista, isso é verdade, e quanto menos indiferente se fica a um jogador como ele mais importante se torna gerir bem o impacto que ele cria e mais importante é cuidar de lhe criar melhores condições para crescer na alta competição sem perdeu o seu lado mais genuíno e mais autêntico.
A verdade é que são exactamente jogadores como Renato Sanches que muito bem fazem ao futebol e mais paixão lhe podem trazer. Jogadores, como diria Johan Cruyff, que nem sempre as fórmulas estatísticas dos computadores sabem definir.
(...)"

João Bonzinho, in A Bola

PS: Porque será tão difícil, nestas comparações entre Renato Sanches e João Mário, perguntar-se quantos minutos o João Mário tinha na equipa principal do Sporting, com 18 anos, no seu último ano de Júnior?!!!

Benfiquismo (LXI)

Este momento acabou por marcar o fim de uma Era...!!!
Hoje, podemos confirmar, que a nova Era, está aqui para durar...

29 de Maio de 1994
Benfica 0 - 0 Guimarães


Festa de Campeão do Benfica 93/94 por MemoriaGloriosa