"O Benfica que venceu no Bessa não tinha seis dos habituais titulares! Ainda assim ganhou e continua líder, e isso é que lhes dói!
Vitória no Bessa
1. Domingo, no Bessa, o Benfica conquistou uma vitória muito suada, perante um Boavista coeso, bem posicionado e refeito das dificuldades pelas quais passou no início deste campeonato. De facto, não querendo desvalorizar o trabalho da anterior equipa técnica - que até empatou com o Sporting - este Boavista de Sánchez parece-me mais forte tacitamente.
E isso foi notório. Um Boavista capaz de jogar o jogo pelo jogo, com a ousadia de enfrentar um Benfica cara a cara. Sem medo!
Um Boavista bastante agressivo, bem fechado e concentrado defensivamente, explorando, sem pudor, o contra-ataque, com uma grande intensidade de jogo!
Com um pequeno senão: um Bessa que, uma vez mais, estava pintado de... vermelho!
Do outro lado, contudo, houve um Benfica lutador, paciente, com uma enorme capacidade de sacrifício, a não baixar os braços à luta, para que a incansável massa associativa fosse devidamente recompensada com a tão deseja explosão de alegria. Foi um Benfica sem seis dos seus habituais titulares! Seis!!!
Isto é, sem o guarda-redes, sem os centrais (as três primeiras opções estavam todas impedidas), sem o habitual trinco, sem Nico Gaitán e sem Mitroglou.
Ainda assim, não só ganhámos - ainda que para alguns o Benfica merecesse ter perdido pontos... por ter marcado no período de descontos - como... continuamos líderes! Isso é que lhes dói!
Com a certeza de que tivemos a sorte do jogo - «a sorte protege os audazes», como diria Virgílio - embora haja sempre quem defenda, tal como Winston Churchill, que «a sorte não existe».
Independentemente do lado onde está a razão, perante duas opiniões tão diferentes, mas igualmente respeitáveis, a verdade é que acredito na sorte... mas tenho para mim que, para alcançá-la, é preciso trabalhar... muito! E este Benfica, goste-se ou não, é uma equipa trabalhadora, e, sobretudo... humilde. Muito humilde.
Dir-me-ão que o que interessa é o resultado... e, de facto, é esse que conta para a história... dos campeões. Como o que ficará para a história será a décima primeira vitória consecutiva fora de casa!
Números e factos que constarão do quadro resumo deste campeonato. História essa que se escreve jogo a jogo, com a humildade, dedicação e raça habituais, à Benfica!
As tristes figuras de uns
2. «O último a rir é o que ri melhor» assentou, no último domingo, que nem uma luva, a muita gente. Ainda o jogo não tinha terminado, correndo, por isso, os cinco minutos dados de compensação, e já alguns comentadores, analistas - enfim... o que quiserem - se babavam, nalguns canais de televisão, e em directo, com a pseudo perca de pontos do Benfica.
Houve, inclusivamente, quem se tenha sentido líder mesmo antes do empate a zero, no Bessa, se concretizar. Ou seja, mesmo antes de terminar o Boavista-Benfica, davam como certa a chegada do Sporting à liderança.
O mais ridículo de toda essa situação é que muitos comentadores e adeptos sonhavam com o empate do Benfica, manifestando-o em directo.
Azar dos Távoras!!!
É natural que os adeptos afectos a um determinado clube torçam pelo insucesso dos seus rivais. Nada a condenar. O que é condenáyel é (ter de) assistir a tantos comentadores (ditos independentes ou, pelo menos, a quem a equidistância é exigida, em termos públicos e enquanto nos brindarem com as suas análises ditas imparciais) a rejubilarem com o empate do Benfica... sem o jogo estar terminado.
De facto, o desespero leva a tristes figuras.
Como é natural, há comentadores que, sendo do Benfica, representam efectivamente o clube, como há analistas que, pese embora sejam de outras cores clubísticas, por situações desse género, facilmente se percebe que... não são isentos e imparciais. Pelo contrário, estão (sempre...) contra o Benfica!
E, nos tais minutos de compensação (que antes deveriam ser de ... Kompensan) tanta coisa se disse por aí... Desde o «jogo fraquíssimo do Benfica», à alegada - e, felizmente, só para alguns - «intranquilidade e falta de forma de alguns jogadores», passando pelo sempre amável e infundado «muito jogo pelo ar e pouco pela relva», até ao irónico «não conseguiu marcar em 90 minutos, não vai ser na compensação que marcará».
Ainda bem que - como alguns diziam -, o Benfica não estava a «jogar para vencer», até porque a equipa estava «partida e com poucas ideias». Que grande azar o deles! Nesse cenário de crise, a «equipa ansiosa» conseguiu, mesmo assim, ganhar no último minuto... e não foi através de grande penalidade, garanto-vos, ao contrário de outros... quando já não acreditavam na mudança do marcador. Sendo disso exemplo, como por aí ouvi, a confissão de que o Benfica tinha acabado de chegar ao golo, «ao contrário do que esperavam»... Outro (grande) Azar dos Távoras!!! Noutra altura, comentários desse género teriam originado... convites para sair. Como o fizeram com João Gobern, que foi praticamente obrigado a demitir-se por ter sido apanhado a festejar um golo do Benfica, frente ao Braga, no programa Zona Mista da RTP Informação. Mas, como já sabemos, essa exigência e essa intransigência só se tem para com quem é... do Benfica!
A formação nas selecções nacionais
3. Com mais uma paragem no campeonato, para os jogos das selecções, que, estou certo, em nada beneficiam as equipas que estão habituadas a um grande ritmo competitivo, não posso deixar de reparar nalgumas convocatórias...
Claro que, olhando para o plantel do Benfica, me regozijo com as chamadas de Ederson, Jonas, Lindelof, Jiménez, Samaris, Mitroglou, Eliseu, Renato Sanches, Nélson Semedo, Gonçalo Guedes e Luka Jovic, para as respetivas seleções principais, sub-21 ou sub-19. Mas permito-me destacar os mais novos, que, apenas esta época, foram descobertos por quem de direito!
Ederson, 22 anos, dispensado, em tempo, por não ter, alegadamente, qualidade para integrar o plantel do Benfica, com grandes exibições - inclusivamente na Liga dos Campeões - no seguimento da lesão de Júlio César.
Lindelof, 21 anos, joga desde meados da época de 2012/13 (!)na equipa B do Benfica, onde chegou com 18 anos, tendo transitado, também esta época, para a equipa principal, onde passou a brilhar por lesão de Luisão e Lisandro López.
Renato Sanches, 18 anos (mesmo sendo registado... com 5 anos), tem cada vez mais, a cada jogo disputado, o mundo do futebol rendido aos seus pés e, não obstante ter sido chamado - ainda que de forma discreta - na época passada, transitou apenas esta temporada, à semelhança dos seus colegas mencionados anteriormente, para a equipa principal, onde nos presenteia com as suas magia e alegria.
Nélson Semedo é outro caso de transição, apenas esta época, para a equipa principal do Benfica, onde tem demonstrado força, segurança e firmeza, desde que iniciou a sua nova aventura na titularidade da defesa da equipa.
Gonçalo Guedes, 19 anos, foi o único que transitou na época passada para a equipa principal do Benfica.
Luka Jovic, 18 anos, contratado esta época para o Benfica B, já está, a esta altura do campeonato, na equipa principal.
Com excepção para Luka Jovic, por apenas ter chegado esta época, apenas 1 (!) dos restantes 5 jogadores mencionados foi descoberto pelo antigo treinador da equipa... Assim, a pergunta que se impõe é a de saber onde estavam, pelo menos, 3 desses 5 jogadores: Lindelof, Renato Sanches e Nélson Semedo???
Estavam na equipa B do Benfica. Sorte a deles - e a nossa, diga-se - pois essa realidade permitiu a Rui Vitória integrá-los na equipa principal, o que, face às enormes exibições que têm feito, valeu-lhes a chamada às respectivas selecções. Se não fosse a aposta que tem sido feita na formação do clube, hoje não teríamos, certamente, as representações que temos em várias selecções nacionais!!!
Mais uma razão para, com esta paragem no campeonato, além de torcermos por Portugal, podermos, como é evidente, torcer por todas e cada uma das selecções que os nossos jogadores representarão. Levando bem longe e bem alto o nome do Sport Lisboa e Benfica!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola