domingo, 7 de fevereiro de 2016

Abre alas

"1. Vivemos o tempo do Carnaval. Que antecede o tempo pascal. Ninguém leva a mal, nestes dias, certas ousadias e determinadas fantasias. No dia 3 de Fevereiro de 1899 nas ruas do Rio de Janeiro bailava-se, com o fervor comum para a época, com a música que marca a história do Carnaval carioca. A sua autora, compositora desde a sua infância, chamava-se Chiquinha Gonzaga e o título da música bem sugestivo: O Abre Alas. A vida da autora é um verdadeiro casamento com a música. Saiu de casa, abandonando o marido e perturbando a honra da sua família, dizendo que «não entendia a vida sem a música»! E em cada Carnaval a sua música é tocada. Com o fervor de sempre. Com a alegria contagiante que faz do Carnaval um tempo bem especial. E que justifica, aqui, tolerância de ponto. Daí que no Carnaval se devam abrir alas.
2. O Benfica, na passada sexta-feira, abriu cinco alas no bonito Estádio do Restelo. Com milhares de benfiquistas a acompanharem, com o seu fervor, este momento entusiasmante da sua equipa. Face a algum atrevimento azul surgiu mais uma goleada e outra vitória categórica da equipa liderada por Rui Vitória. O Benfica dominou o jogo. Mostrou a actual qualidade do seu colectivo. Sublinhou a capacidade goleadora de Mitroglou e o faro único da baliza adversária de Jonas. Em vinte e um jogos desta Liga são cinquenta e nove golos marcados. O que mostra a vocação atacante deste Benfica. Que está a cativar alguns que desconfiavam e a entusiasmar certos arquitectos das palavras e dos gestos. Mas o jogo do Restelo evidenciou, uma vez mais, as potencialidades de Renato Sanches que, aliás, já estão a perturbar alguns que, especialistas em comentários de sofá ou, então, habituais entusiasmados com a energia do prazer de teclar, tentam condicionar este imenso talento do futebol português. Agora que, no que respeita a Benfica e Braga, teremos a pausa da meia-final da Taça da Liga todas as atenções se concentrarão no jogo da próxima sexta-feira na Luz em que se defrontarão duas equipas em crescimento claro. Uma, o Benfica, segurou, e bem, e contra as vozes de alguns, Rui Vitória. A outra, o Futebol Clube do Porto, chamou, e bem, e a pedido de muitos, José Peseiro para a liderança técnica. São dois treinadores que admiro. Mas na próxima sexta-feira desejo que seja Rui Vitória e a sua equipa, a proporcionar-me largos minutos de prazer. Afinal quero que seja o Benfica a abrir alas!
3. Convém começar a prestar atenção ao líder da Liga inglesa. O Leicester, bem liderado por uma velha raposa do futebol europeu, Claudio Ranieri, está a perturbar as casas das apostas, a enlouquecer uma cidade de pouco mais de trezentos mil habitantes e a mostrar ao mundo que o futebol é um imenso palco de integração social e de afastamento de comportamentos desviantes. A história de vida do líder dos goleadores da Liga inglesa, o jogador do Leicester Vardy, é uma história comovente e entusiasmante. Uma impressionante história de vida. Que merece que lhe abram alas. O indiscutível é que o Leicester há um ano tinha apenas 17 pontos nesta grande e atractiva Liga. Agora tem 53 pontos. Em Leicester vivem-se momentos de sonho. Mas importa acompanhar este coletivo que impressiona, em qualquer estádio, os verdadeiros amantes do futebol. Mostrando que tudo é possível. E que o sonho, qualquer sonho, se pode tornar realidade. Contra monstros do futebol, como o United, o City, o Arsenal, o Chelsea ou o Liverpool. 
4. Arrancou, ontem, o Torneio das Seis Nações de râguebi. A mais antiga competição do Mundo entre selecções e que vai, assim, na edição com o número 116. É, na realidade, o Europeu desta modalidade. Junta França e Itália, mais Irlanda, País de Gales, Inglaterra e Escócia. Antes era o Torneio das Cinco Nações. A Itália entra em 2000. Há quatro meses acompanhámos o Mundial a partir de Inglaterra e vimos também as grandes selecções do hemisfério sul como a Nova Zelândia, a Austrália, a África do Sul ou a Argentina. Ontem sentimos o fervor escocês no arranque do jogo frente a Inglaterra. Escutar o hino escocês é perceber a singularidade de um povo. E perceber que esta Europa e a Inglaterra não podem ignorar, a partir do desporto - do râguebi ao futebol - as singularidades da Grã-Bretanha. E há filmes históricos que nos ajudam a perceber que há povos que exigem que se abram alas.
5. Na madrugada deste domingo disputa-se a final do Super Bowl, a grande final do futebol americano. Os números são impressionantes. A cidade de São Francisco vai receber um milhão de turistas. Cada segundo de anúncio na televisão custa 156.000 euros. 30 segundos já valem 4,6 milhões de euros. Números que impressionam. Setenta câmaras estão instaladas no Estádio, no Levi's Stadium. Cada lance, cada instante será filmado e analisado. O hino norte-americano será cantado por Lady Gaga. É caso para dizermos: Abram alas! Que emoção! Que festa! Que espectáculo!
6. O nosso artigo da semana passada, Olhos em bico, confirmou-se plenamente esta semana. Os números do futebol chinês entusiasmam tudo e todos. Ramires deixou o Chelsea a troco de 28 milhões de euros. Gervinho o Roma por 18 milhões. Guarin o Inter de Milão por treze milhões. Jackson Martínez o Atlético de Madrid por 42 milhões. Alex Teixeira o Shakhtar Donestsk por 50 milhões. Montero o Sporting por cinco milhões. Estes os números. Bem frios. Que mostram que a China, e o seu poder político, estão a abrir alas a grandes nomes do futebol mundial. E com números de transferências que, pelo valor, em regra impressionam. Tudo e todos!
7. Hoje o Porto defronta o Arouca. Amanhã o Sporting recebe o Rio Ave e o Braga o Estoril. Temos futebol interno de sexta a segunda. Em resultado dos nossos regulamentos e dos detentores dos exclusivos televisivos! Abram alas!!!"

Fernando Seara, in A Bola

Renato Sanches para a Selecção, já!

"O futebol estratosférico de Renato Sanches acabará por deixar Fernando Santos sem alternativa: o nível já atingido pelo jovem médio do Benfica exige um lugar na Selecção Nacional. E não se trata apenas de considerar a presença de Renato entre os 23 convocados para o Europeu de França. É mesmo de um lugar no onze. Talvez Portugal nunca tenha tido tantos médios elegíveis para a sua principal Selecção como agora. Entre mais e menos defensivos, a jogar mais por dentro ou mais por fora, a lista é enorme e roça a excelência: João Moutinho, William Carvalho, João Mário, Adrien, Miguel Veloso, André Gomes, Rúben Neves, Danilo, André André, Pizzi, Manuel Fernandes e, até, Tiago, se ainda recuperar a tempo. Acontece que, actualmente, ninguém está tão perto de tocar o céu quanto Renato Sanches - um júnior que foi capaz de influenciar decisivamente, e no melhor dos sentidos, o futebol do bicampeão nacional.
O Benfica nunca seria este verdadeiro candidato senão existisse Renato. Impossível. É ele, o mais novo de todos, que eleva a qualidade da equipa para uma dimensão superior. A sua saída no final da temporada para o Manchester United - ou para outro colosso da mesma grandeza - já deixou de depender daquilo que as águias fizerem no resto do campeonato ou de um eventual brilharete na Liga dos Campeões. Renato já fez mais do que o suficiente para justificar a transferência milionária que se adivinha. Será justo prémio para a combinação perfeita entre potencia física, intensidade (mental) e qualidade na decisão. O mais impressionante é que, num jogador de 18 anos existe dificuldade em detectar qualquer ponto fraco. O Benfica já não passa sem ele e muito em breve estaremos a falar de uma Selecção com Cristiano Ronaldo, Renato Sanches e mais 9. Vai uma aposta?"

Reconhecimento com humildade

"HÁ, devemos reconhecer com humildade, um receio generalizado entre os comentadores, em particular, e os jornalistas desportivos, em geral, sobre a efectiva responsabilidade de Rui Vitória nesta fase de surpreendente qualidade competitiva da equipa do Benfica. Em primeiro lugar, porque sendo verdade que o momento transcende as melhores previsões - o que não é difícil porque todas as previsões eram francamente más - o Benfica ainda não conquistou nada de relevante, e todo este fulgor e esplendor goleador de pouco servirá se não render títulos; em segundo lugar, porque as dúvidas e reticências desde logo surgidas pela maneira formal e oficialmente desastrada como Vitória substituiu o, então, titular Jorge Jesus, levaram a que desde logo se tivessem antecipado juízos de valor que, independentemente do que vier a acontecer no futuro se demonstraram manifestamente despropositados, precipitados e injustos.
É óbvio que comentadores e jornalistas, entre os quais, obviamente, me incluo, contam com a memória curta dos portugueses e, de modo especial, dos portugueses que gostam de futebol. Para não dizer que, alguns, contam ainda com a oportunidade, que se avizinha, de ver como Vitória resolverá problemas maiores nos jogos com o FC Porto e com o Zenit.
Venha o que vier, e em função do que já se viu, é justo dizer-se que muitas das opiniões anunciadas e publicadas no início da época, incluindo as de Jorge Jesus, eram manifestamente exageradas e careciam de um fundamento essencial: o tempo. E valerá a pena dizer isto, antes que seja tarde ou venha a provar-se uma falsa razão."

Vítor Serpa, in A Bola

Era Rui Derrotas, não era?

"Passaram apenas três meses e meio. Nem isso: três meses e 12 dias. A 25 de Outubro de 2015, o Benfica perdia, na Luz, com o Sporting por 0-3 e Rui Vitória era o pior treinador do mundo. Pior que os piores treinadores que o Benfica, na sua história centenária, já conhecera. Pior que Pal Csernai ou Ebbe Skovdhal, por exemplo. Era o Rui Derrotas. Ou o chamem-me só Rui, por favor. Passaram, entretanto, três meses e meio. Nem isso: 105 dias. E passou a ser, de novo, Rui Vitória. Que aconteceu, entretanto? OK, seguiram-se 13 vitórias seguidas para a liga. E 43-7 em golos. Ou seja, 3,30 golos marcados por jogo e 0,54 sofridos por jogo. Esta sequência ajuda? Muito. Sem vitórias nada se faz. Só isso? Não. Rui Vitória sempre foi bom treinador e está agora a caminho de ser excelente treinador. Quem não viu as coisas assim tem de meter a viola no saco. Isto não quer dizer que o Benfica vá ser campeão. E, também com ele, é verdade a história de que, não havendo João, joga o Manel. Quem inventou Lisandro López? RV. Quem inventou Lindelof? RV. Quem inventou Renato Sanches? RV. Quem inventou Pizzi (este Pizzi)? RV. E Nelson Semedo? RV.
Passaram quase cinco meses. Um pouco menos: quatro meses e 23 dias. A 13 de Setembro de 2015 André Carrillo realizava o seu último jogo pelo Sporting. A equipa de Jorge Jesus tinha dez pontos, os mesmos do FC Porto e mais um do que o Benfica. Carrillo era visto, por muitos, como um jogador como o Sporting raramente tivera. Ao nível de Keita ou Balakov, por exemplo. Passaram, entretanto, quase cinco meses. Um pouco menos: 147 dias. E a histeria acalmou. Carrillo voltou a ser apenas Carrilo: um bom jogador. Que se passou, entretanto? O Sporting continuou a crescer como equipa e, sem Carrillo, apareceram Gelson e Matheus Pereira. Se tivesse havido Carrillo, haveria menos Gelson e quase nenhum Matheus Pereira. Não se sabe em rigor, se o Sporting perdeu algo desportivamente com a exclusão de Carrillo. Sabe-se que, na classificação da Liga, nada perdeu. Perdeu, sim, dinheiro: à roda dos 20/25 milhões de euros. O Benfica ganha, para já, um bom jogador. E só daqui a muitos meses se saberá se ganhou um grande jogador. Se Carrillo evoluir no Benfica o que Pizzi evoluiu nos últimos meses teremos grandíssimo jogador. Mas é preciso que o peruano deixe de ter açúcar nas veias e passe a ter também um pouco de sal.
Passaram seis meses e um dia. A 6 de Agosto de 2015, Mitroglou assinava pelo Benfica. E agora, mais de 180 dias depois, confirma-se: o grego é grande goleador. Um furacão que destrói defesas."

Rogério Azevedo, in A Bola

O estatuto dos árbitros

"1. Quem exerce funções de arbitragem desempenha função essencial para a prática do desporto. Esta verdade incontestável impõe que o estatuto do agente de arbitragem reflicta tal relevância. Essa importância vê-se reconhecida nos diversos textos regulamentares, mormente os de natureza disciplinar, onde o árbitro ou juiz surge com uma voz acrescida de autoridade e o cometimento de infracções disciplinares que o têm como destinatário são agravadas ou alvo de sanções mais severas.
2. O que passa despercebido é o reconhecimento que as normas públicas igualmente concedem. Vejamos alguns exemplos retirados do Código Penal. O crime de difamação preenche-se quando alguém, dirigindo-se a terceiro, imputar a outra pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou formular sobre ela um juízo, ofensivos da sua honra ou consideração, ou reproduzir uma tal imputação ou juízo. O agente pode ser punido com pena de prisão até 6 meses ou com pena de multa até 240 dias.
3. Outro exemplo: quem injuriar outra pessoa, imputando-lhe factos, mesmo sob a forma de suspeita, ou dirigindo-lhe palavras, ofensivos da honra ou consideração, é punido com pena de prisão até 3 meses ou multa até 120 dias.
4. Ora, estes crimes (e outros) vêem as penas elevadas de metade nos seus limites mínimo e máximo se a vítima for juiz ou árbitro desportivo sob a jurisdição das federações desportivas, no exercício das suas funções ou por causa delas.
5. Ou seja, vale o regime aplicável caso a vítima fosse, por exemplo, membro de órgão de soberania, magistrado, agente das forças ou serviços de segurança, funcionário público, civil ou militar, agente de força pública ou cidadão encarregado de serviço público."

José Manuel Meirim, in A Bola

Dar o exemplo

"Agora que se aproximam os momentos das deliberações nas provas do nosso futebol, sabemos que a tendência para aumentar a gritaria é proporcional à importância dos jogos e à sua repercussão nos efeitos finais da época. O jogo é visto como algo que se joga em muitos tabuleiros, sendo certo que a importância da palavra (por acção ou pelo silêncio) se presta a múltiplas utilizações e diversos meios e plataformas. Curiosamente, contrariando a clássica menorização no que toca às virtudes da sua linguagem, são os jogadores os intervenientes que, como regra, mais conservam a serenidade nas suas declarações. Mesmo depois dos calores do jogo, são os atletas que aparentam ter as afirmações mais sóbrias e apaziguadoras. 
Durante o jogo, correm, suam, decidem, usando o vernáculo como meio de expressão habitual e a ofensa verbal como bengala preferida. Porém, acabado o jogo, transmitem para o exterior uma lucidez que cada vez mais se sublinha. Comparadas as suas análises com as 'conferências' inflamadas ou as atitudes desabridas dos dirigentes (nomeadamente quando delegados dos seus clubes) e dos treinadores - antes, no intervalo, no decurso e depois das partidas -, são esses mesmos dirigentes (que exigiriam conduta digna ao seu trabalhador) e treinadores que mais usam e abusam do comportamento censurável em sede do insulto e da insinuação.
Por isso não se pode ceder na hora de fiscalizar e sancionar a declaração injuriosa ou difamatória. Nem a afirmação que divulga uma suspeita que atinge a reputação alheia. Nem o calão que encerra uma carga lesiva da honra e do bom nome alheio. Nem sequer a 'grosseria', que, não por acaso, é infracção equivalente à injúria ou à difamação nos regulamentos. Os códigos disciplinares (como em tempos se quis fazer crer) não admitem que o futebol seja um mundo de juridicidade à parte, em que a tolerância exigiria menos ilicitude do que noutros mundos, tendo em conta a paixão, o descontrolo emocional, a falta de consciência e a sensibilidade (ou falta de reação) dos ofendidos.
Ao invés. O futebol é seguido por milhões, sendo que o seu efeito multiplicador de exemplos é avassalador. Se os agentes desportivos falham clamorosamente no exemplo, há que pedir aos órgãos jurisdicionais e ao TAD que apliquem o direito estatuído e não enveredem por uma omissão de pronúncia ou por construções de desculpabilização. Seja para condenar quem deve ser condenado, seja para zelar pelo cumprimento efectivo das punições. Se assim não for, segue-se o precipício."

O peru (Carrillo) pode ir às galinhas?!

"No meio de tantas mentiras, deturpações, manipulações e falsas declarações atribuídas a determinadas figuras do nosso futebol, frequentado por muita gente que faz os possíveis para colocar a modalidade num nível muito baixo-sem regras, sem valores, sem desportivismo e sem educação-, às vezes torna-se difícil distinguir o que é real do que é postiço, sobre-tudo agora que as redes sociais vieram combinar, no âmbito da comunicação, uma parte útil com uma parte absolutamente inútil e alarmantemente perigosa.
Quando consultava a imprensa de ontem deparou-se-me uma estória de leões, galinhas e perus. Não queria acreditar. Por momentos, ainda pensei que poderia ser um equívoco ou uma metáfora usada com bom gosto. Depressa me desiludi. Não se tratava de um entre milhares de posts colocados no Facebook por um qualquer garoto ou de mais um perfil falso criado deliberadamente, como acontece amiúde, para lesionar a reputação de alguém. Não havia margem para engano. Eram mesmo publicações do presidente do Sporting na sua página pessoal, no Facebook. A asserção das galinhas e dos perus tinha a ver com uma dura reacção de um dirigente do Sindicato dos Jogadores do Peru. Bruno de Carvalho considerou que o citado presidente "está eufórico com a ida de Carrillo para o Benfica" e que se "compreende, porque finalmente o peru pode ir às galinhas"... O peru pode ir às galinhas?!
As declarações de mau gosto produzidas pelo presidente do Sporting são mais do que muitas. Poderíamos estar perante um ciclo de adaptação a um cargo difícil num clube difícil (afinal, só agora se aproxima o cumprimento do terceiro ano no cargo), mas em vez de se detectar uma melhoria no sentido de um maior aconchego institucional, o que vemos? A insistência na capacidade de surpreender e chocar, o que vai produzindo cada vez menor impacto, porque o que se torna repetitivo acaba por se banalizar- e ninguém atribuir qualquer centelha de importância.
É uma questão de idiossincrasia mas é também uma questão de foco. Bruno de Carvalho acha que tem de ir a todas. Que tem de responder a tudo e a todos. Não me parece que essa seja a melhor postura. Mesmo para quem precisa de viver o Sporting durante 24 horas por dia, não é preciso explorar até ao limite a presença pública. Ao teclado ou através das mais diversas formas de comunicação. É um exagero, mesmo para quem tem a convicção de que o Sporting é uni clube muito susceptível de ser atacado e prejudicado, por razões que têm a ver com a própria dimensão do mercado e os réditos que ele tem para distribuir...
A novela Carrillo ainda não acabou. Já conheceu demasiados episódios lamentáveis e nenhum dos protagonistas se deve sentir de consciência tranquila. O presidente do Sporting entrou em Alvalade decidido a acabar com as perversões subjacentes às operações de transferências de jogadores, nomeadamente no âmbito das intermediações. Tem razão de fundo. Esse mundo é um mundo opaco e à conta dele as finanças dos clubes e das SAD estão exauridas e os comissionistas a viver à grande e à francesa.
Segundo é público, o empresário Elio Casareto recebe 2M€ do Benfica. É uma barbaridade, é quase um insulto para uma intermediação, e o futebol só vai resolver estes pornográficos mecanismos quando os clubes quiserem. E é estranho que não queiram. Casareto, contudo, convidou Bruno de Carvalho a explicar qual a forma que propunha para pagar a continuidade de Carrillo no Sporting e, ontem, a imprensa dava conta de parcelas suplementares, direitos de imagens e paraísos fiscais. Afinal onde está e quem defende a transparência? Esta é uma daquelas coisas que Bruno de Carvalho não devia deixar passar. À margem de estórias de galinhas, perus e outras 'capoeiras'.
A novela começou mal, pelo lado da gestão do Sporting, e nunca mais se endireitou. Houve um 'pecado original' que nunca foi reparado. Por mais engulhos que se queiram detectar no comportamento do jogador e dos representantes, há uma parte de responsabilidade que não pode deixar de ser assacada nem ao Sporting nem ao seu presidente.
O Benfica 'comprou' um jogador livre. Estava no seu direito. Como Sporting esteve no seu direito em garantir os serviços de Jorge Jesus. Cabe ao Benfica rentabilizar desportiva e financeiramente o avançado, e isso também não é certo. Ainda há muitas poeiras na engrenagem e a ver vamos se o Atlético Madrid não terá um papel em toda esta história.
NOTA - Organização, método, capacidade finalizadora impressionante e... Mitroglou e Jonas 'em grande'. O Benfica chega a um momento crucial da época num bom momento. Vêm aí FC Porto e Zenit- e esse vai ser um grande teste à capacidade do bi-campeão nacional.


PS: Quando o Lagarto Santolas se sente obrigado a escrever uma crónica destas, é porque o Palhacito já ultrapassou todos os limites...

Sujidade verde

"(...)
A Auditoria Especial WB2 da consultora Deloitte ao BES Angola não deixa dúvidas. Quando cruzada com o despacho de acusação do Banco de Portugal e com as 12 inquirições de altos quadros do BES, é notório o cenário de descontrolo total no BESA. Os documentos, a que a SÁBADO teve acesso, podem levar Ricardo Salgado e outros administradores do BES a responder por gestão danosa, infidelidade e branqueamento de capitais.
A análise da Deloitte nota a ausência de mecanismos de controlo do BES quanto a várias movimentações financeiras do BESA, como as operações a débito de cinco transferências a favor da Sporting SAD.
Em 2011, o BESA transferiu 7 milhões de euros para a SAD do clube de Alvalade e o banco central manifestou dúvidas quanto a irregularidades no preenchimento das operações. Contudo, os pedidos de esclarecimento interpostos pelo departamento de compliance do BES nunca tiveram resposta.
Em 2012, o BESA voltou a destinar milhões para a SAD sportinguista: desta vez, 6,7 milhões de euros transferidos em seis movimentos. A SÁBADO não apurou se foram estas operações que levaram à entrada de Sobrinho como accionista de referência no Sporting.
(...)"

Redirectas XXIII - Tenha Cuidado Dona Leonor Pinhão

Essa coisa de ter corruptos assumidos e esquizofrénicos descarados com falinhas mansas para cima do Glorioso é algo que me deixa perplexo porque depois assiste-se a benfiquistas ilustres como a senhora Leonor Pinhão a retribuir os elogios. Quem não os conheça que os compre. Eu sinceramente não gosto de hipocrisias e tudo isso me soa a falso. Então os corruptos agora são pela não violência no desporto? Estão a brincar comigo? Os mesmos do 'Só queremos ver Lisboa a arder?'. Os mesmos dos pedregulhos a cada jogo que vamos fazer lá na pocilga? Alguma vez ouvimos esses indivíduos a condenar algo? Pelo amor da santa. E esse esquizofrénico vem elogiar o Luisão? Partem-lhe o braço e esse senhor agora tem a lata de vir elogiar? Faça-me um favor e fique no facebook a mandar postas de pescada que eu prefiro. Muito obrigado. Hipócritas.