sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Uma boa semana

"Os últimos oito dias foram bem-dispostos para os lados da Luz: na sexta-feira o Sporting empata com o Tondela, resultado que não lembrava a ninguém; sábado o Benfica ganha com reviravolta no Estoril; no domingo o V. Guimarães desfalcado (vários jogadores importantes cedidos pelo FC Porto não jogaram) vence o FC Porto, resultado que não acontecia há 14 anos. Não se pode dizer que não tenha sido um fim-de-semana em cheio. Mas a semana ainda ia a meio. Na terça-feira ao vencer o Oriental e ver o Sporting perder no Algarve e o FC Porto perder em Famalicão (quarta) o Benfica deu um passo no objectivo da Taça da Liga. O Sporting mostrou no Algarve que, se rodar um pouco a equipa, tem uma qualidade de II Liga, e o FC Porto despediu-se dum declarado objectivo da época de forma humilhante para o seu prestígio. Num clube com um culto de vitória, ver o Famalicão rodar 11 jogadores e vencer, deve ser pesadelo para os adeptos habituados a festejar e não a justificar...
Enquanto o presidente leonino põe processos e tira processos, o Benfica tem de manter-se focado na única coisa importante: jogar bem e ganhar. O jogo com o Arouca é muito complicado. Primeiro porque a derrota da primeira volta está atravessada na garganta dos adeptos, depois porque Vidigal coloca sempre muitas dificuldades ao Benfica, por fim porque esta série de vitórias (seis este ano), pode fazer adormecer o Benfica. Tem que ser um Benfica voraz e demolidor amanhã num Estádio da Luz repleto. Continuar a fazer crescer o sonho na certeza das dificuldades é o caminho. Para quarta-feira fica a difícil deslocação a Moreira de Cónegos onde mais que gerir o plantel importa passar à próxima fase rumo aos títulos que ambicionamos.
Os adeptos do FC Porto, na maioria, não ficaram entusiasmados com a escolha de José Peseiro mas não têm nenhuma razão. Peseiro é melhor que a maioria daqueles que se falavam ser solução e é uma excelente escolha. Como adversário eu fiquei preocupado."

Sílvio Cervan, in A Bola

Poucas melhoras...

Benfica B 1 - 1 Atlético


Dois golos de penalty (bem assinalados), um golo mal anulado ao Benfica. Num jogo onde o Atlético apresentou a habitual estratégia de jogar fechadinhos, apostando tudo no contra-ataque rápido; e o Benfica nunca foi competente para travar as saídas rápidas do adversário... com um meio-campo permeável e com muitas perdas de bola desnecessárias. Mesmo assim, a posse de bola, foi quase sempre nossa, e na maioria do tempo a bola andou a rondar a área do Atlético...

Ainda falta muito Campeonato, mas as contas não estão nada famosas... e quando não se ganha este jogos no Seixal, as coisas ficam ainda pior.

"Unidos somos mais fortes"

"É notória e entusiasmante a evolução da nossa equipa de Futebol. Segura, compacta, agressiva defensiva e ofensivamente, rápida, quando necessita, e serena, quando se lhe pede, na circulação de bola, concretizadora e, sobretudo, unida. E ainda sem Salvio, Luisão, Gaitán e Nelsinho, a demonstrar que o Tricampeonato não é a miragem que muitos precocemente vaticinaram ser. A união é a chave, como se viu no Estoril, qual mini Estádio da Luz de muros amarelos, numa simbiose perfeita entre a ambição da equipa técnica, a garra dos jogadores e a determinação dos adeptos, incansáveis no apoio inexcedível sem paralelo noutras cores do Futebol português. União em torno dos seus objectivos e aspirações, por si e para si, e não em função dos outros, porque, entre Benfiquistas, a grandeza e a glória do Benfica são as únicas (e suficientes) forças motrizes do seu empenho.
O Benfica até poderá não se sagrar campeão nesta temporada, mas a apresentar-se sempre em campo e nas bancadas desta forma também não perderá. Ser campeão, ser o Benfica, são sinónimos de uma forma de estar e viver o desporto e o clubismo, indiscutivelmente ímpar em Portugal, por certo rara no mundo. 
Uma nota final para Bruno de Carvalho, presidente "leonino", unificador de Benfiquistas, que reconheceu os seus excessos comportamentais ao afirmar que a pressão sobre os árbitros já lhe mete nojo. Creio que só mesmo um maníaco obsessivo e delirante agravado pelo sentimento de ódio a um rival poderia prosseguir no rumo que vinha insistindo desde que o cargo que ocupa lhe ofereceu visibilidade pública. Dessa forma, um dia até poderia ganhar, mas nunca seria um vencedor. Nunca será."

João Tomaz, in O Benfica

Três cenários

"A primeira jornada da segunda volta do Campeonato de Futebol teve três desfechos diferentes para os três primeiros classificados da Liga NOS. E todos eles chegaram ao intervalo das suas partidas a perder por um a zero com Tondela, Estoril e Vitória de Guimarães.
O ajudado líder - por enquanto - conseguiu dar a volta na segunda parte e acabou por se deixar empatar a poucos minutos do final contra uma equipa combativa orientada por Petit. No final, o presidente do clube voltou a chorar, depois de já ter insultado a equipa de arbitragem por esta ter ajuizado bem uma grande penalidade contra o seu clube.
O Glorioso mostrou que quer ser Tricampeão e dominou por completo a partida com o Estoril. Mitroglou (vindo do banco) e Pizzi fizeram os golos da reviravolta num mini-Estádio da Luz na Amoreira que se quer ver repetido em todas as deslocações da equipa até maio.
Os orfãos do treinador basco não conseguiram dar a volta a um golo - frango, fífia ou um dia normal para Casillas, é como quiserem - aos quatro minutos de jogo. Os de Guimarães foram mais fortes e Sérgio Conceição quase chorou na conferência de imprensa por ter sido profissional. Agora, o Bicampeão só depende de si. É claramente a equipa em subida de forma, a que está mais motivada e mais habituada a ganhar. Rui Vitória cala todos os dias mais um crítico, mesmo os internos e prepara-se para uma época gloriosa e onde não faltam golos. Com os regressos de Luisão, Gaitán, Salvio ou Nélson Semedo, quer ver quem é que nos para.
Podem começar a tremer. O Tricampeão está a caminho!"

Ricardo Santos, in O Benfica

Sem limites

"Há muitos anos que o Sporting se faz notar pelas constantes queixas contra a arbitragem, a maioria das vezes sem razão. Até aqui, o método consistia em empolar todos os lances em que se sentiam prejudicados, e ignorar sumariamente aqueles em que eram beneficiados. Na passada sexta-feira, subiram um degrau. Chegaram ao absurdo. Agora, já não interessam as evidências, nem os próprios lances. São prejudicados, porque sim.
O presidente grita, os funcionários replicam, e, numa reacção digna dos cães de Pavlov, toda uma horda de comentadores amestrados, e de jornalistas de vão-de-escada, faz o eco suficiente para criar uma nuvem de mistificação e embuste.
Um penálti do tamanho do estádio, e uma expulsão óbvia, fizeram-me esfregar os olhos. Seria aquele o lance que estava em causa? Céus! Como era possível? Ouvindo o treinador, e as suas fantasmagóricas teorias, percebi que era mesmo daquilo que se queixavam. Estavam, pois, a tentar tomar-nos por parvos. Para esta gente, vale tudo. Mentir descaradamente, pressionar, coagir ou empurrar. Vendo algumas imagens da partida, lembrei-me dos jogadores do FC Porto a correrem atrás de José Pratas, numa Supertaça dos anos do Apito Dourado. Mas, como dizia Marx, a história repete-se sempre: primeiro como tragédia, depois como farsa. Chegámos à fase da farsa.
Os Benfiquistas não se deixam enganar. Já quanto aos árbitros, tenho receio dos efeitos deste ruído. O Sporting quer chegar ao título a qualquer preço, e vê na arbitragem, e na comunicação social, dois elementos a manipular. Estejamos nós desatentos, e irão fazê-lo sem pudores e sem limites."

Luís Fialho, in O Benfica

Bruno de Carvalho com época em risco

"Na última sexta-feira, mergulhado nas emoções do jogo, Bruno de Carvalho não se conteve e disse aquilo que o árbitro do Sporting-Tondela entendeu ser suficiente para o expulsar. Horas depois, repetiu as manifestações de desagrado com Luís Ferreira e, conta quem viu, as cenas na garagem do estádio de Alvalade terão sido tudo menos edificantes. Ainda estava a quente, poder-se-á dizer, procurando temperar as culpas do presidente leonino. Porém, a forma como não só confirmou, no dia a seguir, na sessão pública que é a Assembleia Geral, que tinha dito ao árbitro «aquilo que nem o pior inimigo lhe diria», para a seguir cair na vulgaridade brejeira com a rábula do «pontapé no rabo», afasta a possibilidade de desculpabilizá-lo e revela uma determinação militante no confronto que passa ao lado do bom senso.
Pensará o presidente do Sporting - e disso não tenho qualquer dúvida - que tudo o que faz é em defesa do clube. Mas pensa mal. Atitudes como as que protagonizou no último fim de semana são prejudiciais à agremiação que lidera porque radicalizam o discurso colectivo; desresponsabilizam os jogadores; desautorizam o treinador, que deveria ser soberano no espaço sagrado que é o banco de responsáveis; e criam inevitável animosidade nos sectores visados pelas críticas.
Logo, numa altura em que se aguarda pela sentença final de Bruno de Carvalho, entretanto suspenso preventivamente, é legítimo pensar que pode ter a época em risco, por duas razões: 1) Pode sofrer um castigo com uma extensão apreciável; 2) Jorge Jesus sentir-se-á mais confortável longe da imprevisibilidade de Bruno de Carvalho."

José Manuel Delgado, in A Bola