sexta-feira, 20 de novembro de 2015

É importante estar no Jamor

"Um Sporting-Benfica, quer pela sua história quer pelas paixões que movimenta é sempre um jogo interessante mesmo que para o Troféu do Guadiana. Assim sendo, um jogo a eliminar para a Taça de Portugal, não é excepção. Sábado o jogo interessa porque é importante estar no Jamor e não porque se tenha que provar nada, para além da vontade de ganhar a Taça de Portugal.
Esta semana com o Sporting temos o menos importante dos três jogos que disputamos e no entanto é muito importante vencer. No Benfica não se deitam provas fora, para tentar ser menos mau nas outras. No Benfica é obrigatório ganhar, ou tentar ganhar, todas as competições que se disputam. É sempre assim, porque no Benfica a gestão é o êxito e as vitórias, qualquer coisa de diferente não satisfaz os adeptos.
Dito isto, resta esperar uma equipa muito motivada e com a ambição de vencer em Alvalade sem a preocupação de saber se passados três dias estamos nos oitavos de final da Liga dos Campeões ou se conseguimos ganhar em Braga. Este é o único objectivo neste momento, vencer o Sporting e estar no próximo sorteio da Taça de Portugal com os olhos no Jamor.
Nos últimos anos, mais de metade das nossas eliminações na Taça de Portugal ficaram marcadas por erros de Jorge Sousa em prejuízo do Benfica. Estatisticamente o melhor árbitro não pode enganar-se sempre, nem sempre para o mesmo lado, e por isso há uma confiança estatística na nomeação realizada. Porque quando não acreditamos em quase nada resta-nos a estatística para acreditar.
Por mim já fito satisfeito se vir um bom jogo do Benfica, aquele Benfica que esta época apareceu a espaços, e que promete dar alegrias aos adeptos.
Semana cheia de emoções e de competições, porque é assim que se quer, nos clubes grandes com muitos objectivos para alcançar na mesma época."

Sílvio Cervan, in A Bola

Vitória em Liverpool

Liverpool B 0 - 2 Benfica B

Santos; Berto, Nunes (Alfaiate, 44'), Dias, Rebocho; Dawidowicz, Gilson, Pêpê (Sarkic, 77'); Dino, Gonçalves (Pipo, 82'); Carvalho

3 jogos, 3 vitórias, excelente primeira fase, na Premier League International Cup de Sub-21.

Hoje, sem o Renato, com um meio-campo reforçado defensivamente, não demos hipóteses. Nem os 0 graus nos afectaram!!!Temos que reconhecer, que este Liverpool foi um adversário fraco (a ingenuidade táctica destas equipas Inglesas, explica muito os fracos resultados das Selecções britânicas...), mas sem qualidade, não teriamos ganho os 3 jogos.

Destaco o Dawidowicz que fez uma excelente exibição... o Dino continua a variar entre o brilhante (1.º golo), e as 'brancas' na melhor oportunidade do Liverpool!!! O Diogo continua a confirmar que é um ponta de lança disfarçado de extremo... espero que a transição para a equipa principal seja feita de forma inteligente. A utilização do Joãozinho a ponta de lança é um desperdício... mas o talento individual está em cada toque na bola. O Gilson será um médio-defensivo à imagem do Danilo... O Pedro precisa de mais minutos (Pêpê?! Como é que isto de pronuncia?!)... O Rebocho é provavelmente o nosso jogador mais competitivo! O Rúben está a crescer bem... A adaptação do Berto não está a dar bom resultados... O Miguel Santos continua a ter 'brancas'!

Vá, Nessa!

"Há quase oito anos, em Pequim, Vanessa Fernandes conquistou a medalha de prata na prova do triatlo. Pela televisão, a muitos fusos horários de distância, os portugueses tiveram a oportunidade de ver uma grande prova da filha do carismático ciclista Venceslau Fernandes. Durante a transmissão, o pai incentivava-a e ficou-me na memória a expressão que ele utilizou - com o seu orgulhoso sotaque - quando viu a distância que a primeira classificada tinha de avanço para a sua filha: "Já num bai lá..." E não foi. Vanessa não conseguiu chegar ao primeiro lugar e aquele acabaria por ser o último grande resultado da sua carreira. Demasiado depressa foi-lhe diagnosticado o fim da vida desportiva. Muito se falou e pouco se soube - e sabe. Vanessa passou os últimos anos a atravessar o deserto, a treinar, a encontrar-se. E no passado fim de semana mostrou a quem pudesse ter dúvidas aquilo de que já se suspeitava: ela está de volta! Na primeira vez que participou numa maratona, Vanessa Fernandes alcançou os mínimos olímpicos para o Rio de Janeiro com 2h31m26s e uma sétima posição na corrida de Valência, em Espanha. Aqui não houve natação nem ciclismo, só corrida e Vanessa conseguiu aquilo que muitos atletas passam uma vida inteira a tentar. Não é líquido que possa representar Portugal no Brasil no próximo ano, já que só podem competir três atletas por país em cada prova (e Sara Moreira, Dulce Félix e Filomena Costa têm melhores marcas), mas alguém pensa que a Vanessa vai ficar "apenas" por aqui? Ela bai lá, ai vai, vai. E eu estou a torcer por ela, como Benfiquista, como português e como desportista. Um campeão nunca baixa os braços."

Ricardo Santos, in O Benfica

Independentemente dos resultados imediatos...

"Considerado o clube melhor sucedido na Formação, o Barcelona alia sucesso desportivo a uma presença elevada de jogadores da "cantera" na sua equipa principal. Goza, no entanto, de uma especificidade exclusiva de um grupo restrito de clubes, que passa pelo capacidade de investimento que lhe permite não só manter a maior parte das pérolas da sua Formação, como dispor de alguns dos melhores executantes a nível mundial.
A lógica é a seguinte: detectar talentos; formar jogadores com elevado potencial; ter espaço para, sem detrimento da competitividade da equipa, lançar os jovens mais promissores; adiar, tanto quanto possível, a alienação dos passes desses atletas.
O Benfica cumpre exemplarmente os primeiros dois passos deste modelo. Implementa agora o terceiro. O seu sucesso, que não implica ganhar sempre, mas regularmente, permitirá o quarto que, num mundo ideal, corresponderia ao patamar do Barcelona. Contudo, poderá resvalar para um Ajax, quase irrelevante no contexto europeu e dependente das fornadas de novos jogadores no desempenho a nível interno.
A saúde financeira é essencial, baixando o passivo e os custos financeiros, redirecionando estes para o pagamento de salários e a compra de passes de atletas para posições carenciadas, porventura aumentando significativamente o custo médio de aquisição, mas diminuindo o montante global do investimento. Por outras palavras, comprar menos, mas melhor.
É certo que, nesta política, os riscos desportivos são maiores. Por conseguinte, importa evitar atalhos e inflexões na implementação desta estratégia. Em suma, o rumo está definido e terá que sobreviver a uma eventual conjuntura adversa."

João Tomaz, in O Benfica

Queremos a Taça

"Amanhã há Taça, e talvez estejamos perante o primeiro dérbi lisboeta da última década em que o favoritismo pende para o lado de lá. Três ordens de razões concorrem para tal. Em primeiro lugar (com menor grau de importância) o factor "casa" sempre confere a quem dele beneficia uma certa vantagem relativa - basta consultar as estatísticas históricas. Em segundo lugar, há que dizer que teremos pela frente o líder do Campeonato, com toda a confiança que esse estatuto lhe confere, enquanto nós, com muita juventude na equipa, ainda andamos à procura de um ritmo cruzeiro que se enquadre na identidade competitiva que recentemente adoptámos. Por último, e com grande relevo num "tête-à-tête" desta natureza, teremos de admitir que vai estar do lado oposto um técnico que conhece as forças e fraquezas da nossa equipa como a palma das suas mãos, aspecto que, a meu ver, pesou decisivamente, quer no jogo da Supertaça, quer na partida da Luz para o Campeonato, com os resultados que conhecemos.
Partir com menos favoritismo pode influenciar as casas de apostas, mas não deve inibir o Benfica de jogar para ganhar. Um dérbi é um dérbi, e o Benfica é o Benfica. A quem já venceu no Vicente Calderón (onde o favoritismo do adversário era muito mais acentuado), tudo é possível. Recorde-se também a excelente primeira parte feita no Dragão, à qual só faltaram os golos. Jogando com a intensidade evidenciada nessas ocasiões, contando com a inspiração dos principais artistas (falo de Gaitán e Jonas), e tendo do nosso lado a pontinha de sorte que protege os campeões, creio que ultrapassaremos esta eliminatória."

Luís Fialho, in O Benfica

A treta da posse

"A obsessão pela posse de bola tomou conta do estilo de vários treinadores nos últimos anos, na tentativa vã de imitar o sucesso do Barcelona de Pep Guardiola, a equipa que conseguia aliar 75% de posse a goleadas de cinco, seis ou sete golos.
É, precisamente, na busca desse el dorado tático que todos os anos surgem equipas mais preocupadas com ter sempre a bola, mesmo que isso, muitas vezes, signifique andar longe da baliza. Conclusão? Jogos chatos, bola para o lado, para trás, da defesa para o meio-campo e novamente para o lado e para trás; muitas movimentações, pouca (ou nenhuma) eficácia.
Aconteceu, por exemplo, na época passada com o FC Porto de Lopetegui - num estilo (admita-se) melhorado este ano. E está a acontecer com o Chile de Jorge Sampaoli, cuja obsessão, mais notória em tempos recentes, pela posse de bola - não há conferência de imprensa na qual o seleccionador não se refira a ela - transformou a equipa sedutora, veloz e apaixonante que conquistou a Copa América numa sombra em câmara lenta de tudo isso na atual qualificação para o Mundial-2018. Os resultados estão à vista: derrota no Uruguai por 0-3, o pior resultado da era-Sampaoli, e uma ineficácia gritante apesar dos 71% de posse de bola (!)e dos 356 passes certos (contra 55 uruguaios), os avançados chilenos Sanchez e Vargas não remataram uma única vez à baliza!
No final, Sampaoli considerou a derrota «pesada» mas estava «feliz porque o objetivo da posse de bola foi cumprido». A resposta dos adeptos não se fez esperar e, nas redes sociais, logo se espalhou uma anedota com Sampaoli na primeira pessoa: «Uma noite, fui a um bar. Sentei-me ao balcão, ao lado de uma mulher lindíssima. Conversámos a noite toda, rimo-nos, trocámos olhares e piropos e paguei-lhe uns copos. Porém, por volta das cinco da manhã, chegou um tipo, piscou-lhe o olho e ambos saíram de braço dado. Mas não importa porque, nessa noite, quem possuiu a maior parte do seu tempo fui eu.» Pois..."

João Pimpim, in A Bola

Sensibilidade e bom senso

"O fundamentalismo clubista sempre foi o principal inimigo da Seleção Nacional de futebol. A ele se devem inúmeros fracassos internacionais de gerações talentosas que acabaram por não ter expressão para lá de Badajoz. É um mal, velho de décadas, que emerge cada vez que os clubes têm condições de fornecer mais elementos à turma das quinas. Aquilo a que se está a assistir hoje, embora lamentável, não é inédito, e devo assinalar que neste particular, puxando bem atrás o relógio do tempo, todos têm telhados de vidro.
Como é que se combate este vírus, que ameaça a coesão social em torno da equipa de todos nós? Com sensibilidade e bom senso. Felizmente, nenhum destes atributos falta a Fernando Santos, que enquanto ex-treinador de FC Porto, Sporting e Benfica, conheceu as motivações subjacentes neste processo. O selecionador nacional sabe bem o que deve pedir a cada jogador e quando deve fazê-lo. Nesta gestão, ditada essencialmente pelo bom senso, está o segredo do êxito, e neste particular, com sete vitórias em sete jogos oficiais, Fernando Santos é incontestável.
Ser sensível à proximidade de um Real Madrid-Barcelona ou de um Sporting-Benfica não é um ato de favorecimento, é um momento de grande lucidez e enorme inteligência.
Na vida, há alturas para tudo e só por desonestidade intelectual pode colocar-se em causa a dispensa de Cristiano Ronaldo dos particulares da Rússia e do Luxemburgo. CR7 tem sido exemplar na Seleção Nacional.
PS- Rápidas melhoras a Fernando Gomes. Para que possa continuar o excelente trabalho à frente da FPF."

José Manuel Delgado, in A Bola