"Mais facilmente se verá o ex-árbitro das entrevistas bilingues, Marco Ferreira, exercendo um dia funções num bonito Conselho de Arbitragem do que veremos Rui Costa, o antigo jogador que tanto nos encantou, sobreviver incólume aos elogios que lhe foram prestados por Jorge Jesus e que o terão deixado muitíssimo malvisto entre a autodenominada 'estrutura' da Luz.
Cingindo-nos à velha escola soviética, Marco Ferreira está, porém, muito longe de ser aquele tipo de entusiasta a que Lenine chamaria, amavelmente, de "idiota útil". Mas, na realidade, poucos acreditam que o atual presidente do CA consiga não soçobrar às acusações que lhe fazem. E são graves. O Porto apenas venceu sete campeonatos em dez anos de consulado de Vítor Pereira, isto porque o Benfica lhe arrecadou os três sobrantes.
Já com um CA ideal, entre mil a quinhentinhos por cento comprometido com a verdade desportiva, o Porto teria feito o pleno e seria hoje o bi-penta-campeão-nacional porque dez anos são sempre dez campeonatos havendo bom senso. Entretanto, uma das últimas entrevistas do nosso ex-árbitro foi concedida em castelhano a um jornal de Madrid, o que muito agradou ao presidente do Porto que só acredita na justiça estrangeira.
Ouçamo-lo: "Pode ser que a Federação espanhola e o Ministério Público espanhol investiguem, porque cá por este retângulo há coisas em que ninguém quer tocar." Tem razão. E se Marco Ferreira quiser colocar os árbitros portugueses na mira de ambos os Ministérios Públicos da Ibéria, o melhor é pôr-se a andar rapidamente para Santiago de Compostela da próxima vez que sinta urgência em arranhar o galego, que até é língua que exige menos esforço talvez por ser mais próxima da nossa.
Foi notoriamente mal interpretada a frase do presidente do Benfica apelando a incertos para que "se deixem de fascinar por microfones". A imprensa logo concluiu que Luís Filipe Vieira estava por fim a mandar recados para o vizinho do fim da rua quando, lamento, me quis parecer justamente o contrário, que o presidente do Benfica estava simplesmente a falar para dentro de casa.
São de apreciar os jogadores que aproveitam as oportunidades concedidas para marcar posição. Como este Carcela que, a cada fugaz aparição, lá vai marcando o seu golinho. E é de golos que o Benfica precisa."