segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Palavras duras antes do 'derby'
"Depois de uma semana de declarações incendiárias, deseja-se o retorno do bom senso. O futebol joga-se dentro do campo, o resto é treta
O dia 5 de outubro de 2015 vai ficar no imaginário do futebol português como um dos mais lamentáveis de sempre. Por mais eficácia que o presidente do Sporting descortine na sua intervenção televisiva, a verdade é que a peixeirada a que o país assistiu teve entrada directa no top dos tesourinhos deprimentes do futebol português. Com danos irreversíveis para a credibilidade da presidência que Bruno de Carvalho está a levar a cabo.
Tenho consciência de que estar a pregar neste deserto de bom senso em que se transformou o futebol português pode ser perda de tempo. Mas, talvez não. Talvez, quando a poeira assentar e alguns protagonistas recuperarem a lucidez, estes reparos signifiquem que, pelo menos, nem todos se deixaram arrebatar pela demagogia fácil, pelo discurso virulento e pela ofensa gratuita. Porque, em nenhuma circunstância, o que tem acontecido pode ser o retrato da normalidade ou, na infeliz expressão de Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, um fait-divers.
Há, sabemos todos, um Benfica-Sporting daqui a alguns dias; e também é sabido que esta é uma época de especial sensibilidade nas relações entre os eternos rivais. Mas nada disso torna aceitável que se transformem, irresponsavelmente, adversários em inimigos; nem que se baixe o nível como se não houvesse responsabilidades para com a sociedade.
Os jogos ganham-se, essencialmente, dentro das quatro linhas e o clima que alguns procuram criar (esta não é a primeira vez, mas é das piores) só poderá provocar problemas sem reflexo no placard final. Pode afetar negativamente, injetando-lhes ainda mais estupidez, as franjas radicais dos clubes, vulneráveis aos pirómanos de serviço; pode, também, afastar dos estádios, aquelas que deveriam ser os principais alvos da indústria, as famílias; e pode, ainda, fazer com que os potenciais patrocinadores fujam do futebol como o diabo foge da cruz. Em troca de quê? De alguns momentos de glória, aplaudidos por indefectíveis e radicais? Tempo de antena? Espaço interno? Tudo isto é poucochinho, quando comparado com os danos que estão a ser causados.
Não sendo fácil, reconheço, sempre tenho tentado não pautar o meu raciocínio por um chavão muito em voga no futebol, que diz que tem razão quem ganha. Normalmente, ganha quem joga melhor, independentemente dos disparates que são ditos à volta da equipa. Por isso, é bom não confundir as coisas, não misturar a causa e o efeito. O tempo encarregar-se-á de colocar tudo isto em perspectiva. Entretanto, haja paciência...
ÁS
Telma Monteiro
Estamos perante uma das grandes figuras do desporto português do século XXI. Em Paris, onde conquistou o Grand Slam, a mais prestigiada etapa do circuito mundial, a judoca do Benfica mostrou que são legitimas as esperanças que nela se depositam, de olhos postos nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Parabéns!
ÁS
Miguel Oliveira
A vitória na Austrália, a quarta da época do piloto de Almada, colocou-o no segundo lugar do Mundial e ainda com hipóteses matemáticas de sagrar-se campeão. Um registo notável, que justifica a passagem ao escalão superior, numa carreira mais do que promissora, alicerçada num talento inato que pode levá-lo ao cume da modalidade.
DUQUE
Pedro Proença
Com o futebol português, essencialmente por culpa do diferendo Sporting-Benfica, a ferro e fogo, o presidente da Liga de Clubes resolveu catalogar o que se passa entre os eternos rivais como um fait-divers. Uma declaração infeliz de Pedro Proença, longe das responsabilidades e da pedagogia que dele devia esperar-se. Lamentável.
Cruzeiro do Sul
Sulistas e elitistas, liberais não sei, as equipas do hemisfério austral tomara conta das meias-finais do Mundial de râguebi. A Nova Zelândia humilhou a França, a Argentina foi fantástica contra a Irlanda, a África do Sul ultrapassou, num jogo equilibrado, o País de Gales e a Austrália teve a sorte dos deuses para deixar fora da prova os extraordinários escoceses. Se a esta hegemonia somarmos a quantidade de jogadores neozelandeses, sul-africanos, australianos e argentinos que brilham nos campeonatos euripeus, não duvidamos: o Sul manda!
Querido Mourinho entra na conversa...
O Pais de Gales perdeu com a África do Sul nos quartos de final do Mundial de râguebi, mas nem por isso o Wales on Sunday deixou de louvar os jogadores galeses: «Obrigado. Vocês deram tudo». E ainda teve espaço para criticar o árbitro: «Barnes teve sorte de não ser Mourinho o treinador de Gales...»."
José Manuel Delgado, in A Bola
'Fait-divers', sr. líder da Liga?!!!
"Chocante!: face ao clima de guerra total entre Sporting e Benfica - atingindo clímax como nunca acontecera nos mais quentes momentos da híper rivalidade ao longo de tantas décadas! -, o novo presidente da Liga de clubes comentou não passar de fait-divers (assunto pouco importante)! Como assim, sr. Pedro Proença, que, também por ser recente ex-árbitro de alta craveira internacional, tem obrigação de se preocupar, a fundo, com enormes riscos de tão perigosa altíssima tensão! Se deste modo, pondo-se fora do que escalda, interpreta como deve agir ao leme da Liga, a sua capacidade de intervenção, nomeadamente neste tempo em que os patrocinadores fogem de tão mau clima, será... zero. Fait-divers?!!! Caramba, essa é de mais!
Valham-nos, no futebol e noutras modalidades, atletas e seus treinadores. Mais uma medalha de ouro para a extraordinária Telma Monteiro! Também no judo e no muito prestigiado Grand Slam de Paris, bronze para Célio Dias. No GP da Austrália, Miguel Oliveira arrebatou a sua 4.ª vitória neste Mundial de moto 3, onde é 2.º a duas provas do fim. No triatlo, João Pereira, venceu, na Turquia, competição da Taça do Mundo.
No futebol, Aves e Gil Vicente, da II Liga, eliminaram da Taça de Portugal adversários da I. E Casa Pia e Trofense, da III, impuseram-se a equipas da II. Gondomar e Loures, da III, assustaram Estoril e Boavista com prolongamento.
Isto é Desporto, tão saudável/aliciante competição. O oposto de sujas guerras deflagrando incêndios a que um dito responsável chama fait-divers!"
Santos Neves, in A Bola
As sanções da UEFA
"Face aos incidentes registados em Madrid, que o SL Benfica desde a primeira hora lamentou e condenou, o Comité de Ética e Disciplina da UEFA decidiu penalizar o Benfica com um jogo à porta fechada.
Esta pena, no entanto, só será aplicada se nos próximos 2 anos se voltar a registar incidente de igual gravidade. A esta sanção acresce uma multa de 20 000 €.
De destacar que novo incidente durante o período de suspensão da pena determinará de forma automática não apenas um jogo à porta fechada como também nova sanção.
As multas aplicadas pela UEFA e pela LPFP ao Benfica, nos anos mais recentes, representam um valor próximo do meio milhão de euros.
Perante a gravidade dos incidentes registados em Madrid e perante o comportamento reiterado de uma minoria de adeptos que teima em penalizar o Sport Lisboa e Benfica, o clube irá estudar novas medidas a adoptar nos jogos em que participa, de forma a combater os actos que reiteradamente nos têm colocado na mira disciplinar da UEFA.
Entre essas medidas, a Benfica SAD admite implementar:
a) A não requisição de bilhetes para jogos fora;
e/ou,
b) A identificação de todos os detentores de bilhetes para jogos europeus.
Foi já solicitado ao Conselho Superior dos Desportos espanhol o nome dos adeptos do SL Benfica que foram identificados e responsabilizados pelos incidentes de Madrid.
Finalmente, o Sport Lisboa e Benfica apela a todos os seus sócios e adeptos para que incidentes como os que se registaram em Madrid não voltem a repetir-se quer em jogos europeus ou nacionais, tanto em jogos realizados no Estádio da Luz como fora de casa."