sexta-feira, 9 de outubro de 2015

A estratégia de BC

"A estratégia de Bruno de Carvalho faz algum sentido. Depois de comprar guerras com dirigentes e ex-dirigentes, jogadores e ex-jogadores do Sporting, colunistas e outros diversos sportinguistas de referência, o presidente leonino resolveu finalmente inventar uma batalha com um rival. Embora a substância seja bacoca, na forma tenta unir os apaniguados sportinguistas contra o rival em vésperas de derby.
Todas as anteriores batalhas, por terem carácter de guerra civil, criavam desconforto no universo leonino. Desta vez, pensando que o Benfica não é um rival mas um complexo para muitos sportinguistas, o ainda presidente de Alvalade desembestou contra o Benfica na ânsia de não perder o resto da nação leonina que ainda lhe resta. Não é destituída a estratégia mesmo que ridícula na forma.
Excelentes estiveram do lado encarnado todos os que o deixaram a falar sozinho. Quem sabe não será uma boa terapia.
O Benfica não jogou na Madeira por óbvia impossibilidade climatérica, e não deve jogar este jogo de palavras, por ser de um campeonato diferente. O primeiro foi adiado e este deve ser anulado. O facto de ter um jogo em atraso causa ao Benfica desconforto classificativo mas mesmo assim tivemos que ouvir as queixas de quem tendo subido à primeira divisão não tem estádio para nela jogar.
O futuro do Benfica deve continuar centrado e concentrado nos seus objectivos. Se o Benfica for competente e o trabalho for bem feito poderemos chegar aos nossos objectivos. A estabilidade e a seriedade são valores que custaram muito a alcançar e não podem ser desperdiçadas por manobras circenses. Mesmo assim o respeito pelos adversários, pela sua história, e por aquilo que representam deve manter-se intocável.
Ganhar ao Vianense, sem lesões nem castigos, na sexta dia 16 é a próxima meta porque o derby vende jornais mas ainda vem longe."

Sílvio Cervan, in A Bola

Barca Velha ?!!!

«Ignorem o ruído»

"Uma das grandes manifestações da força, da mística e do querer do Sport Lisboa e Benfica tem que ver com a expansão das nossas Casas e com a sua modernização.
É nas Casas do Benfica que o nosso crescimento se consolida.
Queria, por isso, na pessoa do Presidente da Casa de Algueirão-Mem Martins, Avelino de Almeida, agradecer a todos quantos trabalharam e dedicaram o melhor do seu esforço na renovação deste projecto.
A todos, o meu muito obrigado e os parabéns pelo trabalho realizado.
O que tem vindo a ser feito nas Casas do Benfica é uma verdadeira revolução dentro do Clube.
E tudo isto só foi possível porque vocês acreditaram que juntos podíamos fazê-lo.
O segredo para termos chegado até aqui é que ninguém no Benfica se acomodou.
Quisemos sempre ir mais longe, quisemos sempre fazer melhor.
A inauguração desta Casa, e das Casas de amanhã, revela a dinâmica e a modernidade que o Clube atingiu ao longo da última década.
Assumimos este ano – como todos sabem – uma opção difícil, uma opção de mudança, uma aposta clara na formação do Seixal e num treinador que acredita na competência e no trabalho dos jogadores, tenham eles 30 anos ou apenas 18.
Fizemos esta mudança por convicção, sabendo o risco, sabendo que o caminho não seria fácil, mas sabendo também que o nosso futuro deve passar por aí.
O nosso trajecto na Champions League revelou que estamos a dar passos seguros, revelou que contamos com um grupo unido e motivado, e revelou um treinador que assume a dimensão europeia do Benfica, um treinador sem medo e decidido a levar o Benfica ao tri.
Chegamos aqui de forma planeada, depois de um período – longo – em que foi necessário recuperar a credibilidade do Clube, e de um outro período em que foi necessário um forte investimento – em que a construção e o desenvolvimento do Caixa Futebol Campus se inclui.
Agora, estamos no tempo de apostar nos talentos gerados no Seixal, num modelo que equilibra a competitividade desportiva com a redução do nosso endividamento.
De um modelo que dá oportunidades aos nossos jovens de trabalharem e crescerem junto da equipa principal.
Sempre acreditei que este tempo chegaria.
Conheço o Caixa Futebol Campus como ninguém, conheço tudo o que se fez para aqui chegar.
Conheço os treinadores e todos os que diariamente contribuem para que o Seixal funcione como um centro de excelência.
A mudança que fizemos foi grande, e só foi possível – repito – porque temos um treinador corajoso, capaz e que gosta de assumir desafios que não são para todos.
Este plantel dá-nos garantias de trabalho, de empenho e total dedicação.
Um plantel sólido, mas um plantel que precisa do apoio dos sócios e adeptos.
Por isso, o meu apelo para que encham o Estádio da Luz, para que nos acompanhem de norte a sul e no estrangeiro.
O sucesso desta equipa também depende do vosso apoio, e sei que ele não vai faltar.
Como Presidente do Benfica, sempre tive esta ambição: a de ver os nossos jovens chegar à primeira equipa.
A ambição de ver o Caixa Futebol Campus reconhecido como centro formador de referência mundial.
A ambição de ver reconhecido o Benfica como clube inovador. A ambição de ver a nossa equipa ser apoiada sem necessidade de haver tochas ou petardos!
Mas confesso que também tenho e vivo a ambição de poder ver os dirigentes do futebol português contribuírem para um futebol saudável, responsável e competitivo.
- Um futebol sem violência que atraia público ao estádio.
- Um futebol que se valorize apenas pelo jogo.
A ambição de que a indústria do futebol português se desenvolva cada vez mais, que as receitas aumentem, que os patrocinadores venham em maior número.
A ambição de que a Federação, a Liga e os clubes trabalhem em conjunto.
A ambição de ver uma selecção renovada com os jovens talentos portugueses formados em todos os nossos clubes. Tenho esta ambição e a responsabilidade de contribuir para que ela se realize.
Estou empenhado nisso, e é esse o sentido da minha acção diária.
Uma nota final: Recuperar a credibilidade do Benfica demorou anos, foi uma dura batalha. Não contem comigo para voltar atrás no tempo.
Mas também sei que, como Presidente do Sport Lisboa e Benfica, tenho o dever e a obrigação de defender de forma intransigente o bom-nome do Clube.
Quero deixar aqui uma garantia: Podem ter a certeza de que assim será, mas nos locais próprios.
Ignorem o ruído, porque ao contrário do que alguns pensam, o ruído não beneficia ninguém.
Falemos de nós e preocupemo-nos apenas com o Benfica!
Muito obrigado a todos.
Viva o Benfica!"

Uma bola no divã

"Como todos bem sabemos, Sigmund Freud era um neurologista austríaco que ficou perpetuado na História por ter sido o fundador da Psicanálise. Uma das suas obras mais marcantes, porventura até a mais conhecida do grande público, é 'A Interpretação dos Sonhos'. À sua época o futebol não tinha, nem de perto, a dimensão de que hoje goza, mas tenho a certeza de que, nos dias de hoje, Freud dificilmente encontraria outro microcosmo que invocasse tantos sonhos. Sim, não ignoro que não se pode viver sem sonhar. Literalmente. Mas a crueza da realidade obriga-nos a reconhecer que aquilo que faz girar a roda da vida é a vontade, não o sonho. Seja como for, não duvido que se possa descobrir muito sobre a verdadeira natureza de um homem só a partir do que ele sonha, mesmo sabendo que os sonhos são involuntários. Pessoalmente, todavia, de tudo quanto li de e sobre Freud o ensinamento que mais me marcou está contido numa única frase. Esta: «Quanto Pedro me fala sobre Paulo sei mais de Pedro que de Paulo». E não é por me chamar Paulo e não Pedro. É que quem diz Paulo e Pedro pode dizer também Aarão e Abraão ou Zaqueu e Zebedeu. Ou Bruno. Ou Jorge Nuno. Ou Luís Filipe. No entanto, o mais interessante nesta lição de Freud é a frase que imediatamente antecede a ora em análise. Aliás, creio mesmo que esta não pode ser amputada, porque as duas são, afinal, uma só. Desta sorte, o pensamento de Freud sobre Paulo e Pedro, para ser percebido em toda a sua latitude, obriga a que a citação seja completa, ou seja: «O homem é dono do que cala e escravo do que fala. Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo».
Como seria o mundo da bola se todas as vozes soubessem ouvir?"

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

Comentadores pressionados?

"Cada jogo tem uma história. Mesmo quando jogado entre quem se defronta com frequência, a história não se repete na totalidade. Parte dela pode ser semelhante, mais que não seja pelas características aleatórias do jogo, mas o todo nunca é repetido. As condições em que as equipas se encontram nesse momento, a dimensão dos clubes, o local do jogo, e muitas outras questões, influenciam os intervenientes.
Alguns profissionais disputam os jogos em condições de extrema pressão psicológica, jogam o seu futuro durante esse mesmo jogo. E quando digo isto, refiro-me inclusivamente aos salários, ao futuro das suas próprias famílias. Contudo, a exposição pública a que normalmente estão sujeitos, mesmo em equipas de menor dimensão, obriga-os a conseguirem um rendimento elevado mantendo um comportamento adequado. Quando isso não acontece raramente a crítica deixa passar em claro a falha.
Com o futebol falado, este complemento ao jogo que se estende por toda a semana, com incidência especial às segundas e terças, momento em que combatem os guerreiros dos três maiores clubes, tornando o jogo algo menor comparado com tão eloquente espectáculo. Os comentadores passaram a ser agressivos, têm inimigos e não adversários. Estarão pressionados pelos clubes? Dependem do sucesso do programa para manterem o salário? Não creio. Têm liberdade para comentar os erros dos intervenientes no jogo, mas não têm capacidade para resistir a uma pequena pressão exterior. Ou será que os níveis de audiência justificam tudo? Não me parece.
Existe uma responsabilidade social que não pode ser ignorada. Deviam todos rever o programa, com um coach para auto-análise. Cada programa tem uma história diferente, não deve é conter comportamentos que promovam a agressividade entre os adeptos. O futebol é um jogo. Também é falado, mas é muito mais bonito jogado."

José Couceiro, in A Bola

Campeonato sem o Carcavelinhos...

"Das 12 equipas que vão disputar o Campeonato não consta... o Carcavelinhos, um nome que saiu da boca de um dirigente com grandes responsabilidades no desporto nacional para desvalorizar os adversários do Benfica. O Carcavelinhos, o Cucujães, tal como todos as outras colectividades que contribuíram e contribuem para a história do desporto em Portugal merecem todo o nosso respeito. Há clubes que já deram muito à modalidade, que agora estão fora dela, mas que esperemos, sinceramente, voltem aos pavilhões. Todos fazem falta. O Benfica não joga então com o Carcavelinhos, mas joga com o Sp. Espinho, recordista de títulos e a única equipa com uma Taça europeia, joga com o Castelo da Maia, campeão quatro vezes joga com a Fonte do Bastardo, a mais recente equipa a entrar nas contas do título, ou com o Leixões, um histórico da modalidade. As expectativas são altas para que possamos ter um bom campeonato. Veremos se na prática se confirma."

Ana Paula Marques, in Record

Ainda Madrid

"A vitória em Madrid foi extraordinária: pela dificuldade e importância da partida nas contas da LC; pelo escasso pecúlio Benfiquista em Espanha (não vencíamos desde 1982); pelas diferenças tácticas e comportamentais da equipa constantes com os desempenhos em jogos fora nesta prova nos últimos anos (com Jorge Jesus, em 17 jogos, o Benfica venceu apenas três nos recintos do Otelul, Basileia e Anderlecht e empatou quatro); e, também, com o descalabro anunciado no início da temporada pelos arautos da desgraça, por ter colocado definitivamente de lado as dúvidas lançadas relativamente à competência do nosso treinador e plantel.
Não fosse a questão da tocha a ensombrar a magnífica vitória alcançada, teria sido perfeito. Aprecio o espectáculo cénico das tochas, ao contrário do rebentamento de petardos ou lançamento de very lights, os quais abomino. Não sou o único, dizem-no vários indicadores: os adeptos que, pelo mundo fora, utilizam este engenho para colorir o apoio dado às suas equipas; os jogadores que partilham fotografias e vídeos das fumaradas nas suas redes sociais; a comunidade social que usa e abusa, pela positiva, destas imagens para a promoção das suas transmissões.
O que não entendo é como, sabendo-se da proibição de uso deste engenho, há quem se sinta tentado em ir mais além, atirando-o para outra bancada ou relvado, com as consequências que daí advêm. Pagam os justos pelos pecadores. Terão que ser tomadas medidas duras para banir por inteiro as tochas dos estádios e o Benfica será seriamente penalizado. E a culpa não será da UEFA, do Benfica ou dos Benfiquistas. Apenas e só de um ou outro indivíduo a quem o bom senso não lhe tocou."

João Tomaz, in O Benfica

Castigo a caminho

"Por causa de alguns, pagamos todos. Esta poderia ser uma crónica sobre as Legislativas de domingo passado, mas não. É 'apenas' sobre o que se passou nas bancadas do Vicente Calderón e que poderá afectar um dia de jogo na Catedral. Um dia, na melhor da hipóteses.
Mais de três mil adeptos do SL Benfica foram a Madrid ver o seu Clube ganhar ao Atlético. A festa foi rija, merecida, histórica e estragada. Rija porque não é fácil ganhar fora na Champions; merecida porque o SL Benfica foi mais inteligente e eficaz do que o adversário; histórica porque há 33 anos que o Bicampeão português não triunfava em Espanha e porque o Atlético de Simeone ainda não tinha perdido qualquer jogo europeu em casa; estragada porque meia dúzia pensaram que seria boa ideia festejar a vitória vermelha com o arremesso de tochas para o relvado. Por falta de força e/ou de inteligência, as tochas acabaram por cair em cima de outros adeptos presentes no estádio da capital espanhola. E assim se pôs em causa os jogos do SL Benfica em casa para a Champions deste ano. E logo agora que a equipa orientada por Rui Vitória - duas partidas na Liga dos Campeões, duas vitórias - está bem encaminhada para se apurar para a próxima fase da competição.
Não é da receita de um jogo europeu que estou a falar, é a imagem do SL Benfica e dos seus adeptos que está em causa. Confundir meia dúzia com os restantes milhões é muito fácil. Já não chegava a triste memória do que se passou em 1996 no Estádio Nacional, ainda temos que levar com mais este episódio. À hora em que entrego este texto, nada estava decidido pela UEFA, mas temos que aconteça o pior.
Acontecendo ou não o castigo, há que tratar este tema delicado com toda a eficácia. O Benfica é muito mais do que isto."

Ricardo Santos, in O Benfica

Um artista

"É natural que, num debate televisivo onde participam adeptos de três clubes, as vozes por vezes se elevem, e os ânimos por vezes aqueçam. Sempre foi assim desde que o modelo existe, e embora o grau de esclarecimento seja quase sempre baixo, o grau de entretenimento torna-se compensador para quem aprecia o estilo. As audiências sobem, as estações agradecem. Quem não gosta, não vê.
O que já não é normal é o presidente de um grande clube aceitar expor-se a registos desta natureza, colocando-se ao nível do simples adepto sem responsabilidades, debitando retórica comprometedora para o clube que dirige, e envergonhando aqueles que era suposto representar.
A figura que o presidente do Sporting fez na TVI24 entristece-me enquanto adepto do futebol. Independentemente das rivalidades, habituei-me a ver em Alvalade dirigentes cujo comportamento cívico era inatacável. João Rocha, Amado de Freitas, José Roquette e Dias da Cunha são apenas alguns exemplos. Agora, olhamos para o outro lado da rua, e vemos um artista sem categoria, cujas habilidades chocam aqueles que prezam um futebol acima do nível da taberna. Quando se juntam os holofotes do mediatismo à mediocridade, o resultado é este.
Fundos, empresários, jornalistas, jogadores, treinadores, funcionários, antigas glórias, árbitros, dirigentes, ex-dirigentes, clubes, UEFA, comentadores, grupos de adeptos, hotéis, etc. Todas as guerras servem para ganhar popularidade, num indivíduo que não consegue esconder o deslumbramento pela sua nova vida de figura pública.
Infelizmente, também já tivemos disto cá em casa. Conhecemos a espécie.
Pobre Sporting."

Luís Fialho, in O Benfica