sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Gaitán e Jonas de classe única

"O jogo do passado Sábado contra o Moreirense teve ingredientes de crime e suspense. Estar a perder até 15 minutos do fim, em casa, contra o Moreirense, clube que tem zero pontos, não era do desejo de nenhum benfiquista. Entre o gelado, o apático, o incrédulo ou o revoltado devia haver grande parte dos adeptos. Com talento, sorte e arte demos a volta à história, uma cabeça que saiu do banco e um remate contra o infortúnio que saiu do inconformismo de Samaris colocaram o rumo da história no seu curso natural. Quando ao minuto 86, em claro fora de jogo, o Moreirense empatou, senti o que poucas vezes senti num jogo de futebol. Gozando da faculdade de não estar no estádio, o que é raro, (estava numa festa de aniversário), fiquei fora de mim, para além do natural e razoável, só Jonas quatro minutos depois me devolveu ao estado de normalidade.
Que o FC Porto jogue muito mal contra o Estoril, é problema dos portistas, mas que o Benfica empatasse em casa com o Moreirense já era problema meu.
Não ia saber lidar com tamanho dissabor. Estes quinze dias de paragem vêm em bom momento (espero), para Rui Vitória recuperar jogadores e implementar a sua ideia de jogo. Este final de mercado foi calmo nas hostes encarnadas, a boa notícia para o Benfica foi mesmo Gaitán ficar. Gaitán e Jonas são de uma classe única, e a sua saída seria impossível de não ter custos elevados no rendimento da equipa.
Há loucuras financeiras que não têm nenhuma justificação. Ver chegar por 80 milhões um Martial a Manchester pode ser tudo menos futebol. É dentro das quatro linhas que gosto do jogo, quase tudo o que se passa à volta me causa repulsa. Com o mercado fechado, resta optimizar os recursos que temos para lutar pelo prometido título. É só isso que os adeptos querem e merecem, pois depois de uma derrota com o Arouca voltaram a fazer uma excelente assistência contra o Moreirense. Esses nunca faltam."

Sílvio Cervan, in A Bola

Mundo económico e Futebol

"Vemos actualmente numa sociedade na qual o que mais releva é o dinheiro. Quem é mais forte terá tendência a ser cada vez mais forte - a não ser que se espalhe do cimo da sua Torre, e quem é mais fraco tenderá mais a ficar nessa posição, até que um Dia a Morte lhe retire a Vida.
Claro que pelo meio existem os fenómenos de sorte, escassos, mas que vão repondo de forma muito esporádica, um equilíbrio nas forças que vivem numa sociedade, qualquer que ela seja.
Como já retratámos aqui em vários artigos, uma das maiores fontes de receita do futebol moderno são os direitos de transmissão televisiva.
No artigo passado, escrevemos sobre os montantes das receitas televisivas que a Taça de Portugal permitia auferir e facilmente, se chegava à conclusão que estávamos a falar de verbas completamente insignificantes. 
Uma empresa grande de prestação de serviços de telecomunicações, possui uma quantidade enorme de vendedores, que recebem instruções para, por todos os meios possíveis e imaginários, venderem os seus produtos.
As empresas de comunicações estão sempre a facturar, facturando o que devem e o que não devem, mesmo quando a maioria de nós dormimos - aqueles que ainda conseguem dormir algum sono tranquilo, o que confesso, já se me torna muito difícil face às amarguras da vida.
Seja como for, é como um taxímetro que está sempre debitar "bandeiradas", umas atrás das outras. É sem dúvida dos melhores negócios que se pode ter hoje em dia, face ao desenvolvimento dos meios de comunicação e a partir do momento em que alguém teve a brilhante ideia de reunir, som, voz e imagem, num pequeno objecto alcançável simplesmente pelos dedos da mão.
Vejamos a quem estão atribuídos os direitos de transmissão televisiva nos vários pontos deste Planeta:
Espanha - Telefonica
USA, Canada, Médio Oriente, França - beIN Sports
Grã-Bretanha - Sky Sports
Brasil - Spots+
Austrália - Fox Sports
Sub Continente Indiano - Sony Kix
América do Sul - ESPN Latin e Tv Direta
Indonésia, Malásia - Fox Sports Asia
México - TDN Sky México
Tailândia - CH7
Noruega, Suécia - Cmore Sport
Portugal - Sport TV
Dinamarca - Canal 9
Itália - Fox Sports Itália
Finlândia - Viasat Sport
Alemanha - Sky Sports Alemã
Cabe aqui fazer uma referência para o facto de alguns destes operadores terem a concessão em regime de exclusividade e outros não.
Salta logo à vista "desarmada", que a bein Sports, opera nos USA, no Canadá, no Médio Oriente e em França.
Penso que a explicação desta multiplicidade de Países é explicável pela simples análise dos Países e Regiões envolvidas.
Não nos podemos esquecer que o detentor do Paris Saint Germain é a Autoridade de Investimento do Qatar, personalizado na pessoa do Sheik Al-Khelaifi.
Essa Autoridade, que é um Fundo de Investimento do Qatar, foi constituída em 2006 e é especializado em investimentos em muitas áreas de negócios, inclusive, na área das telecomunicações.
Como se sabe, o preço do barril de petróleo tem vindo a baixar gradualmente, sendo muita dessa diminuição resultante da crise que se instalou nos Países Europeus e do decréscimo do consumo do mesmo. 
É paradoxal, mas quando existem crises económicas baixa o consumo de petróleo, o que, caso não existam interferências exteriores de "manipulação" do mercado, faz inevitavelmente baixar o preço dessa matéria prima Rainha da vida actual. Mas como o Ser Humano quer recuperação económica, até porque fica mais tranquilo em termos psicológicos, o que vai acontecer é que o preço do barril do petróleo irá aumentar, voltando um dia a existir outra crise, altura em que voltará a descer.
É que o dinheiro para "alimentar" o Fundo vem exactamente das receitas do petróleo e como se sabe, petróleo é coisa que não falta no deserto, onde se insere o Qatar.
Também não nos podemos esquecer que o Mundial de Futebol de 2022, será no Qatar.
Qual será o montante de receitas previstas com este Mundial? De onde terão origem os capitais que circularão por este Mundial? Qual serão os Balanços das deslocações financeiras entre os vários Países e mesmo Continentes, que emergirão deste evento ser realizado no Qatar?
Evento que provavelmente será realizado no Inverno face às altas temperaturas do Deserto no Verão. Não existe ainda nenhum estudo sobre o impacto económico do Mundial do Qatar que possa responder a estas perguntas.
Mas vejamos um Bingo.
bein Sport é uma rede de televisão por assinatura, presente em vários países, uma subsidiária da Qatar Al Jazeera, dedicado à transmissão de eventos desportivos.
Em Junho de 2015 foi anunciado que Nasser Al-Khelaifi pretende lançar o canal bein Sport nas operadoras de tv a cabo brasileiras.
Mas a bein Sports já anunciou que comprou os direitos de transmissão televisiva dos jogos de Portugal para Espanha, transmitindo um por jornada, o que já começou logo na 1.ª jornada."

Pragal Colaço, in O Benfica

A liberdade dos jogadores

"Causa-me muita estranheza que os jogadores, os verdadeiros artistas do futebol, os elementos principais do jogo, sejam hoje a parte fraca de um negócio que gera tantos milhões. E quando escrevo "parte fraca" não me refiro ao dinheiro que ganham. Mas à vontade que muitos (a maioria?) não têm direito a exprimir. O dinheiro pode comprar quase tudo, mas nunca a dignidade.
Apesar de a FIFA ter acabado com a possibilidade de uma terceira parte (empresários ou fundos) possuir direitos económicos sobre os jogadores, a verdade é que a liberdade destes continua a ser retalhada por três, por vezes quatro, partes. Sempre dentro de um quadro de legalidade, porque aquilo que verdadeiramente interessa para as federações são os direitos desportivos. E a "propriedade" económica divide-se pelas partes que forem necessárias, desde que exista bom entendimento entre todos. E quando o objectivo é o lucro escandaloso (comprar por 1 e vender por 50), não há como não haver acordo entre as partes envolvidas na ganância.
Em Portugal o fenómeno não era alarmante. Mas com o aumento da chegada de jogadores sul-americanos em número elevado, começamos a ter uma noção mais clara deste real problema. É que de há uns anos a esta parte, raro é o caso de um futebolista que consiga cruzar o Atlântico sem antes ver o seu passe repartido entre clube de origem, fundos e agentes, quando não também os próprios pais. Assim, na hora de fazer o grande negócio (a venda), as partes a contentar são tantas que o jogador não mais é que mercadoria nas mãos destas pessoas. Escolhe-se o futuro clube apenas pelo lado financeiro. Gere-se a carteira própria em vez da carreira do jogador.
O caso de Carrillo cabe bem neste quadro. Neste momento, conseguirá ele fazer valer a vontade própria para escolher onde vai jogar nas próximas épocas? Ou o agente e o proprietário de metade dos direitos económicos vão 'obrigá-lo' a ser transferido, por ser essa a única forma de encherem os bolsos? A escolha deveria ser do peruano do Sporting. Deveria ser ele a ficar com os 2 milhões do prémio que o clube lhe oferece. O agente dele concordará?..."


PS: Decidi publicar esta crónica, mas como é óbvio, estou-me marimbando para a liberdade do Carrillo!!! Até porque desde da chegada do Brunão as promessas aos jogadores de aumentos salariais têm sido muitas, e poucos têm sido aumentados... o mais natural seria mesmo os jogadores, mandarem o Brunão, plantar batatas!!!
Este problema é antigo, sempre me fez confusão a passividade com que Clubes, Federações, Confederações, etc... permitem que terceiras partes (empresários...) ganhem milhões, à custa dos Clubes, sem acrescentarem nada ao Futebol... Dinheiro que nasce da militância dos adeptos, que supostamente deveria sustentar os Clubes, acaba no bolso de oportunistas, na grande maioria dos casos, autênticos ladrões!!! Tudo isto feito dentro da Lei...
O que também é estranho (ou nem por isso) é que estes assuntos só mereçam reflexão jornalística em alguns casos, por exemplo: no caso do Mini, as brutais exigências do empresário Mafioso, ao Benfica, para efectuar uma renovação de contrato, nunca mereceram censura, bem pelo contrário, aquilo que se leu, era que a estratégia e decisão do Mini e do seu empresário, foram absolutamente normais, afinal são profissionais... têm que pensar na família!!!
E o Carrillo, deve ou não pensar na família?!!!

Uma tradição

"Não fossem dois erros de arbitragem registados em Aveiro, e o Benfica estaria, pelo menos, a par dos seus rivais no topo da classificação. Não fosse a inspiração de Gaitán e Jonas, e outro erro clamoroso de arbitragem ter-nos-ia subtraído mais dois pontos na partida com o Moreirense. Já nos jogos do nosso vizinho lisboeta, vimos um lançamento irregular proporcionar um golo decisivo aos 95 minutos da primeira jornada, e, nesta última ronda, vimos assinalados mais dois penáltis a seu favor - um dos quais a deixar bastantes dúvidas.
Paradoxalmente, o que se assiste é um irritante ruído em torno de alegados prejuízos do Sporting, que começa nos comunicados insultuosos do presidente nas redes sociais, e acaba no proverbial queixume de comentadores televisivos alinhados com o clube de Alvalade.
É uma tradição. Os romanos tinham os jogos florais, o Sporting queixa-se das arbitragens. E fá-lo recorrendo a uma retórica simplista, que repete até à náusea cada erro (ou pseudo-erro) verificado contra as suas cores, ignorando olimpicamente todos os erros ocorridos a favor - mesmo quando estes são bem flagrantes.
Nem a arbitragem portuguesa, nem o Benfica, têm nada a ver com o que se passou no Playoff da Liga dos Campeões. Aí, no plano externo, todos os clubes portugueses têm as suas razões de queixa. Nós, por exemplo, perdemos um final europeia há bem pouco tempo devido a uma arbitragem calamitosa. Com muito menos barulho.
Misturando tudo, pretendem confundir a opinião pública, e, sobretudo, condicionar os jogos seguintes. A nós não perturbam nem confundem.
Aos árbitros, veremos."

Luís Fialho, in O Benfica

O Benfica é isto

"Três 'remontadas' marcaram a semana desportiva do SL Benfica. A primeira foi a de Nelson Évora ao serviço da Selecção Nacional no Campeonato do Mundo de Atletismo. Depois das lesões muito graves e da desconfiança generalizada, o saltador do SL Benfica conseguiu a Medalha de Bronze no Triplo Salto ao última ensaio. Após ser Campeão Olímpico, Mundial e Medalha de Prata, só faltava o terceiro lugar no currículo. Feito e em grande estilo.
No Futebol, a perder por um a zero com o Moreirense até aos 74 minutos de jogo, a equipa seu a volta com substituições cirúrgicas (Gonçalo Guedes e Raúl Juménez) e dois golos de grande qualidade de Raúl (que estreia de sonho, um minuto em campo e golo!) e do grego Samaris. O Moreirense ainda empatou a cinco minutos do fim, mas a garra da equipa e a arte de Jonas deram em vitória. Na senda do tri.
No domingo passado, Supertaça de Futsal. A sete minutos do fim, o SL Benfica perdia por três a zero com o Fundão. Conseguiu empatar, levar o jogo para prolongamento e terminar com o resultado fétiche de 6 a 3. Mais um troféu para o Museu Benfica - Cosme Damião.
Três momentos, três histórias com final feliz, três exemplos daquilo que é o Benfica. Sucesso antes do trabalho só no dicionário. E é assim que os atletas, técnicos e dirigentes devem continuar a pensar para que o clube se mantenha vencedor em todas as modalidades.
Esqueçam aquela franja da comunicação social que vai continuar a fazer-vos a vida negra. Deitem para trás das costas os sms, posts e comunicados dos rivais a deitar-vos abaixo. Perdoem os nossos adeptos que são movidos apenas por ódios pessoais. Abstraiam-se de para-quedistas com soluções milagrosas. Concentrem-se naquilo que importa: serem sempre melhores. Eu acredito!"

Ricardo Santos, in O Benfica

Dar tempo ao tempo

"Não fizemos uma boa exibição na 1.ª parte: entrámos lentos e pouco dinâmicos. Alguns dos jogadores fundamentais não conseguiram, em campo, estar à altura do seu valor. O domínio e posse de bola não se traduziram em boas oportunidades de golo, exceptuando num ou noutro lance, infelizmente desaproveitados por jogadores que, à partida, pela qualidade que lhes reconhecemos, não costumam desperdiçar tamanhas ocasiões. Contra a corrente da partida, vimo-nos em desvantagem. O desporto, por vezes, é ingrato, e a ditadura dos números prevalece sobre a justiça e o mérito. Nestas situações, especialmente se ocorridas na sequência de resultados insatisfatórios, é natural que surja ansiedade.
Mas os campeões respondem com mais garra, velocidade e empenho, não se deixando esmorecer e sobretudo nunca desistindo, mesmo que a melhoria do seu desempenho não seja acompanhada por golos, dando a ideia que, por muito que se tente, não se conseguirá dar a volta à situação.
No entanto, nem sempre se tem azar e as boas decisões do treinador no banco e dos jogadores em campo são recompensadas. Foi o que se passou em Oliveira de Azeméis, na brilhantemente conquista da supertaça de futsal. Foi também o que ocorreu na Luz, frente ao Moreirense, em 2014/15. E foi, mesmo que muitos se recusem a acreditar, o que aconteceu no fim-de-semana assado na Luz frente ao mesmo Moreirense.

Sim, nem tudo é mau agora como nem tudo era bom no passado. Desconheço o que nos reservará o futuro, mas os 'parapseudopsicotácticos' da 'ideia de jogo' que se acalmem. Agora, com um ano antes (e dois) por esta altura, é cedo para sentenças definitivas. Que venha o Belenenses!
Já dizia Toni: 'No Benfica não há tempo para pedir tempo'."


João Tomaz, in O Benfica