sexta-feira, 17 de julho de 2015

Maxi no Porto foi tripla maldade

"Este domingo o Benfica tem o seu primeiro teste, e logo contra o prestigiado e poderoso PSG. Nós, os adeptos, já tínhamos saudades de ver joguinhos mesmo que amigáveis. Ao ver a valia dos adversários, vemos que esta pré época não foi feita para dar moral ou conseguir vitórias fáceis, mas para dar competitividade e prestígio. Enquanto os adversários se arranham para conseguir nomes com títulos recentes no palmarés, o Benfica exibe um plantel de campeões numa natural tranquilidade. Deverá vir um ou outro retoque, poderá entrar mais algum jogador (de preferência muito bom), mas o essencial de quem ganha tudo é não destruir o que está feito. E sabemos bem que há dois anos ganhamos tudo.
Maxi Pereira no Porto foi uma tripla maldade. Primeiro obrigar os portistas que comentaram e escreveram tratar-se de um sarrafeíro durante oito anos a agora escreverem que é jogador de classe, ambição e garra. Depois ver que um dos mais criticados jogadores vai viver a sua reforma paga pelo rival. Por fim, quando o onze portista entrar em campo o seu elemento com mais títulos ganhou-os todos no Benfica. Deve doer. Mesmo assim tranquilizo os meus amigos portistas, pois foi até agora a vossa melhor contratação, aquela que será mais útil, seguramente um bom profissional. Dizia-me ontem um amigo meu, portista zangado, que daqui a dois anos ainda compram o Luisão.
Parece que Pedro Proença avança para a Liga com apoio de Porto e Sporting, parece justo pois há muitos anos que não tem faltado apoio de Proença aos nossos rivais. Ser agradecido é uma característica que aprecio.
Veremos o desenrolar da pré-época quando a bola começar a saltar mas o Porto comprará seguramente um bom avançado e terá boa equipa e Sporting comprará seguramente um bom central e estará muito mais em cima da concorrência.
Vai ser um excelente campeonato."

Sílvio Cervan, in A Bola

As eleições na Liga de Clubes

"Pelo que se vai percebendo, as eleições para a Liga de Clubes, que terão lugar ainda este mês, vão dar muito que falar. Ontem soube-se aquilo que era mais ou menos dado como certo de algum tempo a esta parte, ou seja, que Luís Duque iria avançar com uma (re)candidatura. Nada mais normal para quem, ainda há pouco mais de uma semana, foi elogiado publicamente pela generalidade dos clubes pelo bom trabalho realizado na regeneração da Liga.
Curiosamente, há alguns meses, quando havia a possibilidade de Luís Duque não querer continuar em funções, A Bola noticiou que Pedro Proença podia disponibilizar-se para avançar com uma candidatura à Liga de Clubes. Muitos foram os que não acreditaram, até porque Proença não tinha nenhuma ligação ao dirigismo dos clubes, nem sequer, por razões óbvias e meritórias, aos clubes. Mas, como se vê agora, A Bola acertou na mouche e é o antigo árbitro quem surge na linha da frente como alternativa a Luís Duque. Pedro Proença prepara-se para se lançar nesta aventura com o aval de FC Porto e Sporting.
Em relação à Direcção dos leões, qualquer inimigo de Luís Duque será um bom amigo; já no que respeita aos dragões, que foram dos mais entusiastas quando Duque substituiu Mário Figueiredo, a coisa é um pouco diferente. Esta súbita mudança de agulha dever-se-á mais à guerra que o FC Porto move à FPF (Pinto da Costa, por razões até agora não explicadas, vetou o nome de Fernando Gomes), precisando, para isso, de um presidente de Liga que alinhe nesta demanda.
PS - Quantos jogadores emprestados serão moeda de troca para cativar votos neste ato eleitoral?"

José Manuel Delgado, in A Bola

Serenidade

"Serenidade é talvez a palavra que melhor define o momento da pré-temporada benfiquista. Pode parecer estranho, depois das saídas de treinador e sub-capitão para emblemas rivais. Mas percebe-se, quando se fala de um Bi-Campeão Nacional.
O paradoxo desta pré-temporada é, aliás, a forma como os três principais clubes estão a lidar com as circunstâncias. Do lado de cá, a resposta à fuga - ou traição, ou deserção, ou aquilo que lhe quiser-mos chamar - dos dois elementos acima referidos, não podia ter sido mais adequada. Como alguém disse, tanta calma até parece incomodar a concorrência. O Benfica, que em tempos resistiu à perda de uma figura maior como foi Eusébio, é demasiado grande para depender de figuras menores, cujo lugar na história acaba de ser apagado pelos próprios. Em Agosto, ninguém se lembrará das ausências, e a vontade de vencer poderá mesmo sair reforçada.
Na vizinhança, pós-loucura financeira em torno de um novo técnico, por entre guerras com ex-presidentes, ex-treinadores, processos disciplinares, justas causas, perdões bancários e contratos rasgados, as notícias vão apontando para sucessivos falhanços na contratação de jogadores. Ou me engano muito, ou em breve assistiremos também a uma debandada dos principais titulares.
Mais a norte, o desespero também dita leis. Com membros da Direcção a contas com a justiça, a regra parece ser, contrata-se primeiro, e, quando a dinheiros... logo se vê. Algo me diz que não vai correr bem.
Enquanto isso, no Seixal trabalha-se. Com confiança e entusiasmo. Rumo ao Tri.
Pressão? Loucuras? Ficam para os outros. Nós só queremos os títulos."

Luís Fialho, in O Benfica

A mina de ouro

"Escreveu o meu amigo Carlos Rodrigues, no Correio da Manhã, que o futebol português talvez precise, em breve, de um resgate financeiro. A afirmação é forte, mas não deixa de ter um fundamento evidente face às contratações surpreendentes do defeso: o Sporting, a emagrecer financeiramente desde a eleição de Bruno de Carvalho, apresenta subitamente verbas suficientes para a contratação do treinador bicampeão nacional; o FC Porto, sem ganhar nada há dois anos e depois de um investimento de milhões sem retorno no último Verão, surpreende com a contratação de Iker Casillas. Poderia tudo ser um bom prenúncio, não fora as conhecidas dificuldades financeiras e os elevadíssimos níveis de passivo financeiro que povoam as contas dos principais clubes portugueses. Para já não falar, claro, da intensa exposição à crise financeira e ao colapso do BES. O que verdadeiramente intriga é o surgimento de verbas que não parecem ter qualquer cabimento no quadro orçamental dos clubes e nas contas que os próprios submetem, periodicamente, à CMVM. Portanto, haverá que concluir por uma de duas vias: ou os clubes estão sob aquisição, e o capital disponível se deve à entrada de investidores que, cedo ou tarde, serão os donos e os senhores dos clubes, como aconteceu no Chelsea ou no Valência; ou, em rigor, estamos a cruzar perigosas linhas vermelhas que, sem o devido retorno, se tornarão numa crise endémica das finanças desportivas em Portugal. O Benfica de Luís Filipe Vieira tem ficado, e bem, à margem desta loucura de mediatização que, de repente, tomou conta dos responsáveis do Futebol. Não me admira que no final do próximo ano, sejam os clubes - e já não o país - sob resgate financeiro da UEFA ou da FIFA. Acreditem: não há minas de ouro gratuitas!"

André Ventura, in O Benfica

Benfica sobre rodas

"Todos os anos, por esta altura, fantasio uma participação Benfiquista no Tour de France.
Ciente que estou da exigência orçamental que um projecto desta envergadura exigiria e da dificuldade na obtenção de um convite para integrar esta prova mítica, rapidamente abandono o sonho de ver o vermelho das nossas camisolas em estradas francesas e dedico-me à racionalidade dos números e ao consolo de saber que a actividade benfiquista nesta modalidade, apesar de histórica no Clube, foi suspensa em quatro períodos diferentes, sempre por razões financeiras.
No presente, recuperada que está a credibilidade e a capacidade de investimento do SLB, além do cada vez maior reconhecimento da força da sua marca, creio que chegou o momento de se repensar o afastamento das estradas, cumprido, de forma ainda mais vincada, o seu cariz ecléctico e dar continuidade a um longo percurso, iniciado em 1906, no qual se evidenciaram grandes atletas de 'águia ao peito' como, entre muitos outros, Alfredo Luís Piedade, José Maria Nicolau, Peixoto Alves, David Plaza ou, mais recentemente, Rui Costa.
Com - à semelhança do Futebol - uma estrutura independente do Clube, mas não autónoma, e a implementação de uma filosofia que conjugue grandes figuras e a aposta sustentada na formação ('Benfica Olímpico' e Atletismo), julgo que o Benfica poderia, a médio prazo, liderar o Ciclismo nacional e marcar presença regular em provas internacionais. Apesar de desconfiar que a notoriedade do SLB se torna contraproducente (suspeitas de conluio de adversários), não menos verdades é que a glória benfiquista se fez da constante superação às adversidades.
E o emblema até tem um ciclo..."

João Tomaz, in O Benfica