quarta-feira, 10 de junho de 2015

Ego

A poucas horas da apresentação do próximo treinador do Benfica, e já com a poeira a assentar, acho importante deixar para memória futura a minha interpretação dos factos, que foram tornados públicos - às migalhas... -, sobre a não renovação do contrato, do nosso ex-treinador, para a partir de amanhã deixar este assunto morrer...
Como é normal nestas circunstâncias a contra-informação, as afirmações fora de contexto, as fontes imaginadas, os interesses mais escuros ou mais claros, acabam sempre por atrapalhar uma visão límpida destes assuntos... E curiosamente, já li e ouvi tantos comentários, mas ainda ninguém defendeu aquilo que eu penso ter acontecido!!!

A decisão de Jesus ir para o Sporting foi tomada à bastante tempo, em Janeiro já andavam a jantar juntos (na semana no Paços-Benfica...), as garantias bancárias de 23 milhões de euros não se arranjaram de momento para o outro (18+5).
Em todas as intervenções públicas, Jesus, afirmou sempre que a renovação seria tratada após o fim do Campeonato, nunca antes. Não foi o Presidente do Benfica, que por opção estratégica deixou a renovação para a última...
Insinuar que foi o Benfica a empurrar Jesus para fora do Benfica é parvo. O Benfica ofereceu-lhe um contrato igual ao anterior... algo que o Luís Filipe Vieira confirmou sempre nas entrevistas que concedeu, no último ano.
Insinuar que o Vieira 'empurrou' o Jesus para o PSG (ou o Inter ou Milan, ou o Marselha ou o Nápoles...) é ridículo. Pelo que sei Vieira é Presidente do Benfica, e não tem qualquer influência sobre as escolhas de treinadores dos outros Clubes. 
Foi o próprio Jesus, que nunca perdeu a oportunidade, de publicamente, anunciar a sua ambição de treinar um grande Clube Europeu... O Jorge Mendes não andou a tentar encontrar um Clube no estrangeiro para Jesus por auto-recriação, obviamente Jorge Jesus estava informado das negociações...
Nas primeiras horas, após a confirmação da saída, parecia que o ordenado do Jesus iria ser muito maior. Será de facto mais alto, mas a diferença, nem é assim tão grande... Portanto, não acredito que o dinheiro tenha sido o factor decisivo...

Como a história do clube do coração, é só uma estória da carochinha, sobra somente uma alternativa:
Jesus saiu do Benfica para o Sporting, porque quer provar à saciedade que os títulos que o Benfica conquistou nos últimos 6 anos, são da sua exclusiva responsabilidade. Não foi o Presidente, não foi a estrutura, não foram os adeptos, nem foram os jogadores.. o único responsável pelas vitórias, foi ele... o Ego dele, assim o obriga a pensar.
Assim, se ele triunfar no Sporting, 'acaba' com esta discussão... Será ele o alquimista, que irá transformar os jogadores reles, em estrelas galácticas, será ele que irá construir uma estrutura ganhadora num clube habituado a perder...!!!
Tendo também um excelente álibi se as cosias correrem mal: a estrutura 'amadora' Lagarta, o ADN derrotista Lagarto...
Tenho a certeza que em caso de insucesso, a culpa, seguramente, não será dele!!!

Como consequência destes actos, os jornaleiros e cumentadores vão 'vender', a próxima época, como uma guerra Vieira/Jesus (não sei o Brunão vai gostar!!!), mas isto é uma consequência... Vieira não causou a cisão, mas vai entrar na 'guerra' mesmo que não tenha sido ele a provocá-la.
Depois de 5 épocas, onde Jesus chantageou constantemente Vieira com potenciais ofertas para Clubes rivais, ou para o estrangeiro (na altura não acreditei em alguns destes rumores, mas agora acredito... até o Godinho!!!), talvez esta época, Vieira, sabendo que nenhum daqueles Clubes 'grandes' Europeus lhe iam oferecer contrato, jogou na expectativa que Jesus iria ficar na mesma (e nunca acreditou no aparecimento dos 'amigos' esverdeados do ex-BES...!!!) Correu-lhe mal a estratégia, mas não foi o Presidente, a provocar a tal 'guerra' que os jornaleiros vão devorar!!!

Independentemente de tudo isto, existem outros dois pormenores que tem passado entre os pingos da chuva.
- Jesus sabia com bastante antecedência que ia para o Sporting, mesmo assim foi preparando a próxima época no Benfica, com contratações, observações, estágios, e jogos de preparação na agenda...
- Depois de Vieira nas duas anteriores renovações ter 'segurado' Jesus, sem corte salarial, apesar dos objectivos não terem sido cumpridos (na 2.ª vez, tínhamos perdido o Campeonato nos últimos 3 anos...!!!).
Agora, em tempo de 'separação', Jesus não teve a coragem de dar a cara, e explicar ao Presidente do Benfica, seu 'amigo', a sua decisão de ir para o Sporting, presencialmente... pelo telefone já teria sido deselegante mas nem isso, foi mesmo à cobarde.

Fato pronto-a-despedir (ou facto?)

"Terminada a época do futebol, julgava eu que me faltariam temas para os meus bissemanais Pontapé-de-saída. Pelo contrário, verifico agora e sobretudo na 2.ª Circular que assuntos não faltarão.
Hoje vou-me dedicar apenas à temática da farpela. Ou - agora que muita gente anda de voltas trocadas com o estapafúrdio acordo ortográfico - com o facto do fato ou o fato do facto. Um factor decisivo. Parece que em Vizela, num jogo visto por milhões, houve um treinador que não vestiu a fatiota domingueira (era quarta-feira), mas também, segundo rezam as crónicas, não envergou um fato-macaco (pelo menos ele), nem fato-de-banho (foi em 17 de Dezembro), nem fato-de-saia-e-casaco (não era no campeonato escocês).
As imagens televisivas mostram-nos o técnico envergando um asseado fato-de-treino, o que até estaria mais conforme com o treino que, à partida, aquele encontro para a Taça de Portugal deveria ter sido (depois se viu que não foi tanto como isso).
Cinco meses depois, eis que se inventou uma nova moda (ou um novo marco?) para o fato-de-treino. Transformou-se um fato pronto-a-vestir num fato pronto-a-despedir. Ou melhor, era essa a ideia, mas o alfaiate não sabia que, segundo a lei laboral, tinha 60 dias para aplicar a nova moda. Convenhamos, o alfaiate não pode, nem tem que saber tudo. Sabe de alfinetadas e já se dá por satisfeito.
Bem sabemos, também, que esta coisa do fato não advém de uma qualquer fatwa islâmica. Foi apenas um momento fátuo. Daqueles que abundam no reino do futebol (ou será fatobol?)

PS: Começo a compreender por que é que a Guiné Equatorial faz parte da CPLP."

Bagão Félix, in A Bola

Juvenis - 6.ª jornada - Fase Final

João Tavares
Nacional 1 - 3 Benfica

Os já Campeões Nacionais de Juvenis, deslocaram-se à Ilha da Madeira, para a última jornada do Campeonato, terminando a época com mais uma vitória, em pleno relvado da Choupana... Aliás, na Fase Final fizemos o pleno: 6 jogos, 6 vitórias. 14-3 nos golos. Perfeito...
Destaco o grande golo do João Tavares, com remate colocado, e a excelente combinação colectiva no golo do Zé Gomes... o Jota só teve que 'encostar'!!!

Duarte; Cabral (Medeiros, 75'), Borges, Silva, Araújo; J. Pereira, Tavares, Matheus (Lourenço, 56'); Jota, Dias (Pinto, 69'); Gomes.


PS: Parabéns aos nossos Iniciados B, que fizeram a festa hoje no Seixal, empatando com o Vilafranquense (1-1), tornado-se assim Campeões Distritais da categoria, num jogo que terminou de forma emocionante...!!!

Juergen Klopp

Indefectíveis,

Quarta-feira e nem sinal de fumo branco. Diz-se, fala-se, pre-anuncia-se, todos dão o facto como consumado, mas isso para mim diz nada, patavina, nicles, zero. Enquanto a assinatura não estiver no papel continuarei lutando pelo sonho. Porque é isso o ser indefectível, lutar pelo Benfica, sempre!
  
Pelo que, com a reverência necessária, senhor presidente, lhe peço encarecidamente que levante a caneta do papel e pegue no telefone porque contou-me um passarinho Benfikista (ver link) que o extraordinário mestre guru Juergen Klopp está disponível para conversar, e possivelmente com vossa excelência.

Vou repetir novamente se ainda não entenderam, o extraordinário mestre guru Juergen Klopp está disponível para conversar.

Não custa nada sonhar. Uma coisa é certa. Ele tem o perfil ideal. Um dos rostos mais marcantes da revolução alemã conjuntamente com outro Juergen, o Klinsmann. Lembremo-nos de Goetze, Hummels, Reus... Encaixa como uma luva em tudo aquilo que tenho vindo a falar. E tenho a certeza que uma vez colocando os pés na nossa catedral se apaixonará pela nação benfiquista.

Senhor presidente, com Juergen Klopp o futuro da instituição estará garantido. Os patamares serão galgados a velocidade vertiginosa. Ele é a trave mestre que nos falta. Vale o seu peso em ouro. Não poupe esforços para o cativar para o nosso projecto. 

Viva o Glorioso Sport Lisboa e Benfica. 

<3 

Agradecer ou atacar Luís F. Vieira?

"Jorge Jesus lá assinou pelo Sporting, continuam as especulações sobre como se tudo passou e hoje ou amanhã já teremos a confirmação do novo treinador do Benfica. As emoções e desilusões já voltaram à casa de partida e com alguma informação e com o cruzamento de alguns dados é mais fácil a todos nós com bom senso entendermos um conjunto de situações.
Jorge Jesus é um treinador vencedor. É um facto! Goste-se ou não do perfil e dos seus métodos, venceu uma dezena de provas pelo Benfica. Logo, o Sporting contrata um treinador vencedor. Afirmar que isso chega para vencer em Alvalade é pura especulação, já que no Benfica há uma estrutura que demorou muito a construir e não foi construída apenas por Jesus, embora este tenha sido uma peça deveras importante.
Jorge Jesus, apesar de vencedor, vencia desalinhado com aquilo que eram os ideais do clube e de Luís Filipe Vieira. E pode-se afirmar com algum grau de certeza que essas vitórias foram adiando aquilo que um dia poderia ser a gota de água do desalinhamento entre o que é a política desportiva desejável do Benfica e a que Jorge Jesus impunha e decidia. Tudo leva a crer que será semelhante no Sporting a perspectivar pelas notícias.
A formação do Benfica (nem falando de títulos, mas sim de tudo agregando a estrutura, o investimento financeiro, instalações, recursos humanos, etc.) é a maior de Portugal. É verdade que raramente a formação de um clube em Portugal dá para vencer competições. O Sporting é o caso mais gritante e o Porto, mesmo quando é campeão de juniores por exemplo e com um excelente treinador na equipa B como Luís Castro, não consegue quase nunca colocar jogadores da formação na sua equipa principal.
Casos como João Cancelo, André Gomes e Bernardo Silva confirmam que o produto que lá é formado poderia de caras fazer parte do plantel principal da equipa do Benfica. Luís Filipe Vieira viu-se numa encruzilhada de decidir como obrigar Jesus a fazer uma aposta na formação ou deixá-lo sair. Optou pela última. Perspectivando que o treinador português sairia para fora e não para dentro. Mas mesmo com esse pormenor ou pormaior, os títulos de Jesus no Benfica foram todos ao leme com Vieira e aqui não se pode excluir ninguém do sucesso. Jesus devolveu aos benfiquistas a exigência de querer ganhar sempre. Luís Filipe Vieira possibilitou ao treinador os maiores investimentos alguma vez feitos no Benfica.
Não entendo nem o pessimismo de muitos benfiquistas nem o total optimismo de sportinguistas. Há mais mundo para lá de Jesus no Benfica. O presidente baixou consideravelmente o pagamento a um treinador. Mas a estrutura e o conhecimento estão lá. O Sporting sabe, espera-se, que Jesus é um treinador vencedor, mas que implicará muita coisa, a começar pela capacidade do treinador e presidente conseguirem coabitar juntos quando são duas figuras tão proeminentes.
Na dúvida, tudo leva a crer que Vieira não fez assim tão mal em deixar sair Jesus, mesmo que tenha ficado num dos rivais. A aposta na formação se era para ser uma realidade, que seja. E atenção, qual fosse a forma pós-Jesus ia ser sempre complexa. Como a época pós-Pinto da Costa ou pós-Vieira também o serão. Muito tempo e muita liderança."

Populismo

"Fracturar o Sporting em tempo de apelo à mobilização não é apenas uma má ideia, é uma ideia perigosa
O empolgamento populista de Bruno de Carvalho está a ser extremado e levado a um ponto perigoso. Partir do princípio político de que quem não está connosco está contra nós pode surtir efeitos mediáticos no momento da capitalização de dois êxitos - conquista da Taça de Portugal e roubo do treinador ao rival histórico - e quando se tem em mente o reforço de poderes referendando-se nas urnas, em eleições antecipadas, mas a execução pública de adeptos do clube que possam, eventualmente, fazer sombra não é um caminho seguro de se trilhar.
O Sporting tem uma direção legitimada por voto popular e mandatada para governar o clube segundo um programa sufragado pelos sócios, não para julgar acções ou opiniões de associados discordantes. A emoção e a euforia são más conselheiras, a crítica é livre, quem estiver na disposição de discutir políticas pode apresentar-se a eleições, mesmo quem não pretender chegar a esse ponto tem o direito de manifestar-se. Mesmo num país incapaz de funcionar sem governos maioritários e autocráticos, este não é nem pode ser um tempo de unanimismos.
Estou convencido de que Bruno de Carvalho não enfrentará, pelo menos nos próximos meses, a vaga de fundo de que fala Dias da Cunha com o intuito de o destituir do Sporting, mas numa altura em que apela à mobilização, promover fracturas entre adeptos só pode mesmo servir para o reforço da idolatria e de um projecto de poder pessoal. Partido quer-se o futebol e só quando se defende bem e tem uma equipa bem trabalhada para jogar em contra-ataque."

Fé e montanhas

"Luís Filipe Vieira proclama a aposta na formação, mas vai tratando de prevenir para não ter de remediar 
Luís Filipe Vieira peca por defeito quando diz que o trabalho realizado pelo Benfica nos últimos nove anos ao nível da formação vai finalmente começar a dar frutos na próxima época. A verdade é que já deu. Assim de repente, só para recordar os mais mediáticos, deu Bernardo Silva, André Gomes e João Cancelo, com os quais, por sinal, o clube da Luz ganhou cerca de 45 milhões de euros enquanto vencia dois títulos de campeão nacional. Não será impossível, mas também não deve ser fácil fazer muito melhor. Ora, é compreensível que a aposta na formação seja erguida como bandeira, especialmente enquanto reacção à saída traumática de um treinador que lhe torcia o nariz, mas é difícil imaginar que a imposição de quotas seja o melhor caminho para garantir o sucesso. Afinal, porquê cinco 'jovens formados com a cultura do Benfica' na equipa principal? E se só quatro tiverem qualidade para garantir um lugar? E se forem só três? Entram todos à força? E, especialmente, até que ponto essa aposta em talentos jovens saídos da formação é compatível com a necessidade de continuar a ganhar? Provavelmente, a resposta para essas perguntas pode ser encontrada na forma como o presidente do Benfica se empenhou pessoalmente no prolongamento do contrato com Maxi Pereira. Afinal, a fé move montanhas, mas o melhor é dar um empurrão enquanto se reza."

O que hoje é verdade amanhã é mentira

" «Gosto muito de trabalhar com o Inácio, o Virgílio e o Marco. Tenho muito orgulho do trabalho feito.»
Sporting TV, 12 de novembro de 2014

«Em momento algum o Marco Silva foi demitido, em momento algum isso lhe foi transmitido.»
Record, 27 de Março de 2015

«Eu e o Marco somos crescidos e está tudo ultrapassado.»
Record 27 de março de 2015

«O Marco é um treinador de talento que ainda vai dar muitas alegria aos sportinguistas.»
SIC, 1 de Abril de 2015

«Ao dia de hoje, o Sporting não sabe que dinheiro vai ter na próxima época e não estamos a preparar a próxima época com a rapidez que gostaríamos.»
Sporting TV, 12 de maio de 2015

«... Terminar o campeonato em terceiro lugar não ajuda, porque há menos dinheiro, menos empresas para entrar no futebol e não garante acesso direto à Liga dos Campeões.»
Sporting TV, 12 de maio de 2015

«É fácil dizer que o Sporting precisa de vários jogadores, mas o que precisava era de clarificar o orçamento.»
Sporting TV, 12 de maio de 2015

Caro leitor, eu não comprava um carro em segunda mão a Bruno de Carvalho. Provavelmente nem um carro novo lhe comprava. Incomoda-me o estilo e critico-lhe muitas das práticas. É isso que tenho feito nas páginas de Record. Também lhe reconheço mérito em várias acções. Sei que colocou as contas em dia, devolveu ao Sporting uma ambição perdida e contestou poderes instalados. Hoje anda tudo a fazer-lhe vénias pela contratação de Jorge Jesus. Com certeza que foi um acto arrojado. Mais arrojado até para Jesus, mesmo subsistindo enormes dúvidas sobre a operação financeira e a alteração que esta representa no paradigma de gestão. Mas, se Bruno fosse tão corajoso e determinado como apregoa e como gosta que o vejam, não deveria ele ter resolvido olhos nos olhos o assunto Marco Silva com ou sem Jesus? A bem, que é o recomendável, ou canhestramente a mal com o processo disciplinar que visa o despedimento com justa causa e que vai mesmo acabar com Marco Silva despedido a menos que se despeça primeiro.
Sucede que Bruno de Carvalho que agora mandou elencar 400 páginas numa nota de culpa contra o treinador maldito é o mesmo que Dezembro saiu de casa na véspera de Natal para dizer que tudo em paz e que não havia problema nenhum.
É o mesmo Bruno de Carvalho que uma ou duas semanas depois tirou o tapete onde tinha confortavelmente instalado José Eduardo, auto-intitulado guardião da 'cultura Sporting'.
Com Jorge Jesus o Sporting será melhor? Vamos ver que jogadores tem à disposição mas é provável. Não pela conversa serôdia do 'clube do coração'. Porque sim. Jesus é muito bom no que faz e sentiu-se ostracizado pelo Benfica. Mas ele que pense como o seu inimigo de estimação. Augusto Inácio, um vencedor como jogador, treinador e dirigente e que foi descartado de Alvalade.
Bruno de Carvalho se não tivesse o Ás de Ouros que é Jesus faria o quê? Manteria a paz podre? Se os sportinguistas consideram a pergunta disparatada ou um mero detalhe estão redondamente enganados. É uma questão de princípio.

As Contas de Vieira
Luís Filipe Vieira apareceu com um ar sereno no jantar com os deputados benfiquistas um dia depois da 'bomba'. Vieira é um dirigente experiente e um homem vivido e, se a sua cabeça estava a mil não o deixou transparecer. O presidente do Benfica apenas se pode queixar dele próprio. Tal como há dois anos, contra tudo e contra todos, impôs Jorge Jesus, desta vez também parecia claro na sua cabeça que era o tempo de mudar, porque, talvez com pena de Vieira o treinador não era sensível ao tema da formação, essencial para o reequilíbrio financeiro do Benfica. E, no entanto, nestes seis anos com Jesus, o clube foi uma placa giratória de jogadores e um verdadeiro entreposto de negócios. Essa responsabilidade foi afinal de quem? Ao todo o Benfica recrutou 74 jogadores, uma média entre 12 e 13 jogadores por época, sendo que alguns nem chegaram a ver a estátua de Eusébio. Ganhou muito dinheiro - quase 417 milhões de euros (algum com jóias da formação como Bernardo Silva ou João Cancelo) mas também gastou muito mais do que seria necessário: 215 milhões de euros. Foi Jesus sozinho que mandou vir mais de 70 jogadores? Ou terá ele tido um papel mais relevante na valorização da maioria dos activos entretanto vendidos?

Opção Rui Vitória
Rui Vitória é o mais que provável treinador do Benfica. Tem uma boa escola, uma boa identificação com o clube, onde já trabalhou, uma boa relação com o presidente, sensatez no discurso, capacidade de mobilização dos jogadores. Todos esses pontos estão a seu favor. Rui Vitória também colocou o Paços de Ferreira e Vitória de Guimarães a jogar bom futebol. Mas, o Benfica é outra realidade. Outra pressão, outra exigência. É sempre, será mais no próximo ano dadas as circunstâncias em que Rui Vitória entra e em que a Liga terá lugar, numa luta a três com FC Porto e Sporting. A minha dúvida é se este homem cordato terá nervos de aço e capacidade de afirmação (Jorge Jesus e Julen Lopetegui têm) para esse combate dos chefes? E, já agora, com que jogadores vai contar no plantel.

A opção Marco Silva
Marco Silva seria uma grande opção para o Benfica. Tem excelente trabalho feito no Estoril, bom trabalho no Sporting em circunstâncias difíceis, é reservado mas de personalidade forte e não deixaria de querer ajustar contas mesmo não fazendo disso o foco do seu trabalho. Teria uma grande capacidade de mobilização da nação benfiquista que sai maltratada deste processo porque, as coisas são o que são o Sporting disparou um tiro certeiro. No entanto este não é o tempo de Marco no Benfica e ele é demasiado jovem para ter pressa. O seu regresso a um grande - e o Sporting não deve ser excluído - é uma mera questão de tempo."