sexta-feira, 22 de maio de 2015

Foi muito divertido

"Vamos imaginar que o Benfica, apenas por sonho, tinha um jogo decisivo em Guimarães para ser campeão. Vamos imaginar que o Benfica jogava bem, podia golear, mas a bola não entrava. Vamos imaginar que o árbitro era o preferido, requisitado e adepto da equipa rival. Vamos imaginar que anulava um golo limpo ao Benfica logo aos sete minutos e não assinalava um penalty claro aos 32. Vamos imaginar que o Benfica empatava 0-0. Vamos imaginar que o rival jogava no Restelo, contra um limitado Belenenses e que a cinco minutos do fim um jogador suplente, que não havia marcado um golo na primeira Liga esta época, que jogou em escalões secundários quase toda a carreira, empatava a partida. Vamos imaginar que o treinador rival que já havia ameaçado puñetazos dava vários no banco dos suplentes e acabava de joelhos no relvado.
Eu sei que tudo isto não era possível, mas, se fosse, seria provavelmente das vitórias mais saborosas para quem ganhou e das derrotas mais difíceis para quem perdeu. Há várias maneiras de ganhar e várias de perder, mas se fosse possível assim hão-de convir era muito divertido.
Chegados ao 34. Merecemos e queremos festejar. Um bicampeonato, o quinto troféu nacional consecutivo, sem nenhum outro clube se intrometer na série, e a forma determinada como se ganhou um título que no início da época todos davam como difícil e improvável, até pela qualidade e aposta do adversário. Incapazes de reconhecer méritos no Benfica, todos se lançam na busca dos deméritos do rival.
Agora até se encontram mais defeitos em Lopetegui que virtudes em Jorge Jesus. Há razões de sobra para festejos, mas pode ser com moderação, porque há ainda mais para ganhar esta época, pode vir um sexto troféu a caminho, para desespero dos invejosos e orgulho dos benfiquistas."

Sílvio Cervan, in A Bola

Vamos ao tri!

"A última vez que o SL Benfica conquistou um Tricampeonato foi na temporada 1976/1977. Faz 39 anos no fim da próxima época. E é com esse objectivo de vitória na cabeça que os jogadores do plantel da equipa principal e da equipa B terão de começar a trabalhar depois das férias. Não há tempo a perder, não se pode perder mais tempo.
O adversário principal está ferido - e sem dinheiro no bolso - mas não está morto. Com certeza nas cabeças pensantes das Antas já deverá estar a ser planeada a reconquista. Deverá estar a caminho mais um batalhão de milionários emprestados, os desta época voltam a casa como cá chegaram: sem troféus para mostrar nas redes sociais. Nos bastidores já devem andar a circular os facilitadores de favores e outros eufemismos, sempre prontos a premiar os meninos bem-comportados que entram a pés juntos, que fingem lesões de véspera ou que levam cartões amarelos no período de desconto.
Na próxima época vai valer tudo para impedir o SL Benfica de ser Campeão. Se este ano já foi o desespero que vimos, imaginem a espuma que deverá sair de algumas bocas em agosto, quando a bola voltar a rolar...
É por isso que não podemos facilitar. Façamos uma grande festa com o Marítimo nesta última jornada, apontemos as baterias para a conquista de mais uma Taça da Liga e depois aproveitemos bem o descanso. Vamos voltar fortes, com o escudo de Bicampeão nas novas camisolas. Este ano voltámos a ser melhores, mais profissionais, mais competitivos, mas isso já faz parte da história. Acabou, está conquistado. O que interessa agora é o tri.
Encontramo-nos no Marquês daqui a um ano. Ou menos."

Ricardo Santos, in O Benfica

O Benfica não merecia

"Alguém ficou surpreendido? Eu não. Estava-se mesmo a ver. Depois de uma época televisiva inteira de insultos e ataques entre dirigentes, treinadores e comentadores, o campeonato só podia terminar desta maneira. Violência, confrontos, pilhagens e detenções. No final quem se lixa é apenas a polícia e os adeptos, porque os verdadeiros culpados, esses estão calados e bem calados.

Não há assunto que tenha mais destaque, horas de transmissão e debates na televisão do que o futebol. O fenómeno foi crescendo à medida que a política se tornou cada vez mais desinteressante. Não sei como aconteceu, mas de um dia para o outro os mais sérios comentadores políticos, governantes, economistas e até sindicalistas passaram a comentadores televisivos de futebol. Tão depressa falam do desemprego, do PIB, da austeridade, de coligações e da guerra da Síria como da arbitragem, das transferências de época ou mesmo das escolhas de Jorge Jesus, de Lopetegui e Marco Silva. Mudam de casaco (ou será casaca ?) e de discurso a um ritmo tão alucinante que nunca sabemos o que estão a comentar. O frenesim é tal que a mesma pessoa chega a estar em dois canais ao mesmo tempo, e a falar de assuntos opostos!
Já se perdeu todo o pudor e vergonha. Uma coisa é gostar de futebol, outra coisa é falar do assunto com autoridade, mas é isso que pessoas com responsabilidade neste país fazem sem medir as consequências. Esses mesmos que passaram o ano a espumar de raiva na televisão nos debates televisivos de treinadores de bancada, são os mesmos que agora aparecem como virgens ofendidas a condenar a violência no futebol. Como se atrevem? Todos, com poucas e honrosas exceções, mais não fazem do que destilar ódio e veneno sobre milhões e milhões de adeptos todo o ano!"


PS: Concordo totalmente com a opinião expressa pelo colunista, mas sobre os incidentes no Marquês, aproveito para deixar mais um video, desta vez em jeito de Link. Estas imagens foram transmitidas pela RTP.

Adenda: Aqui está o video...

PSP FILMADO A DAR UMA VIOLENTA CHAPADA A ADEPTO DO BENFICA from Benficabook on Vimeo.

Diga 34!

" «... enquanto os outros falavam, nós íamos trabalhando». Esta frase, dita no rescaldo do jogo do título pelo capitão Luisão, reflecte o que se passou ao longo da temporada, e explica porque estamos agora em festa. 
Perante um adversário directo que bateu todos os recordes de investimento para nos derrotar, que dispôs do plantel mais caro da história do Futebol português, e que, por tudo isso, era tido em Agosto como o grande favorito à conquista do título, o Benfica valeu-se da humildade, da união, do crer, da raça, e da regressada Mística, para inverter os papéis, e terminar na frente. Valeu-se, também, do manto protector de milhões de adeptos espalhados pelo País, que em momentos-chave carregaram a equipa ao colo rumo a importantes vitórias.
Quem mais falou, acabou ajoelhado no chão, de mãos a abanar, e insultado pelos seus. Nós, acabamos Bi-Campeões, e envolvidos numa gigantesca festa nacional e lusófona - bem mais ampla do que os pontuais incidentes verificados em Lisboa. O mérito deste título é de muita gente. Mas dois homens emergem como figuras maiores de uma conquista cujo significado histórico vai bastante além do número 34. Jorge Jesus, que reconstruíu uma equipa de raiz, dotando-a de uma dinâmica de vitória absolutamente notável, e, sobretudo, Luís Filipe Vieira, que já não andará longe de se tornar o maior presidente de sempre do Sport Lisboa e Benfica.
Feita a festa, é altura de olhar para a frente. Falta ainda garantir a Taça da Liga, de modo a fechar mais uma temporada futebolística com três troféus: uma espécie de triplete-versão dois, que não queremos desperdiçar."

Luís Fialho, in O Benfica

Campeões no campo, na finança e na ética

"Reza a história que o Sport Lisboa e Benfica passados 31 anos, conseguiu ser Bicampeão em Futebol, na categoria principal.
E podem dizer tudo o que quiserem dizer - é para isso que a Natureza deu a fala -, que todos os Homens se ajoelham! Ajoelham-se os que troçam dos outros se ajoelharem!
Ajoelham-se aqueles, cuja sua maior razão de Vida é gozarem com os outros para ocultarem as suas fraquezas!
Ajoelham-se os que mais se julgam poderosos!
Ajoelham-se os vencidos, quando os vencedores os obrigam a isso!
Ajoelham-se os vencedores quando a ética, a humildade, a honra e a nobreza imperam!
A vida é feita de um autêntico carrossel de altos e baixos, em que é preciso saber perder e sofrer quando se está em baixo e é preciso saber manter o astral e a segurança, quando se está em cima.
Não há muitos Seres Humanos que consigam fazer isto!
Nas épocas áureas de outros, nem a Justiça de origem Romana conseguiu tirar os títulos que foram obtidos, da forma que o foram à vista de todos.
Em 2014/2015, a opinião é quase unânime que ganhou o mais consistente, mais avassalador, mais dominante e acima de tudo, o mais estável.
Para a História fica essa chama imensa, esse manto protector encarnado que é a grande massa humana benfiquista.
Por isso esta vitória é de todos sem excepção.
Parabéns!

Campeões na finança
Há pouco tempo estávamos aqui (Fig. 1) (Debate televisivo Vale e Azevedo vs. Vilarinho). Depois passámos por aqui (Fig. 2) (Demolição do Estádio da Luz antigo, construção do novo). E agora chegámos aqui (Fig. 3) (Acordo com a Emirates).

Campeões na ética
O Benfica foi também Campeão na mensagem transmitida após a conquista do título. Além do enaltecimento feito a todos os Benfiquistas, houve lugar ao repúdio dos acontecimentos registados nos festejos. A mensagem do presidente do Benfica foi clara: 'Vi milhares de jovens, centenas de crianças, famílias inteiras a festejar. Foi para isso que trabalhámos durante todo o ano. Infelizmente, uma minoria tentou estragar tudo aquilo que preparámos. Não sei se são Benfiquistas ou apenas um grupo de vândalos profissionais. Sejam o que forem, têm de ser responsabilizados pelo que fizeram.'
Obrigado Pai e Mãe!
Já cá não estão, mas tenho a certeza que estão a sorrir!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Viva o Benfica!

"Por umas horas, sempre que o Benfica é campeão, a praça Marquês de Pombal torna-se no centro do Mundo Benfiquista, repleta de adeptos fervorosos no apoio ao Clube e orgulhosos pelo título conquistado. Por muito que certos adversários, por clubite, tentem impor, aos seus conterrâneos, um sentimento bacoco de regionalismo, o benfiquismo é imparável e resistente à distância ao Estádio da Luz. Se é verdade que o Sport Lisboa e Benfica foi fundado em Lisboa, não menos o é que daí partiu para o Mundo e nele cresceu, ancorado na dedicação clubista de milhões de pessoas que, apaixonada e imensuravelmente, anseiam que o clube cresça em dimensão e glória.
O Sport Lisboa e Benfica não é de Lisboa, é de onde quer que existam Benfiquistas e estes são muitos e estão espalhados por todos os continentes. O Benfica é a maior instituição portuguesa, é um símbolo da lusofonia. É o Clube mais popular em Portugal e em todos os países da África lusófona. É, possivelmente, o mais amado em França e na Suíça. É, em muitos casos, o que resta de Portugal nos descendentes da diáspora, o que os une a um país distante que não soube dar aos seus pais e avós condições mínimas de vida. É, também, a par da língua portuguesa, um dos poucos exemplos de sobrevivência de um Portugal outrora colonialista. Tal só é possível porque o Sport Lisboa e Benfica é, e sempre foi, um clube universal, integrador e livre. Ser Benfiquista é um estado de alma transversal, indistinto à idade, raça, credo ou status social, económico ou cultural. O benfiquismo é infinito, imune à erosão dos tempos e às vontades dos seus detractores. O Benfica é, por definição, o campeão!"

João Tomaz, in O Benfica

O título de Vieira

"Pedindo de empréstimo as palavras, a verdade é esta: não há festa maior do que aquela onda vermelha que se juntou no Marquês no último Domingo. Homens, mulheres, crianças e idosos, todos juntos num hino comum ao Glorioso e ao maior símbolo do Portugal recente.
E se, como referiu e bem Jorge Jesus, este título se deve ao trabalho árduo dos jogadores e ao esforço incansável da massa adepta do clube; se, como referiu Luisão, enquanto muitos falavam, os atletas e a equipa técnica 'encarnada' trabalhavam; se, como bem disse o nosso Calado, o verdadeiro colinho deste Benfica 2014/2015 foram os Benfiquistas... se tudo isto é verdade, há um outro nome, um outro homem, um outro esforço de vida hercúleo a quem o troféu que será erguido no próximo Domingo se deve: Luís Filipe Vieira. Dúvidas?
Quem imaginaria, em 2003, que teríamos um Estádio como hoje temos? Uma televisão que, não poucas vezes, bate todas as previsões de audiências? Os 300.000 sócios? O Caixa Futebol Campus? E, claro quem poderia imaginar que o Benfica voltaria a ser Bicampeão e a deixar definitivamente para trás o paradigma do domínio do FC Porto. Devemos a Luís Filipe Vieira o sonho de um Benfica verdadeiramente lusófono, em que a festa do título se celebra simultaneamente em Lisboa, Maputo, Luanda, Praia, Bissau e mesmo no Rio de Janeiro e São Paulo. Devemos a este gestor de equilíbrios e a este senador do desporto a construção de um clube colosso de nível europeu... nas contas, nos rankings e, em geral, no temor que impõe a qualquer adversário.
O Bicampeonato é sinónimo, antes de mais, deste projecto Luís Filipe Vieira. Por isso este artigo da festa, do título, da consagração, vai carregado de um apertado abraço para o presidente de todos os Benfiquistas!"

André Ventura, in O Benfica

O mistério

"Jorge Jesus fica ou não fica? Vai ou não para o Sporting? Aventura-se ou não no estrangeiro?

Vão Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus acabar por se entender e assinar novo contrato no Benfica? Vai Jesus aceitar um salto no desconhecido mas ao mesmo tempo o enorme desafio de ajudar a transformar, por exemplo, o Sporting, o clube de que se fala como um dos que mais desejam o actual treinador encarnado? Estará Jorge Jesus a pensar seriamente na oportunidade de ir, por fim, trabalhar lá fora, num qualquer clube estrangeiro desde que de topo?
É verdade que, por vezes, nas perguntas também se encontram algumas respostas, mas não sendo o caso, a verdade é que ninguém pode saber, de momento, o que vai ou não acontecer com a relação de Jorge Jesus com o Benfica e, em particular, com Luís Filipe Vieira.
Podemos até ser levados a crer que o mais natural, o mais lógico, o mais esperado seria ver Jorge Jesus continuar a prolongar o seu contrato com a equipa que acaba de fazer bicampeã nacional. Mas não podemos ignorar os pequenos ou grandes sinais, deixados, por exemplo, no último domingo, sinais esses de sentido relativamente contrário pelo menos no que possa dizer respeito ao estado de espírito do próprio Jorge Jesus.
Será normal termos visto um Jesus tão contido em Guimarães, logo após terminar o jogo? Recordemos: enquanto os jogadores se juntavam próximo da bancada onde estava a maioria dos adeptos benfiquistas, Jesus irritou-se, primeiro, com uma figura do grupo (dizem-me que talvez o roupeiro...), a propósito não se sabe de quê, e foi, logo depois, para um dos bancos de suplentes, abraçou e beijou Rui Costa, sentou-se ao lado deste por alguns minutos, até abandonar o relvado e ser visto a entrar, sozinho, no túnel.
Mais tarde, já no Marquês de Pombal, será que também faz sentido termos visto Jesus entrar um pouco à frente do presidente Vieira naquele corredor vermelho pelo qual entraram um a um, muito à americana, portanto, os jogadores? Julgo que não faz sentido.
Num momento de tão fervorosa celebração - o Benfica não era bicampeão rigorosamente desde maio de 1984, para sermos precisos... - o que se esperaria era ver treinador e presidente de punhos erguidos e unidos, realmente eufóricos e não - como se viu sobretudo Jesus - tão contidamente felizes. Provavelmente, as imagens de Guimarães, especialmente as imagens da bárbara e chocante agressão de que um pai e um avô foram vítimas diante das crianças da família por um agente da PSP que realmente merece todo o castigo que legalmente venha a ser-lhe aplicado, provavelmente, dizia, essas imagens terão arrefecido alguma euforia dos responsáveis encarnados, se realmente foram vistas antes da chegada dos novos bicampeões a Lisboa. 
Admito, portanto, que até o presidente Luís Filipe Vieira pudesse reflectir no Marquês muito do choque por tudo o que soube ter-se passado em Guimarães, de tal forma que talvez já nessa altura tivesse tomado na sua cabeça a decisão (absolutamente relevante) de convidar aquela mesma família a estar presente, este sábado, na entrega da Taça de campeão à equipa, em pleno relvado da Luz. 
Em todo o caso, é impossível não reconhecer que Jorge Jesus estava, desta vez, muito diferente do Jorge Jesus que no Marquês festejou louca e genuinamente o título há um ano. Muito diferente.
E quem sabe se uma das razões não estará, na verdade, nalguma mágoa que eventualmente possa Jesus sentir por não ter visto ainda o seu futuro resolvido no que ao Benfica diz respeito?!...
Claro que tem o Benfica, e em particular o presidente encarnado, todo o direito de escolher o momento de falar com o treinador, e ainda todo o direito de querer, eventualmente, encerrar o ciclo de seis anos com Jorge Jesus e abrir nova etapa com novo treinador. Vieira tem, no mínimo, o direito a sentir a consciência tranquila por ter sido o único responsável pela continuidade de Jesus nos últimos dois anos, e logo dois anos de tantos sucessos. Essa consciência tranquila ninguém, em boa verdade, pode tirar a Vieira, porque ele foi contra tudo e contra todos quando segurou Jesus após época de final intensamente dramático.
Acontece que os cenários mudam e hoje, ironia das ironias, todos parecem querer Jesus.
Percebe-se.
Em seis anos, Jesus ganhou três campeonatos para o clube, mais quatro Taças da Liga (pode ainda conquistar a quinta), uma Taça de Portugal e uma Supertaça, que não sendo um título reconhecido pela FIFA - chamam-lhe troféu - é, em Portugal, e para todos os efeitos evidentemente, um título.
Além disso, levou a equipa a duas finais da Liga Europa - a antiga Taça UEFA mas agora muito mais difícil de conquistar por ter muito mais jogos e mais exigentes -, finais europeias a que o Benfica não ia desde 1990, quando a equipa de Eriksson perdeu em Viena a Taça dos Campeões Europeus para o Milan. E estas duas finais de Jesus não foram na verdade duas finais quaisquer.
Foram duas finais com dimensão, se considerarmos que a primeira foi com um poderoso Chelsea, que bem podia ter sido uma final da Liga dos Campeões, sem esquecer ainda que o Chelsea era aliás, na altura, o detentor do título máximo da UEFA; ... e que a segunda, tendo sido com um Sevilha menos mediático (mas que volta, este ano, à grande decisão), foi uma final atingida após superar uma fortíssima Juventus, como agora se comprova na presente edição da Liga dos Campeões.
Jesus ainda conduziu o Benfica uma vez aos quartos de final da Champions, em 2012, caindo mais uma vez aos pés do Chelsea (que viria a vencer a prova) numa eliminatória que levou o treinador encarnado a ter o seguinte desabafo: «Saímos muito frustrados. Sentimos que fomos muito melhores do que o Chelsea nas duas mãos. Não merecíamos perder.»
Jesus pode ter cometido (e cometeu certamente) erros ao longo destes seis anos, terá feito avaliações menos corretas e tomado algumas más decisões.
Mas dizer-se que com Jorge Jesus o Benfica não deixou marcas no futebol europeu é, no mínimo, muito injusto.
Só por ter deixado, aliás, é que Jesus é desejado lá fora. Porque o campeonato português, como sabemos, não tem grande expressão europeia. Infelizmente!"

João Bonzinho, in A Bola

Benfica a ganhar terreno

"A surpreendente notícia que Record tem hoje na primeira página precisa ainda de muitas explicações. E precisa, antes de mais, que seja a própria organização do torneio a apresentar as razões que a levaram a abdicar do FC Porto em detrimento do Benfica, depois de já ter anunciado os dragões no cartaz de promoção. A presença na Champions Cup de gigantes do futebol mundial como o Barcelona, Manchester United, Chelsea ou o Paris Saint-Germain define a ambição daquela que é há três anos a mais importante competição de pré-temporada. Desistir do FC Porto e convidar o Benfica para o seu lugar é uma manobra impensável, que seguramente obrigará os dragões a reagir. E uma gaffe destas, no mínimo, tem de ter um bom argumento.
A Champions Cup, que é uma extraordinária montra à escala universal pela força e pelo peso dos seus participantes, será em 2015 ainda mais impactante porque deixa de ser disputada praticamente em exclusivo nos Estados Unidos para passar a ser acolhida por mais seis países: Itália, Inglaterra, Austrália, China, México e Canadá. Para além das equipas já referidas, o torneio ainda conta com Real Madrid, Manchester City, AC Milan, Inter e Roma, entre outras. É suposto que quem organize uma prova desta grandeza saiba exactamente o passo que está a dar. Faz sentido acreditar que os promotores da Champions Cup se deixaram encantar pelo bicampeonato conquistado do Benfica? Terão ficado sensíveis à força do novo patrocinador que as águias passam a ter nas camisolas? Alguma coisa terá sido. E isso é o que falta saber. 
Para já, há uma mancha na reputação de quem assegura a prova. Quanto ao FC Porto, e na pior das hipóteses, sofre um ligeiro abalo na sua imagem internacional (sem ter qualquer culpa nisso) e vê o principal rival ocupar um espaço que até ontem era seu."


PS: A ridícula desculpa dos Corruptos, acaba por ter o seu de comédia, mas para mim existem duas variáveis a considerar: a primeira creio ser negativa, vamos ser obrigados a muitas viagens num curto espaço de tempo, e a jogar em locais quentes e húmidos (além da altitude da Cidade do México), o que não é o ideal para a pré-época; o mais positivo, é que vamos jogar em Toronto, Hartford e Harrison (New Jersey), três locais com grandes comunidades de Benfiquistas... Além disso ainda estou curioso para saber como é que vai ficar o suposto estágio em Inglaterra com alguns jogos particulares. Será cancelado?! ou antecipado?!

Ao rubro

"Como se esperava, o Benfica conquistou mesmo o bicampeonato. Parabéns! Sem mas nem meios mas. Não faz sentido perorar sobre mantos. Ou prantos. Nem recorrer a dialéctica estéril para dissertar sobre se foi o Benfica quem ganhou ou o FC Porto quem perdeu. A resposta é impossível porque a pergunta também o é. A realidade é só uma. Há sempre um vencedor e um derrotado. Comecemos, portanto, por dedicar a nossa atenção ao triunfador.
O primeiro ponto a assinalar é que se trata do terceiro título em seis anos. E se não fora aquele milagre operado por Kelvin as águias estariam agora a celebrar o tri (e, portanto, o quarto título na últimas seis temporadas.) O segundo destaque vai para a circunstância de os encarnados terem sido líderes isolados desde a 5.ª jornada. Sendo suposto o campeonato ser uma prova de regularidade, convenhamos que não está mal... A terceira menção destina-se a enfatizar o mérito esclarecido e a tranquila estabilidade decorrentes de uma liderança responsável, capaz de inverter uma trajectória negativa que parecia irreversível. A quarta nota sublinha a circunstância de o clube ter perdido, da anterior temporada para a presente, jogadores como Oblak, Garay, Sequeira, Enzo, André Gomes, Rodrigo, Cardozo. Quase uma equipa inteira! Imagine-se o que seria um plantel, qualquer plantel, receber de uma vez só um leque de atletas como os citados. Aliás, um dos maiores méritos do técnico benfiquista residiu na capacidade de ir inventando soluções umas atrás de outras. Se não estou em erro, apenas Luisão fez parte das três formações vitoriosas.
Finalmente, há ainda que lembrar que o Benfica venceu também os campeonatos de hóquei e voleibol. E o de basket está quase. Não pode ser só coincidência..."

Paulo Teixeira da Cunha, in A Bola

Experiência e talento

"Num campeonato nivelado por baixo em que foi patente, ao longo da temporada, a superioridade em jogo jogado de duas equipas em relação aos restantes competidores, a justiça da conquista do título seria aplicável tanto ao Benfica como ao FC Porto. Contas feitas, acaba por vencer o conjunto que melhor se deu nos confrontos directos entre águias e dragões.
Os duelos entre Benfica e FC Porto têm sido a chave para determinar o vencedor da Liga portuguesa. É uma tendência dos últimos campeonatos, cada vez mais decisiva na hora de encontrar o campeão. Esta época, a vitória do Benfica no Dragão deu-lhe uma confortável almofada de 6 pontos de vantagem na jornada 13, que os portistas apenas conseguiram encurtar e nunca recuperar. Foi neste jogo, a 14 de Dezembro, que o Benfica começou a trilhar o caminho do bicampeonato. E chegando ao clássico da Luz, apenas teve de gerir a vantagem directa com inteligência, segurando o empate.
Previa-se uma temporada difícil para os encarnados. Depois das saídas de jogadores importantes como Oblak, Garay, Matic, André Gomes, Cardozo, Markovic e Rodrigo (e Enzo Pérez em Janeiro), a par de algumas obrigações financeiras que limitaram o investimento em novos jogadores, Jorge Jesus teve de encontrar novas soluções. E com um plantel menos rico, formou um grupo baseado numa mescla de experiência, juventude e talento que o levou à vitória.
A experiência de jogadores como Júlio César, Maxi Pereira, Luisão, Jardel, Eliseu, Jonas e Lima revelou-se fundamental no estabelecimento de uma equipa-base com muitos atletas traquejados que exibiram a sua liderança para motivar o resto do grupo. E por via do talento de Gaitán, Salvio, Talisca e Pizzi, os encarnados puderam dar continuidade ao modelo de jogo que a equipa praticou nos anos anteriores.
As contratações de Júlio César (trouxe estabilidade à baliza e apenas sofreu 8 golos na Liga), Eliseu (não comprometeu na faixa esquerda, que desde os tempos de Fábio Coentrão não encontrara um sucessor) e Jonas (avançado goleador que estava sem clube depois de o mercado fechar e que formou uma dupla implacável com Lima), assim como a revelação de Talisca (médio-ofensivo com boa visão de jogo e poder de remate) e a adaptação de Pizzi para o centro do terreno (potenciando a capacidade de pressão sobre o adversário e distribuição de jogo), acabaram por ser decisões acertadas na renovação da equipa.
Sem o brilho do campeonato anterior, este Benfica conseguiu encontrar o seu caminho. Uma equipa que fez da Luz uma fortaleza, onde só cedeu 2 empates (com FC Porto e Sporting) e apenas sofreu quatro golos, e que foi pragmática em momentos complicados, em que, mesmo não jogando bem, conseguiu garantir a vitória. Como acontece com qualquer campeão, também teve a chamada 'estrelinha da sorte' em algumas partidas difíceis. No último terço da Liga, embaladas pela liderança, as águias já exibiram um futebol de melhor qualidade, mais próximo do que fizeram noutros anos.
O Benfica alcança assim um feito que não acontecia há 31 anos: o bicampeonato. Mérito também para Luís Filipe Vieira, que segurou sempre o treinador quando a maioria dos adeptos chegou a pedir a sua saída depois de três anos sem ganhar o título. E abre-se agora a porta a novos desafios. Vencer um inédito 'tri' na era Vieira, avançar com a aposta na formação na equipa principal e chegar mais longe na Liga dos Campeões. E também a uma dúvida: com ou sem Jorge Jesus?

O craque
Um elemento importante
Os clubes portugueses transformaram-se em clubes vendedores. O ciclo passa por comprar e/ou formar, valorizar e vender ao fim de poucos anos. Hoje as nossas equipas são mais um ponto de passagem para os atletas. Daí que seja cada vez mais difícil criar a mística, em que jogadores mais antigos passam os valores e cultura do clube aos companheiros mais novos. Elementos como Luisão (tal como o portista Helton), com 12 anos de águia ao peito, são espécies cada vez mais raras, mas elementos vitais para levar um grupo ao sucesso.

A jogada
Procurar receitas lá fora
Com o fim dos patrocínios do BES e da PT, os três grandes terão novos parceiros nas camisolas a partir da próxima época. Receitas importantes que, apesar de não terem um grande peso no orçamento dos clubes, se revelam essenciais para manter as contas em terreno positivo. O Benfica foi o primeiro a revelar o novo patrocinador estrangeiro, num negócio que até vai aumentar o valor que recebia antes e que permitirá expandir a sua marca a nível internacional. Um caminho que acredito que também será seguido por FC Porto e Sporting.

A dúvida
Cenas lamentáveis...
Tenho falado várias vezes na importância de se criarem condições para que mais famílias possam ir ao futebol. A questão do preço dos bilhetes é importante, mas a garantia de segurança é ainda mais crucial. As imagens de violência a que assistimos na passada semana, e que correram mundo fora, são lamentáveis e não dignificam o futebol português, seja qual for o clube que esteja envolvido. Não é assim que a indústria do futebol nacional e o seu principal produto vão conseguir mudar para melhor. Será que os responsáveis da FPF e Liga pensam fazer algo em relação a esta matéria?"

Renumeração...

Finalmente vamos ter a remuneração de sócios do Benfica. Admito que já desesperava por esta medida, por razões puramente egoístas: espero baixar para um numero inferior ao 10.000 !!! Até por ser um fetiche parvo, mas naquelas discussões do Benficometro fica sempre bem apresentar um numero baixo!!!

Compreendo que a estratégia dos 300.000 sócios 'obrigou' a Direcção a esticar a remuneração ao máximo... Dos actuais cerca de 250.000 sócios 'pagantes', acredito que vamos baixar para cerca de 175.000. Numero que não envergonha ninguém, mas até seria interessante a Direcção fazer algumas campanhas para facilitar a regularização dos cotas, aos sócios com os pagamentos em atraso (estilo, só terem que pagar o último ano para manter o número...). Não chegámos aos 300.000, mas a campanha foi um sucesso, e é importante manter o apelo constante para os adeptos se tornarem sócios...
Em conversa com o Redheart recentemente, até discutimos a questão dos sócios no estrangeiro, creio que com um valor adequado a quem vive fora de Portugal, podemos ainda aumentar mais o número de sócios.

PS: Parece que os novos cartões não vão ter a foto. Compreendo que exista discussão. Desconheço as razões da opção. Provavelmente os custos da emissão dos novos cartões. Não me parece que seja uma daquelas questões de lesa Benfiquismo. Teremos que aceitar...