O INDEFECTÍVEL: 05/18/15

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Homem poupado

"A imagem de raiva de Lopetegui, a rebentar a murro (!) a cobertura do banco portista no Restelo - tão patética como a nova e irritada conversa de pé de orelha, desta vez com o quarto árbitro, que manteve no final do jogo - é bem o sinal da incapacidade de controlo do técnico. Mas é igualmente consequência da péssima forma com que a sua equipa termina a época, o que se confirmou ontem, no Restelo, de onde os portistas só não saíram derrotados porque Camará não é Jackson.

Correndo o risco de ficar apenas com um ponto de vantagem sobre o rival, depois de empatar em Guimarães, o Benfica aproveitou o golo de Tiago Caeiro, um velho conhecido dos seus escalões jovens, para arrumar a questão e sagrar-se campeão, aliás, bicampeão, após três décadas de hegemonia portista.

Sendo os jogadores que jogam, é justo que se atribua também o mérito da proeza encarnada a Luís Filipe Vieira e a Jorge Jesus. Ao presidente porque protegeu o treinador nos piores momentos, naqueles em que passou de bestial a besta - repare-se como, em Madrid, já se esqueceram da Décima de Ancelotti...- e que foram alguns, e porque desistiu, nos últimos anos, de assumir o espúrio protagonismo na guerra das palavras, em que nem sempre ganhava, e se contentou, no futebol, com uma magistratura de influência. Nota alta nessa área para o papel de João Gabriel, que poupa Vieira aos danos colaterais do trabalho sujo das guerras de Alecrim e Manjerona. E o aplauso a Jesus, homem poupado, porque venceu a liga só com um olho, que lhe chega e sobra para ver mais do que alguns aprendizes de feiticeiro com os dois abertos. Se não ficar na Luz, cometerá o maior erro da vida - e Vieira da sua como líder do Benfica."

Alexandre Pais, in Record

O rumo imparável do Benfica

"O Benfica voltou a vencer a Liga e sagrou-se bicampeão nacional. Há 31 anos que não conseguia semelhante proeza. O grande mérito é dos jogadores, claro, mas há dois homens que ficam com os respectivos nomes gravados nesta conquista histórica: Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus. O presidente do Benfica, pelas condições que proporcionou para que o futebol encarnado se tornasse definitivamente ganhador. O treinador, porque soube aproveitar essas condições com o saber e conhecimento próprios de um profissional altamente qualificado, indiscutivelmente competente e muito dedicado.

A partir de certa altura, o Benfica adoptou um slogan: rumo ao 34.º título. A missão está cumprida mas simboliza muito mais do que um número. Representa a quebra efectiva de um domínio hegemónico protagonizado pelo FC Porto nas últimas três décadas, em que foi não apenas o único a ser bicampeão, mas também penta, tetra e trio. Neste contexto, o actual rumo do Benfica, além dos seus contornos de excepcionalidade, adquire uma dimensão imparável, tamanha é a força e a organização do clube. Saber aproveitar este balanço é o desafio que o Benfica tem agora pela frente.

Um campeão é sempre um vencedor justo. No histórico desta Liga encontraremos muitos erros de arbitragem que beneficiaram e prejudicaram mais uns do que outros. É sempre assim. Mas os méritos de um campeão são intocáveis. Um campeonato conquista-se com regularidade, durante muitas jornadas e com vários argumentos: consistência, talento, competência e organização.

O dia ficou marcado por incidentes em Guimarães e no Marquês de Pombal. A violência gratuita manchou a festa que deveria ser memorável só pelas melhores razões. Triste e lamentável."

António Magalhães, in Record

Benfica ganhou e a luta continua

"Um bicampeonato não é coisa que se festeje todos os dias. Principalmente se não for adepto do FC Porto. Eis a grande vitória de Luís Filipe Vieira, que pegou no Benfica com Manuel Vilarinho quando Vale e Azevedo passeava o clube pelas ruas da amargura e o transformou novamente na grande potência desportiva nacional que sempre foi. Triunfar no futebol não foi fácil. Foi preciso dar muitos anos a Jorge Jesus e fazer o maior investimento da história encarnada. Mas hoje, olhando para trás, é impossível negar o trabalho hercúleo do líder encarnado. A maior vitória? Bater a famosa estrutura portista, que se dizia fazer campeões sem que fossem importantes os nomes dos treinadores. Vieira destronou Pinto da Costa do Olimpo. Aquele cujo cognome de Papa sempre pareceu assentar-lhe bem, tem somado muitas cruzadas infrutíferas. O fim do domínio deu-se com o Apito Dourado. Hoje o Benfica mudou a face do futebol português. Para sempre? Vai ser preciso prová-lo época após época."

Bernardo Ribeiro, in Record

Dragão decidiu quase tudo

"Sem a vitória no Dragão, na parte final da 1.ª volta, o Benfica dificilmente teria conseguido neste campeonato a almofada de conforto com que saiu desse clássico. Foi o triunfo sobre o principal rival que permitiu os deslizes na 2.ª metade da prova, em especial as derrotas, inesperadas, em Paços de Ferreira e Vila do Conde. Mais importante ainda: foi esse mesmo triunfo por 2-0 no Dragão que permitiu, depois, abordar o jogo com o FC Porto, na Luz, podendo pensar em três resultados: vitória, empate e até derrota pela margem mínima. Ficou claro que, nos tempos actuais, o campeonato resolve-se nos confrontos entre os principais candidatos. Foi assim com o célebre pontapé de Kelvin e já tinha sido, antes, com a vitória dos azuis e brancos na Luz por 3-2 com golo de Maicon perto do fim. Logo a seguir à vitória no Dragão, os outros momentos mais importantes na caminhada do Benfica foram dois empates: frente ao FC Porto, em Lisboa; e ontem, em Guimarães. Ou seja, dois "zeros" que valeram ouro."

Nuno Farinha, in Record

Benfica foi mais competente

"Na esmagadora maioria das vezes não são os erros dos árbitros que ditam os campeões. Os juízes de campo tornam-se, quase invariavelmente, nos bodes expiatórios, em nome dos quais se tentam branquear os fracassos. E, neste domínio, ninguém resiste à tentação. FC Porto, Benfica e Sporting já utilizaram esses argumentos num passado recente.

O Benfica conquistou o título 2014/15 porque foi mais competente. Não dispunha do melhor onze, muito menos do melhor plantel, mas vai chegar ao fim em 1.° lugar. Houve mérito dos encarnados, que se superaram, que tiveram o discernimento nas contratações 'in extremis' de Júlio César, Samaris e Jonas e que contaram com um treinador experiente, astuto e, acima de tudo, conhecedor do futebol português. Mesmo com um investimento brutal, o FC Porto nada ganhou. E só pode queixar-se de si próprio e da teimosia de Lopetegui, que rodou a equipa em demasia, dando avanço ao rival. Os árbitros não tiveram culpa disso..."

Luís Pedro Sousa, in Record

Mudança pode ferir projeto

"Muitas vezes criticado, Jorge Jesus é uma das caras deste bicampeonato. Qualquer relação intensa sofre momentos de saturação e desgaste; é assim a do treinador com os dirigentes do Benfica. Pede-se maior aposta na formação, mas um técnico de fora que prometa a Luís Filipe Vieira, à distância, que o fará inequivocamente não conhece a pressão de estar no banco do Benfica. Lutar pela Liga Europa não é igual a estar 'obrigado' a ser campeão. Ora, falemos então do ordenado. Muito elevado, o de Jorge Jesus, sem dúvida. Mas nos jogadores que 'inventou' e 'vendeu', tem contas positivas. Pode baixar o salário, e, se o fizer, dá sinal que quer manter-se num projecto que ajudou, muito, a crescer. E que pode sofrer um duro revés se não continuar. Jesus tem mercado, mas não terá fora do país o mesmo conforto, por isso hesitará antes de avançar. Por cá deverá pensar, muitas vezes, antes de entrar em qualquer projecto onde não tenha um papel principal. Como gosta e soube conquistar."

Vanda Cipriano, in Record

Lima, no Dragão e em todo o lado

"Nem sempre compreendido pelos adeptos, Lima é o espelho deste Benfica, uma equipa que joga como tal e sem nenhuma estrela a brilhar claramente acima de todas as outras. O brasileiro ficará na histórica deste campeonato pelos dois golos no Estádio do Dragão, que, percebeu-se depois fizeram toda a diferença em relação ao rival FC Porto. Mas não foi só aí, nem sequer nos restantes 15 golos apontados nesta Liga, que foi decisivo. O camisola 11 esteve em cada momento de cada jogo da temporada: ao correr atrás da bola, ao pressionar os defesas contrários, a pensar sempre no interesse da equipa em vez de pensar no dele próprio. E, mesmo assim apresenta números ao nível dos grandes avançados da história dos encarnados. Daqui por alguns anos, é possível que os adeptos se recordem mais da magia de Gaitán, da subtileza de Jonas, da classe de Júlio César, da segurança de Luisão e da raça de Maxi Pereira. Lima teve um pouco de tudo isto - e, por isso, é o jogador deste título."

Sérgio Krithinas, in Record

“O futebol não pode pactuar com qualquer tipo de violência”

"Devo um agradecimento muito especial a todos os benfiquistas que, de norte a sul do país, de Timor a Luanda, de Paris a Toronto, festejaram a conquista deste título.

As imagens que vi pela televisão, as imagens que presenciei ao vivo em Guimarães, no Porto ou em Lisboa deixam-me orgulhoso porque demonstram a dimensão do Clube, a sua grandeza, mas principalmente a grandeza dos seus sócios e adeptos.

Este título não foi ganho contra ninguém, é um título de todos aqueles que gostam de futebol. É um título de todos os benfiquistas, estejam eles onde estiverem.

Devo confessar igualmente alguma frustração. A frustração de quem já viu as imagens da criança que em Guimarães assistiu à detenção do pai de forma violenta e sem razão aparente, a frustração de quem viu os incidentes que interromperam os nossos festejos no Marquês nesta madrugada.

O futebol não pode pactuar com qualquer tipo de violência, é preciso apurar responsabilidades. É preciso que os responsáveis pela violência da noite passada sejam identificados e punidos. O futebol não precisa dos que ontem provocaram as cenas que vimos.

Vi milhares de jovens, centenas de crianças, famílias inteiras a festejar no Marquês. Foi para isso que trabalhámos durante todo o ano, foi para isso que idealizámos tudo o que foi preparado no Marquês. Infelizmente, uma minoria tentou estragar tudo aquilo que preparámos. Não sei se são benfiquistas ou apenas um grupo de vândalos profissionais. Sejam o que forem, têm de ser responsabilizados pelo que fizeram. O futebol não precisa deles.

Quanto às forças de segurança, também há imagens que devem merecer a atenção e a abertura de inquérito por parte do Ministério da Administração Interna. É preciso apurar se, não houve, em alguns momentos, excessos por parte das forças de segurança.

A minha palavra final é um apelo para a comunicação social. Não reduzam as celebrações do 34.º título de campeão nacional do Sport Lisboa e Benfica aos incidentes da madrugada. A equipa não o merece, e os adeptos – 99,99% – também não!"

Luís Filipe Vieira, in site SL Benfica

PS: Premeditadamente, não me referi aos tristes acontecimentos que ontem mancharam a Festa do Benfica, tanto em Guimarães como no Marquês. O Bicampeonato, não merece ser diminuído pelo comportamento desviante de uma minoria arruaceira, sejam eles supostamente adeptos do Benfica sejam eles Polícias.

O Presidente reagiu em comunicado, e parece-me ter usado as palavras correctas, para quem tem obrigações institucionais.

Vamos separar os actos. Em Guimarães, tivemos 3 acontecimentos diferentes:

- antes do jogo começar já tínhamos em directo pela televisão uma semi-batalha campal... Aqui gostaria de recordar as palavras (e alguns actos) de pessoas com responsabilidade, no Clube e na Cidade de Guimarães, incentivando uma recepção hostil ao Benfica... Só assim se compreende que seja necessário 'caixa de segurança' para ir assistir a um jogo de Futebol... Foi interessante verificar a impunidade como é que os elementos da claque do Guimarães, entraram, saíram e voltaram a entrar no Estádio, sem qualquer controlo!!!

- depois o caso mais chocante, porque tivemos a 'sorte' de existir uma equipa de reportagem da CMTV a filmar tudo. Se as agressões que aquela família Benfiquista foi vitima, tivessem sido efectuadas longe das câmaras, tudo seria abafado...!!!

Mas também é importante reter as razões que levaram àquela família a sair do Estádio, a meio do jogo: aparentemente as condições nas bancadas e corredores fizeram o 'puto' sentir-se mal!!! Eu pergunto: com tantos elementos de segurança, com tantos Stewards, pagamos bilhete (que não é barato), e não temos condições de conforto (e segurança) dentro do Estádio?! De quem é a responsabilidade?! Na última época, estive no Jamor, no Topo Norte, onde pude apreciar de perto o comportamento animalesco de muitos dos elementos das claques do Benfica. Onde basicamente ninguém é respeitado...

Em Inglaterra, a solução é simples, os bilhetes são numerados, e os Stewards obrigam as pessoas a sentarem-se nos seus devidos lugares. Esta simples medida, iria evitar muitos dos problemas que existem em determinados sectores dos Estádios portugueses, mas aparentemente não existe coragem para a efectivar...

- ainda em Guimarães: durante o dia de hoje levámos com um massacre de reportagens sobre a destruição das instalações do Estádio. Infelizmente, estas acções, com maior ou menor 'eficácia', são comuns. As principais e mais numerosas claques fazem disto, vida!!! A única diferença, é que desta vez as televisões, 'gostaram' da notícia... Dito isto, a participação de Benfiquistas nestas acções de puro vandalismo, deixa-me envergonhado... Mas já agora, onde estavam as autoridades, tão lestas a sacar dos bastões?!

E depois tivemos o Marquês. Começo por demonstrar o meu desagrado como a festa 'quase' espontânea do Marquês, foi substituída por um Evento!!! Tendas VIP?! DJ?! Speakers?! Absurdo, é totalmente o oposto daquilo que o Marquês deveria ser... E parece que o Benfica ainda quis uma tenda para os Parceiros, a CML também queria convites... e ficou tudo em águas de bacalhau!!!

O tempo de espera é muito, as pessoas estão cansadas, a maior parte alcoolizadas (no mínimo!!!), portanto a Festa do Marquês deveria ser aquilo que começou por ser: uma passagem de autocarro aberto, cantar Benfica, uma tochadas... um grande Obrigado, e pronto, vamos para casa...!!! Prolongar a duração da Festa, com apresentações individuais de jogadores, é quase pedir para termos problemas!!! Ainda por cima, com um palco a 360º (outra exigência da CML para evitar vandalismo na Estátua!!!), onde metade do pessoal festejava, e a outra metade tinha que acompanhar nos ecrãs gigantes...

Durante o dia, procurei informações sobre a origem da violência. Chegaram-me a contar que a Polícia e o Benfica tinham informações de véspera, que grupos organizados estavam a preparar provocações (grupos supostamente ligados ao Benfica e ao Sporting!!!), mas muito sinceramente não acredito... Apesar de terem aparecido numas imagem um 'atrasado mental', aparentemente vestido com uns calções do Sporting!!! ADENDA: Nas últimas horas, têm aparecido mais evidências nas redes sociais, que afinal, havia mesmo um número apreciável de 'infiltrados' no Marquês: Lagartos, vestidos com adereços do Benfica, passando-se por Benfiquistas...!!!
Tudo começou durante o Hino do Benfica, com o rebentamento de um petardo, junto das grades, que assustou muitas pessoas - que imediatamente começaram a correr... -, mas também assustaram a PSP, que aproveitou a clareira, entretanto aberta, com a tal correria, para fazer uma mini-varredela... e acima de tudo provocar os Benfiquistas, como é bastante bem visível nas imagens da SIC.

Foi esta primeira reacção, totalmente evitável por parte da PSP, que desencadeou tudo o resto. A função da Polícia nestes casos, não é colocar lenha na fogueira. Existem protocolos, para estas situações, e ontem à noite foi tudo feito ao contrário...

Obviamente, a reacções de alguns (supostamente) Benfiquistas, arremessando garrafas de vidro à Polícia não é desculpável - mais uma consequência da absurda moda importada de Espanha do botellon!!! -, mas em anos anteriores, também houve bebedeiras, também houve gente parva, também havia carteiristas, também havia claques, também havia 'atrasados mentais'... a grande diferença, foi a desproporcionada presença do corpo de intervenção... Em 2010 por exemplo, na última verdadeira celebração espontânea no Marquês, teve que ser o meu Tio com os seus 70 anos a meter respeito, quando a 'inteligência' se perdia na cabeça de alguns... e tudo ficou resolvido naquele momento, sem consequências para ninguém.

Numa Festa destas, onde supostamente só existem adeptos de um Clube, as dinâmicas são completamente diferentes, e a forma mais eficaz de evitar problemas, é o auto-policiamento...

Mas como não existem imagens do 'flagrante' como tivemos em Guimarães, milhões de teorias brotam, acusando 99% das vezes os adeptos, especialmente as claques... Ontem a televisão, chegaram a dizer que os adeptos estavam a atirar garrafas aos jogadores do Benfica!!! Se isto tivesse sido um acto premeditado de algum grupo, a violência tinha descambado para o vandalismo, a carros e vidros de lojas, algo que é habitual acontecer noutros Países... Por isso, tenha quase a certeza, que uma Festa do Marquês, nos moldes de 2010, e nada de relevante se tinha passado...

Como o Luisão disse no palco, 'Isto não é o Benfica', mas é preciso perceber o que realmente aconteceu, para que isto não se volte a repetir... Aliás o mais fácil, até é fazer estas Festas no Estádio da Luz. O próprio Marquês é uma 'quase' novidade, porque antigamente os festejos em Lisboa, eram feitos nas fontes do Rossio... Pessoalmente até defendo que historicamente e ideologicamente, o local mais indicado em Lisboa, para festejar, logo a seguir ao Estádio, seriam os Restauradores...