domingo, 17 de maio de 2015

Bi 34

Guimarães 0 - 0 Benfica

Não deixa de irónico, que este Benfica chegue ao Bicampeonato tão desejado, com mais um 0-0... isto depois do 0-0 na Luz, com os Corruptos. Uma equipa marcada, pela avalanche ofensiva, pelo rolo compressor, pelo golos, muitos golos, acaba por atingir o objectivo com dois 0-0!!!
Hoje, não vale a pena falar de tácticas, jogadores e treinadores, ou dirigentes... Daquilo que se passou dentro do campo, só merece referência a quantidade industrial de golos desperdiçados!!! Após vários jogos, onde até temos sido bastante eficientes, matando as partidas logo à nascença, hoje, tivemos que sofrer até ao último minuto... e jogo nunca mais terminava!!!
Uma nota ainda para os corajosos Benfiquistas que foram a Guimarães assistir ao jogo. Depois de todo o circo montado durante a semana, por dirigentes, autarcas e afins, só mesmo alguém corajoso, seria capaz de se deslocar a um Estádio um sabia à partida que seria mal recebido, com várias ameaças à integridade física a serem efectuadas...Em 2015, continuamos a viver num País onde a Lei e a Ordem, são subjectivas, de tempos em tempos são suspensas!!!
Muito tem sido dito sobre a importância da conquista do Bicampeonato, 31 anos depois. Os Corruptos não vão acabar por causa do Bi, o Benfica ainda vai ter mais dificuldades em conquistar o Tri... Os Corruptos apesar do 2.º lugar vão à Liga dos Campeões, onde assim garantem um bom encaixe financeiro, mas o grande trunfo do Bi, são as consequências na política interna dos Corruptos: o treinador continua?! vão continuar a gastar o dinheiro que não têm?! o Pintinho mantém-se intocável?! irá existir uma Lista alternativa nas próximas eleições?! quais os jogadores que vão sair?!... Estas perguntas, fizeram-se muitas (demasiadas) dentro do Benfica nos últimos 30 anos. Esta é a principal consequência do Bi, para quem ganha, dá estabilidade, para quem perde cria o potencial para existir instabilidade em todos os sectores...
Mas para aproveitarmos bem este contexto, é preciso não dar tiros nos pés... Os Benfiquistas são impacientes por definição, o desinvestimento (aparentemente vai continuar) só será tolerado pelos Benfiquistas, se continuarmos a ganhar. A memória é curta, não se compadece com vitórias morais, é preciso muito cuidado na forma como a próxima será planeada... Se quisermos mesmo, confirmar a mudança de Ciclo, temos que continuar a ganhar...
E pode ser já em Coimbra, na Final da Taça da Liga. A equipa hoje irá festejar, amanhã irá ressacar, mas na Terça-feira haverá treino, e no próximo Domingo teremos jogo, com um adversário motivado para garantir a presença na Liga Europa. Um adversário que vem de uma sequência de vitórias impressionantes. O mesmo adversário que poucos dias depois vamos encontrar em Coimbra. É melhor não dar esperança...!!!

PS: Temos que agradecer ao Belenenses, especialmente ao Tiago Caeiro... bonito, até teria sido um golo do Carlos Martins, mas assim também vale!!! Nas últimas duas jornadas os Corruptos só venceram porque ambos os adversários, nem sequer tentaram ganhar, hoje o Belenenses fez um jogo normal, e conquistou 1 ponto...

Recorde Nacional de Peso

Tsanko Arnaudov bateu hoje o recorde nacional absoluto do Lançamento do Peso, que pertencia ao Marco Fortes, por 4 centímetros!!!
21,06m é a nova marca. O Marco esteve vários anos a tentar passar a marca mítica dos 21 metros, sem conseguir, o Tsanko nas vésperas de começar a representar Portugal nas grandes competições, conseguiu logo ultrapassar a marca...
Pode não dar medalhas, mas uma marca acima dos 21 metros, dá normalmente acesso às grandes finais, nas grandes competições, portanto o nosso jovem de 23 anos, só tem que continuar a trabalhar, e seguramente teremos muitos alegrias...

PS: Este fim-de-semana em Montemor-o-Velho realizou-se uma etapa da Taça do Mundo de Canoagem de Velocidade. Os nossos três canoístas tiveram todos em acção, marcando presença nas Finais. Destaque para o Ouro da Joana Vasconcelos, no K4 200m com a companhia da Francisca Laia, da Beatriz Gomes, e da Helena Rodrigues; destaque igualmente para o Bronze do João Ribeiro, no K2 1000m com a companhia do Emanuel Silva. A Teresa esteve presente nas Finais, mas não conseguiu chegar às medalhas, ficou em 4.ª em K1 500m...!!!

Vamos ao 5.º jogo!!!

Ovarense 67 - 61 Benfica
(2-2)
11-7, 22-20, 12-18, 22-16

Ofensivamente muito mau... Vamos jogar uma perigosa negra, na próxima quarta-feira na Luz. Se nos dias anteriores o Jobey tinha estado discreto, hoje não foi por causa do Jobey que não ganhámos...!!!

Vitória em Gaia

Corruptos B 0 - 3 Benfica B

Excelente aperitivo para o almoço... Num bom jogo da nossa equipa, e com alguns grandes golos. Nota ainda para uma equipa do Benfica com vários Juniores, e uma equipa dos Corruptos com vários jogadores veteranos!!!

Varela; Semedo, Lystcov, Lindelof, Valente; Dawidowicz, Sanches, Teixeira; Andrade (Berto, 45'), Carvalho (Clésio, 80'), Gonçalves (Elbio, 88').

Juvenis - 2.ª jornada - Fase Final

José Gomes
Corruptos 0 - 1 Benfica

Admito, a minha surpresa por este resultado. Na antevisão desta Fase Final dei o favoritismo aos Corruptos, têm uma equipa com mais Internacionais, e fisicamente são muito fortes, mas os resultados estão a desmentir-me!!!
O inevitável Zé Gomes, de cabeça, aos 77 minutos (o jogo de Juvenis tem 80), fez o resultado... 

Com esta vitória ficamos em clara vantagem. Recebemos o Nacional na próxima jornada... e depois vamos a Setúbal. Este jogo à beira Sado poderá ser decisivo, já que as condições do campo, são más, e já lá perdemos este ano...

Duarte; P. Pereira, Gonçalves, Silva, Araújo; Lourenço, J. Pereira, Mendes; Jota, Gedson; Zé Gomes.

Benfica.......6
Nacional......2
Setúbal.......1
Corruptos....1

Iniciados - 6.ª jornada - Fase Final

Tiago Dantas
Benfica 1 - 2 Sporting

Inglório. Perder um título 4 minutos depois do tempo regulamentar é muito frustrante... Mas jogar para o empate, ainda por cima com putos deste tamanho, pode sempre correr mal. Ainda por cima tenho a convicção que temos melhores jogadores e melhor equipa...!!!
O Sporting marcou primeiro num canto, empatámos logo a seguir, mas jogámos demasiado retraídos durante todo o jogo...
A frustração ainda é maior já que esta foi a única derrota nu derby esta época nos Iniciados, mas também nos Juvenis e nos Juniores!!!

Silva; Pinheiro, Fonseca, Loureiro, Koné; Nóbrega, Serrano, Álvaro; Ferreira, Baptista; Campos.

Faculdade de desejar

"1. A vida é feita de recordações. Sabemos que «a recordação é o perfume da alma». Mas ela também é feita de desejos. Já Aristóteles no seu 'Tratado da Alma' nos dizia que «só há um princípio motor: a faculdade de desejar». E, neste domingo, comungo recordações com desejos. E, legitimamente, tenho a faculdade de desejar. Que o Benfica reconquista a nossa Liga. Há precisamente trinta e um anos - em 1984 - festejei, com muita alegria, a conquista do bicampeonato nacional de futebol. O Benfica foi campeão, salvo erro, a 6 de maio empatando com o Sporting no Estádio da Luz com golos do 'nosso' Chalana e de Kostov. E fomos descansados a Portimão e lá ganhámos por duas bolas a zero com golos de Nené e de Shéu. Mas recordo bem que em finais de abril, a três jornadas do fim, fui - fomos! - a Guimarães e perdemos por quatro bolas a uma. O golo de 'honra' do Benfica foi marcado por Pietra bem perto do apito final de Carlos Valente. Recordo que o treinador do Benfica, Eriksson resolveu 'inventar' no Estádio Municipal de Guimarães ao jogar com três defesas - Pietra, António Bastos Lopes e Álvaro - cabendo a Shéu recuar para o centro da defesa. Aos vinte minutos de jogo já perdíamos por três bolas a zero e por volta da meia hora Chalana substituiu José Luís e ao intervalo Nené entrou no lugar de Veloso. Vencemos o campeonato nacional então com dezasseis clubes. Alguns deles 'desaparecidos' das competições profissionais como o Águeda (!), o Sporting de Espinho, o Varzim ou o Salgueiros. E outros que continuam no segundo escalão como o Farense ou o já referenciado Portimonense. E vencemos o campeonato com mais três pontos (52-49) que o Futebol Clube do Porto - Vermelhinho, Frasco, Sousa e Walsh marcaram nesse ano ao Benfica! - marcámos 86 golos e o Futebol Clube do Porto 65 e o Porto sofreu apenas nove golos e o Benfica 22! E na primeira volta o Benfica goleara o Vitória de Guimarães por oito a zero com dois golos de Nené, outros dois de Diamantino, outros dois de Manniche e com Stromberg e José Luís a motivarem os outros dois festejos de golo. Recordo que a viagem a Guimarães era bem mais difícil e longa do que é hoje. Agora de Lisboa à cidade do berço da nossa nacionalidade viajamos, com portagens, apenas em auto estradas. É quase um instante. Nesse dia quase final de abril de 1984 a viagem foi muito longa. Estou firmemente convicto que na noite deste domingo os milhares de benfiquistas que vão a Guimarães verão confirmados os seus desejos. E respeitada, se for o caso, a sua alegria legítima. Como se fosse possível haver 'territórios proibidos' neste tempo de radicalismos condenáveis - e bárbaros - em diferentes Estados ou 'pretensos Estados' deste Mundo em profunda mudança! Toda a equipa, toda a estrutura técnica do Benfica - a começar por Pietra! - terá bem presente que a «recordação é o perfume da alma». E a alma benfiquista está a um pequeno 'passo' de uma conquista bem relevante. Aqui recordada. E como tem acontecido nas últimas jornadas combinando o Benfica humildade com sagacidade, sofrimento com solidariedade, talento com respeito, maturidade com prudência, experiência com consciência.
2. Nesse ano de 1984 acompanhei o Benfica nos quartos de final da então designada Taça dos Clubes Campeões Europeus. E pela primeira vez entrei em Anfield Road, o mítico Estádio do Liverpool. Nunca mais esqueci esses dias de Março. Ali estava na cidade dos Beatles, nos seus bares singulares, numa cidade em que combinam os 'vermelhos', o Liverpool, com os 'azuis', o Everton. Há cinco anos voltei a Liverpool acompanhando o Benfica nos quartos de final da Liga Europa. Jorge Jesus, Luisão e Ruben Amorim são, salvo erro, os únicos que 'resistem' dessa presença! Mas essa equipa tinha, entre outros, David Luiz e Dí Maria, Aimar e Ramires, Javi Garcia e Fábio Coentrão, Cardoso e Carlos Martins. E recordei tudo isto ao ver ontem na BTV os emocionantes minutos iniciais do último jogo de Steven Gerrard com a camisola do Liverpool. Desde os sete anos de idade que jogou com a camisola do clube da sua cidade. Sempre lhe foi fiel. Mesmo sendo assediado. Sempre dedicado. Foram 706 jogos. Uma vida! E aquele momento em que Gerrard sobe as escadas e entra no relvado com as suas três bonitas filhas é, em si mesmo, um 'hino ao futebol'. Um instante de amor. Da sua família e da família do Liverpool. Dos seus fiéis adeptos. Marcados, como sabemos, por momentos dramáticos e dolorosos. É toda esta história que se sente, arrepiando-nos, quando escutamos naquele Estádio singular o You'll Never Walk Alone!
3. É que os hinos, de Anfield à Luz, são, também, instantes de honra. E a 'honra é a poesia do dever'! Tendo todos nós a consciência da recordação, o perfume da felicidade, a faculdade de desejar e o direito de festejar. Nos momentos certos e em todos os lugares. Mesmo que alguns sejam simbolicamente singulares!
4. Na segunda liga, hoje pela manhã, também haverá em alguns lugares deste nosso Portugal a faculdade de desejar. De legitimamente sonhar. De Tondela à Covilhã, da Feira à Madeira o 'sonho' comandará a manhã deste domingo. Com a consciência que as contas finais também estão próximas! Sempre a faculdade de desejar!"

Fernando Seara, in A Bola

Títulos iguais, títulos diferentes

"Jorge Jesus considera que o título que o Benfica pretende conquistar já hoje, em Guimarães, não é só importante para ele, que nunca, antes, tinha sido campeão duas vezes consecutivas, mas o mais importante para o clube, que não é bicampeão há mais de 30 anos.
Claro que não há campeões sem importância e nenhuma vitória num campeonato profissional pode, em circunstância alguma, ser desvalorizada, mas percebe-se o que Jesus quis dizer. No fundo, todos os títulos são importantes, mas alguns são mais importantes do que outros.
O futebol português tem conhecido diversos ciclos de hegemonia dos seus três principais clubes. O Sporting dominou nos anos cinquenta, o Benfica foi rei e senhor nos anos sessenta e setenta, mas o FC Porto tem sido o grande e incontestável líder do tempo da democracia política do país.
Pode-se, sempre, invocar algumas razões laterais, lembrar que há sempre sistemas controlados por trás de períodos de longa hegemonia, mas a verdade é que o FC Porto tem ganho muito mais vezes, porque muito mais vezes tem sido melhor, mais organizado, mais preparado.
Ora a confirmação do bicampeonato poderá não significar que o Benfica esteja de regresso ao poder do futebol português, mas pode, pelo menos, significar a quebra do domínio do FC Porto e isso, em si mesmo, já é uma novidade histórica no futebol português do século XXI. É disso que Jorge Jesus tem noção e naturalmente que o afirma com especial vivacidade num ano em que o Benfica nem sequer tinha o melhor plantel, o que tornará mais evidente o mérito do treinador."

Vítor Serpa, in A Bola

Entre a festa e a paz podre

"Têm de ganhar. Eis o pensamento dos benfiquistas de Norte a Sul do país e pelos quatros cantos do Mundo. A vitória em Guimarães dá direito à conquista do título e consequente festa, pelo menos quando os adeptos saírem da Cidade Berço, que por ali é coisa proibida. A montagem da estrutura no Marquês mostra uma confiança ilimitada da SAD encarnada. E se são muitas as críticas à preparação do evento aos olhos de todos, a verdade é que demonstra como Vieira acredita na equipa.
Rui Vitória é o homem a quem se pede que retarde a festa. Falado na Luz noutros tempos, é um técnico respeitado, que encaixa como uma luva no protejo de Júlio Mendes. Já infligiu a Jesus duas derrotas dolorosas no Benfica. Que se jogue bem e bonito e sem casos em Guimarães e Belém. O melhor acabará por ganhar.
Em Alvalade, Bruno de Carvalho e Marco Silva protagonizaram mais um episódio de uma novela que já todos percebemos como vai acabar. O divórcio é evidente e ontem o presidente deixou bem claro que ele acontecerá após os jogos que faltam ao Sporting. Não deixa de ser espantoso que os jogadores leoninos continuem todos a remar para o mesmo lado quando presidente e treinador mal se falam. Afinal, ontem ficámos a saber que Marco não ligou a Bruno para negar o encontro com Pinto da Costa, mas também que o líder leonino não contactou o treinador. Como pode viver assim um clube grande é algo que não deixa de me espantar. Calculo que à maior parte dos adeptos também.
Marco e Bruno tentaram ambos adiar o conflito. Foram muitas as declarações públicas a negar o óbvio, até para serenar os ânimos. Chegar à Taça sem ondas era a ideia. As conferências de ontem acabaram com as dúvidas. Vem aí mais um novo Sporting."

Notas soltas de fim de época

"1. Numa semana de múltiplas pressões nos campeonatos profissionais de futebol com alguns métodos já vistos e testados noutros tempos, o ex-árbitro Pedro Henriques chamou a atenção para o facto de terem acabado os tempos do Apito Dourado e os "favores de arbitragem". Assim dito por um árbitro desse tempo, a afirmação não é despicienda. Mas os tempos não estão para análises. Seja como for, não foi em vão que a justiça desportiva da FPF e da Liga averiguou e, em muitos casos, condenou árbitros e dirigentes. O alcance dos processos mudou o essencial: a percepção de impunidade. Mudou ainda algo mais: a capacidade psicológica para os árbitros manterem a serenidade em ambientes de elevado confronto. Já ninguém hoje deve pensar que os árbitros mais experimentados e capazes desde logo pelo acréscimo de formação académica e pela remuneração condigna, são destituídos e acéfalos. Essa mudança foi clara. Como é óbvio, não impede o erro (e a apreensão de certo tipo de erros fica muitas vezes longe da inteligibilidade), mas impedirá, em princípio, outras coisas mais.
2. O que ainda não se impede é a (tentativa de) manipulação das massas: Os clubes, na hora de pagar multas e responder por eventuais outras sanções por causa de comportamentos dos adeptos, queixam-se sempre. Todavia, quando o ambiente tem tendência para ferver, há sempre um possível megafone de clube para inflamar o que apenas deveria ser e é um jogo de futebol. Se algo acontecer, o portador do megatone estará escondido. Mas é bom que, nessa hora que nunca se deseja, todos se lembrem desse megafone e dos seus manipuladores na sombra.
3. O que também ninguém impede é as recorrentes suspeitas de que, em jogos mais decisivos de final de época, haja recompensas para certos jogadores (ou até toda a equipa) por parte de terceiros. Há quem defenda a legitimidade da prática - remunerar para ganhar - e a comunicação pública das ocorrências - não se estaria a falsear a competição. Por ora, seja na relação clube-clube, seja na relação clube-jogador, directamente ou por interposta pessoa, o "estímulo" de terceiros para obtenção de "resultado positivo" é infracção disciplinar, ainda que só punível com multas para jogadores e clubes e suspensão para dirigentes. O problema é que se poderá pensar que os canais usados para o estímulo "positivo" podem ser os mesmos para o estímulo para perder. Se assim for, cai a lógica dos defensores das vantagens extra para ganhar. Melhor será inibir anomalias e vigiar a normalidade."

Tiras-me uma 'selfie'?

"O vácuo chegou às 20.20 horas de ontem. Um dia ele diz tudo. Um dia ficaremos a saber. Um dia ele esclarecerá tudo. Até lá, zero.

A conferência de imprensa estava marcada para as 20.30 horas. Soaram trompetes e relâmpagos: o homem vai falar. O homem, claro, é Bruno de Carvalho. Se o presidente do Sporting pedira a presença dos jornalistas em Alvalade, é porque algo de importante teria a dizer. E a cabeça das pessoas com interesse na matéria começou a fervilhar. Terá a ver com o treinador? Com o plantel? Com a famosa auditoria? Com os exorbitantes preços que os sportinguistas terão de pagar por umas bifanas e uma cervejas se quiserem assistir em Alvalade, num écran gigante, à final da Taça de Portugal? A cabeça fervilhou, mas depressa, por volta das 20.45 horas, deixou de fervilhar. Era, afinal, o vácuo a chegar: ausência de matéria numa dada região do espaço. Ou seja, zero. Ou nada. Pequeno ataque aos jornalistas ao jeito de Octávio Machado: «Um dia, digo tudo; um dia, vocês saberão; um doa, esclarecerei tudo». Entretanto, anteontem, entrou novo director de comunicação no Sporting: vai ter muito trabalho pela frente. De novo BdC e a sinuosa resposta à continuidade (ou não) de Marco Silva: «Ele tem contrato e falamos no final da temporada». Singular, de facto, para quem há menos de uma ano assinou contrato com o treinador até 2018. É mais ou menos como alguém pedir a um amigo: «Tiras-me uma selfie?». Ninguém percebe.

O presidente do Sporting tem feito, pelos dados que estão disponibilizados, muito bom trabalho na reestruturação financeira do clube: não há dinheiro, não há vícios. Se tem 100, não gasta 101. Se tem 100 para gastar e os outros têm 150 ou 200, quer fazer o mesmo que eles. Parece ousado, mas é possível. O problema de Bruno de Carvalho parece ser outro: por entre conflitos com este mundo e o outro, começa a ser complicada achar que só ele tem razão. É a velha história do soldado com o passo trocado e mãezinha a achar que os outros 100 soldados é que estavam com o passo errado. «Há uma tentativa clara de desestabilização dirigida ao presidente do Sporting», diz Bruno de Carvalho. E disse-o sem sorrir. Mas não forneceu dados importantes: quem quer desestabilizar, onde quer desestabilizar, quando quer desestabilizar e como quer desestabilizar. Mais uma vez: ninguém percebeu. É a táctica tantas vezes usada: poeira para os olhos das pessoas. Tentar criar um facto. Alguém percebeu o que Bruno de Carvalho quis dizer? Ninguém duvida da entrega brutal que é necessário ter para se dirigir um grande clube, mas não faz sentido perder quase uma hora para nada dizer. Ninguém entendeu. É tão inverosímil como alguém pedir a uma amigo para lhe tirar uma selfie.

Steven Gerard e a bengala de José Mourinho
A Espanha tem Ronaldo e Messi. A Alemanha tem o Bayern. A Itália tinha muito coisa. A Rússia tem dinheiro. A Holanda tem grandes jogadores que brotam como cogumelos. Tal como a Argentina e o Brasil. Ou Portugal. Mas o futebol inglês é diferente. É mais. É melhor. Tem alma e coração. Tem atmosfera. Só em Inglaterra é possível que a despedida de um jogador como Steven Gerard, a full legend, tenha o impacto que teve. Que toda a gente fale dele. E o elogie. Duvido que José Mourinho de lá saia. E, se o fizer, só quando usar bengala e fralda.

Motor do Tractor de Toni falhou na última curva
Se há homens bons no futebol português (e há), Toni é um deles. Tem um coração do tamanho do mundo e é pena que, tal como tantos outros treinadores portugueses, seja tão mal aproveitado entre nós. Anteontem, a maioria dos que gostam de futebol estaria a torcer por ele no decisivo jogo do campeonato Iraniano. E Toni, durante 10 minutos, acreditou que vencera o campeonato mesmo após empate no Tractor-Naflt Tehran. Seria o 3.º treinador português, depois de José Mourinho e de Vítor Pereira, a sagrar-se campeão no estrangeiro em 2014/15. Mas tudo ruiu em menos de 15 minutos..."

Rogério Azevedo, in A Bola