"Diz a tradição que o Benfica tropeça antes do clássico. Aconteceu em quatro das últimas cinco vezes. Diz a tradição, na era Jorge Jesus, que quando a tradição não é boa, muda-se a tradição. O jogo do Restelo é a saída mais difícil e o jogo com mais riscos nas deslocações que iremos ter.
Jogar no Restelo e pensar no Benfica-FC Porto seria uma tragédia. O único Benfica-FC Porto importante para sábado é o de hóquei em patins.
Ser campeão, para o Benfica, passa por ganhar em Belém. O último jogo contra a Académica deixou excelentes indicações a que nenhum benfiquista ficou indiferente. Aliás, também como no tempo dos nosso avós, quem chegou ao Estádio da Luz dez minutos atrasado perdeu os dois primeiros golos. Era assim que nos contavam o Benfica.
Exibição segura e próxima de uma goleada nunca vista, podiam mesmo ter sido dez, tantas foram as ocasiões desperdiçadas no passado sábado.
Contra a Académica, o jogo do Benfica roçou a perfeição. Não me lembro de ter um jogo ganho aos dez minutos e estar a golear aos vinte. Mas apenas valeu três pontos e faltam dezoito. Espero que os 56 mil de assistência tenham sido a pior assistência da Luz até ao fim do campeonato. Há um colinho tremendo, está em linha com a vontade que os adeptos têm de ser bicampeões.
Mas nada disso valerá neste sábado no Estádio do Restelo, se não entrar a mesmo Benfica, com a consciência de que o Belenenses é muito melhor que a Académica, mas com a mesma vontade de ganhar, cedo e bem.
Não haverá mais deslizes nos candidatos ao título e quem os tiver perderá o campeonato. Temos de fazer a nossa parte e, nesta fase, ganhar ao Belenenses no Restelo é toda a nossa parte."
Sílvio Cervan, in A Bola