quarta-feira, 15 de abril de 2015

A diferença

"Qualquer equipa deseja receber o Benfica no seu estádio. É sempre uma festa para a respectiva cidade e seguramente uma boa bilheteira. Esta expectativa é reforçada quando o Benfica comanda a classificação e luta pelo título.
Também qualquer equipa recebe na sua casa o Benfica como o momento alto da temporada para os seus jogadores e técnicos. É-lhes gostoso tirar pontos ao Porto e ao Sporting, mas uma vitória (às vezes até um golinho) contra o Benfica é sempre inolvidável e um marco na sua carreira.
Os jogadores lutam com forças, entusiasmo e empenho que parece sempre estarem guardados para aqueles sempre tão esperados noventa minutos. Este ano vimos isso em Braga, Paços de Ferreira, Arouca, Moreira de Cónegos, Vila do Conde e noutros campos. Por isso, o clube da Luz tem dificuldades acrescidas que, enigmaticamente, os seus rivais não costumam encontrar tão expressivamente.
Percebo o lado icónico de um sucesso perante o Benfica. O que me custa a perceber é o lado aparentemente acomodado e quase burocrático com que, por vezes, as mesmas equipas encaram outros jogos. Basta comparar as partidas com clubes atrás citados para ver a diferença...
O mesmo se passa, não raro, com os treinadores e certos dirigentes. Nos jogos com o Benfica, o mérito de uma vitória nunca é reconhecido e há sempre uma qualquer questiúncula para o tentar menorizar. Nos jogos, por exemplo, com o Porto, antes ou depois, o que se diz é com muito cuidado, respeitinho e quase um pedido de desculpas se alguma coisa corre mal para os portistas. E, por regra, sobre a arbitragem nem um sussurro..."

Bagão Félix, in A Bola

Será prudente mudar agora?

"O final da época está cada vez mais próximo e no Benfica volta a discutir-se a continuidade ou não de Jorge Jesus. Não é um tema fácil para os adeptos e percebo que também não o será para o clube e para o próprio treinador, porque em causa está mais do que um nome e nos pratos da balança pesam muitos factores, alguns deles ainda não definidos, como a conquista deste campeonato. Se o Benfica o perder, calculo que Jesus só ficará se Luís Filipe Vieira, o presidente, insistir, porque o desgaste emocional será grande. Se o vencer, pelo segundo ano seguido, então acredito que seria um disparate dispensar Jesus.
É verdade que ganha muito dinheiro para a realidade do futebol português, é claro que tem defeitos, que já são muitos anos com a sua liderança e que isso também satura, mas, num contexto anunciado de mudança de paradigma, de aposta na formação e redução de despesas, não vejo melhor solução do que manter um treinador perfeitamente consciente do que se pretende. Jesus conhece o trabalho que está a ser feito, conhece os jovens e sabe quais são os melhores para uma aposta a curto ou médio prazo, já deu provas de ser capaz de rentabilizar jogadores e equipas, resistindo às inevitáveis (e desejáveis) vendas dos melhores a troco de muitos milhões. E com esta estabilidade desportiva o Benfica voltou a andar ao lado do FC Porto.
Será tarefa difícil encontrar a pessoa certa para encaixar no perfil quando é tão urgente não correr riscos sem medir as consequências. Por outro lado, há, evidentemente, que contar com a vontade de Jorge Jesus, que pode querer outro desafio ou ganhar ainda mais dinheiro. O que digo, agora, é que o Benfica perderá muita coisa se não quiser continuar com Jorge Jesus e não sei o que poderá ganhar se não renovar com ele. Mas, admito, primeiro é preciso saber se vence esta Liga."

Nélson Feiteirona, in A Bola

1.º lugar mais longe...

Tondela 2 - 1 Benfica B

Sofremos o golo cedo, mas conseguimos empatar... Na 2.ª parte voltámos a ficar em desvantagem, e pelas informações recebidas, acabámos o jogo a massacrar, mas sem conseguir concretizar.
A equipa voltou a melhorar com a entrada do Sarkic. Ou estão a tentar fazer do Guedes um ponta-de-lança, que não é, ou então não faz sentido: a equipa perde profundidade, e o próprio Guedes acaba por não ganhar rotinas nas posições onde pode ter futuro: extremo, ou 2.ª avançado...
Foi pena, porque não perder hoje - com o líder -, era fundamental para manter a esperança no título de Campeão.

Varela: Lindelof, Nunes (Alfaiate), Lystcov, Rebocho; Teixeira, Sanches; Andrade (Elbio), Carvalho (Sarkic), Santos Guedes.


ADENDA: Três jogos consecutivos a sofrer golas da mesma forma!!! Já é tempo de rectificar...

A metáfora do futebol

"Depois de ler a coluna do Miguel Cardoso Pereira, n'A BOLA de sábado, o meu pai disparou uma frase que haveria de assolar o lado filosófico da minha mente por todo o fim de semana: «um dia haverá um sistema com câmaras, por satélite, nem sei como, que avaliará os lances de todos os jogos e decidirá bem, sem ser preciso haver árbitros em campo».
Não deixa de ser curioso que, horas mais tarde, à conversa com um amigo sobre práticas médicas ele tenha expressado profundo cepticismo para com o que diz ser uma cada vez maior especialização, já que entende que esta leva à aplicação de algoritmos (baseados em casos passados) para decidir como tratar cada doente.
Num e noutro caso parece-me levantar-se uma série de questões éticas fundamentais. Em ambos, a desumanização coincide com os cenários apocalípticos de uma humanidade dominada por computadores por si criados. A verdade é que num e noutro caso tendemos a aceitá-lo se nos garantirem que desta forma se elimina o erro: que deixa de haver penalties por marcar, que deixa de haver gente a morrer por mau acompanhamento médico - veja-se como chegámos a admitir, depois da tragédia German Wings, que os aviões podiam até ser mais seguros se totalmente pilotados de forma automática.
De trás para a frente, desmonte-se a desumanização. Milhares de acidentes de avião são evitados pela perícia dos pilotos; o olho clínico de um bom médico acerta mais que os melhores livros todos juntos e, por fim, vamos à arbitragem. Discordo que o erro seja parte integrante do jogo (é algo a erradicar, se possível), mas atenção: se for possível um computador decidir (bem) todos os lances, é provável que a Justiça dos Estados também possa ter uma máquina por juiz. Estaremos dispostos a aceitar tal coisa?"

Nuno Perestrelo, in A Bola

PS: A iliteracia informática, misturada com a ficção-cientifica, e as profecias apocalípticas, que vendem livros e filmes, tolda muitas vezes as opiniões.
O uso da tecnologia na arbitragem do Futebol, será sempre uma ferramenta, a decisão final será sempre humana, até porque na maior parte das decisões existe subjectividade. Algo que já se passa, em várias outras modalidades, sem que mal venha ao mundo por isso...
No Ténis, aquilo que o programa faz, é uma medição... no Futebol existem algumas decisões idênticas, mas a maior parte, nunca será decidida por um 'computador'. O problema do uso do video no Futebol, é saber se as pessoas que vão operar esse sistema, são tão incompetentes ou corruptas como os apitadeiros que andam dentro do campo... Bastar compilar os bitaites dos especialistas (ex-árbitros...) nos pasquins todas as semanas, para chegar à conclusão que mesmo com muitas repetições e zoom's, continuam vesgos na mesma!!!