sexta-feira, 10 de abril de 2015

Exibição de gala... e assobios

"Como me confidenciava um amigo no fim do Benfica-Nacional, houve um certo regresso ao tempo dos nossos pais e avós nesse último jogo. Jogar bem, ganhar de forma clara e ouvir assobios porque se quer mais, é o Benfica mais fabuloso da década de sessenta de volta. O meu avô sempre me contou que quando demos 5-1 ao Real Madrid os adeptos saíram a cometar que se falhou um golo fácil e deviam ter sido seis... Devemos agradecer a Jesus o regresso do melhor Benfica, até os adeptos já estão ao nível dos melhores tempos.
O verdadeiro benfiquista não justifica derrotas, nem explica desaires, pelo contrário, a especialidade é mostrar moderação e até enfado pelas vitórias repetidas. O peso da camisola é isto mesmo, há colinho dos adeptos, mas também há exigência, por vezes muito além do racional, até porque no Benfica, e na imensa paixão que o move, o racional é muitas vezes marginal.
Contra a Académica espero uma vitória clara, uma exibição de gala e uma assobiadela pela forma escandalosa como o Lima vai falhar o quarto golo... Assim, ficará tudo em sintonia. A equipa com a história do clube e os resultados em linha com os adeptos.
O jogo com a Académica tem o perigo de não ser perigoso. Por não ser teoricamente um dos desafios mais difíceis, poderá levar a algum relaxamento, o que seria fatal. A Académica de Coimbra tem feito uma sucessão de jogos incrível, sempre sem perder, recuperou imenso nos últimos oito jogos e tem já uma posição tranquila na classificação.
Acresce também que foi a única equipa além do FC Porto a vencer o Benfica de Jorge Jesus, em seis anos, no Estádio da Luz, para o campeonato. Há portanto riscos estatísticos a ter em conta. Faltam sete jogos (oito com a final da Taça da Liga) e teremos de os vencer à Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

Empate injusto...

Benfica 2 - 2 Chaves

Um dos melhores jogos que assisti da II Liga. Não só pela exibição da nossa equipa, mas também pela forma como o Chaves jogou...
A 1.ª parte não correu bem ao Benfica, tivemos muitas dificuldades nas transições defensivas, o nosso meio-campo defensivo foi demasiado macio, e os nossos defesas 'levaram' com os centrocampistas adversários, sem marcação, pela frente várias vezes... E como o Chaves tem bons jogadores, a passar, e avançados rápidos e objectivos, os sustos foram vários. Mesmo assim, tivemos muita posse de bola e algumas oportunidades... Acabámos por sofrer o 1.º golo de canto (exactamente igual ao golo sofrido em Olhão!!!), e pouco depois, o 2.º num livre directo (grande golo...), que por acaso, nasceu numa falta não assinalada a favor do Benfica (algo comum durante toda a partida)!!!
Ainda conseguimos reagir no 1.º tempo, também de bola parada, com os nossos Centrais a 'combinarem' para o golo!!!
No 2.º tempo, o Chaves foi menos perigoso no contra-ataque, acertámos as marcações, tivemos muita posse de bola, rematámos muito, mas faltou claramente presença na área... O Sarkic devia ter entrado muito mais cedo. Quando marcámos o golo do empate (grande jogada), já merecíamos estar a ganhar...
Com 2-2, o jogo ficou um pouco mais dividido, mas estivemos muito mais próximos do 3.º golo do que o Chaves. Talvez o cansaço em alguns jogadores, justifique a falta de cabeça fria da definição de algumas jogadas.
Já nos descontos, Paulo Baptista quis ser protagonistas: inventou um penalty contra o Benfica, que o Bruno Varela defendeu...
Aliás a arbitragem foi vergonhosa, durante toda a partida... Perdi a conta aos amarelos perdoados aos Flavienses (alguns 'esquecidos' em leis da vantagem, que não deram em nada!!!). E depois aquele triste espectáculo de andar atrás do Lindelof para o amarelar no lance do penalty!!! Este é daqueles apitadores que nunca devia apitar jogos do Benfica, pois o seu suposto Benfiquismo obriga-o a demonstrar em todos os lances que não beneficia o Benfica!!! Num jogo tão fácil de dirigir, errar tantas vezes, não pode ser incompetência... Este é outro, que o dia da reforma já vem tarde!!!
O grande aperitivo para o jogo, foi a estreia do Mukhtar. Marcou um golo, mas jogou completamente fora de posição. Nota-se bom toque de bola e quase sempre boas decisões. Tentou jogar simples (algo típico da escola Alemã, em contraste com a escola Portuguesa), mas não é ponta-de-lança...
Gostei do Teixeira e do Andrade (não compreendi a substituição)... Hoje nada saia bem ao Nuno Santos, o Semedo voltou a fazer um bom jogo, mas no final decidiu mal no lance do penalty: acho que sofreu falta (não assinalada), mas não se pode pôr a jeito daquela maneira (depois, não fez penalty). Boa entrada em jogo do João Carvalho, creio que temos aqui potencial para um grande '8', se evoluir defensivamente, tem visão, e controle de bola para isso...

O empate sabe a pouco, apesar da boa replica merecíamos a vitória. Falhámos a aproximação ao 1.º lugar, mas também não ficámos fora da luta...

Varela; Semedo, Lystcov (Carvalho), Valente, Rebocho; Lindelof, Teixeira; Andrade (Sanches), Santos; Guedes, Mukhtar (Sarkic, 90').

PS: Uma palavra para o Guzzo, que fez um bom jogo... deposito grandes esperanças nele. Espero que não seja sacrificado pelo penalty falhado naquelas circunstâncias.

Sete Finais

"Número bíblico, número mítico, número da perfeição, sete são os dias da semana, sete são também os jogos que nos separam da conquista do Bi-Campeonato.
Podem até ser menos (dependendo dos resultados que entretanto se forem verificado). Podem ser apenas cinco, se os vencermos todos. Mas para isso, há que olhar para cada um como se fosse o último. Como se fosse uma final. Amanhã é dia grande. É dia de final. Temos pela frente a Académica - equipa que começou mal a temporada, mas tem crescido manifestamente nas últimas semanas. Vai colocar-nos dificuldades.
Com talento, com alma, com garra Benfiquista, e com apoio incessante nas bancadas (nos momentos mais exuberantes, mas também naqueles em que é necessário arrefecer o jogo, ou conter o ímpeto de adversários que querem igualmente os pontos), vamos certamente vencer, e dar mais um importante passo rumo ao título.
Estes fantásticos jogadores merecem tudo. Este treinador resgatou a competitividade do nosso Futebol para níveis que só num passado já longínquo encontram paralelo. Este presidente pegou nos escombros de anos malditos, e ergueu o colosso que temos hoje à nossa frente, devolvendo-nos o orgulho, e devolvendo-nos a esperança. Temos, em campo, no banco, e na tribuna, os intérpretes perfeitos da nossa grandeza. Cabe-nos a nós, sócios e adeptos, cumprir a nossa parte.
Amanhã seremos muitos. Além de sermos mais, temos também de ser melhores. Temos de estar ao nível da importância do momento. os benfiquistas sabem bem como o fazer. Como levar os seus à Glória. Unidos, em torno de um ideal.
Todos por um. Todos pelo título. Força Benfica!"

Luís Fialho, in O Benfica

Falemos de assobios

"Três golos marcados, 11 oportunidades flagrantes desperdiçadas, inúmeras triangulações, qual compêndio de geometria que já o damos por garantido de tão usado que é na era Jorge Jesus, acerto defensivo, velocidade sobre a bola e na circulação da mesma, empenho inexcedível e 32 lances individuais de grande classe, em que se incluíram - e sei porque os contei enquanto revi a partida na BTV - 12 toques de calcanhar bem sucedidos (8 de Gaitán), 3 'cabritos' e fintas 'por baixo' das pernas, enfim, uma das melhores exibições num Campeonato por nós liderado, acabaram por ficar manchados por alguns assobios que, pior que entristecerem a esmagadora dos Benfiquistas, em nada ajudam a equipa a vencer.
Não estou habilitado a versar sobre teoria da acústica e desconheço se existem estudos que sustentem o que afirmarei de seguida, embora julgue ter razão: o som, em tom de assobio, quando gerado por um Benfiquista durante um jogo e propagado pela atmosfera em direcção à nossa equipa, é simplesmente parvo. Felizmente, o antídoto para este género de ruído é sobejamente conhecido, gritado convicta e apaixonadamente, revela-se infalível: BEN-FI-CA! Foi desta forma, tão simples quanto bela, que se silenciou os assobiadores.
E porque acredito que, em Maio próximo, festejaremos o '34', valerá aos assobiadores de serviço, seja no Estádio ou fora dele - pois também os há - que o acesso de Benfiquistas ao Marquês de Pombal e às principais rotundas de todas as cidades e vilas portuguesas careça de vistoria dos actos por si praticados ao longo da temporada. Os festejos são de todos, o apoio incessante e a crítica construtiva é de quem é capaz."

João Tomaz, in O Benfica

Sabão azul e branco

"Dele se diz que tira todas as nódoas que pode ser usado nas mãos, no corpo, no cabelo e até na roupa. É um daqueles produtos que nos habituámos a ver nas casas portuguesas muito antes de haver prateleiras de supermercado cheias de gel de banho, champôs, amaciadores e sais de banho de todas as marcas, odores, cores e feitios. O que eu não sabia - mas já desconfiava há uns 30 anos - é que este produto básico de higiene também andava a ser usado para limpar nódoas do Futebol.
Ora vejamos: Benfica-Nacional, 27.ª jornada, 3 a 1. O campeão nacional faz uma das melhores exibições da época, praticamente sem falhas, golos para ver uma e outra vez, quase 50 mil nas bancadas, líder isolado há 23 jogos consecutivos. Os programas de televisão e os jornais desportivos - e não só - salientam o quê
Os assobios de uma pequena parte das bancadas aquando do golo do Nacional e as críticas de Jorge Jesus aos adeptos. Perdem-se horas de antena e páginas inteiras a discutir a reacção do público e do treinador. Sobre a beleza do Futebol e a supremacia vermelha, menos, muito menos. Num jornal desportivo, um dia depois do jogo, o seguinte título: 'Benfica falha décimo jogo caseiro sem sofrer golos' e, no texto, destaque para o excelente golo de Tiago 'Gastroenterite' Rodrigues, emprestado pelo FC Porto ao Nacional.
Ai, ai, tanto desespero que para aí vai. O que vale é que o algodão não engana e nem mesmo o sabão azul e branco consegue o enorme milagre de fazer desaparecer uma nódoa tão pestilenta e gordurosa. Podem parar de esfregar, isso não sai. A solução é deitar fora."

Ricardo Santos, in O Benfica

Eleições na FIFA

"Vêm aí eleições na FIFA e, desta vez, temos um nome português na corrida. Um nome que vale a pena apoiar, não apenas pelo facto de falar a língua de Camões, mas por estar fortemente comprometido com um objectivo que tem, desde há muito, de estar em cima da mesa na mais alta instância do Futebol: o combate à corrupção e ao favorecimento dos países ricos.
Joseph Blatter tem atrás de si um legado de corrupção e favorecimento que impressionaria qualquer amante do Desporto e do fair-play. Desde propostas de campanha que nunca entraram em vigor - provavelmente nunca seriam para entrar - logo que criticadas por alguns apoiantes mais endinheirados até à muito duvidosa decisão de levar o Campeonato do Mundo ao Qatar em 2022, Blatter não tem contribuído para a construção de uma imagem isenta e imparcial da organização maior do Futebol mundial. Para além de que - como sabemos - não tem sido a melhor das atitudes para com o Futebol português. Quanto a este ponto, não me refiro apenas a decisões próprias da FIFA em que países pequenos e médios são sistematicamente prejudicados em função dos colossos financeiros. Estou mesmo a apontar a atitude simples como a ridicularização de jogadores como Cristiano Ronaldo ou a palpites extremamente imparciais sobre quem deveria recair a escolha de melhor jogador ou melhor treinador do Mundo.
Por tudo isto - e muito mais! - é importante que o lugar cimeiro da FIFA seja ocupado não apenas por uma cara conhecida dos adeptos e dos praticantes, mas por alguém que ame verdadeiramente o Futebol. E que já tenha dado provas - pelos seus feitos e também pelas suas origens - de que a todos tratará igual. Porque o Futebol é o desporto do povo. Do Mundo. De todos nós."

André Ventura, in O Benfica

Responsabilidade dos árbitros

"Há uma ameaça, por parte dos árbitros, de boicote às últimas cinco jornadas da I Liga. Dizem os juízes de campo que está em falta um pagamento correspondente a publicidade de que seriam veículo. Sucede que não há registo, na Liga de Clubes, desta obrigação, tão-pouco os árbitros, hoje em dia, ostentam qualquer publicidade específica.
Perante este cenário, a Liga admire até vir a pagar, caso lhe seja feita prova, por escrito, do compromisso invocado pelos árbitros; mas não vai abrir os cordões à bolsa só porque os árbitros se lembraram agora, coincidindo com a fase mais quente de competição, de reivindicar.
O que este caso mostra,  e esta é uma constatação grave, é que não há, por parte dos árbitros, um compromisso sério com as provas de que fazem a parte. De forma como colocaram a questão, os árbitros mostram que não querem saber dos clubes, jogadores, treinadores e demais intervenientes, directos e indirectos, que vivem do futebol, nem dos adeptos, cuja paixão é o motor de toda a indústria.
E quando se fala dos árbitros, fala-se de uma classe cuja profissionalização acarreta novas responsabilidades. Os vencimentos que auferem, em muitos casos cerca de 14 ordenados mínimos mensais (sete mil euros), não são compatíveis com acções que coloquem a competição em risco; por uma questão de solidariedade com os restantes intervenientes no futebol; e por uma questão de dignificação da sua novel profissão. Se os árbitros entendem que têm direito a algo, devem lutar por isso. Não devem é ameaçar colocar tudo o mais em causa. Têm mais direitos. Devem ter mais responsabilidade."

José Manuel Delgado, in A Bola

A verdade da mentira

"Quando uma peça jornalística tem de ser ancorada num título que invoca “a verdade sobre…”, é meio caminho para desconfiarmos da história.
Na sua edição de hoje, o jornal O Jogo publica o que diz ser a história da contratação do jogador do Nacional da Madeira Marçal, adiantando que a mesma foi fechada com a visita do assessor jurídico da SAD do SL Benfica ao hotel onde estava concentrada a equipa madeirense.
A história é falsa, de mau gosto, e o título revela-se manifestamente desajustado. A peça não merece o título. Uma “cacha” escrita por alguém que estava fora de Jogo!"