sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Velhos e novos

"Já não há muita paciência para os debates sobre quem lança mais jovens e sobre quantos jovens tem cada equipa, em cada jogo. Jorge Jesus já teve de responder à mesma questão colocada de 101 formas diferentes, mas igualmente cretinas. São os mesmos hipócritas que reclamam pela presença de jovens nos onze dos clubes que criticam quando não se ganha por excesso de juventude e imaturidade.
Benfica, FC Porto e Sporting têm como objectivo ganhar títulos e não ser o jardim-escola do futebol português. Devem jogar os melhores, independentemente da idade. Confesso que em caso de dúvida privilegiaria os mais velhos.
Deliciei-me com a vitória de Roger Federer no último Masters 1000 de Xangai, não me esqueço de Roger Milla dos Camarões, fui fã daquela equipa de velhos acabados do Inter de Milão que Mourinho pôs a campeã europeia e repetia mil exemplos em todos os desportos.
Esta xenofobia da juventude e esta pedofilia futebolística, alimentada por empresários sem escrúpulos e aceite por adeptos acéfalos, são irritantes.
Ainda não vi crítica a Fernando Santos que renovou a Selecção com os jovens Ricardo Carvalho, Tiago, Eliseu e Quaresma para ganhar à Dinamarca.
No Benfica quero os melhores para ganhar os jogos e pouco me importa a sua idade. Devo mesmo confessar que gosto pouco de ver jovens e fazer asneiras no Benfica, para serem vendidos para outros emblemas quando atinge a sua plenitude futebolística.
O facto de o onze-tipo do Benfica ter experiência mostra a inteligência de Jorge Jesus. O facto de o treinador ligar pouco a esse ruído disparatado mostra a sua maturidade. os jovens jogadores lançados precipitadamente custam carreiras aos próprios e títulos às equipas.
Na Covilhã tem de jogar uma equipa de qualidade e próxima do melhor Benfica, para não haver taça. Não faltam avisos dos perigos que se irão encontrar. O Sp. Covilhã é melhor do que vários emblemas da I Divisão."

Sílvio Cervan, in A Bola

A vermelho!

"1. Um fim-de-semana, seis vitórias, dois troféus. Foi este o pecúlio das nossas modalidades mais representativas, cingindo-nos apenas aos escalões seniores masculinos.
O Voleibol e o Basquetebol entraram na nova temporada da mesma forma que haviam saído da anterior: a ganhar, e a festejar conquistas (neste caso, Supertaça e Troféu António Pratas). O Andebol, o Hóquei em patins e o Futsal também venceram folgadamente os seus jogos, todos eles disputados fora de casa. Nada de novo aqui. Mais um fim-de-semana à Benfica.

2. Amanhã começa a defesa da Taça de Portugal, brilhantemente conquistada em Maio passado no Estádio do Jamor. O adversário é do segundo escalão, mas nestas ocasiões o favoritismo tem de ser confirmado dentro do campo. A partida europeia da quarta-feira seguinte pode condicionar o 'onze' a apresentar na Covilhã, mas não pode, em caso algum, reduzir a concentração competitiva daqueles que entrarem em campo. Até porque teremos pela frente um conjunto de profissionais empenhadas em fazer a exibição (e o resultado) de ma vida.

3. Até agora, a Liga dos Campeões não nos tem corrido de feição. Eis uma boa oportunidade, no Mónaco, para inventar a sequência, alcançado um resultado que nos recoloque na luta pelo apuramento. Conseguindo a vitória, ficaríamos a apenas um ponto do segundo lugar, com três jornadas por disputar, duas delas em casa. Tudo ainda é possível neste grupo. Eu acredito!

4. Ainda há poucas semanas o mercado de transferências encerrou, e já os jornais nos intoxicam com especulações acerca daquilo que pode suceder em Janeiro. Para eles, as competições futebolísticas parecem ser apenas um interregno nas negociatas que lhes interessam fomentar, e que utilizam como incremento de vendas. Não sei bem se escrever, em Outubro, que determinado jogador pode sair, ou entrar, em Janeiro, ajuda assim tanto a venda de papel. Eventualmente ajudará noutros planos, e junto de outros intervenientes. Como leitor dispenso. Como adepto do futebol, abomino."

Luís Fialho, in O Benfica

Encarnado é o Vermelho-amor

"Não foram poucas as histórias de falsas identidades que vimos, ouvimos ou lemos, ao longo das nossas vidas, e que guardamos na nossa memória colectiva. Por exemplo, o Mundo da ficção deu-nos alguns exemplos (Zorro, Batman, Super-Homem, etc). Gente que se fazia passar por 'normal' para depois se transvestir e actual incógnito. Lembremo-nos ainda da fábula do Patinho Feio, o qual se julgava pato sendo ganso, e os constrangimentos que isso lhe provocou. Pois bem, para a nossa memória colectiva, poderemos acrescentar mais uma história similar: a do árbitro que se fazia passar por isento, com o intuito de acudir ao Sistema. Iremos lembrar-nos dele como transvestido de homem sério e competente, para salvar a pele de outros.
Porém, ao contrário dos heróis supramencionados, este não está aqui para fazer o bem. os super-heróis salvam as pessoas do mal, Pedro Proença, assim se chama o embuste, salva o mal do seu destino perdedor. A bem da verdade, Pedro Proença está mais próximo do Patinho Feio do que de outra qualquer história de falsa identidade, pois aquele que se tinha por Benfiquista veio, no fundo, a revelar-se portista.
Ninguém compreende como Pedro Proença apita com distinção no estrangeiro e faz tamanhos disparates nos jogos do FC Porto, beneficiando sempre o mesmo. Se não soubesse apitar, saberíamos que era defeito de qualidade. Mas, quem tem o seu estatuto internacional e reconhecimento e apita assim em Portugal, só pode ser com férrea intencionalidade.
Beneficiar sempre, sempre o FC Porto só pode ser coisa do campo da premeditação. O último jogo entre Porto e SC Braga foi uma vergonha! Em sentido contrário, o dito juiz (?) tem prejudicado gravemente o Benfica. Há dois anos, validou um golo ao Maicon e roubou-nos um Campeonato!
Qual caranguejo eremita, não nos deixaremos enganar pela tua carapaça, Pedro!"

Carlos Campaniço, in O Benfica

Diz-se por aí (salários)

"Apresentei já, ao público, os resultados do meu recente estudo na área do direito desportivo, com resultados que, sinceramente, me surpreenderam a mim próprio: cerca de 45% dos futebolistas em Portugal tem salários ou complementos em atraso. O número poderia não ser, por si só, revelador, mas é incondicionalmente expressivo. Portugal apresenta uma das mais elevadas taxas da União Europeia no incumprimento das obrigações dos clubes e das entidades empregadoras desportivas para com os seus atletas. Da mesma forma, a aposta na formação continua na cauda da Europa. Na comparação com Espanha e Reino Unido, por exemplo, Portugal apresenta números extremamente reduzidos no que respeita aos valores brutos investidos pelos clubes em actividades ou estruturas formativas, evidenciando ainda uma percentagem muito pequena de atletas que acredita, um dia, poder vir a ser desportista profissional.
Da mesma forma, tive já oportunidade de o dizer e sublinho-o de novo aqui: tal como está, a legislação em Portugal, incentiva a corrupção no desporto e premeia os seus autores, desmotivando sinceramente todos aqueles que querem fazer frente a este fenómeno tão degradante dos espectáculos desportivos que enchem os estádios e nos enchem os corações.
Tudo ao contrário, portanto, em relação a alguns dos aspectos fundamentais do desporto em Portugal: a legislação laboral desportiva, a aposta na formação, a redução de litígios e a tutela das legítimas expectativas daqueles que dão o seu melhor ao serviço dos clubes desportivos. Nos últimos anos, o Sport Lisboa e Benfica tem sido a única luz que brilha no panorama sinceramente devastador que se apoderou do desporto em Portugal, como ficou consolidadamente demonstrado no último Relatório de Contas da SAD Benfiquista. A estratégia foi simples: evitar cortar cegamente na formação e nas modalidades, recriar e dinamizar estruturas - mesmo em tempos de profunda crise - e os resultados, claro, estão à vista. Do judo ao voleibol. Podiam os outros aprender alguma coisa!"

André Ventura, in O Benfica