sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Objectivo: ganhar o campeonato

"Absolutamente notável o título da A BOLA, na última segunda-feira, sobre o jogo do Bessa: Vitória sintética resume e explica detalhadamente tudo o que se passou na deslocação do Benfica ao histórico Estádio do Bessa. Benfica, FC Porto e Sporting conseguiram três pontos, mas não há nenhum clube que deva ter ficado tranquilo com a prestação das suas equipas. Ainda assim, o Benfica tem atenuante de um piso muito invulgar e difícil. Rúben Amorim não se esquecerá dessa deslocação. Jogar no Bessa  não será fácil e foi importante não se perder pontos. Melhor teria sido não se perder um jogador tão influente como Rúben Amorim. Mal caiu logo se temeu pela gravidade do lance.
Domingo, num jogo de prognóstico impossível, desejo e espero um Benfica no seu limite à procura dos três pontos, embora admita um Sporting ainda mais pressionado. Nani, que ainda não mostrou não ser o Quaresma do Sporting, irá tentar fazê-lo na Luz.
Vai ser um campeonato mais longo e difícil. Nenhum dos três grandes está com capacidade de arrasar toda a concorrência. O campeão será encontrado na soma de pequenos detalhes. Nesta conjuntura desportiva e até financeira as aspirações europeias são quase nulas na Liga dos Campeões e reduzidas na Liga Europa.
Analisando o sorteio da Liga dos Campeões, é tão forte o grupo do Benfica que fica ainda mais nítido o objectivo de ser campeão nacional. É muito difícil assumir esta realidade, mas no meu íntimo não tenho dúvidas: vencer o campeonato é o verdadeiro objectivo. O sorteio de qualificação tão impossível na Liga dos Campeões pode até ser uma vantagem para o Benfica.
Importante, por agora, é o Sporting, e depois será o V. Setúbal. Ser campeão de Portugal é o maior objectivo europeu que se pode ter.
Dia 31 de Agosto e o papão do fecho de mercado estão aí."

Sílvio Cervan, in A Bola

O suspiro

"O assunto é de somenos, é um pouco como aquelas melguitas irritantes que, apesar de pequenas e despiciendas, acabam por, de quando em vez, nos alterar o sossego, conseguindo zumbir irritantemente nos nossos ouvidos. O assunto prende-se com o desatino que o perorador dominical Rui Santos teve para com o bicampeão europeu António Simões, na SICN, no passado domingo. Durante anos, Rui Santos especulou, disfarçando a especulação na máscara de opinião imparcial, a solo, em contraditório. Associou-se a causas alheias e tomou-as como suas (a tecnologia ao serviço da verdade desportiva), inventou ligas e verdades relativas, apresentou probabilidades remotas como factos e, com o tempo, transformou-se numa espécie de atracção circense do mundo da bola. Certo dia, num qualquer outro programa, teve o contraditório de Humberto Coelho e Toni. A coisa correu-lhe mal, levou uma lição sobre futebol, em directo. No passado domingo, e quando se preparava para opinar/especular sobre o investimento do Benfica no futebol, ouviu um suspiro de António Simões e foi quanto bastou para que o opinador se indignasse, aquilo saiu em tom pequeno, pequenino, minúsculo. Foi uma indignação em tom de birrinha infantil, afirmando que Simões lhe dava vontade de rir. Simões tratou do assunto como se trata de uma melguita e seguiu em frente. Mas não há problema, o opinador/especulador continuará (a bem do seu conceito de verdade e imparcialidade) a perorar como sempre e a lidar mal com o contraditório como sempre. E, também como sempre, resta ao espectador largar um suspiro e mudar de canal."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Diz-se por aí... (Campeonato)

"Diz-se por aí que este vai ser um Campeonato equilibrado entre os três grandes. Que as magras vitórias da última jornada isso mesmo demonstram. Da minha parte, mantenho o que já por várias vezes publicamente afirmei: o único verdadeiro adversário do Benfica para esta época é o FC Porto que, a manter-se neste ritmo, começará a quebrar antes da chegada do Natal.
Vejamos: o Sporting revelou uma total incapacidade de integrar Nani que - falhando um penálti - parece mais destinado a vir para Alvalade terminar a carreira do que a renová-la. Sofreu para vencer  Arouca e apenas o conseguiu num golpe mais do acaso do que do talento de Carlos Mané.
De resto, mantém-se uma inamovível dificuldade de organização de jogo e de montar um ataque consistente. Por vezes, um excesso de confiança incompreensível. Da parte do FC Porto, temos incontestavelmente uma equipa sobejamente reforçada e que apresenta - em relação aos leões - incomparável consistência.
Pode ser que me engane - Deus queira que não - mas esta equipa de Lopetegui, no entanto, não convence de todo: deposita todas as suas esperanças de concretização em Jackson Martinez e parece ser uma autêntica repetição táctica em todos os jogos oficiais e não oficiais. É por isso que, penso, começará a quebrar antes do final da primeira volta. De resto, será consensual que, no jogo com o P. Ferreira, a melhor oportunidade esteve mesmo nos pés de Sérgio Oliveira e não de qualquer elemento azul e branco. O SC Braga poderá mesmo vir a representar uma ameaça maior do que o Sporting, atento não apenas o largo investimento feito para renovar o plantel esta época (acima de 18 milhões) mas a eficácia que tem demonstrado em campo. Incontestável é, parece-me, que o Benfica tem todas as condições para renovar o título de Campeão Nacional, o que será também uma lição de táctica e técnica para os nossos adversários. E para os campeões da pré-época. Anotem e aprendam!"

André Ventura, in O Benfica

Até sempre 'Tio Peres'

"Durante o fim-de-semana fui informado do falecimento de Peres Bandeira. Um homem bom com quem tive a oportunidade de me cruzar ao longo de vários anos. Nos corredores da velhinha Luz, o 'tio Peres', como carinhosamente era tratado, a todos dava saudação, sempre com um sorriso aberto e fraterno.
Sabia muito de futebol e na sua área de especialização, o treino e o scouting, era um verdadeiro mestre. Conhecia tudo e todos e foram célebres algumas das contratações por si avalizadas.
As suas palavras tinham o especial condão de cativar quem com ele privava. Sempre bem-disposto, o 'tio Peres'. Adorava comentar sobre o jogo do passado fim-de-semana, mas baixinho, pois alguém poderia ouvir e fazer 'mexerico'. Peres Bandeira era um homem íntegro, sempre o foi, e acima de tudo um grande benfiquista.
Na etapa final, enquanto colaborador do Benfica, o 'tio Peres' fazia um pouco de tudo. Orgulhava-se por arranjar as melhores condições logísticas para os nossos atletas. Fazia tudo de bom grado, nunca virava as costas ao que havia por fazer. Sempre presente e exigente consigo e com os seus.
Mas o que mais recordo no meu amigo Peres Bandeira era o seu fascínio pela prática do futebol, mesmo com idade já avançada. Ficaram célebres alguns dos jogos que às quartas-feiras pela hora de almoço fazíamos no antigo Pavilhão da Luz, junto às piscinas. O antigo director Jorge Vacas era o organizador. Muitas foram as vedetas que por ali passaram... Mozer, Dimas, Shéu, Chalana, Vítor Paneira... Peres Bandeira... entre tantos outros. O 'tio Peres' era sempre o avançado de serviço de uma das equipas. Com a graça que todos lhe reconhecíamos dizia a alto e bom som 'sou o melhor de todos'. E era o 'tio Peres'. Que Deus dê descanso à sua alma."

Luís Lemos, in O Benfica

Encarnado é o vermelho-amor

"Ainda a Supertaça Cândido de Oliveira não tinha sido erguida pelo capitão do Sport Lisboa e Benfica, no relvado do estádio de Aveiro, já alguns órgãos de comunicação social de dedicavam à fútil contabilidade sobre a equipa portuguesa com mais «títulos». Para esses, pouco importou que o Benfica acabasse de conquistar o quarto troféu da temporada 2013/14, feito absolutamente inédito no nosso panorama futebolístico. O logro semântico («títulos») é uma tentativa ardiloso de aproximar o prestígio do Benfica a um clube mais modesto. Dito de outra maneira, é querer cotejar a equipa com maior número de adeptos em Portugal, a equipa com maior número de sócios pagantes do mundo, aquela que tem maior prestígio internacional, aquela que é uma marca da lusofonia, com um clube de muito menor dimensão.
Ainda assim, no que concerne a «títulos», não tenhamos dúvidas que o Benfica é a equipa mais gloriosa do futebol indígena. Há três competições oficiais em Portugal, Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga. Em todas estas competições, o Benfica é claramente o mais vitorioso. Depois, há aquilo a que chamarei de troféu institucional (há outros troféus de maior dimensão como o Teresa Herrera ou a Eusébio Cup, por exemplo, mas que não são institucionais). Esse troféu institucional chamado Supertaça não passa de uma prova menor! O erro infantilmente orquestrado, mas que pegou no discurso futebolês, é a tentativa de juntar todas as provas ganhas pelos clubes e chamar-se-lhe «títulos», fazendo equivaler um campeonato nacional a uma supertaça. Só assim, pensaram, seria possível aproximar a história do FC Porto à do Benfica, uma vez que o rival tem vinte supertaças, mas está aquém do Benfica nas grandes competições nacionais. Imaginemos um clube que ganha o campeonato e as taças regionais, na perspectiva enganosa é mais «titulado» que um clube que ganhe apenas o campeonato nacional da primeira divisão. Se virmos bem, são dois «títulos» contra apenas um. Não é assim, senhores jornalistas?"

Carlos Campaniço, in O Benfica