sexta-feira, 4 de julho de 2014

Grande incerteza

"O regresso ao trabalho do Benfica está envolto numa grande incerteza. Por um lado a continuação de Jorge Jesus e da estrutura de apoio são garante da estabilidade sempre necessária para êxito (é bom lembrar, o tamanho do êxito da última época). Mas esse êxito é também um problema, pois o termo de comparação ficou muito elevado, a fasquia está alta, as ambições sempre legítimas dos adeptos são agora acrescidas do sabor recente do êxito. Êxito que na última época atingiu patamares quase inimagináveis. Por outro lado, o Benfica viu partir jogadores importantes como Siqueira ou Garay e, mais ainda, vê anúncios diários que sai equipa e meia. Não nego que a confirmação da saída de Oblak seria um tiro no coração dos adeptos. Quando se escreve Oblak no computador o corrector ortográfico corrige para Bola, é isso mesmo, até o corrector ortográfico sabe como ambos estão colados, são siameses. Oblak tem tudo para ser, apenas, o melhor guarda-redes do mundo a curtíssimo prazo. Este equilíbrio entre a boa gestão e o descalabro fica ténue na mente dos adeptos, sempre desejosos de êxitos repetidos.
Domingo temos o sorteio de um campeonato nacional (ainda me custa dizer Liga), que ambicionamos seja o 34.º título do Benfica, dizer o contrário é hipocrisia barata. Esperemos, pois, com a ansiedade do defeso, as confirmações e desmentidos de quem sai e de quem chega. Esperemos que quem ficar tenha a qualidade para as conquistas desse desígnio primeiro que é ser bicampeão, facto que não acontece há muitos anos no Benfica.
Belíssima escolha no adversário da Eusébio Cup, poucos como o Ajax têm a tradição e a glória, muito para lá do novo-riquismo dos milhões de paragens obscuras. O Ajax é parte da história do futebol europeu e mundial, e é esse prestígio que se empresta a uma homenagem (primeira póstuma) ao nosso Eusébio."

Sílvio Cervan, in A Bola

O regresso

"Mesmo com o Campeonato do Mundo ao rubro, o regresso ao trabalho do plantel benfiquista não pode deixar de figurar no topo na nossa agenda desportiva.
Os Campeões Nacionais estão de volta.
Alguns - precisamente devido ao Mundial - só mais tarde serão integrados. Outros não regressarão ao Seixal. Entretanto, umas quantas caras novas despertam a curiosidade. É pena ver partir elementos que se destacaram no histórico 'triplete'.
Mas as leis do mercado são incontornáveis, e não podemos escapar-lhes. Convém lembrar que só pudemos dispor de jogadores da categoria de Garay, Matic ou Rodrigo, porque entretanto vendemos Davis Luíz, Javi Garcia ou Di Maria. Agora, com a saída de craques com a cotação em alta, há que desenvolver novos activos, alimentando assim a cadeia de negócio que salvaguarda o equilíbrio financeiro da SAD. Havendo competência para escolher, e depois para valorizar, o modelo funciona. E, como recentemente comprovámos dá títulos.
Outro vector base é o da Formação. Não pode haver competitividade apenas com Formação, mas, na conjuntura actual, também não poderá haver equipa sem Formação. Neste sentido acredito que alguns elementos da equipa B sejam promovidos ao plantel principal, e possam mais tarde ascender à titularidade.
Julgo ser importante manter o maior número possível de jogadores campeões, e assim garantir um fio condutor de coesão e mística. Já que a algumas propostas não podemos dizer não, a outras - para aqueles cujo pico de mercado já tenha passado (como de Maxi, Luisão ou Cardozo), ou, pelo contrário, para os que esse pico ainda esteja por chegar (casos de Oblak ou Markovic) -, parece-me prudente resistir. Para além dos aspectos técnicos, há que preservar todos os laços criados no grupo por via das conquistas.
O próximo Campeonato é decisivo para a afirmação de um novo ciclo no Futebol português, e nada pode ser deixado ao acaso. A estrutura do Benfica já deu provas da sua competência, e é garante de que o Benfica se apresentará forte, rumo ao 'Bi'."

Luís Fialho, in O Benfica

Misérias

"MANAUS - Se algo me confunde é o à vontade com que os portugueses gostam de apontar as misérias alheiras. Chegam ao Brasil e procuram os pobres, os pedintes, as barracas e as favelas. Falam sobre a pobreza que assola o Brasil, sobre a tristeza dessa pobreza num país alegre. E esquecem. Eu, que vivo em Lisboa, que vivo de noite, que percorro as ruas e as vielas, não esqueço. Crianças que dormem sobre bocados de cartão; velhos deitados nas ombreiras das portas; pedintes de mão estendida. Conheço muitos pelo nome. Pela vida. No mais frio dos Invernos de Lisboa, o Costa suplica a quem passa que use o cartão multibanco não para lhe dar dinheiro mas para lhe abrir simplesmente a porta envidraçada que o tira do passeio durante a chuva da madrugada. Em Portugal há milhares como ele, com e sem passeio. Quando viajo, por África, pela América do Sul, pela Índia, não ignoro a miséria. Mas não a procuro como se fosse um postal para turistas, uma forma de me sentir bem com as misérias do meu país miserável. A miséria que mais me dói é a minha. Todos os dias saio de casa e vejo-a. Nua."

Afonso de Melo, in O Benfica

Seleccionador

"Lembro-me de Paulo Bento quando voltou como jogador ao Benfica, vindo do Guimarães, em 1994. Foi uma fase muito dolorosa do Glorioso quando a equipa campeã do 30.º título, o de 1993/94, foi positivamente desmantelada e o Benfica iniciou uma longa travessia do deserto que verdadeiramente só terminou com Luís Filipe Vieira.
Quando o jogador regressou de Oviedo, em 2000, cheguei a ter pena que o Benfica o não aceitasse de volta a custo zero e que o médio defensivo acabasse a carreira de jogador em Alvalade. E quando Paulo Bento chegou a seleccionador, em 2010, confesso que e tive alguma expectativa animada pelas primeiras declarações e convocatórias. Mas o Sistema rapidamente o absorveu e agora assistimos à triste realidade de um seleccionador fracassado mas agarrado ao lugar como uma lapa à rocha e defendido por uma Federação que não presta contas perante nada nem ninguém.
Paulo Bento não é propriamente um seleccionador. Dirige um grupo que formou e no qual só mexeu quando se incompatibilizou com um ou outro jogador para os substituir por novos eleitos. Um seleccionador, em 2014, para além de convocar André Almeida, teria forçosamente que dar a titularidade ao convocado Rúben Amorim e teria de convocar André Gomes, jogadores que terminaram a época em esplendor na equipa que ganhou tudo. Claro que falo de jogadores do Benfica e na qualidade de Benfiquista, mas o Benfica é uma grande e imprescindível parte da realidade portuguesa. O seleccionador é que parece que vive num mundo fechado, ou numa bolsa de mercado, com vida própria ou ligada à máquina do Sistema.
Talvez Paulo Benfica esteja convencido que está a fazer algo de positivo por Portugal e pelo futebol. Mas alguém devia ajudá-lo a terminar a carreira com dignidade."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Diz-se por aí (Selecção)

"Diz-se por aí que Paulo Bento fica, nas palavras deliciosas de Humberto Coelho, para 'nos levar e liderar no campeonato da Europa de 2016', palavras reconfortantes e solidárias que escondem, na verdade, duas realidades distintas: a Federação não quer assumir a necessidade de uma renovação global e, por outro lado, não se vislumbra capacidade financeira para pagar a indemnização a que Paulo Bento teria direito, caso não se demitesse por decisão própria. Contas feitas, dúvidas desfeitas. É a realidade nua e crua.
Deve, aliás, notar-se que, tal como ocorrera quando era treinador do Sporting, Paulo Bento tem uma capacidade que se lhe deve reconhecer: conseguir pôr todos à sua volta a falar de tudo, menos dos resultados desportivos que a equipa, liderada por ele próprio, conseguiu obter. Só assim se compreende os delírios que vieram a público esta semana sobre pressões para jogar este ou aquele jogador, as condições climatéricas adversas e instáveis.
Pelo meio da chuva passam assim, no entender da FPF, as notoriamente erradas escolhas de viagem e deslocações, as mais ainda notoriamente erradas escolhas de Bento relativamente à utilização insistente de jogadores que nem sempre jogaram, nos últimos meses, nos seus clubes e a claríssima incapacidade de motivar e liderar uma selecção nacional que se apresentou desmotivada, cansada e, sobretudo, sem liderança.
É compreensível que a FPF queira, a todo o custo, dourar os resultados obtidos por Bento. Justificando o treinador justifica-se, também, a própria direcção. E ignora-se, assim, a necessidade de uma renovação profunda. Deixa-se passar a tempestade na esperança de uma bonança que se aproxime algures... mesmo que ninguém a consiga ver ou sentir. Portugal precisa de uma renovada Selecção Nacional, de uma aposta clara numa nova geração de jogadores que se começam a afirmar e que têm vontade de jogar."

André Ventura, in O Benfica

Candeias & Luís Filipe

Foram hoje apresentados os reforços Candeias e Luís Filipe. Se o extremo português já é conhecido pelos Benfiquistas, o brasileiro é uma incógnita, e como a aposta em laterais nas últimas épocas tem tido pouco acerto, vamos ter que esperar para ver a qualidade do lateral direito brasileiro... Recordar que devido ao conflito com o Palmeiras (o seu anterior Clube), o Luís Filipe chega ao Benfica sem ritmo...
Em relação ao Candeias, a sua ligação aos Corruptos, é o principal entrave para que esta contratação tenha o agrado dos Benfiquistas!!! Sendo assim, não terá muito espaço de manobra junto ao 3.º anel...!!! Pessoalmente, acho que futebolisticamente o Candeias tem tudo para se dar bem neste Benfica de Jesus... Rápido, não tem medo do um para um, tacticamente disciplinado, fecha bem o flanco... e a sua principal característica (na minha opinião): define bem as jogadas, toma normalmente boas decisões, e por isso é que tem no seu curriculum muitas assistências para golo...
Boa sorte, aos dois...

RIP Rui Tovar

Deixou-nos um dos últimos grandes jornalistas desportivos portugueses. Sportinguista, mas não anti-benfiquista, foi um dos poucos (se calhar o único) que em directo, na televisão, teve a coragem de enfrentar o mafioso porco...!!! E por isso, foi enviado para os arquivos da RTP!!!
Tive o prazer o falar pessoalmente com ele, era uma autêntica enciclopédia desportiva... cheguei a ouvi-lo relatar um jogo da Selecção de Hóquei, que ele tinha memorizado, em criança!!!
É curioso que na narração de jogos, o seu estilo, com muitos silêncios, era gozado por muitos na altura... e hoje, o estilo que prevalece em todos os canais, é exactamente o oposto: com 2 matracas que não se calam durante 90 minutos, a dizer banalidades irritantes!!!