sexta-feira, 30 de maio de 2014

Jesus já nos deu três campeonatos

"No rescaldo de tantas vitórias, será bom lembrar, que há méritos nas conquistas deste ano, que mesmo comparativamente com outras de igual valia, fazem deste um ano especial.
O título de campeão nacional não foi conseguido no último segundo como o  de Trapattoni, ou mesmo a oito minutos do fim como o primeiro de Jorge Jesus. Foi com tempo, o que deu tempo a ganhar outros mais. Taça de Portugal, Taça da Liga e a final europeia só foram possíveis porque se tratou primeiro do campeonato. Ganhar a 200 minutos do fim, é melhor.
Jorge Jesus foi decisivo nos últimos três campeonatos do Benfica, e não apenas nos últimos dois, como muito escrevem.
Se o deste ano, e o de 2009/10 foram sob o comando de Jorge Jesus, o de 2004/05, só foi possível porque depois do Benfica perder em Penafiel a duas jornadas do fim, o Moreirense então treinador por Jorge Jesus, conseguiu empatar com o FC Porto, e manteve esse campeonato aberto para as nossas cores. Eu por mim já devo a Jorge Jesus três campeonatos. Todos os deste século.
Bem o basquetebol do Benfica de Carlos Lisboa, com a conquista do tricampeonato, que juntou assim à conquista do voleibol de José Jardim motivos de reforço dum ecletismo vencedor. A aposta nas modalidades é grande e por isso é necessário manter uma exigência de resultados em linha com as obrigações do clube, e com o esforço de investimento. Espero não terminar a época sem dar os parabéns a mais modalidades.
Uma palavra final para o jogo dos meus sonhos, ver o Benfica e o meu Académico do Porto a disputar um título nacional de basquetebol feminino foi para mim, dirigente dos dois clubes, muito especial. Parabéns a ambos, e um sublinhado ao trabalho da direcção presidida pelo Pedro Sarmento, e da secção de basquete, dum clube cheio de História, que tem 700 praticantes em condições difíceis, e que faz milagres pelo desporto na cidade e no País."

Sílvio Cervan, in A Bola

O Eça da Luz

"Não me parece que Jorge Jesus deixe um dia o Benfica para treinar um clube no estrangeiro.

Parece não haver muitas dúvidas de que os benfiquistas, de um modo geral, gostaram muito de saber que Jorge Jesus vai continuar a ser o treinador da Luz. Depois de um pequeno (mas significativo) período de tabu, que até parece ter interessado as partes - Jesus, por um lado, talvez a querer testar o quanto era ou é realmente desejado, e o Benfica, por outro, a querer saber o quanto verdadeiramente queria Jesus continuar a estar no Benfica -, lá veio a sagrada palavra do presidente como ponto final na equação.
Jesus fica? Jesus sai? É melhor Jesus ficar ou é melhor Jesus sair? É melhor sair a ganhar ou é melhor arriscar voltar a perder?
As perguntas duraram meia dúzia de dias e nessa meia dúzia de dias Jesus jantou com o número 2 de Berlusconi no Milan e disse um par de vezes que a paixão pelo Benfica não o impedia de ter as malas feitas.
O povo encarnado foi ficando a dúvida até ouvir da boca do presidente que Jesus continuará a ser o treinador encarnado, e ouvir mais ainda, que Jesus continuará a sê-lo pelos anos que desejar.
Pois bem, por agora o povo benfiquista, de um modo geral, parece ter gostado muito de ouvir o que ouviu, sobretudo porque acaba de ganhar tudo em Portugal, esteve de novo numa final europeia, apaixonou-se pelo futebol da equipa e em particular por alguns jogadores e está, parece-me também claro, confortavelmente adaptado ao estilo do treinador, ao modo de falar do treinador, em especial àquele seu lado mais autêntico e menos elaborado com o qual o próprio Jesus se sentirá sempre fatalmente melhor, como é evidente, pela óbvia razão de ser esse o seu lado mais verdadeiro.
«Não sou o Eça de Queiroz... e portanto quero que me julguem como treinador?, foi uma das frases marcantes da muito esperada entrevista que Jesus concedeu ao canal de televisão do clube, e diz bem da intenção do treinador de manter relação extraordinariamente popular com os adeptos, como sabemos, gostam disto, gostam de gente popular, porque gostam mais facilmente de alguém que veste simplesmente a própria pelo e não a de uma qualquer personagem de conveniência.
Jesus, na verdade, tem sido quase sempre como é, cru com todos os seus defeitos de expressão ou linguagem, e mesmo defeitos de atitudes e comportamento.
Como ele próprio o disse, será sempre melhor ouvir alguém dizer as coisas certas com as palavras erradas do que as coisas erradas com as palavras certas, apesar de Jesus ter dito também, aqui e ali, as coisas erradas igualmente com as palavras menos certas.
Parecendo um cliché, a verdade é que faz sentido dizer-se que Jesus cresceu com o Benfica e que o Benfica cresceu também com Jesus.
Está criado no clube um modelo de jogo que agrada aos adeptos - sim, um modelo à Jesus e não um modelo ainda estruturalmente à Benfica -, e a organização do futebol encarnado está hoje muito mais e melhor preparada para o nível de competição que desafia todas as épocas.
Talvez o treinador com que Filipe Vieira vai procurar voltar a vencer na próxima época seja hoje um treinador menos inseguro e menos insensato, apesar de ainda um pouco fanfarrão e ainda um bocadinho solitário e individualista, apesar de mais humilde e mais capaz, apesar de tudo, de valorizar o papel e o trabalho dos que o rodeiam e o esforço e o mérito dos adversários.
Parece-me, por outro lado e até ver, que sendo certamente um grande treinador de futebol, é um treinador mais talhado para maratonas do que para corridas de cem metros, portanto mais vocacionado para vencer campeonatos e menos para ser bem sucedido em decisões de um jogo só.
Por fim, não sei, nem saberei, na verdade, quantos convites recebeu Jesus para deixar agora o Benfica, sei que terá recebido, pelo menos, o convite do Milan, que Jesus diz não o ter impressionado, e sei, sobretudo, o que penso. E o que penso é que Jesus dificilmente irá um dia treinar no estrangeiro.
Procurará ficar no Benfica o mais tempo que puder até um dia chegar, como diz que deseja, a seleccionador.
Jesus pode não ser o Eça de Queiroz. Mas é inteligente. Como Eça.

(...)"

João Bonzinho, in A Bola

O que faz falta ao nosso futebol

"Portugal tem mostrado uma invulgar capacidade na detecção e criação de talentos para o futebol. E são já muitas as centenas de milhões de euros que entraram no País graças à exportação desse bem raro, precioso e altamente cotado. Nesse campo, os clubes têm trabalhado bem, de forma competente e profissional, apostando em infraestruturas de qualidade e rodeando-se de técnicos capazes. Por aí, as coisas vão bem e somos, na verdade, um caso de sucesso na Europa. Porém, no que concerne à criação de condições para uma indústria do futebol que cative mais adeptos e os leve aos estádios, ainda está muito por fazer. Sendo verdade que os principais clubes, ao nível dos quadros superiores, mostram ser capazes de trabalhar em conjunto, não é menos verdade que têm dificuldade em atingir consensos em áreas que podem ser fundamentais para o progresso do negócio do futebol.
O próximo passo, aquele que determinará uma melhoria qualitativa do nosso futebol, será aquele que vai ser dado por uma abordagem conjunta, essencialmente dos grandes clubes, aos problemas que os afligem. À imagem, aliás, do que sucede nas grandes Ligas europeias, onde o exemplo mais perfeito desta filosofia foi dado pelo Bayern de Munique que salvou, há uma dúzia de anos, em nome do negócio do futebol, o arquirival Borussia Dortmund da bancarrota.
É por aí que as coisas, entre nós, deverão desenvolver-se, mais cedo do que mais tarde, de preferência.
As próximas eleições para a Liga de Clubes devem abrir de par em par as portas a uma ideia que leve os clubes a acreditar que o que os une é mais importante do que aquilo que os separa. Porque há vida para além das picardias e da polémica."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: Aquilo que o Delgado não disse, é que para existir este tipo de entendimentos entre os clubes, é preciso que exista confiança entre as instituições... Enquanto as pessoas envolvidas na fabricação de resultados, tanto os corruptores como os corrompidos, continuarem no Futebol, o entendimento é impossível...

Um exemplo para muitos

"A escolha de Jorge Jesus de continuar no Benfica pode constituir um exemplo para muitos profissionais, em especial os jovens jogadores que precipitam a carreira a troco de quimeras. Apesar de todos os interesses que envolvem este meio, o futebol continua a ser uma actividade desportiva e os mais bem-sucedidos têm sido sempre os que melhor conseguem gerir a carreira e não queimam etapas. Sair de um clube como um dos três grandes pode acontecer por razões financeiras claro, mas só se justifica realmente por um projecto desportivo muito ambicioso e sustentado, o que é raro. A nível de treinadores, então tirando as excepções de Artur Jorge e José Mourinho, ninguém conseguiu ir daqui para melhor. A decisão de Jesus pode não ter sido tão afectiva e fácil como está a ser contado, mas ninguém pode acusá-lo de falta de bom senso. Nem de andar mal aconselhado."

Estabilidade e sucesso

"Embora numa organização, para se ganhar um novo impulso, muitas vezes seja aconselhável e até necessário um abanão, um dos bens mais estimáveis de qualquer estrutura, instituição ou empresa é a estabilidade, assim sejam fortes as suas lideranças, pois, caso contrário, como é óbvio, não resistem. Em muitas actividades esse princípio está longe de ser respeitado e na maioria das situações a mudança nem sequer está relacionada com a competência de quem dá a cara pelos resultados. Essa é uma realidade vulgar no futebol, onde a liderança de quem preside pode fortalecer ou fragilizar a liderança de quem treina.
Vem isto a propósito da continuidade de Jorge Jesus no Benfica - que aqui considerei, depois da final perdida em Turim com o Sevilha, como decisão lógica e natural - e da proposta de renovação de contrato que Luís Filipe Vieira está disposto a fazer. O Benfica, no futebol português, é o melhor exemplo de que a estabilidade é um pilar essencial para o sucesso.
Jesus está há cinco épocas na Luz e, durante este tempo, passaram 36 treinadores diferentes pelos restantes 22 clubes que competiram na 1.ª Liga. Neste mesmo período, registaram-se 79 trocas de técnicos, sendo que alguns repetiram experiências mas a maioria aventurou-se noutros bancos - neste caso, os números sobem para 107 rostos diferentes nos 22 clubes durante as cinco épocas da 1.ª Liga. Impressionante, não?
Obviamente, a estabilidade não é só por si garante de sucesso. É claro que se Jesus nada tivesse ganho, não seria ainda hoje tão desejado no Benfica. A qualidade, competência e carisma são as outras chaves para o êxito.
Mas estas últimas cinco épocas revelam outros casos de sucesso em níveis de competição distintos. Exemplos: o Estoril de Marco Silva (três épocas com uma subida e acesso à Liga Europa), o Rio Ave de Carlos Brito e Espírito Santo (os três anos e meio do primeiro seguraram a equipa na 1.ª Liga, o segundo elevou-o a outro patamar), o Marítimo de Pedro Martins (mais de três temporadas a projectar a formação com uma passagem pela UEFA) e o Gil Vicente de Paulo Alves e João de Deus (com triénio do primeiro a conduzir a equipa até à final da Taça da Liga)."

Honra

"1. A realização da final da Liga dos Campeões no nosso imponente Estádio foi uma grande honra para o Benfica, que recebeu a visita de 61 mil pessoas... fora os muitos milhões, em todo o mundo, que assistiram ao jogo pela televisão. Para além das duas equipas intervenientes, o Benfica 'esteve' nesta final. Este orgulho e esta satisfação não impedem, contudo, algum desconforto pela excessiva intervenção que foi feita no Estádio e... fora dele. Quase só faltou tirar a indicação do Museu Cosme Damião... De resto, tudo quando 'cheirava' a publicidade estática foi retirado. Nas próprias bancadas foram alteradas milhares de cadeiras, de forma a ficarem com outro aspecto. E os milhões da UEFA até deram para implantar vários pré-fabricados, um dos quais, enorme, implicando a destruição do nosso relvado sintético. Enfim, problemas deles. Mas espero que o Benfica tenha sido devidamente compensado e que tudo volte, depois, ao lugar...

2. O nosso historiador Alberto Miguéns tem sido um grande defensor dessa tese e não posso deixar de lhe dar razão. A denominada  Taça de Portugal disputa-se desde 1938 e foi sucessora directa do Campeonato de Portugal (1922-1938) - a mesma organização (da FPF). E, em 1938, ao mudar o nome de Campeonato de Portugal para Taça de Portugal, a Federação fez questão de o deixar escrito. O relatório foi claro: 'Por virtude da reforma a que se procedeu no Estatuto e Regulamentos da Federação, os Campeonatos das Ligas e de Portugal passaram a designar-se, respectivamente, Campeonato Nacionais e Taça de Portugal'. E estamos, nós, benfiquistas, tão mais à vontade para defender este ponto de vista quanto é certo que o Benfica ganhou três Campeonatos de Portugal, contra quatro do FC Porto e do Sporting.
Mas a verdade histórica deve ser preservada e, por isso, o Benfica conquistou agora não a 25.ª mas a 28.ª Taça de Portugal, mantendo larga vantagem sobre o FC Porto (20) e o Sporting (19).

3. Mais um título de Campeão Nacional. Depois do Voleibol, o Basquetebol e com larga vantagem, tanto na fase regular como no 'play-off', incluindo a final. Foi o terceiro título consecutivo e o quinto nos últimos seis anos! Somamos já 25, contra 11 do FC Porto e 8 do Sporting, que se seguem. Domínio avassalador! Esperam-se agora os títulos nacionais de Futsal e Atletismo..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

A final de Lisboa

"Gostei da vitória do Real Madrid na final da Liga dos Campeões, disputada no Estádio da Luz, principalmente pelo que o resultado significou para Fábio Coentrão, um benfiquista dos sete costados que não perde oportunidade de  manifestar o seu amor ao Clube que o fez crescer para o estrelato do futebol.
Os jogadores da bola são profissionais e servem um clube como entidade patronal. Importa que sirvam o clube com total entrega e galhardia até ao termo dos seus contratos. Mas também pode acontecer - e acontece com frequência - que um jogador se ligue emocionalmente ao clube que representa pelo tempo previsto num contrato. O Benfiquismo de Fábio Coentrão é no entanto algo mais forte e mais sólido e vem aliás na linha do relacionamento afectivo que muitos outros jogadores que representaram o Glorioso mantém com o Clube que ficou a ser dos seus corações.
Fábio Coentrão - que merece a grande carreira internacional que tem e terá certamente - não perde oportunidade de afirmar o seu desejo de um dia regressar ao Clube do seu coração. De maneira que vi o jogo com a certa isenção, sendo que pela lógica da minha maneira de pensar até seria natural que torcesse pelo Atlético, equipa que tem mais futebol do que estrelas. Mas no final fiquei satisfeito, por ele, com a vitória da equipa de Fábio Coentrão e com  a grande e decisiva exibição de um outro ex-benfiquista, Angel Di Maria.
E de resto fiquei orgulhoso pelo papel insubstituível que o Sport Lisboa e Benfica disputou nesta final fornecendo a estrutura base para a sua realização, a magnífica Catedral da Luz. Durante semanas a fio, ouvimos e lemos sobre 'a final de Lisboa', o que nos poderia levar a crer que o jogo se disputaria no Terreiro do Paço, ou no Campo das Cebolas. Quando a final foi em Lisboa porque é aqui o Estádio da Luz.
Outra coisa será um final vitoriosa com o Benfica. Lá chegaremos. Podem crer."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Caras e Coroas

"Depois do Tri(plete) no Futebol, tivemos mais um Tri(campeonato) no Basquetebol, consumando uma temporada extraordinária da equipa de Carlos Lisboa.
Não temos culpa que outros não vão a jogo. O Benfica foi, venceu, convenceu, e muitas vezes encantou. Ganhou tudo o que havia para ganhar, não poupando esforços para aliar as vitórias ao espectáculo.
Junta-se ao Futebol e ao Voleibol, no lote dos campeões nacionais de 2013-14.
Também o Atletismo teve um fim-de-semana em alta, tornando-se vice-campeão europeu de clubes. Padecendo de várias ausências por lesão, fazer melhor era impossível. A secção está de parabéns.
Já no Andebol não pode dizer-se o mesmo. Com um plantel recheado de nomes sonantes, não conseguiu intrometer-se na luta pelo título, deixando um rasto de fracasso em todas as competições em que participou. Não foi apenas uma má época, mas antes a confirmação de um ciclo negativo, que não pode deixar de ter consequências. Ficar em quarto lugar, com uma percentagem de vitórias abaixo dos 70%, não é aceitável, nem está dentro dos parâmetros de exigência de qualquer conjunto de atletas que envergue a camisola do Benfica. Para este nível de resultados, e caso não haja capacidade de investimento com vista à total reformulação do plantel, talvez seja de promover uma aposta mais vincada em jovens da formação.
O Hóquei ficou fora da luta pelo título, tendo agora a Taça de Portugal para conquistar. Do Futsal, espera-se que neste fim-de-semana dê a volta ao resultado negativo trazido do Fundão. Estas duas modalidades ainda podem terminar a temporada em festa. Vamos acreditar. O fim-de-semana passado foi também marcado pela final da Champions League no nosso estádio. Sendo motivo de orgulho, é também de registar o montante entrado nos cofres do Benfica. Lamenta-se, porém, que um evento desta natureza tenha sido promovido de costas voltadas para os portugueses, que tiveram de vê-lo pela televisão, pois nem um só bilhete foi vendido no país (pelo menos em circuitos oficiais)."

Luís Fialho, in O Benfica

Da Liga

"Neste período de uma pós-época que ainda está longe do começo da pré-época, prepara-se a construção de plantéis e equipas técnicas nos diferentes clubes. É um período de renovação da esperança para os mais optimistas e, simultaneamente, uma época de desassossego e ansiedade para os adeptos mais pessimistas. No entanto, independentemente de feitios e estados de espírito, é um período em que os adeptos vivem na expectativa de que algo mude para melhor nos seus respectivos clubes.
Ainda assim, há neste período algo de preocupante e que deveria preocupar quem dirige o futebol português. Avizinha-se uma luta eleitoral pela cadeira de Presidente da Liga de Clubes e de entre todas (e sublinho que são mesmo todas) as candidaturas apresentadas não há nenhuma em quem os adeptos confiem (falo do adepto comum, que paga bilhete e consome informação sobre futebol). Desconfiamos dos interesses que estão a montante das boas intenções que nos são prometidas a jusante. E esta desconfiança é transversal aos adeptos de todos os clubes. Ou seja, preparam-se os 'donos' da bola para entregar mais uma vez um órgão de poder a alguém em quem os consumidores do espectáculo (no sentido amplo do termo) não confiam.
Isto é um facto, independentemente da cegueira que os dirigentes tenham ou não para o encarar."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Enzo renovou !!!

Acabou de ser publicado o Relatório e Contas Intercalar do 3.º Trimestre da Benfica SAD. Que engloba o período entre 1 de Julho e 31 de Março.
O curioso é que a notícia mais interessante não são as 'contas'!!! É a renovação do Enzo Pérez, por mais 2 épocas, até 2018 !!! Algo que aconteceu antes de 31 de Março!!! Isto não quer dizer que ele não vai ser vendido (pessoalmente, não acredito na saída do Enzo...), mas não deixa de ser uma excelente notícia...
Já agora, os resultados operacionais da SAD, somaram 30.535 milhões positivos... para quem quiser uma leitura mais cuidada, aqui fica o link para o relatório.

A paisagem e o agente Reis

"1. O Madaleno tem razão. Direi mesmo mais: o Madaleno tem toda a razão! Diz ele: «Portugal é Lisboa, o resto é paisagem». Não sei se falava de futebol - confesso o que na maior parte das vezes não entendo o que o anoso balbucia -, se de política - logo ele que afirma peremptoriamente não aparecer em fotografias ao lado de políticos. Se era de futebol, depois das festividades marquesinas, das recepções camarárias e da final da Liga dos Campeões, sobra fora de Lisboa a paisagem árida e apodrecida de um pântano de promiscuidades, de conversas pornográficas apanhadas em escutas amaldiçoadas, de árbitros corrompidos. Há que dizê-lo: pode ser paisagem, mas não é nada bonita. Nada mesmo!

2. O agente Reis, esteve de serviço às zonas circundantes do Estádio da Luz nestes dias de Final da Liga dos Campeões. O agente Reis é um daqueles arganazes aos quais a farda transforma num exibicionista da mais pura prepotência e da mais baixa ordinarice. O futebol não tem culpa; a culpa é de quem veste uniforme a tamanha azêmola. Nesse aspecto, o Madaleno continua a ter razão: o resto é paisagem. A paisagem destes acéfalos que deviam servir os cidadãos e comportarem-se como seres civilizados em vez de conspurcarem uma instituição que apesar de ser originária dos quadrilheiros medievais não tem que abrigar gente mais própria de uma quadrilha."

Afonso de Melo, in O Benfica