sábado, 24 de maio de 2014

E a Luz deu Di Maria !!!

E nesta noite onde a nossa Catedral recebeu o maior jogo de Futebol do Mundo, nada melhor do que um nosso ex-jogador, ser considerado a maior Estrela da noite: Angel Di Maria... Curiosamente, nas muitas antevisões que ouvi e li, o regresso do Di Maria à Luz passou quase despercebido... Foi de longe o melhor jogador e campo, decisivo, só lhe faltou o golo. Parabéns também para o Coentrão, que estava a fazer um bom jogo quando foi substituído...
Estes foi um daqueles jogos, onde pessoalmente, não tinha preferências... mas quando hoje, soube da clausula de 1 milhão de Euros, no contrato do Di Maria, perguntei logo: e o contrato do Coentrão não tem a mesma cláusula porquê?!!!
Nos últimos dias, sem vender ninguém o Benfica encaixou mais de 4 milhões de euros (Champions, Di Maria e David Luiz), agora só espero que a UEFA levante a tenda rapidamente da Catedral, aquele azul não fica nada bem... Independentemente da visibilidade global que este jogo deu a Lisboa e ao Benfica, não posso deixar de criticar os exageros que foram permitidos: com o Museu fechado e a Benfica TV praticamente fechada...!!! Gostamos de ver a Catedral bem vermelhinha...!!!
Uma nota final ainda para a UEFA, a FIFA e até para o Simeone: foi deprimente ver no maior jogo da época, os jogadores completamente de rastos, durante mais de 30 minutos!!! Enquanto os dirigentes continuam a inventar competições todos os anos, ou a aumentar o número de jogos em cada competição... quando chegamos aos momentos das decisões, temos os jogadores completamente esgotados... o mesmo aconteceu com o Benfica esta época...!!!
O Simeone também merece um recado, porque hoje (e antes já tinha feito o mesmo), voltou a apostar num jogador lesionado, e depois foi obrigado a fazer uma substituição aos 9 minutos... E depois, quando foi para o prolongamento, teve uma substituição a menos, algo que até pode ter sido decisivo devido aos muitos jogadores que pediam para sair...!!!

Um sonho dourado

"Em 1965, Eusébio conquistou a Bola de Ouro, troféu instituído pela France Football para distinguir o melhor futebolista europeu. O prémio foi-lhe entregue no ano seguinte por Dennis Law, seu antecessor e adversário nesse dia.

O tempo das idas à mercearia para fazer compras à Dona Elisa, o do pontapé a meio caminho na bola de trapos, o da baliza feita de pedras e caniços, o do Carlitos, do Mandala e do Orlando, o do Senhor Chico das cautelas: todo esse tempo da sua infância em Moçambique era já, docemente, uma coisa rupestre.
Agora Eusébio era o melhor da Europa. Para muitos, até, o melhor do mundo.
Habituado a vencer, chegou naquela noite ao Estádio da Luz para dar a volta a uma derrota por 2-3 sofrida em Manchester, em jogo da Taça das Clubes Campeões Europeus. Mais do que isso, era uma noite muita sua, de aclamação e reconhecimento muito especiais. À espera dele tinha Max Urbini - chefe de redacção da prestigiada revista France Football -, a estrela mor do United, Denis Law, e 75 mil almas a cobrir totalmente as bancadas e a fazerem soar uma orquestra de buzinas, rocas, gaitas e chocalhos ensurdecedores.
Entrou de branco para se distinguir do encarnado que, naquela noite agridoce, seria de Law e companhia. Tinha 24 anos. A Bola de Ouro, arrancada precisamente por Law no ano anterior, era agora sua. Finalmente, sua! E se o checoslovaco Masopust não existisse em 1962, seria a segunda. Mas agora nem os magníficos Giacinto Facchetti ou Luís Suarez, recém-campeões europeus pelo Inter de Milão, à custa dele e de um mar de sorte, conseguiriam interpor-se.
Habituado a elogiá-lo no magazine gaulês, Max Urbini guardou a caneta e o papel para mais tarde. Era hora de se juntar a Law no relvado, para depositarem nas mãos de Eusébio um sonho dourado, capaz de tentar os irmãos Metralha ou os Argonautas. Pela primeira vez, um jogador português obtinha o máximo reconhecimento internacional. E estava ainda por escrever grande parte da fábula. A começar pela façanha dos 'Magriços' em Inglaterra, daí a uns meses, com ele imparável e soberano. No fim da festa, veio o jogo. Mas a noite seria pequena, dramaticamente incapaz de rimar com a sua grandeza. George Best (2), Herd, Connelly e Bobby Charlton pareciam ter bolas a nascer-lhe dos pés. Eusébio ficou estupefacto a vê-las entrar.
Cinco! Cinco a um! E nem mesmo o ponto de honra teve digna assinatura: Dunne, na própria baliza, que no final gracejou: 'Como fui eu quem meteu a bola do Benfica, espero ter direito aos prémios que os jornais anunciaram... Se calhar, esses senhores anunciantes estavam a pensar no Eusébio, não?'
Ganhar e perder fazia parte. E, nisso, Eusébio era igualmente maior, tendo reconhecido como superior a exibição dos ingleses.
No dia seguinte, a Bola de Ouro iria para Charlton. Eusébio em segundo, apenas a um ponto! Mas se em 1962 houvera, de facto, um Masopust inquestionável, agora, mais do que Charlton, havia impensavelmente um homem da caneta: Couto e Santos. O jornalista português do Mundo Desportivo faria a diferença no referendo, entregando a Inglaterra o ouro português. Eusébio teve pena. Eusébio teve mesmo muita pena. Portugal, também."

Luís Lapão, in Mística

Reflexões de um benfiquista do Porto

"1. Cresci num mundo familiar 'hostil', composto por uma coligação negativa de verde lagarto com tons fortes de azul e branco. Só mesmo aquela imperial vermelha e branca dos anos 60 (equipa encarnada, já que a censura salazarista nem nos permitia chamar vermelho ao que era... vermelho) poderia ter transformado este longínquo vianense num benfiquista dos quatro costados.
Claro que aconteceu comigo e com muitos outros milhares de portugueses da minha geração. Tudo obra daquela equipa imensa, da saga estoica da final de Berna e dos primeiros passos do grande e saudoso Eusébio, entronizado em Amesterdão. Mas o risco de me 'perder' até foi grande. É que se os pais são ainda, felizmente, lagartos, o perigo maior vinha do meu avô azul e branco, que, 'aproveitando-se' dos meus oito(nove anos, tudo tentou para me garantir na sua banda. Chegou mesmo a arrastar-me 70 quilómetros (no final dos anos 50, sem portagens nem SCUT) para me mostrar os andrades nas tardes de domingo (e de que recordo um jogo contra o Belenenses, derrotado por sete a zero, e um golo directo do Acúrsio, então guarda-redes das Antas).
Só que ser do contra já me estava - felizmente - na massa do sangue. Embora, com a ajuda do nosso Eusébio e companhia, até me tenha sido fácil (e ao meu irmão) organizar a 'revolta' e impor à família uma outra realidade, toda de vermelho e branco. Como se prova, valeu (e vale) a pena resistir.

2. Vivo há bastante tempo em Matosinhos. Considero-me uma espécie de cidadão do Porto Região, já vivi na cidade, também já estive em Gaia, montei agora arraiais a 500 metros do Passeio Marítimo do 'nosso' Souto Moura, quase em frente à entrada de Leixões. Amigos de Lisboa perguntam-me por vezes se não tenho problemas em ser benfiquista no Porto. Há muita gente que pensa que ser benfiquista no Porto é duro e difícil, que é preciso coragem para suportar a pressão dos andrades. Um dia destes cruzei-me num restaurante com o Miguel Sousa Tavares e logo a tese contrária veio à baila, que o que era mesmo difícil era ser portista em Lisboa, isso sim, era um acto de coragem (...). Neste particular até acho que Sousa Tavares tem certa razão. Só que nada disso tem a ver com coragem ou com maior ou menos tolerância.
Claro que é bem mais fácil um nativo do Porto ser benfiquista que um lisboeta ter tendências azuis e bancas. E a explicação é fácil. É que benfiquistas no Porto são aos magotes, aos milhares, é fácil e natural o encontro, a convivência e a afinidade quotidiana entre benfiquistas em pleno coração do dragão. O contrário não se verifica, portistas em Lisboa são coisa invulgar, razão pela qual os portistas da capital se 'sentem' mal, isolados, como se fossem uma espécie rara.
E na verdade até são.

3. Depois de, em Julho passado, ter saído do Parlamento nacional, confronto-me agora no 'parlamento' municipal da Invicta com Rui Moreira e o seu (ainda) delicodoce estado de graça. Deixei, é claro, bons amigos em Lisboa, que amiúde revejo com gosto, e que, conjugados com novos focos de actividade, ajudam a fazer a transição de 14 anos de um vai-e-vem quase frenético entre o Porto, a capital e muitos outros sítios e locais.
Há contudo, coisas que a distância e a mudança de estilo e de vida comprometeram de forma drástica. O ambiente e a emoção, a corrente de energia positiva entre quem assiste e faz força e quem, tapete, jogo e luta fazem falta. Tem-me faltado, confesso, o som e a luz da nossa Luz...

4. Há dias ouvi Passos Coelho dizer que era benfiquista. Há coisa de ano e meio também ouvira Vítor Gaspar dizer que o era.
Então agora qualquer pessoa pode, a despropósito, anunciar publicamente que é benfiquista? Usar o bom nome do Benfica para benefício próprio? Sem sequer pedir autorização prévia nem pedir direito de admissão? Sem pagar ao menos um imposto e contribuir para aumentar as receitas do Estado? (confesso que até já pensei em remeter esta indignação-sugestão para os homens da troika...).
Por falar em Passos Coelho, o primeiro-ministro anda há uns tempos a dizer que em Maio vamos abandonar o memorando da troika (ainda não percebi porque chama programa cautelar ao memorando, mas enfim...). Argumenta Passos Coelho que o país está diferente, muito melhor que há dois anos. Pode ser que sim, que tenha razão. Mas eu acho que essas afirmações têm que ser provadas, têm que passar pelo teste do algodão.
E o teste do algodão todos sabemos qual é. Por isso, antes de Maio, o primeiro-ministro tem de ir assistir a um jogo de casa cheia na Luz e ser anunciada a sua presença pela instalação sonora. Logo se verá se, efectivamente, o país está mesmo melhor que em 2011..."

Honório Novo, in Mística

A aranha e a besta

"Considerado na história do futebol o melhor guarda-redes de sempre, o soviético Lev Yashin selou com Eusébio uma amizade imortal.

Ali, naquele único pedaço do campo onde a relva não crescia, o mundo era dele. Tinha dois braços que pareciam quatro. Uma silhueta assustadora. Era um colosso. Um aracnídeo gigante que tecia uma teia inviolável, possuindo um poder capaz de fazê-lo vaguear às cegas entre buzinas de automóveis e campainhas de eléctricos. No seu reduto, não houve igual.
Incomparável a desfazer golos feitos. Penáltis, esses, foram mais de 100. Um houve, especial, que lhe fintou a estatística. Do outro lado estava uma besta, como um dia o classificou o jornalista espanhol Ramón Melcón; uma criatura que transportava em corrida a tal doutrina dos golos feitos; que 'corria como só pode correr alguém que foge da polícia ou da miséria' - assim o pintou o escritor uruguaio Eduardo Galeano.
O aracnídeo gigante pôs-se em guarda, pronto a encarar friamente a besta e a desfazer-lhe sem cerimónias o proveito e a fama. No cartão de identidade tinha o maior dos nomes: Lev Ivanovich. Mais simplesmente: Yashin.
A bestial criatura colocou o esférico no umbigo da área. Deu meia volta e afastou-se uma dúzia de metros. Ali ficou, por instantes, a medir o alvo, como fazem os touros.
Dezoito anos mais cedo, Lev era apenas Levezinho: recta a figura, mãos sonhadoras, bálsamo no cabelo. O Dínamo de Moscovo acabava de recrutá-la. Durante uns tempos, seguiu do banco as mãos graduadas de Alexei Khomich, o 'Tigre', general das redes no clube moscovita e na selecção soviética. Nessa era, a criatura que 'corria como só pode correr alguém que foge à polícia ou à miséria' era ainda um menino a pontapear, descalço, uma trapeira na Mafalala. Uns anos mais tarde, aterraria em Lisboa, já senhor de uns sapatos, mas descalço na modéstia que o seguiria a vida inteira.
'Remata com os dois pés?' - perguntam-lhe, à chegada. Responde que 'sim, mais ou menos...'.
Por essa altura, havia já em Moscovo e na Europa do futebol o aracnídeo gigante. Havia já Yashin: quatro títulos no Campeonato Nacional e três na Taça da URSS; um título olímpico (1956) e outro europeu (1960) ao serviço da sua selecção. A 28 de Julho de 1966, naquele jogo em que se definia em Londres o terceiro lugar no Campeonato do Mundo, entre Portugal e a União Soviética, somava já novos títulos e a única Bola de Ouro (1963) atribuída até hoje a um guarda-redes.
Mas também o menino, por essa altura, era já um senhor. Era já Eusébio: igualmente Bola de Ouro (1965), campeão europeu de clubes (1962), cinco vezes vencedor do Campeonato Nacional e três da Taça de Portugal, ao que somava ainda duas Bolas de Prata - eis a besta que parte para a bola na arena de Wembley.
Atira forte e colocado ao ângulo.
Estira-se o 'Aranha Negra', com todos os membros, mas não lhe chega. Acercam-se ambos um do outro. Para além dos bichos, estão os homens. Cumprimentam-se como irmãos, Filhos perfeitos do fair play e da humildade."

Luís Lapão, in Mística

Acabou... finalmente !!!

Corruptos 24 - 19 Benfica

Acabou o martírio... mais uma temporada sem títulos!!! Exige-se uma revolução...
Nestas ocasiões o elo mais fraco costuma ser o treinador, nos jornais já apareceu o nome do Paulo Fidalgo, mas muito sinceramente não creio que a simples mudança de treinador mude o cenário do Andebol do Benfica. É verdade que o 'sistema' no Andebol também é uma realidade, mas temos dado demasiado tiros nos pés, para nos podermos queixar com convicção...
Em relação ao plantel basta analisar a entrada do Semedo na equipa, para chegar à conclusão que precisamos de um jogador igual, para o lado direito... já que o Pedroso (que já renovou!!!), não consegue ser uma opção regular, durante uma época inteira.
Faz-me confusão ler e ouvir Benfiquistas a pedir o fecho da secção, até porque na Formação o Benfica tem feito um excelente trabalho... Aquilo que temos que fazer, é melhorar o nosso desempenho. Também discordo, da não participação Europeia para o ano, até porque com o 4.º lugar vamos à Challenge... onde até podemos ser felizes e repetir a Final...!!!

PS1: Parabéns às nossas meninas do Basket que hoje se sagraram Campeãs Nacionais da 1.ª Divisão (que é de facto a 2.º divisão!!!), isto depois da semana passada já terem confirmado a subida ao escalão máximo do Basket feminino...

PS2: No 1.º dia da Taça dos Clubes Campeões Europeus de Atletismo, os nossos rapazes, estão em 3.º lugar. É pena que nesta altura nem todos os atletas estejam no seu melhor, e que ainda tenhamos alguns lesionados importantes, já que sem os Russos (faltou dinheiro para a viagem!!!), podíamos pelo menos dar mais luta aos Italianos... Estamos somente a 3 pontos dos Checos (2.º), portanto, amanhã a Prata é possível...

PS3: Parabéns à Teresa Portela, pela medalha de Bronze da Taça do Mundo de Szeged na Hungria, no K1 500m.

PS4: Parabéns aos putos dos Iniciados, que depois de se terem sagrado Campeões Nacionais da categoria, venceram este fim-de-semana um torneio particular, onde derrotam o Bate Borisov por 6-0, o Maribor por 9-1, uma selecção Russa por 7-1, e na Final venceram o Estrela Vermelha por 3-2!!!