quinta-feira, 22 de maio de 2014

Ainda a final europeia

"1. Ficou patente o desprezo que a UEFA (presidente, órgãos jurisdicionais, comités de arbitragem) tem relativamente a tudo o que não diga respeito a um certo poderio desportivo e económico.
2. Acabe-se com a fantochada das estátuas que estão na cabeceira. Uma delas estava a 2 metros de penálti descarado sobre Lima.
3. 12 olhos (árbitro, 2 assistentes, 4.ª árbitro e as 2 estátuas) não viram o guarda-redes do Sevilha defender 3 metros à frente da linha de baliza. Deviam ir para o Guiness oftalmológico. Aliás, foi o mesmo árbitro que até já validou um golo que entrou pelas malhas laterais. Foi premiado com uma final...
4. Tudo começou no jogo contra a Juventus. Três jogadores cruciais afastados em circunstâncias que nunca aconteceriam se fosse ao invés. Por exemplo, Salvio é impedido de jogar a final por um braço na bola, tal e qual aconteceu a Carriço num remate que ia direito à baliza sem que o penalti tivesse sido assinalado.
5. O Benfica poderia ter ganho o jogo. Mas é adequado afirmar que com Enzo, Salvio, Markovic, Fejsa e até Sulejamani (sujeito a uma agressão apenas com amarelo) o teria ganho com facilidade. Imagine-se o Real Madrid, o Barcelona ou o Bayern sem 5 jogadores fundamentais numa final e tirem-se as conclusões.
6. A Liga Europa traz-me sempre sentimentos contraditórios. Se Roberto não tivesse defendido tudo e mais alguma coisa no jogo da Champions na Grécia que determinou a passagem do Benfica para a Liga Europa, imagino-me a desfrutar do pleno nacional sem mácula. Um quase paradoxo...
7. A narração do jogo na tv portuguesa foi... inenarrável. Do princípio ao fim a desmerecer a equipa portuguesa."

Bagão Félix, in A Bola

Chamem-lhe o que quiserem

"Não foi o presidente do Benfica, de apelido Vieira, a chamar o avançado de apelido Vieirinha, apenas pelo capricho de perpetuar o seu apelido na selecção de todos nós benfiquistas.

VINTE E SETE anos depois, o Benfica conseguiu finalmente fazer uma dobradinha. Bravo! Uma dobradinha, para os leigos, é conquistar o campeonato e a Taça de Portugal numa mesma época. Foi precisamente o que aconteceu este ano ao Benfica e com grande autoridade.
À tão ansiada dobradinha juntou-se uma outra conquista de uma competição oficial, a já celebérrima Taça da Liga. Tudo somado foram três títulos muito saborosamente conquistados e ainda mais saborosamente festejados.
Contudo o país, por falta de assuntos estruturais sobre os quais se debruçar, e também por força do peso do Benfica na chamada sociedade e na chamada comunicação social, foi lançado para um debate semântico como não se via e ouvia em Portugal desde que, na já longínqua década de 80 do século passado, um presidente da AF Porto, Adriano Pinto, instituiu “dar o xito” como o fundamento filosófico do regime nascente.
O que era um «xito»? Nunca se soube muito bem, ainda que se desconfiasse. E como se escreve? É com x ou com ch? Questões que ainda hoje estão por responder, essa é que é a verdade...
E, passados tantos anos, chega mais uma novidade para o léxico: o que é um triplete? Ou é com a final e diz-se tripleta? Andas todos malucos a falar disto desde domingo quando Carlos Xistra, com x e não com ch, deu por acabado o jogo da final da Taça de Portugal no Jamor.
Diz-se de tudo. Que a Taça da Liga não conta e que a Supertaça conta. E diz-se também precisamente o contrário. Ontem, o site da FIFA saudava a proeza do Benfica chamando-lhe «treble» mas sabendo-se como o Benfica domina a FIFA e a UEFA logo se percebe a marosca internacional.
No campo adversário, rangem-se dentes com o tri-qualquer coisa inédito, arrepelam-se cabelos com a tripleta inaugural. Seja lá o que for, não tem importância nenhuma esta discussão semântica. O Benfica ganhou as três competições internas em que esteve envolvido em 2013/2014 e ganhou-as muitíssimo bem e com grande brilho. Chamem ao feito, porque se trata de um feito, o que quiserem. Não importa com toda a franqueza.
Razão tem, uma vez mais, Jorge Jesus que não vai em modas. O treinador do Benfica optou pela linguagem gestual. Bravo, mister! É mostrar os três dedos e acaba-se logo com a conversa.

RÚBEN AMORIM e André Almeida são os jogadores do Benfica que Paulo Bento vai levar ao Brasil. Faz bem Paulo Bento, em minha opinião, em assegurar a presença de dois Manéis na comitiva, sem menosprezo por Amorim e Almeida que têm nomes próprios e que foram, ambos, notáveis no contributo que deram à equipa campeã nacional de 2013/2014, vencedora da Taça de Portugal de 2013/2014 e vencedora da Taça da Liga de 2013/2014.
De um modo geral, a convocatória de Paulo Bento provocou e vai continuar a suscitar grande celeuma, o que é perfeitamente natural ainda que, uma vez mais em minha opinião, talvez fosse escusado tanto dislate visto que não há, em Portugal e por esse mundo fora, quem consiga definir a selecção portuguesa sem ser como a equipa onde joga Cristiano Ronaldo e «os outros todos».
Os outros todos (Cristiano Ronaldo à parte e Manéis do Benfica à parte) são 20, uns são bem melhores do que outros e ainda outros bem piores do que uns tantos que não foram chamados para a missão transatlântica. A todos eles, aos melhores, aos piores e aos assim-assim, desejo as maiores felicidades. 
Duda, jogador do Málaga que, sem qualquer espécie de surpresa, não foi eleito, reagiu com indignação à exclusão de Antunes, seu colega na Andaluzia, da lista definitiva do seleccionador nacional. Também gosto de Antunes e confesso, no entanto sem indignação, que me surpreende a sua ausência.
E também gosto de Duda, um excelente jogador. Duda tentou encontrar uma explicação plausível para o caso de Antunes e saiu-se com esta: «É o Benfica que manda na selecção.» Aqui discordo, com todo o respeito pela pluralidade das opiniões e pela opinião do Duda em particular.
Ao contrário do que o jogador do Málaga pensa e diz, não foi o presidente do Benfica, de apelido Vieira, o responsável pela chamada do avançado do Wolgsburg, de apelido Vieirinha, só pelo capricho ditatorial de perpetuar o seu apelido na selecção de todos nós, de todos nós benfiquistas, naturalmente.
Não, Duda, lamento contradizê-lo mas o Benfica não manda na selecção. Nem vislumbro qual seria a vantagem.

«OS presidentes do FC Porto e da Câmara de Gaia uniram as suas vozes contra o centralismo de Lisboa» foi notícia de ontem. Os dois presidentes juntaram-se para o assinar de uma nova parceria e lamentaram «o enterro da regionalização» que, segundo os próprios, foi fatal para um Norte que «se depaupera».
Precisamente por ouvir falar em «depaupera» veio-me à lembrança uma notícia do último Verão, publicada num respeitado diário generalista e que nunca vi contestada. Tem tudo a ver com o «depaupera», como terão oportunidade de constatar. Rezava assim, resumidamente para não maçar:
«O FC Porto levará 2666 anos para pagar o Centro do Olival», em título.
E porquê?
Porque sendo de 500 euros mensais o valor pago pelo FC Porto ao município gaiense pela utilização do seu centro de estágio que custou 16 milhões de euros aos depauperados munícipes gaienses ou, se preferirem, «aos cofres públicos», basta fazer as contas para se saber o tempo de espera até ao total ressarcimento público.
2666 anos, nem mais, nem menos. Ora tomem lá.
Mas como o contrato celebrado entre a Câmara de Gaia e o FC Porto vigora apenas por 50 anos, é de considerar muito seriamente a hipótese de ficarem os gaienses em 2016 anos de solidão, pendurados sem saber a que porta bater para a cobrança.
Entretanto, segundo os dois presidentes, a regionalização já foi enterrada quando tinha tudo para ser um sucesso.
O dito enterro da regionalização explica também o empobrecimento do país, excepção feita a Lisboa onde não há nem haverá um único pobre até 2666.

COM a conquista dos três troféus nacionais desta temporada, Luís Filipe Vieira ganhou junto dos sócios e dos adeptos do clube um estatuto que nunca teve. E Vieira demorou dez anos a conquistá-lo.
Trata-se da confiança. A confiança no presidente. Trata-se da multidão a pensar, perante os factos, que, se calhar, o presidente até é tipo para perceber mais disto do que nós, nós a multidão.
É apanágio dos adeptos estarem plenamente convencidos de que percebem mais disto do que o presidente, do que os treinadores, do que os enfermeiros, etc…
Por isso, no fim da temporada de 2012/2013, todos considerámos uma loucura, um risco sem precedentes a renovação do contrato com Jorge Jesus, gostando-se ou não do mister, porque tudo apontava para uma desastrosa sequela.
Sejamos francos, todos achámos que não.
O presidente entendeu que sim.
E lá tomou a sua decisão contra todas as correntes. Luís Filipe Vieira é um grande vencedor desta temporada pelo que conquistou para o Benfica e pelo que conquistou para si em termos de crédito.
Em 2003, poucos depois do ex-presidente do Alverca ter sido eleito pela primeira vez presidente do Benfica, um antigo presidente do Benfica, Jorge de Brito, conversando comigo mostrou grande interesse em conhecer pessoalmente Vieira que, simpaticamente, logo tratou de estar com Brito.
Como não se conheciam e como eu conhecia ambos convidaram-me para estar presente. Fui ter com eles a um restaurante no Guincho. Guardo e guardarei sempre para mim os ecos dessa conversa de um velho presidente com um novo presidente. O mais que vos posso dizer é que, pela minha parte de ouvidora, foi uma experiência única e adorável. Vieira foi o primeiro a sair porque já era presidente do Benfica e tinha mais do que fazer. Fiquei uns poucos minutos mais à conversa com Brito sobre assuntos vários que nada tinham a ver com o Glorioso. Mas quando nos despedimos, não resisti a perguntar ao antigo presidente:
- Então, gostou do nosso novo presidente?
E ele respondeu-me com um sorriso rasgado:
- Gostei. E sabe uma coisa? As pessoas aprendem, as pessoas aprendem… - e disse-o com ênfase, apontando-me o dedo como um mestre-escola a querer fazer valer os seus ensinamentos perante alunos reticentes.
Não podia deixar de partilhar esta pequena história num momento muito particular na vida do Benfica e num momento muito particular do percurso de Vieira como presidente do Benfica."

Leonor Pinhão, in A Bola

Tecnologia para ajudar Platini

"O sistema não é perfeito porque por detrás do árbitro está um homem, mas é quase."
Michel Platini, Presidente da UEFA, sobre as arbitragens com seis elementos

Há muito quem clame, incluindo eu, a necessidade de pôr a tecnologia, sobretudo as imagens de televisão, a auxiliar os árbitros de futebol. Mas percebi na semana passada que há algo ainda mais urgente: pôr a tecnologia a auxiliar Platini. O presidente da UEFA insiste que tudo está melhor desde que decidiu pôr mais dois árbitros nas linhas de fundo. O presidente da UEFA ou não tem televisão ou é um cómico...
Esta última apologia das equipas de arbitragem com seis elementos aconteceu horas antes da final da Liga Europa, em Turim. Depois foi o que se viu: penalty sobre Lima nas barbas dum dos árbitros de baliza, outro que parece existir sobre Gaitán nas barbas do outro, um amarelo para Siqueira nas barbas do fiscal de linha (que nada assinalou, e foi o árbitro, em pior posição, a inventar...), Beto a sair antes da linha, nos penalties, com todos a assobiar para o lado...
Se pensasse, Platini perceberia que o número de árbitros é irrelevante - porque muitas vezes veem coisas diferentes e depois alguém tem de decidir. E quantas vezes, como em Turim (admito que os árbitros de baliza tenham duas vezes dado indicação de penalty e nas duas tenham sido desautorizados por Brych...), não decide quem viu mal?

P.S.: Já ouvi dizer que o Benfica perdeu a final de Turim porque o Paulo foi lá, porque o Ricardo não foi, porque o João usou meias de cores diferentes, porque há 52 anos um treinador ressabiado fez uma previsão lógica. Disparates. O Benfica perdeu porque falhou dois penalties, o que atendendo aos marcadores, nem foi surpreendente, e porque nos 120 minutos anteriores, apesar do árbitro, apesar das baixas, não teve capacidade para ir para cima de uma equipa manifestamente inferior. Maldição? Superstição? Joguem mas é à bola."

Hugo Vasconcelos, in A Bola

PS: Esta ideia de que o Benfica, mesmo prejudicado antes do jogo com os castigos, mesmo prejudicado durante o jogo, tinha a obrigação de jogar muito melhor para ganhar... é completamente idiota.

Paulo, o trepador de postes !!!

O Paulo Lopes está e fim de contrato, pessoalmente acho que devia renovar. Com a Oblak a titular, o Bruno Varela e o Paulo Lopes podem perfeitamente ser as opções... Não tenho nada contra o Artur, mas acredito que ainda tem 'mercado' e creio que tenha a ambição de não ficar uma época inteira no Banco...!!!