sexta-feira, 16 de maio de 2014

A uma vitória de fazer história

"O Benfica está a 90 minutos de, com uma vitória, fazer a melhor época dos últimos 50 anos. O objectivo é ganhar a Taça de Portugal, sem Béla Guttmann, mas com o onze titular, com aqueles que a UEFA não deixou jogar, e vencer, em Turim.
Domingo o Benfica tenta no Jamor fazer história, ser a primeira equipa portuguesa a vencer as três principais provas nacionais (campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga), numa mesmo época, ficando para Agosto a possibilidade de vencer a quarta (Supertaça) e assim ganhar tudo.
Ainda sobre Turim, onde mesmo sem quatro titulares fomos melhores que um Sevilha limitado, fica um ensinamento: só com bons jogadores, com os melhores, várias soluções, se pode aspirar a tanto como o Benfica aspira.
O Benfica merecia ter ganho e com o onze titular teria ganho facilmente. O problema não foram os penalties defendidos irregularmente não assinalados pelo alemão que arbitrou. O problema não foi o árbitro alemão se ter esquecido de expulsar o espanhol que placou Sulejmani para defender o espectáculo, o problema foram os expulsos pelo inglês em Turim para ofender o espectáculo há 15 dias.
Curiosamente, a vantagem para domingo é o regresso de um meio-campo novo. Vamos ao Estádio Nacional para bater um recorde nacional. Depois do 33.º campeonato, onde nenhum rival chegou, depois da 5.ª Taça da Liga, onde nenhum conseguiu. O Rio Ave foi a segunda melhor equipa portuguesa esta época, mereceu chegar a Leiria, ao Jamor, e à Supertaça de Agosto. Este Rio Ave tem um valor semelhante ao do Sevilha, e melhor que o Vitória de Guimarães da época passada. Só um Benfica forte fará história, e o resto são histórias..."

Sílvio Cervan, in A Bola

Há festa no Jamor

"Termina este domingo uma das temporadas futebolísticas mais empolgantes da história centenária do Sport Lisboa e Benfica.
Independentemente do que possa ter sucedido em Turim (escrevo, carregado de ansiedade, antes de o saber), o Benfica entrará em campo, no Jamor, com a possibilidade de alcançar uma inédita 'tripleta' de competições nacionais - Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Taça da Liga -, à qual juntará, no mínimo, uma honrosa presença em final europeia pelo segundo ano consecutivo; e no máximo, a primeira Liga Europa do seu historial.
Caso, como espero e desejo ardentemente, estas duas conquistas se concretizem, então estaremos a falar da melhor época de todos os tempo. Sim! De todos os tempos!
No momento em que escrevo, as expectativas benfiquistas situam-se, pois, entre o muito bom (dois troféus, entre eles a prioridade número um), o excelente (três troféus), e o esplendoroso (poker de taças, com possibilidades de lhes juntar mais duas já em Agosto, e assim tocar nos céus).
Neste contexto, a Final do Jamor é a ocasião magna para prestarmos tributo a uma fantástica equipa de futebol, que já na temporada anterior nos havia feito sonhar, e agora concretizou (pelo menos em parte, acredito que na totalidade) esses sonhos. A tradição que envolve esta prova, o seu belíssimo palco, e o facto de a mesma encerrar a época (a nível de clubes), são condimentos para um dia de festa, de fervor clubista, e, creio, também de absoluta glória. Nunca, nos meus 44 anos de vida, senti um Benfica tão forte e tão pujante em todas as suas vertentes. Falo de futebol, mas falo também de veículos de comunicação, de infra-estruturas, de formação, de ecletismo, de modernização empresarial e administrativa, de associativismo, de prestígio nacional e internacional, de respeito pela história... enfim, de tudo.
Estamos num plano elevadíssimo, e é nele que gostamos de estar. Mas tenho a certeza que aqueles que nos conduziram até aqui, não vão querer parar. O céu é o limite. Vamos a isso!"

Luís Fialho, in O Benfica

O maior dos desafios!

"É naturalmente muito forte a desilusão dos adeptos pelo desaire europeu. Mas o principal desafio do Benfica é outro.

SIM, o Benfica pode falar de infelicidade. Não tinha Enzo Pérez, nem Salvio nem Markovic, e depois ainda ficou sem Sulejmani, que estava a entrar muito bem na partida, e pelo caminho já tinha perdido a extraordinária forma de Sílvio e até a surpreendente serenidade de Fejsa.
Infelicidade a mais, é impossível negar. Se não é maldição, realmente parece. Imagine-se: um parte a perna (Sílvio) depois de bater na perna do próprio companheiro, outro parte o braço (Salvio), e fica fora da final por proteger o braço partido pouco depois de entrar em campo no infernal jogo com a Juventus.
Para explicar o inexplicável, arranjaram os espanhóis a expressão... yo no creio en las brujas pero que las hay, las hay... e respondem agora os benfiquistas com... a maldição de Guttmann.
Confesso que sobre a alegada maldição do senhor que levou o Benfica a vencer duas Taças dos Campeões Europeus já muito ouvi falar e pouca verdade conheço.
Dizem uns que Guttmann agoirou os encarnados ao ponto de os avisar que nos muito anos seguintes não voltariam a ganhar na Europa; dizem outros que não foi isso que o senhor disse, o que ele teria dito é que nos trinta anos seguintes não voltariam os encarnados a ser campeões europeus ou bicampeões. Enfim...
Se Guttmann amaldiçoou ou não o Benfica, ninguém saberá verdadeiramente o saberá, o que se sabe é que o Benfica chegou a esta final sem paz de espírito... e talvez mesmo amaldiçoado, acreditando no que escreveram a grande maioria dos jornais estrangeiros, lembrando, todos eles, a tal maldição de Guttmann.
E afinal, em que é que ficamos?
Estou dividido entre as brujas espanholas e o agoiro de Béla Guttmann.
Mas dividido ou não, relembro que numa fase de tantas decisões o Benfica foi surpreendido ao perder jogadores como Enzo, Salvio, Markovic, mais Sìlvio e Fejsa, e, em Turim, ainda antes do minutos 20 da final, viu-se ainda privado de Sulejmani, entretanto já reciclado como terceira opção para ala-direito.
Em cima disso ainda encontrou pela frente um árbitro (ou uma equipa de arbitragem) capaz de não ver coisas evidentes como os próprios espanhóis ainda ontem reconheceram nalguns programas televisivos de debate.
Não é normal.
Como tewwtou (acto de escrever no tweeter) o inglês Gary Liniker um velho monstro do futebol britânico, «três árbitros e nenhum foi capaz de ver o que Beto fez na grande penalidade de Cardozo?!», dá realmente uma ideia do que também se passou no relvado relativamente ao trabalho dos juízes.
Junte-se a tudo isso o que também me pareceu evidente no relvado do estádio da Juventus:
- permanente falta de serenidade na equipa do Benfica, bem ao contrário da equipa serena que habituou os adeptos na maior parte da época;
- sofreguidão na definição de alguns lances como se a equipa estivesse, mentalmente, com receio de perder um jogo a que se sentiria obrigada a ganhar;
- jogadores decisivos em insuficiente rendimento e gritante ineficácia como Gaitán, Lima e Rodrigo;
- André Gomes e Rúben Amorim nem sempre capazes de dar resposta ao que o jogo lhes pedia;
- Cardozo a marcar uma grande penalidade como não costuma marcar... e Rodrigo a marcar como se já estivesse a temer falhá-la...
-... e, por último, até Jorge Jesus, desta vez, a dar a ideia de bloquear quando mais a equipa pareceu precisar dele.
Perdidas duas finais europeias consecutivas... diriam então os espanhóis... yo no creo en las brujas pero que las hay, las hay... e agarram-se muitos benfiquistas à maldição de Guttmann.
Podem estar os adeptos divididos mas não pode o Benfica e os seus responsáveis deixarem dividir-se entre bruxarias.
Claro que era importantíssimo para o clube ter voltado, esta quarta-feira, às vitórias europeias, mas importantíssimo (talvez mesmo o mais importante para o futuro imediato do clube) será preparar a próxima época de modo a conseguir mostrar - como conseguiu o FC Porto há duas décadas - capacidade para inverter o paradigma com que ainda hoje os encarnados se vão desafiando.
Aceitando e aprendendo, então, o Benfica a perder às vezes, esperarão os adeptos que deixe, porém, de ganhar apenas de vez em quando.
Maior do que o desafio europeu é esse o grande desafio do Benfica.

PS: Já o tinha escrito e, obviamente, mantenho - aconteça, ainda, o que acontecer, o Benfica fez fantástica temporada, compreendendo o clube (porque tem de compreender) a forte desilusão dos adeptos pelo desaire de Turim, a que se juntará nova forte desilusão se a equipa voltar a deixar escapar, este domingo, a Taça de Portugal.
O futebol é isto mesmo!"

João Bonzinho, in A Bola

O que Guttmann nunca terá dito...

"Muito provavelmente, Béla Guttmann nunca disse o que dizem que disse a propósito do sucesso do Benfica na Europa. A maldição do mago magiar não está registada sob forma de entrevista e o que terá mesmo sucedido não terá passado de um desabafo do treinador bicampeão europeu pelo Benfica com o seu adjunto Fernando Caiado a propósito da profusão de automóveis entre os jogadores encarnados que, à chegada de Guttmann ao Benfica era de apenas três. Referindo-se a um possível aburguesamento dos jogadores, Guttmann terá dito que «assim nem daqui a trinta anos ganham nada». O que se passou a seguir explica-se com a expressão 'quem conta um conto, acrescenta um ponto', a que se juntou, nos seis anos a seguir à conquista do bicampeonato europeu, a derrota em três finais (1963, 1965, 1968). A lenda foi crescendo, alimentou-se dos insucessos de 1983, 1988 e 1990 e explodiu com as derrotas do Benfica em Amesterdão e Turim, até atingir proporções planetárias.
Ontem, a fazer a revista da imprensa internacional era encontrar, em cada nove de dez casos, referências à maldição de Guttmann, transformada na mais desejada das lendas do futebol dos dias de hoje. Para o Benfica, a mediatização deste fait-divers tem um lado positivo porque permite que ninguém se esqueça que o Benfica já esteve em dez finais europeias e é um dos mais importantes e competitivos clubes do Velho Continente.
Chegará o dia em que o emblema da Luz vai ganhar a sua final e enterrar esta lenda. Para já, a maldição de Béla Guttmann vai servindo para explicar castigos, lesões, erros dos árbitros, substituições mal conseguidas e falhanços de baliza aberta. Sempre serve para alguma coisa, afinal..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Assim já vale Assis

"1. A imagem do sr. Assis e do sr. Costa lado a lado na tribuna das Antas foi bonita. Não sei que jogo era - FC Porto-Benfica? Sei que havia em ambos a trombalanazice de um Elói Benevides de Barbuda a duplicar capaz de arrancar ais! de piedade ao mais empredernido dos guerreiros da Bexuanalândia. Ambos enfiados. Ambos contritos.
2. Não há muito tempo, o sr. Costa tonitruava aos quatro ventos que nunca o haviam de ver fotografado ao lado de políticos. Desde que estes não se chamassem Elisa, Gomes, Eanes ou Menezes, calculo eu. Agora, assim, também Assis já vale.
3. A coisa seria apenas ridícula se não fosse pungente. Um, à míngua do voto, faz-se fotografar com o caudilho; outro, à mingua do reconhecimento público de seriedade, expõe-se ao daguerreótipo com quem quer que seja. Adivinhem os leitores quem é o um e quem é o outro. Para mim, valem o mesmo...

P.S. - Falando de coisas boas. A presença do vice-presidente do Benfica, Alcino António, no museu do «Grande Torino» é um daqueles momentos em que a História se reconcilia com os seus grandes personagens. Um abraço para ele. Por isso e por muito mais!"

Afonso de Melo, in O Benfica

Recordando...

"Ganha a primeira das três finais destes entusiasmantes 11 dias, escrevo na antevéspera da grande final de Turim com a esperança de que possa ter uma alegria igual às que possa ter uma alegria igual às que tive há 53 e 52 anos, quando ganhámos as Taças dos Campeões. Nos tinha televisão em casa e foi na de um amigo que assisti à primeira parte do Benfica-Barcelona (3-2). As equipas portuguesas eram sempre eliminadas à primeira. Até que, nesse ano, o Benfica foi passando até chegar às meias-finais, com o Tottenham. Lembro em especial a primeira meia-hora do jogo da Luz com o Ujpest: 5-0! Depois, ficou 6-2 e o Benfica, sem Béla Guttmann (o treinador não podia entrar na Hungria), foi a Budapeste confirmar a passagem aos quartos-de-final. O Aarhaus, da Dinamarca, já foi recebido em clima de festa e o Benfica ganhou os dois jogos. Bem mais complicado o Tottenham mas, com 3-1 e 1-2, chegámos à final, frente ao poderosíssimo Barcelona, que eliminara o Real Madrid, pentacampeão. Foi a primeira transmissão na RTP. Pouco se viu. A emissão estava sempre a ser interrompida ao intervalo foi mesmo cancelada. A segunda parte foi seguida através do relato de Artur Agostinho, na rádio. Lembro-me dos minutos finais, sozinho, fechado na cozinha. A certa altura, faltavam poucos minutos, não aguentei mais e fechei o rádio.
Quando abri, o Benfica era Campeão Europeu. Inimaginável! Foram as minhas primeiras lágrimas de alegria pelo Benfica...
Um ano depois, já com Eusébio (e Simões) na equipa, foi possível ver o jogo todo na TV. Desilusão inicial (0-2), alegria incontida na segunda parte (5-3). O famoso Real Madrid foi suplantado.
Depois, começaram os azares a as derrotas: Coluna lesionado e o Benfica praticamente com dez frente ao Milão; finais com o Inter em Itália e com o Manchester em Inglaterra. Mais tarde, comigo na bancada, a derrota nas grandes penalidades, frente ao PSV (sem Diamantino), e outra, sem que nos possamos queixar, face ao poderoso Milan. Pelo meio, uma final (da Taça UEFA) mal perdida face ao Anderlecht e, há um ano, uma grande exibição e um derrota injustíssima com o Chelsea, para a Liga Europa. Espero que este ano tenhamos voltado às vitórias e às grandes alegrias europeias. o Clube merece-o pelo grande historial europeu que tem."

Arons de Carvalho, in O Benfica

Para Glória do Glorioso

"O Benfica tem mais troféus que qualquer outra equipa portuguesa. Mas sem o 'troféu' do Campus do Seixal não haveria título do campeonato nem das taças; como sem o 'prémio' do maior Estádio de Portugal não haveria triunfos ou troféus conquistados; sem o título' da Benfica TV não haveria o sucesso que há nas modalidades e nos escalões da formação; sem os 'louros' do Museu Cosme Damião não haveria, ao altíssimo nível a que há, a identidade, a estirpe, a atitude, o orgulho Benfica a puxar pelos resultados dentro dos terrenos de competição. E sem o 'palmarés' da Fundação, o Benfica não seria aquilo que é: mais que um clube.
É tudo isto que torna possível que o Campeão esteja de volta. Tudo isto constitui uma grande obra. O que o presidente do Benfica tem feito é uma obra para a Glória do Glorioso. Uma obra coerente, planeada, criada de raiz e com raízes para o sucesso sustentado do Benfica.
Sustentado. E isso é muito importante. O presidente Luís Filipe Vieira criou condições únicas na história do Clube para o sucesso desportivo: equipamentos e instalações, tecnologia, meios técnicos e humanos, e, acima de tudo, estabilidade e credibilidade.
A dimensão da festa quando o Benfica ganha deve-se à implantação global do Clube mas também é verdade desportiva das vitórias do Benfica. São vitórias que honram o Benfica e honram igualmente o desporto porque são obtidas com verdade desportiva e fair-play.
O Benfica é uma máquina que funciona e que fornece aos atletas e técnicos das mais diversas modalidades condições únicas no nosso País. Mas a máquina tem coração. E se a máquina está sempre a funcionar, o coração do Benfica - os seus sócios e adeptos - não para de bater."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Dos fantasmas

" “Fantasmas é não chegar à final! Fantasmas!? Deixem-se dessas tretas.” Estas foram as palavras de Jorge Jesus quando, em momento de vitória do Benfica, foi confrontado pela enésima vez com os resultados das finais e momentos decisivos da época transacta. Estas foram as palavras que tantas e tantas vezes me apeteceu que fossem ditas pelos dirigentes / futebolistas / treinadores do Benfica sempre que foram confrontados com o “trauma” e os “fantasmas” da época passada. Se há coisa para a qual já não há paciência é para essa conversa ad nauseam por parte de jornalistas e comentadores do futebol português. Diga-se, aliás, que esta ladainha carpideira permanente de recordar constantemente o momento da derrota passada e acentuá-lo no momento da vitória presente diz muito mais sobre as fraquezas do comentador do que sobre a força do comentado.
Se Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira enfermassem dessa lusitana tendência para a lamentação doentia e mesquinha, estaria ainda hoje o Benfica enterrado nessa espécie de fado do desgraçadinho de que tanto parecem gostar os apocalípticos com espaço e voz na comunicação social. Cheguei a ver num canal televisivo, 48 horas após a conquista do campeonato, um balanço do mesmo em que a primeira meia hora foi passada a dissecar o… pior momento da época. A meia hora seguinte foi para recordar os momentos finais (os tais “fantasmas”) da época passada e sobrou meia hora para perorar sobre as dificuldades que o Benfica terá no futuro em repetir as vitórias do presente.
Amanhã (escrevo esta crónica antes da final da Liga Europa) estarei em Turim, com o Benfica, sabendo que, independentemente do resultado, no final do jogo seremos Benfica, sem traumas, sem fantasmas e sem tretas. Essas ficam para os comentadores."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Contra a maldição


"E afinal o Benfica perdeu, outra vez, ou seja, pela oitava vez, mais uma final europeia. E isto sem ter sofrido qualquer derrota durante toda a competição. É mesmo caso para dizer: yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay. Já aqui escrevi sobre esta célebre sentença espanhola, erradamente atribuída ao Dom Quixote de Miguel Cervantes. Se calhar é mesmo muito posterior. Poderá ser de Béla Guttmann? Não creio que o magiar seja o autor do citado aforismo mas não falta quem lhe atribua a veste de bruxo. Tudo por causa de uma alegada maldição. E qual é ela? Quase toda a gente se lhe refere mas sem noção da sua real história. Em meia dúzia de palavras pode contar-se assim: local - Amesterdão; data 2 de Maio de 1962; factos:
1) o Benfica venceu o Real Madrid por 5-3 na final da então chamada Taça dos Clubes Campeões Europeus;
2) Guttmann tinha exigido que no seu contrato com o clube constasse um expressivo prémio no caso de se consagrar campeão europeu;
3) porventura não acreditando muito nessa hipótese, o clube anuiu:
4) na altura de pagar, a coisa não foi fácil, o que levou o húngaro a sair desgostoso e a soltar uma imprecação. Qual? Não há bem a certeza porque, segundo uns, terá dito que o Benfica não voltaria a vencer uma final europeia. Mas também há quem garanta que ele falou apenas sobre o título europeu (o que deixaria de fora a Liga Europa). Outros ainda juram que ele pôs um prazo na maldição - cem anos.
De modos que ou o clube leva a sério a maldição, ou não. O jornal inglês The Guardian, por exemplo, escreveu que «o Benfica não é senhor do seu destino». Eu creio que é. Mas se não fosse talvez valesse a pena o Benfica prometer que atribuirá a Guttmann um prémio em tudo igual ao do treinador que voltar a vencer uma final europeia."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola