quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sangue, suor... e lágrimas (mais uma vez)!!! No meio da gigantesca frustração, a certeza que algum dia, este calvário vai acabar !!!

Sevilha 0 (4) - (2) 0 Benfica

Não tenho muito para dizer: mais uma Final perdida estupidamente, com uma catrefada de golos falhados, com nítida superioridade na partida, com mais um apitadeiro vergonhoso que não conhece as regras: pois além de não marcar penalty's (só ficaram 3 por marcar!!!), ainda permite que um guarda-redes defenda penalty's praticamente no risco da pequena área...!!! Isto tudo apesar das enormes contrariedades, com 5 ausências: 3 por castigo, sendo que a não despenalização do Markovic entra em mais uma daquelas histórias sinistras dos corredores corruptos da UEFA...; e para piorar as coisas, logo no início da partida, após duas entradas a matar dos adversários, ficamos sem mais um jogador, que ainda por cima obrigou gastar uma substituição...!!!
Com ou sem maldição, estamos todos fartos, destas desilusões. O Benfica não merecia sair derrotado esta noite de Torino: os jogadores não mereciam, os técnicos não mereciam, os dirigentes não mereciam, os adeptos não mereciam...
Não quero individualizar, e espero que tanto o Cardozo como o Rodrigo não sejam apontados por terem falhado os penalty's... Só tenho que elogiar, mais uma vez, a dedicação e o esforço do Maxi, do Luisão, do Garay, do Siqueira, do Rúben, dos Andrés, do Nico, do Lima, do Rodrigo, do Cardozo, do Oblak e até do Ivan, que dentro do campo, foram a extensão de todos os Benfiquistas...
Mas apesar da gigantesca frustração, isto ainda não acabou. No Domingo temos outra Taça da ganhar, que nunca seria fácil de vencer, mas com o resultado de hoje, com o prolongamento em cima das pernas dos jogadores, ainda vai ser mais difícil de conquistar...

Antes

"Hoje o Benfica disputa a sua décima final europeia dos últimos 53 anos: uma média notável de cinco anos por final. Na era Jorge Jesus, o desempenho foi excelente: duas finais, uma meia-final e quartos-de-final da Liga Europa e quartos-de-final da Champions, o que coloca o SLB no 6.º lugar do ranking da UEFA. Claro que os percursos na Liga Europa resultam (à excepção de 2009(2010) de saídas na fase de grupos da principal competição. A Champions é cada vez mais um espaço para as oligarquias do futebol nem sequer as mais recomendáveis. E a Liga Europa é a prova, por agora, ao alcance das melhores equipas portuguesas, salvo um milagre. Neste século, já houve 2 vitórias (FCP), três finalistas (Benfica, Sporting e Braga) e três semifinalistas (Benfica, Sporting e Boavista). Ao todo 9 presenças nas fases derradeiras da competição. Espero que esta noite o Benfica alcance o 3.º título.
Tenho esperança e cautela. Uma final são apenas 90 minutos em que se misturam em doses concentradas de engenho, inspiração, sorte e detalhes. O Benfica, embora desfalcado, é talvez o favorito. Mas este atributo apriorístico vale o que vale: nada.
Quando há uma final, lá vem à baila Guttmann. A lenda - porque creio que é disso que se trata - foi alimentada até agora por uma série estatística de finais ingloriamente perdidas (por lesão do guarda-redes, no prolongamento, nas penalidades, jogando duas vezes em casa do adversário, etc.). Hoje é o dia em que o Benfica tem condições para mandar às malvas o tão invocado presságio. Até para honrar o treinador húngaro. E sobretudo para oferecer o título a Eusébio e Coluna, glórias eternas do Benfica."

Bagão Félix, in A Bola

Então é desta, meus senhores?

"Ganhem de qualquer maneira, porque finais perdidas e vitórias morais já tem o Benfica que chegue para os próximos cem anos - com licença do senhor Guttmann

A História é escrita pelos vencedores, por mais brilhantes que possam ter sido os vencidos. A História, justa ou injustamente, enfatiza e apaparica quem ganha e dispensa pouca atenção a quem perde. Os americanos resumem a vida em duas penadas - isto há os winners e os losers - e ai de quem fica na segunda barricada. No futebol também é um pouco assim. Os vencedores fazem as manchetes da Imprensa e abrem os telejornais; os vencidos ficam no segundo plano mesmo quando não mereciam ter perdido para os vencedores. Tirando casos muito raros (como a Holanda no Mundial de 1974 e o Brasil no Mundial de 1982, dois exemplos marcantes da excepcionalidade não premiada), o vencido está condenado à nota de rodapé no livro da História, nota essa que será mais ou menos simpática consoante a fibra do derrotado e a dimensão da derrota. O passar do tempo e uma memória colectiva programada para reter os triunfantes encarregam-se de nos fazer esquecer os losers. É uma coisa terrível, tantas e tantas vezes de uma injustiça cruel... mas é assim. Passado um certo tempo os únicos que lembram as virtudes e os méritos do vencido (face ao vencedor) são os adeptos do vencido. Os imparciais encolhem os ombros. Muitos até se esquecem do nome dos vencidos (por exemplo: a quem é o o Milan de Gullit e Van Basten deu 4-0 na final dos Campeões de 1989). Isto sem prejuízo das tais excepções, Holanda-1974 e Brasil-1982, que foram unanimemente - ou quase - considerados campeões morais do Mundo depois de terem perdido com a RFA e com a Itália. Ninguém os esqueceu ao fim de tantos anos.
Hoje, em Turim, o Benfica joga a sua décima final europeia. Como é público, o Benfica tem um historial pavoroso em finais europeias: perdeu (as últimas) sete das nove que disputou. Perdeu-as de todas as formas e feitios. Em casa. Em casa dos adversários. Com frangos. No prolongamento. Nos penalties. Nos descontos. Com botas a saltar dos pés. A jogar bem. A jogar mal. A jogar assim assim. A história das finais europeias do Benfica é basicamente um estendal de quases. Os americanos, se prestassem mais atenção ao futebol, não teriam contemplações com o Benfica. Diriam: que looooosers. Os portugueses, mais tolerantes, lembram a qualidade e o peso institucional dos sucessivos vencedores do Benfica (por ordem: AC Milan, 1963; Inter, 1965; Manchester United, 1968; Anderlecht, 1983; PSV Eindhoven, 1988; AC Milan, 1990; Chelsea, 2013...) e fazem a incontornável alusão à maldição de Guttmann. Os benfiquistas, compreensivelmente, não gostam de aprofundar este assunto, mas alguns concedem que há qualquer coisa de estranho, de errado, de profundamente anormal! neste calvário de finais perdidas. Bom. Toda esta conversa preparatória é para dizer o seguinte: era muito mau que dentro de uns anos a História lembrasse a décima final europeia do Benfica em nota de rodapé, como a da época passada com o Chelsea (derrota injusta, azar dos Távoras, sortilégio do futebol, dura realidade, sonhos desfeito, agonia nos descontos, assim dói tanto, blá, blá, blá).
Portanto, senhores jogadores e senhor treinador do Benfica: logo à noite só há uma opção e não é aquela que a gente sabe. Ganhem a final ao Sevilha. Mesmo desfalcados. Mesmo a jogar mal. Mesmo cansados. Mesmo de aflitos. Mesmo com um golo às três tabelas. Ou com um penalty manhoso. Mesmo reduzidos a dez. Ou nove. Com a sorte que já tiveram nesse estádio. Não importa. Ganhem meus senhores. Ganhem de qualquer maneira - de preferência com uma exibição colectiva notável e três golos de autor - porque finais perdidas e vitórias morais já tem o Benfica que chegue para os próximos cem anos - com licença do senhor Guttmann, que tem uma estátua toda catita no estádio da Luz. E depois, caros benfiquistas, a verdade é esta: vocês este ano merecem ser felizes.
No fundo, era só para dizer isto: acarditem que é desta.

(...)"

André Pipa, in A Bola

Benfica favoritíssimo? Seria, seria...

"Cheio de ganas de todos os troféus açambarcar nesta temporada, o Benfica tem hoje tampolim para o êxito europeu que lhe foge já lá vão 7 finais (de 5, nada menos! na Taça dos Campeões Europeus/Champions à da Liga Europa na época passada, passando por Taça das Taças). Muito desperdício depois de ser bicampeão da Europa. Jorge Jesus tem razão: para se vencer uma final, a primeira condição é a de à final ter chegado (essencial mérito em que o Benfica é perito). Mas, já agora, dava imenso jeito ganhá-la.
Em teoria, esta poderia ser a final mais fácil de vencer no historial benfiquista. Bem mais do que, por exemplo, a de há um ano, perante Chelsea campeão da Europa na época anterior (e sabe-se como o Benfica brilhou no ímpeto atacante - traído, ao minuto 90+2, num canto em que terá faltado Garay, recém-subsistido por lesão). O Sevilha não possui colecção de craques sequer próxima da existente no Chelsea; a sua experiência nesta alta-roda é bem inferior à do próprio Benfica; e o campeão de Portugal deve impor-se ao 5.º de Espanha. Aqui começa a prática a derreter a teoria: o FC Porto tricampeão foi afastado desta Liga Europa com goleada de 4-1 em Sevilha... OK, foi FC Porto da época de todos os desastres.
Portanto, Benfica favoritíssimo para a final de Turim? Sem sombra de dúvida, seria, seria... Se tivesse Fejsa-Enzo, a dupla mais titular no meio-campo. André Gomes (ou André Almeida)-Rúben Amorim não é a mesma coisa... Com Sulejmani (tem estado lesionado) ou Ivan Cavaleiro, ainda mais longe fica de idêntico nível. Quatro baixas de jogadores cruciais (sobretudo Enzo e Salvio) tiram ao Benfica enorme fatia do que deveria ser o seu grande favoritismo. Forças assim reequilibradas, bem provável o poder da decisão estar na raça. Ora o Benfica tem exibido tremenda gana de conquista."

Santos Neves, in A Bola

Já tem barbas!

"Não, esta crónica não é sobre Conchita Wurst, polémica artista austríaca de barba, maninhas e um belo vestido que conquistou a Eurovisão. Polémica não por ter barba, que essa é uma batalha que chega com pelo menos 15 anos de atraso ao bafiento festival, mas porque, a meu ver, a voz da artista é banal, tal como a canção, alguns furos abaixo do nível de qualidade , por exemplo, das levadas a concurso por Noruega, Espanha ou Grã-Bretanha...
Mas, como dizia, esta crónica não é sobre Conchita Wurst, nem sobre canções. É mesmo sobre maldições. Ponto prévio: não acredito em maldições (pero que las hay las hay?). Mas como este texto é sobre maldições, vamos a elas. Ou, mais especificamente, vamos à de Béla Guttmann, a tal que incomoda adeptos e comentadores sempre que o Benfica chega a uma final europeia, como a que esta tarde/noite tem de disputar em Turim, a décima da sua história.
Diz-se que o imponente e irascível húngaro terá dito um dia, já depois de ter conquistado a segunda Taça dos Campeões Europeus pelas águias, que «nem daqui a cem anos um clube português volta a ganhar duas vezes seguidas a Taça dos Campeões». Uma história que, diga-se, já tem... barbas e que, inclusive, leva gente à capital da Áustria, onde Guttmann morreu em 1981 e onde está enterrado (e, como ele, também a sua maldição e, portanto, à impossibilidade de desfazê-la), a apelar em plena campa ao fim da praga.
Fizem-nos, então, em dois pontos. Primeiro, a maldição de Guttmann fala em Taça dos Campeões Europeus e não em Taça UEFA ou Liga Europa - portanto, nada disto está em causa hoje. Segundo, as maldições são... uma treta! São mitos ou lendas que apenas ajudam a suavizar as realidades que não entendemos. E, sim, é difícil entender sete finais perdidas. Mas, por favor, deixem-se de tretas, joguem à bola, cubram-se de glória e tragam o raio do caneco! Ou então continuem a deixar-se levar por histórias da carochinha ou por fados ou por vendedores de banha da cobra. Afinal faltam só 48 anos para o fim da maldição..."

João Pimpim, in A Bola