"O campeonato não está decidido mas está quase. Ganhar em Braga foi determinante. Neste momento, pese embora a prudência da equipa técnica e jogadores, os adeptos já vaticinam a jornada para os festejos. Mesmo eu, pessimistas de serviço, dou comigo a fazer contas para comprar o cachecol do 33.º título. Ora, se ser campeão nacional era o objectivo principal, vamos agora tratar de objectivos secundários com a mesma competência. A vitória de ontem na Holanda foi a prova de que Jorge Jesus continua a bater recordes com a equipa do Benfica. Desde 1969 que o Benfica não vencia na Holanda. Se pensarmos que a segunda mão é fácil, podemos ter surpresas desagradáveis, mas se fizermos um jogo intenso e aplicado estamos outra vez numas meias-finai europeias. A Liga Europa parece desenhada para a Juventus ganhar em casa, mas podemos bem contrariar esse desígnio, tal como outros já foram contrariados. Basileia está na meia-final, e o FC Porto está quase.
Uma palavra para o treinador do FC Porto, que vê os mesmos jogos que nós, diz coisas sensatas e ganha e perde com igual elevação. O FC Porto não está em crise nenhuma. Numas meias-finais da Taça de Portugal, nas meias-finais da Taça da Liga, à porta das meias-finais de uma competição europeia e só agora fora da luta pelo título nacional, este FC Porto pode fazer uma excelente época. O problema do FC Porto não é a sua época, mas aquela que o Benfica está a fazer. O Benfica não é para o FC Porto um adversário, é um complexo. Ora, como o Benfica está melhor, a fazer melhor, e a jogar melhor, esse complexo esconde uma temporada até muito positiva. O que tem faltado ao FC Porto são derrotas do Benfica para festejar. O que faz falta ao Benfica, para o FC Porto entrar verdadeiramente em crise, é festejar muito e por muitos motivos.
Segunda-feira contra o Rio Ave e quinta-feira contra o AZ podemos e devemos dar mais dois passos para esses festejos."
Sìlvio Cervan, in A Bola