Alerta

"Os nossos oponentes dizem que renunciaram à discussão do título nacional. Nas últimas horas, multiplicaram-se declarações de jogadores, dirigentes ou personalidades do Sporting e do FC Porto, dando a competição por perdida. Verdade também que aproveitaram a ocasião para apresentar queixumes (mais até pintados de verde), sugerindo que a justeza da liderança benfiquista na prova é um falácia.
A experiência das últimas temporadas tem que nortear o Benfica. Os seus técnicos, jogadores, dirigentes, associados, adeptos. A Liga não está ganha, faltam ainda oito rondas, muitos pontos em discussão. Claro que o avanço é aparentemente confortável, mesmo invejável, mas está interdita qualquer expressão de soberba, de arrogância, de negligência ou laxismo. O Benfica só será campeão se mantiver uma postura humilde, combativa, fogosa.
Dar as contas por encerradas é uma estratégia dos nossos adversários. Eles querem um Benfica adormecido, nós queremos um Benfica em estado de alerta. Cada jogo, a começar pelo próximo despique na Madeira (e apesar do Sporting - FC Porto, em Alvalade), é mais um episódio de uma luta titânica que não se compadece com distracções ou quaisquer deslumbramentos.
O Benfica vai ganhar o Campeonato? Vai, com certeza. Mas vai (e só vai) se mantiver a postura que tem patenteado. No campo e fora dele. Somos melhores, somos competitivamente superiores? Até já demos provas, de resto inequívocas. Só que a etapa conclusiva está aí. Nós aqui. Todos nós. Com modéstia, abnegação, espírito ilimitado de sacrifício. No campo? Também e muito nas bancadas."

João Malheiro, in O Benfica

Para Turim, se faz favor

"Esta semana o Benfica aumentou a vantagem pontual na liderança do campeonato. Sete e nove pontos para o Sporting e FC Porto, respectivamente, não seriam suficientes se estivéssemos a jogar mal, mas a jogar como se jogou contra o Estoril nem os mais pessimistas como o Estoril nem os mais pessimistas como eu deixam de pensar no 33.º título de campeão nacional.
O Estoril fez na Luz o mesmo resultado que FC Porto e Sporting mas jogou melhor. Um dos maiores problemas de Jorge Jesus são os pessimistas e exigentes, nos quais me incluo, que querem mais títulos do que apenas o campeonato.
Esta temporada (como na última) o Benfica é melhor do que a concorrência nacional e pode fazer uma grande época. Ainda não ganhámos nada, mas sonhamos com quase tudo. E merecemos esse sonho.
Uma vitória na Madeira, segunda-feira, deixava praticamente selado o caminho do título. É talvez o jogo mais difícil até ao fim da época, pelo adversário, pelo excesso de jogos e viagens, pela ausência do Fejsa, em suma só um Benfica superlativo vencer na Choupana.
As alterações de treinador do FC Porto, com a chegada de Luís Castro, notaram-se mais na equipa B, que sem a qualidade do novo técnico perdeu em Chaves. Ver um Sporting-FC Porto com esta tranquilidade não é habitual nas hostes benfiquistas mas é muito agradável.
White Hart Lane é uma página que enche de orgulho os benfiquistas, depois da vitória sobre o Tottenham por 3-1.
Jogar bem é bom, jogar muito bem é óptimo. Hoje, dia 14 de Março de 2014, o Benfica disputa todas as provas.
Os analistas façam os rankings de favoritos, que eu, acabado de sair do estádio, apanhei um táxi e, à pergunta do taxista sobre para onde vou, respondi: para Turim por favor."

Sílvio Cervan, in O Benfica

Um jogo digno de quadro de honra

"A exibição de ontem do Benfica em White Hart Lane teve entrada directa no livro das melhores memórias europeias do clube da Luz. O Tottenham, uma das equipas mais caras da Premier League, foi varrido do mapa por uma versão A+B dos encarnados, que deixaram Maxi Pereira em Lisboa e remeterem Enzo Pérez, Gaitán e Lima ao banco de suplentes. Não sei o que dará o jogo da segunda volta, tão-pouco sou capaz de adivinhar o que vai acontecer o que vai acontecer na próxima segunda-feira na Choupana. Sei, contudo, que quando se falar, daqui em diante, de grandes proezas de equipas nacionais nas provas da UEFA a noite de 13 de Março de 2014 jamais será olvidada. De Maio de 2013 aos dias de hoje, árduo foi o caminho trilhado pelo Benfica, um percurso que foi da ilusão à depressão em menos de nada e, depois, lentamente, foi sendo cumprido a pouco a pouco mais de gás, a seguir, e a todo o vapor, agora, mérito de um presidente que apontou um rumo e de um treinador que soube introduzir as correcções de percurso necessárias.
O Benfica, que ainda não ganhou nada, está no caminho certo na qualidade de candidato a tudo. Mas não deve perder o foco e persistir no discurso da primazia do campeonato nacional. Garantindo esse desiderato, poderá apontar a outras metas, sem o perigo de a perna ser mais curta que o passo. Jorge Jesus, beneficiando da experiência acumulada, parece agora muito mais seguro na definição de objectivos, manejando com à-vontade o plantel homogéneo de que dispõe e onde o crescimento de vários jogadores é notável.
PS - No Dragão, Luís Castro somou a segunda vitória em dois jogos. Alvalade, no Domingo, vai dizer em que ponto está a convalescença do FC Porto."

José Manuel Delgado, in A Bola

JJ é um cómico

"Jorge Jesus, consagrado em título de livro como Mestre da Táctica, continua a dar espectáculo.
Desta vez em directo e a cores, aquando do último golo do Benfica em Londres, onde espetou 3 batatas ao milionário Tottenham que já foi orientado pelo antigo jogador do Clube Marechal Gomes da Costa.
Depois, na conferência, JJ quis explicar o gesto dizendo que se estava a referir a Luisão. Mas Luisão é o n.º 4, entendido?
Todos percebemos o alcance do gesto, que pode ser traduzido num simples "chupa lá três".
Nada disto é especialmente insólito em Jorge Jesus e muito menos no show futebolístico, que também vive destas coisas a que podemos chamar palhaçadas.
O que irrita mesmo é o coro de padrecos que já se levantou por aí a criticar a má educação do próximo treinador do Barcelona.
Isto está mesmo entregue à malta das banalidades, do óbvio e do politicamente correto. Vai tudo bater no famoso "saber ganhar é tão importante como saber perder". Tretas. Como o fair-play. Como todos sabemos, qualquer adepto não se importa nada de ganhar com um penálti mal marcado dois minutos para além da hora. O que custa é perder nessa situação ou então levar três e com dois golos da autoria do Luisão.
Em Londres, o Benfica de JJ mostrou o seu poder. É uma equipa que dá gosto ver jogar e, o que também ajuda, soma e segue.
Quem aqui anda não precisa de me lembrar que também já nadei a favor da corrente e que me declarei fartinho de JJ e das suas coisas.
Emendo a mão.
Este gajo tem muita piada. Anima os nossos dias. Mas fiquei com água na boca pois ainda não foi desta que o vimos a revolucionar por completo a língua de Shakespeare. Por ora ficou-se por um simples e fácil one, two, three..., o que nos dá a entender que JJ já vai pelo menos no nível dois de inglês em cassete pirata."

Todos à Luz

"Gostei da forma decidida como o Benfica entrou a jogar frente ao Estoril, veloz, ligado, criativo, atacante, não dando hipóteses a quaisquer veleidades do adversário em surpreender a melhor equipa do campeonato, já agora, a melhor equipa do Mundo no mês de Fevereiro, segundo a Federação de História e Estatística do Futebol. A pressão deve ter surpreendido a equipa-surpresa dos últimos campeonatos, de tal maneira que, aos 20 minutos, o Benfica já tinha facturado dois golos fulgurantes de Luisão e Rodrigo, o primeiro na sequência de um livre de canto, o segundo ao cabo de uma jogada de futebol espectáculo envolvendo Gaitán, Siqueira e o fulminante marcador, Rodrigo.
Depois, o Benfica deixou o adversário jogar. Ou, melhor dizendo, deixou-o recrear-se com a bola. Nos 90 minutos, o Estoril fez um remate à baliza, num lance de bola parada que tabelou na barreira e foi ao poste. O Benfica, mesmo dando de barato a posse de bola, não deixou de ameaçar, chegando mesmo ao terceiro golo que a equipa de arbitragem, num erro calamitoso, anulou. A posição do árbitro auxiliar que dá indicação de fora de jogo é de todo incompatível com a avaliação criteriosa da jogada: o indivíduo ficou pregado ao chão no paralelo da entrada da área, o lance desenrola-se junto à linha de cabeceira.
O Benfica joga bem, embora por vezes perdulário na concretização, mas dá um pouco a ideia de que joga o necessário. E cumprido o necessário levanta o pé do acelerador. Talvez a questão tenha a ver com o calendário: 7 jogos em Fevereiro, 8 jogos em Março, um excesso.
Agora, o que não pode faltar, e não faltará à equipa, é o apoio dos Benfiquistas. De maneira que, dê por onde der, custe o que custar, todos nos próximos compromissos. Todos à Luz."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Uma questão de honra

"1. Por ter escrito num livro que o presidente do FC Porto era o campeão dos arguidos do futebol português vi-me enfiado num sarilho judicial que demorou quase sete anos a resolver-se com os custos respectivos para a carteira e para a paciência. Fiquei, então, a saber que o presidente do FC Porto era uma pessoa muito sensível e susceptível chegando mesmo, segundo uma das suas testemunhas no processo, médico de profissão, a desfalecer quando se viu perante o meu tão avacalhante insulto.

2. Ao longo do tempo - e da sessões do julgamento (desse e doutros da mesma estirpe) - e susceptibilidade do presidente do FC Porto foi-se pelos vistos diluindo, tanto que confessou pública e alegremente tratar os melhores amigos por filhos da prostituta da Babilónia (ou algo mais vernáculo, já não me recordo), sublinhando a pilhéria com o jocoso dito e umas palmadas nas costas de um pobre jornalista (não sei se as imagens do Youtube são válidas, mas eu vi-as).

3. Na última Assembleia-Geral da Liga de Clubes, o presidente do Marítimo não se coibiu - dizem os relatos da ocorrência - de se dirigir ao presidente do FC Porto utilizando termos que não reproduzo aqui por respeito a todos os envolvidos, especialmente os meus leitores. Das duas, uma: ou irá dar com os costados em tribunal ou foi uma conversa de amigos. Assim são as questões de honra..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Um olival de eucaliptos

"Os dirigentes dos clubes profissionais reúnem em consílio com o intuito de “reformar” o futebol português. Aglomeram-se em torno de um poder bafiento, com métodos camorristas, e, no final, enviam um moço de recados anunciar ‘urbi et orbi’ que querem fazer um “25 de Abril” no futebol. Ou seja, pudemos todos observar gente que se aproveita da liberdade conquistada para escarrar na democracia e, em nome dela, anunciar uma revolução que pretende perpetuar no poder os que atiraram o nome do futebol português para o anedotário em que se encontra.
Os dirigentes do Benfica, Sporting e Marítimo afastaram-se daquilo. Garantidamente, nesse momento, os adeptos destes três clubes sentiram orgulho nos seus dirigentes. Pois, ao contrário do que alguns pensam, a maioria dos adeptos não se revê neste futebol que mais parece um olival feito de oliveiras com raízes de eucalipto, das que secam tudo em seu torno.
Ao quererem atirar para o poder mais um títere do olival, pretendem garantir que o bolo dos direitos televisivos se mantenha nas mãos que distribuem migalhas aos serviçais que lhe sustentam a negociata. A falência moral do futebol português tem rostos e nomes que se preparam para deixar herança. Disfarçado numa espécie de manto de vitalidade esconde-se o fervilhar de podridão de um pântano estagnado há três décadas e em que aforismos de falência moral como “o que hoje é verdade amanhã é mentira” são publicamente assumidos e vividos entre gargalhadas boçais, fina ironia e charutos mamados (como escrevia o Eça) em prostíbulos e lupanares sobejamente conhecidos."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Jorge Nuno

"1. Jorge Nuno Pinto da Costa (assim mesmo, com o nome todo) tem sido vítima de uma grande injustiça nos últimos dez anos. Suspenso pela justiça desportiva por factos relacionados com aquilo a que malevolamente chamaram 'Apito Dourado', viu além disso o seu clube castigado com seis pontos, que por um simples acaso (não pode ter sido outra coisa...) não aqueciam nem arrefeciam. Foi castigado quem, em gestos que reflectem o seu grande coração, ofereceu generosamente umas férias no Brasil a uma pessoa (por um simples acaso era um árbitro), pagou o colégio ao filho de uma outra (por coincidência outro árbitro), oferecia 'senhoras' a outros (uns árbitros, outros simples assistentes), fora todas as outras ofertas e favores que nunca foram tornados públicos pois, além de generoso, o senhor era de uma notável discrição. Ouviram-se umas coisas em telefonemas que nunca se deveriam ter ouvido, escreveram-se muitas aleivosias denegrindo a imagem de tão impoluto cidadão, enfim, foram dez anos de injustiças que o Conselho de Justiça da Federação agora quer reparar.
Acho , no entanto, que não seguiu o melhor caminho, ao devolver o processo ao Conselho de Disciplina? Não era mais simples expressar um voto de louvor ao senhor Jorge Nuno Pinto da Costa por tão generosas dádivas aos tão injustiçados árbitros, alguns dos quais também vão vilipendiados ao longo destes anos? Ainda há dias recebi um mail com as velhas glórias dos três grandes e, a par dos benfiquistas Coluna, Eusébio e Chalana e dos sportinguistas Travassos, Manuel Fernandes e Figo, aparecem os portistas Fortunato Azevedo, Carlos Calheiros e Martins dos Santos. É manifestamente injusto o esquecimento de várias outras antigas glórias dos três clubes, na linha dos citados... O nosso Futebol está repleto de injustiças.

2. Hoje resolvi dar prioridade na crónica ao presidente do clube que segue na 3.ª posição do Campeonato, ao invés de realçar a nossa agradável (mas ainda não definitiva!) vantagem. Ganhámos bem ao Estoril, com uma boa primeira parte e um descansado segundo tempo, mas para ficarmos com o título na mão ainda é necessário ganhar na Madeira o difícil jogo com o Nacional. Mais do que discutirmos o resultado que mais interessa no Sporting - FC Porto da véspera..."

Arons de Carvalho, in O Benfica