segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Os Engenheiros !!!

Em cada português existe um treinador de futebol, em cada português existe um potencial gestor futebolístico... tudo isso já sabíamos, a partir de ontem, também ficámos a saber que em cada português existe um Engenheiro Civil, e um técnico da Protecção Civil !!! Está no nosso ADN...!!!
Também fiquei chateado ontem no Estádio ao saber que o jogo seria adiado, do local onde estava não me apercebi da gravidade da situação... quando cheguei a casa, mesmo com mais informação, não comentei o caso. Não tenho dados suficientes.
Mas de todas as declarações, aquelas que achei mais relevantes, foram as do Mário Dias. Que me obrigam a perguntar:
Se existiam obras de manutenção a decorrer, os últimos funcionários a deixar o serviço (na Sexta provavelmente...), deixaram tudo em condições, ou esqueceram-se de apertar alguns rebites?!!!
E se a resposta à pergunta anterior for positiva, deverá o Benfica reclamar a quem de direito, uma indemnização pelos prejuízos financeiros que sofreu?!!!

Mesmo assim a maior estranheza ao sair da Luz, foi a aparente forma civilizada como a Direcção Lagarta se comportou... como é que eles hoje se iriam queixar de penalties não assinalados, sem que o jogo tivesse sido realizado?!!!
Mas não existem razões para preocupação, menos de 24 horas depois, os Lagartos voltaram aos comportamentos habituais, os 2 comunicados entretanto publicados (haverá mais?!!!), são prova da demência mental dos ditos cujo...
Invocar hipocritamente artigos do regulamento, não aplicáveis ao caso, para tentar passar uma imagem de fair-play, é bem demonstrativo do carácter dos representantes da instituição... A preocupação com saúde dos incendiários - que por acaso estavam exactamente no lado oposto do Estádio, em relação ao problema da cobertura... -, além da habitual estratégia populista, prova que esta gente não é de confiança...

Eu, que até sou um grande apologista de estratégias de alianças, para derrubar os Douradinhos, ao contrário de outros Benfiquistas, não tenho a mínima esperança na actual Direcção Lagarta... São tão maus como os outros. O facto de serem menos subservientes aos Corruptos do que os anteriores, para mim, não é suficiente!!!

A pescada

"1. A viagem do Benfica às Antas para jogar a meia-final da Taça da Liga foi adiada, pelos vistos. O FC Porto não só tem feito questão de adiar a conquista da sua primeira Taça da Liga ano após ano, como faz questão de adiar o próprio desenrolar da competição. Na época passada, por via de três jogadores que entraram em campo 15 minutos antes do tempo permitido pelos regulamentos, abriu-se um inquérito (daqueles que só servem para gastar papel, pois no Futebol português há os inimputáveis e os outros). Esta época, abre-se um inquérito por onze jogadores que entraram em campo depois da hora assinalada pelos regulamentos. Gasta-se mais papel e a decisão é como a pescada: já era antes de ser. Não estranho. Que seria de esperar (esperar é o verbo correcto) de um clube que não sabe ao certo em que ano foi fundado? Puro anacronismo.

2. Não sei se, como diz o Azeiteiro-da-Cabeça-de-Unto, Portugal merece ou não os árbitros que tem. Portugal não tem merecido grande coisa nos últimos 150 anos, na verdade. Aqueles que verdadeiramente gostam de Futebol não merece, com certeza, arbitragens tão manhosas. E os tais profissionais-à-pressão, que nem sabemos se têm horário de trabalho ou se continuam a gerir a vidinha à medida das suas conveniências, também não merecem a gigantesca paciência de quem assiste semanalmente a tantas trapalhadas. Pagas a condizer..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Um Maio louco em Lisboa!

"Na época de 1953/54, Benfica e Sporting disputaram quatro dérbies no espaço curto de 15 dias. Todos no Estádio Nacional. Nesse ano a vantagem foi dos leões...

A história das grandes instituições não é construída apenas de momentos brilhantes. A história dos grandes clubes não é feita somente de vitórias. Cabem nelas também derrotas feias, algumas lendárias, outras simplesmente dignas.

Hoje vou falar de derrotas. Daquelas derrotas que aos corações vermelhos dos benfiquistas mais doem, frente aos rivais de sempre, os que ficam hoje em dias do outro lado da avenida, Avenida General Norton de Matos para ser mais concreto: o Sporting claro está!
É semana de dérbi. É semana em que Lisboa se anima de um nervoso miudinho que vai para além do frio chato deste Inverno que nos cobre.

A espera é lenta, o tempo parece passar mais devagar no tique-taque dos ponteiros do relógio, mesmo que haja pelo meio a formalidade de uma viagem a Penafiel para o Benfica, já que o Sporting ficou pelo caminho, precisamente num dérbi, e dos bons!, na Luz com um 4-3 à moda antiga.

Vou para mais uma viagem ao passado, sessenta anos já decorreram (ou ainda não, perdão, faltam quatro meses) sobre aquela aventura de quatro derbies disputados em quinze dias, todos eles oficiais, está bem de ver. Isso mesmo: 15 dias  quatro Benficas-Sportings! Um luxo para os adeptos!
Estávamos em Maio. Maio de 1954. A última jornada do Campeonato inclui um Sporting-Benfica, no Estádio Nacional (houve uma altura em que era moda jogar-se o dérbi no Estádio Nacional, era moderno, levava mais gente, o passeio à Cruz Quebrada era convidativo), foi um Campeonato pobre do Benfica, ficou-se pelo terceiro lugar, a nove pontos do primeiro (o Sporting) e a quatro do segundo (o FC Porto). Na primeira volta, no mesmíssimo Estádio Nacional, vitória dos leões: 2-0, golos de Martins. Não houve vingança: o Sporting ganhou outra vez, agora por 3-2 de Janos e Martins outra vez (2), e de Águas e Salvador para os 'encarnados'.

Isso foi no dia 16. Pois no dia 23, Benfica e Sporting voltavam a entrar em campo. Agora era para a Taça de Portugal que, nessa época, se jogava totalmente após o final do Campeonato, assim a modos como que a fechar a temporada. Quartos-de-final. Jogavam-se a duas mãos. O recinto era o mesmo, o Estádio Nacional, e o Sporting recebia o Benfica, se assim se pode dizer. Vitória igualzinha à anterior. Com outros protagonistas. Aos 82 minutos, era o Benfica que estava em vantagem, golos de Arsénio e Calado contra um de Galileu. Depois tudo mudou. Travaços e Mendonça viraram o marcador do avesso, aos 82' de penálti e aos 86.

O empate e o desempate
Cabia desta vez ao Benfica jogar em casa, salvo seja. E assim, eis que os dois rivais voltam a subir ao relvado do Estádio Nacional no dia 30 de Maio para mais um tira-teimas. Vitória das 'águias', finalmente. E, para cúmulo do requinte sádico, com um resultado de 2-1 mas com os 3 golos a serem marcados por jogadores do Benfica: Salvador e Arsénio na baliza certa, Calado na baliza errada, a de Bastos. A «traição» de Calado registou-se aos 2 minutos. A reviravolta teve lugar aos 36' e 71'.
Ora, como a regra dos golos em casa alheia não fazia lei, obrigava o regulamento a um desempate.
Muito bem, marcou-se logo para o dia seguinte, isso mesmo, que também não fazia lei a regra do descanso das 72 horas.
Inevitavelmente no Estádio Nacional, no dia 31 de Maio de 1954, jogou-se o quarto dérbi desses loucos 15 dias de Lisboa. Nova vitória do Sporting por 4-2, caminho aberto para a final e vitória na prova num ano em grande para os rapazes de Alvalade. Arsénio pôs o Benfica em vantagem logo no primeiro minuto. Debalde. Travaços empatou aos 12 de penálti. Arsénio deu nova vantagem aos 30. O quarto-de-hora final foi fatal para o Benfica: Vasques, Albano e Martins resolveram a compita.
Mas as derrotas, nos grandes clubes, servem para ganhar alento para novas vitórias. O Benfica não iria esperar muito tempo pela desforra: na época seguinte, 1954/55, venceu o Campeonato e a Taça de Portugal. Vencendo o Sporting na final do Jamor, por 2-1: entre os dois rivais de Lisboa há sempre contas para ajustar..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Enervante

"1. Tudo nos correi mal em Barcelos num daqueles jogos em que deveríamos ter ganho e até com alguma facilidade, dada a diferença de valores entre as duas equipas. Mas, primeiro um 'relvado' que mais parecia um batatal, depois uma 'distracção' do Siqueira, um falhanço do Oblak e um 'erro de casting' contribuíram par um resultado absolutamente imerecido, tantas as oportunidades que tivemos para marcar e que a relva, o guarda-redes e o azar não deixaram concretizar. É um daqueles jogos em que, em várias ocasiões, apeteceu partir a televisão que, coitada, não teve culpa. Mas era o que estava à mão...
Valeram os resultados negativos do FC Porto e do Sporting. O Campeonato faz-me lembrar o de 2004/05, que ganhámos com Trapattoni como treinador e uma equipa qualitativamente bem inferior a esta. Nesse ano, os três 'grandes' foram perdendo pontos inacreditáveis e acabámos campeões, concluindo o Campeonato com o célebre golo de Luisão ao Sporting e um empate no Bessa. Tenho-me lembrado bem desse título este ano, face aos nossos enervantes empates com Belenenses, Arouca e Gil Vicente...

2. Terminou (será que terminou mesmo?) essa estúpida 'janela' de transferências de Janeiro (e, pelos vistos, Fevereiro), que muito interessa a empresários e jornais mas ajuda a descaracterizar o Futebol, que era bem mais verdadeiro e genuíno quando os jogadores se mantinham ligados ao mesmo clube ao longo de vários anos, permanecendo depois como símbolos desse mesmo clube, como foi o caso de Eusébio, Coluna, Águas, Ângelo, Humberto, etc., etc. e é agora Luisão. Perdemos Matic (mal 'perdido' mas a fraca figura na Champions não deve ter deixado alternativa) e iremos perder André Gomes e Rodrigo por valores bem acima do espectável. E vamos a ver se da Rússia não virão tristes novidades...

3. Li em A Bola de sábado passado um grande (e justíssimo) elogio de José Eduardo, sportinguista confesso, ao nosso Museu Cosme Damião que, como ele diz, não é apenas um museu do Benfica, é-o de Lisboa, do País e do Mundo. Dai que ache muito pouco os 30 mil visitantes que já teve desde o dia da inauguração. Merece muito mais e compete-nos a nós, benfiquistas, incentivarmos os nossos conhecidos, do Clube ou não, a lá ir. Não se arrependerão."

Arons de Carvalho, in O Benfica