sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

O receio dos benfiquistas

"Logo pela meia noite não acaba a tortura dos benfiquistas, porque uma lei absurda mantém o mercado da Rússia aberto até ao fim de Fevereiro. Estamos em primeiro na Liga, em prova na Liga Europa, nos quartos-de-final da Taça de Portugal e nas meias-finais da Taça da Liga. Era possível ao Benfica fazer melhor? Seria, mas a verdade é que a época está lançada com excelentes perspectivas. Todo o receio dos benfiquistas se centra na possibilidade de perder vários dos seus melhores jogadores numa fase da época decisiva. Logo pela meia noite já saberemos (em parte) e podemos fazer a acta final deste mês de transferências.
Este mês de Fevereiro, com oito jogos, será exigente e decisivo nas nossas aspirações. Barcelos amanhã e Penafiel na quarta-feira, poderão marcar a tónica do mês, enquanto os adversários escolhem depois da hora e na secretaria quem joga connosco na Taça da Liga.
Jorge Jesus sabe bem da hipocrisia deste discurso à volta da formação. A sua experiência não o deixará entrar em cantos de sereia. Muitos dos hipócritas deste discurso eram os mesmos que aplaudiam de pé a naturalização de Pepe, Liedson ou Deco, em nome da competitividade da Selecção Nacional.
O Benfica deve jogar com os melhores que tem e Jorge Jesus sabe bem disso. Que idade tem Markovic? Que idade tem Oblak? Jorge Jesus respondeu bem quanto aos critérios que presidem às suas escolhas. Os melhores sempre os melhores e para ganhar.
Amanhã em Barcelos estará o fantasma do jogo da primeira volta, dois golos em período de descontos deixaram o Benfica no trilho do título, no jogo da Luz. Em Barcelos não queremos perder o rumo, até porque, mais dia menos dia, pode haver outros adversários com galo. Temos que fazer a nossa parte."

Sílvio Cervan, in A Bola

Os insubstituíveis

"O futebolista Matic deixou o Benfica e foi para o Chelsea receber um ordenado chorudo e fora das possibilidades de qualquer clube português. O Benfica recebeu por esta venda um valor bem significativo, ainda que aquém das expectativas criadas. Objectivamente, no plano desportivo, o Benfica deixou partir um dos seus futebolistas mais importantes. Isto é um problema e, para o ultrapassar, há que arranjar uma solução. Há no Benfica quem já nos tenha dado provas de que as soluções existem e são implementadas. É, também, para encontrar soluções que muitos dos profissionais do futebol do Benfica recebem ordenados chorudos e fora das possibilidades do cidadão comum. As saídas de Witsel e Javi Garcia foram lidas como apocalípticas até que Enzo e… Matic demonstraram ser soluções com claras mais-valias desportivas relativamente aos que haviam saído.
O mesmo já acontecera com David Luís e Garay e, anteriormente e com outros contornos, na substituição de Ramires por Sálvio ou, ainda que mais demorada, a de Simão por Di Maria. Em todos estes casos se gritou pelo apocalipse e se carpiram antecipadamente profecias de desgraças futuras. É natural, faz parte de uma ‘voluptas dolendi’, um comprazimento na dor, que enforma e enferma a alma lusitana. Recordo que as deserções de Pacheco e Paulo Sousa também levaram a que se antecipasse o pior, mas que foi sem eles, e também a eles, que ganhámos por 3-6, em Alvalade. Aliás, desde que vi o Dito e o Rui Águas saírem para o FCP e substituídos pelo Ricardo (o melhor central que vi no Benfica, depois do Humberto) e pelo Vata (que acabou como melhor marcador do campeonato), percebi que no futebol só a bola é insubstituível. Haja optimismo nos adeptos e competência nos profissionais para, mais uma vez, se substituir o “insubstituível”."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica