terça-feira, 30 de setembro de 2014

Um grão de areia na «Máquina de Ocwirk»

"Morreu Fernando Cabrita, o seleccionador nacional que ordenava. «Vamos a eles que nem Tarzões!». Figura única do futebol português, ficou para a história por muitos episódios, mas nenhum mais marcante do que o de um Portugal-Áustria.

Vamos à história! Na qualificação para o Campeonato do Mundo de 1954, que teve lugar na Suíça, mandou o sorteio que Portugal decidisse eliminatória preliminar com a Áustria. Estando o encontro da primeira «mão» marcado para Viena no dia 27 de Setembro de 1953, Salvador do Carmo, novamente chamado para orientar a equipa numa campanha mundialista, reuniu os seleccionadores em meados do mês. Com o campeonato ainda de férias, a preparação física dos jogadores era a grande preocupação do treinador Álvaro Cardoso. Durante dez dias, o Estádio do Jamor foi o palco das sessões de treino portuguesas. Um episódio marcante continuava a ensombrar, no encanto, a deslocação de Portugal: o do abandono, menos de um ano antes, do futebol por parte de Jesus Correia, aos 28 anos e no auge das suas capacidades. Sendo-lhe imposta, por parte do seu clube, o Sporting, a condição de só poder continuar a jogar futebol na equipa «leonina» desde que abandonasse o hóquei em patins, o popular «Necas» optou pela primeira paixão desportiva da sua vida deixando o selecção portuguesa órfã de um dos seus jogadores mais categorizados, mantendo-se em actividade no Paço d'Arcos e dedicando-se ao seu emprego no Grémio dos Armazenistas de Mercearia, na Avenida da Liberdade, em Lisboa.
Não foi a ausência de Jesus Correia que justificou a monstruosa derrota. Perante uma selecção austríaca que era, indiscutivelmente, uma das mais fortes do Mundo, composta à base do Rapid de Viena e tendo jogadores de grande classe como o enorme Ocwirk, médio-direito de recursos inexcedíveis, o interior-esquerdo Probst, o médio-centro Ernst Happel (que seria, mais tarde, um treinador de reconhecidos méritos), o avançado-centro Dienst, ou o famoso «Tigre de Viena», o guarda-redes Zeman, Portugal fazia, logo à partiad, figura de parceiro menor de uma eliminatória desigual. E a estadia na capital austríaca ganharia tons de pesadelo. No Estádio do Prater, mais de 60.000 pessoas assistiram ao massacre de Portugal face a uma equipa que deixara de ser o «Wunder-tean» do saudoso Mathias Sindelar, o «Homem de Papel», para se transformar na «Máquina de Ocwirk».
Lançado-se em turbilhão sobre um conjunto português que deixou cedo transparecer as suas debilidades físicas, a Áustria chegaria rapidamente aos 3-0 com golos de Ocwirk (13 minutos) e Probst (15 e 20). Até ao intervalo, Probst (33) voltaria a marcar, e a segunda parte seria o especlho da primeira: 5-0 por Probst (59); 5-1 por Águas (60); 6-1 por Ocwirk (69); 7-1 por Probst (73); 8-1 por Wagner (84) e 9-1 por Dienst (89).
Os 9-2 de Viena são num ponto de viragem na história da selecção portuguesa, de futebol. Foram, por assim dizer, a última «cabazada» sofrida por Portugal nos seus confrontos internacionais e deram início a uma fase de renovação de métodos e de mentalidades que teria o seu ponto alto na década seguinte.

Eis que entra Cabrita!
Com o jogo da primeira «mão» bem fresco na memória, Salvador do Carmo congemina a melhor forma de evitar nova derrota volumosa perante a «irmã gémea» da Hungria, que acabara de esmagar a grande Inglaterra com 6-3 em Wembley e 7-1 em Budapeste. José Águas, lesionado, deixa de ser uma peça utilizável. Para o seu lugar é chamado o portista Monteiro da Costa. E a táctica parece estar definida: Serafim das Neves terá como missão segurar o goleador Probst, autor de cinco tentos em Viena; Cabrita marcará o gigante Ocwirk - decisão curiosa e a valer muitas críticas; Matateu será deslocado para a esquerda de modo a impedir o internacional austríaco por esse lado já que a Áustria carrila o seu jogo ofensivo sobretudo pela direita. É desta forma que Portugal arranca um empate sensaborão (0-0) mas que ganha foros de enorme proeza. O sacrifício de Cabrita será glorificado por muitos anos, de tal forma que a estreia do jovem alcantarense Germano, que entra no segundo tempo a substituí-lo, passa quase despercebida.
Estávamos a 29 de Novembro de 1953. Fernando da Silva Cabrita, que se afirmara como avançado-centro no Olhanense - acabara de viver dois anos desterrado no modesto Angers, de França, antes de seguir para o Sporting da Covilhã, e passara outros cinco afastado da Selecção Nacional - transformara-se primeiro num interior e, depois, por necessidade, no «homem que secou Ocwirk», nesse tempo considerado como um dos maiores dianteiros do Mundo, um matulão de enorme habilidade, ponta-de-lança do Áustria de Viena (mais tarde contratado pela Sampdória, sendo o segundo jogador austríaco a demandar ao «calcio») e figura da equipa da Áustria que conquistou o terceiro lugar nesse Campeonato do Mundo.
A vergonha dos nove de Viena caia no esquecimento. Ernst Ocwirk ficara no bolso de Cabrita para felicidade dos portugueses. Um avançado a marcar outro - caso raro nesse tempo. Mas que os antigos não esquecerão.

«Era um homem muito dedicado e compenetrado, um homem de arregaçar as mangas, um operário»
José Augusto

«Fernando Cabrita será sempre recordado como alguém muito marcante para o Futebol em Portugal»
Toni

«Quando estava no Atlético em 1965/66, o Fernando Cabrita foi ver todos os meus jogos. No último jogo esperou por mim à saída da cabine e disse-me que estava no hora de ir para o Benfica. Era um homem com H grande»
José Henrique

«Era um bom treinador. Embora não fosse o nosso treinador principal, era um adjunto competente»
Fernando Chalana

«O Fernando Cabrita foi um grande amigo em toda a sua vida. Desde jogador a teinador tivemos sempre um belíssmo relacionamento»
Artur Santos"

Afonso de Melo, in O Benfica 

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lixívia VI

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica............ 16 ( 0) = 16
Braga............... 11 (-2) = 13
Corruptos........ 12 (+2) = 10
Sporting............ 10 (+1) = 9

Estará realmente alguma coisa coisa a mudar no Tugão?! Expulsam-se (bem) adversários do Benfica; não se marcam penaty's que não existem contra o Benfica...; até se expulsam alguns jogadores dos Corruptos (bem expulsos); não se inventam penalty's a favor dos Corruptos... Tudo isto é estranho, muito estranho...!!! Quando personagens macabras como Lourenços Pintos aparecem nos jornais clamando por arbitragens isentas de erros... é porque alguma coisa de muito 'grave' se está a passar!!! Imaginem os capangas do Al Capone no auge do seu reinado de terror (e altamente lucrativo, de contrabando de bebidas alcoólicas), virem publicamente criticar a Lei Seca imposta pelo Governo Federal!!! Vamos ficar atentos, para verificar se é Sol de pouca dura, ou se é para continuar...!!!

No Estoril, tivemos no geral uma boa arbitragem. No essencial manteve o critério. Cometeu erros, principalmente disciplinarmente... perdoou vários amarelos aos canarinhos: Filipe Gonçalves e Sebá principalmente... Tecnicamente, deixou jogar.
No penalty pedido pelos Anti's, é um lance normal, onde o Kléber tenta aproveitar-se do contacto... o Jardel foi algo ingénuo, e pôs-se a jeito... mas felizmente o árbitro não estava para ali virado!!! No resto do jogo houve vários lances parecidos, e nunca foi marcada falta: existe um sobre o Talisca ainda na 1.ª parte, que deu um contra-ataque perigoso ao Estoril; e no 1.º golo do Benfica, o Kléber tentou ludibriar o árbitro na mesma forma, deixando-se cair para trás...
A expulsão do canarinho Uruguaio, é óbvia. Dizem que o Enzo 'sacou' o amarelo, mas eu pergunto ao contrário: se o Enzo, após aquele 'carrinho' negligente, não fizesse o que fez, não estaria a ser burro?!!!
No 2.º golo do Estoril, o Kuca joga a bola com a Mão no início do lance, mas pareceu-me não intencional...
É normal as equipas do Couceiro perderem com o Benfica, mas também é normal ver o Couceiro no banco contra o Benfica com uma garra pouco vista!!! Transmitindo aos jogadores níveis de motivação raros...!!! Dito isto, só digo que este jogo serviu também - mais uma vez -, para demonstrar a anedota da luta anti-Doping no futebol em Portugal!!! Estou curioso para ver qual será o próximo jogo que o Kléber vai jogar, e de que forma ele irá fazê-lo...!!!
Tal como fiz na crónica do jogo, não posso deixar de fazer referência à forma abjecta como o narrador da PoskosTV, comentou o jogo, com destaque para a azia no 1.º golo do Benfica: a forma quase desesperada, como ele apelou aos jogadores do Estoril, para que na próxima jogada idêntica, darem porrada no Talisca... em vez de elogiar o Baiano... é do mais nojento que ultimamente ouvi PorkosTV !!! Como normalmente desligo o som, as outras asneiras passam-me ao lado, mas como assisti a este jogo num espaço público, desta vez fui obrigado a aturá-los!!!

O Basco continua a empatar, e continua a chorar as arbitragens... cheira-me que não vai aquecer a cadeira, se por um lado espero que lá fique por muitos anos, por outro lado, seria bom sinal, ir pregar para outra freguesia...!!! No meio da propaganda houve dois lances no clássico duvidosos:
1 - Quaresma se calhar merecia o vermelho... o amarelo soube a pouco!!!
2 - No lance do suposto penalty, mesmo após várias repetições não fiquei com uma opinião definitiva. Pois tenho duvidas se a bola raspa no 'pneu' do Maurício, antes de lhe bater no braço...!!! Apesar de achar que este é daqueles lances que em velocidade normal, parece não existir falta, já que o toque de calcanhar acaba por surpreender o defesa Lagarto.
Houve outros erros, como o fora-de-jogo num dos últimos lances da partida, que o Tello fez o o favor de desperdiçar...!!! Mas, os dois lances mais importantes foram os dois que eu relevei... Como durante o jogo, fiquei com a impressão que o critério foi igual para as duas equipas, dou o benefício da duvida ao Olarápio!!!
ADENDA: Depois de rever as imagens dos tais dois lances mais 'duvidosos' decidi alterar a minha opinião!!! A falta do Quaresma é para vermelho, ele além de dar um pontapé com uma perna, pisa o pé de apoio do Nani...; em relação ao penalty, admito que continuo com dúvidas, mas para dividir o 'mal pelas aldeias'!!!

Em Braga, o Bruno Esteves teve mais uma arbitragem horrível...!!! Começou com a expulsão do Boateng aos 10 minutos: existe contacto do braço com a cara, mas é um contacto perfeitamente normal... Infelizmente nos últimos anos, a opinião pública desportiva, tentou transformar estes lances (todos) em Vermelho directo, o que é um erro... Os jogadores tem braços, e não podem jogar sem eles!!!
O outro grande erro foi o golo anulado ao André Pinto. Na repetição não vejo qualquer falta... até pode ter existido, mas na televisão não parece. Até parece que são os dois Vila-condenses que chocam um no outro!!!
No penalty do Ukra, dou-lhe o beneficio da dúvida... O Ukra foi imprudente, não me parece que tivesse intenção, mas acabou por levantar ligeiramente o braço, aumentando a volumetria. E era fácil, perceber o que o jogador do Braga ia fazer...

Anexos:
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Cosme, Prejudicados, Sem influência no resultado
2.ª-Boavista(f), V(1-0), Marco Ferreira, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(c), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Setúbal(f), V(0-5), Capela, Nada a assinalar
5.ª-Moreirense(c), V(3-1), Luís Ferreira, Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
6.ª-Estoril(f), V(2-3), Vasco Santos, Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Académica(f), E(1-1), Soares Dias, Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
2.ª-Arouca(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, (2-0), Sem influência resultado
3.ª-Benfica(f), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Belenenses(c), E(1-1), Cosme Machado, Nada a assinalar
5.ª-Gil Vicente(f), V(0-4), Beneficiados, (1-4), Sem influência no resultado
6.ª-Corruptos(c), E(1-1), Benquerença, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar

Corruptos
1.ª-Marítimo(c), V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
2.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-0), Mota, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
4.ª-Guimarães(f), E(1-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
5.ª-Boavista(c), E(0-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
6.ª-Sporting(f), (1-1), Benquerença, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar

Braga
1.ª-Boavista(c), V(3-0), Vasco Santos, Beneficiados, (1-0)?!, Impossível contabilizar
2.ª-Moreirense(f), E(0-0), Paixão, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
3.ª-Estoril(c), V(2-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (3-1), Sem influência no resultado
4.ª-Arouca(f), D(1-0), Proença, Nada a assinalar
5.ª-Nacional(f) E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, Impossível contabilizar
6.ª-Rio Ave(c), V(3-0), Bruno Esteves, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar

As Contas

"As Contas  de 2013/14 trazem à colação vários elementos e obrigam a diversas reflexões. Desde logo, a noção importantíssima de equilíbrio que percorre toda a contabilidade benfiquista e que parece estar ainda muito longe da prática dos nossos adversários directos ao título. Efectivamente, ao aumento dos valores do passivo, corresponde um aumento do activo. Isto significa que os capitais próprios são positivos. Ou, por outras palavras, as contas estão em ordem, são credíveis e todos os compromissos do Benfica são perfeitamente cumpríveis. Ao mesmo tempo, merece destaque evidente o valor global da instituição Benfica que, juntando a facturação do clube e da SAD, ultrapassa o valor de 200 milhões de euros. Ora, é a primeira vez que um clube em Portugal ultrapassa esta barreira em termos de proveitos consolidados.
É esta relação proveitos-custos que torna a contabilidade benfiquista como um grande lição para os restantes clubes em Portugal, habituados à lógica do empurrão do passivo financeiro para um futuro incerto e indeterminado. Na verdade, o aumento dos custos do Benfica não desvia a linha do respectivo aumento das receitas, denotando assim aquele equilíbrio contabilístico mágico que é uma obra monumental do Luís Filipe Vieira.
Merecem ainda destaque o aumento exponencial das receitas televisivas e o impacto financeiro da BTV, Mantendo a mesma estrutura de custos, a BTV conseguiu proveitos na ordem dos 28,1 milhões de euros, premiando a aposta num canal multifacetado. A BTV é a cara verdadeira da supremacia benfiquista, pois só uma marca poderosíssima poderia conseguir um impacto financeiro da sua televisão muito acima de Chelsea ou o Barcelona. Ora, é esta relação-compromisso-vontade dos sócios, em Portugal e no estrangeiro, que representa a medida do sucesso da BTV... e do Benfica."

André Ventura, in O Benfica

Guiados pela justiça

"Seria difícil estabelecer um nexo de causalidade entre a liderança isolada do Benfica na classificação do Campeonato, e a maravilhosa atitude dos benfiquistas nos últimos minutos do jogo com o Zenit para a Liga dos Campeões. Mas uma coisa sucedeu à outra, como que premiando o trabalho, o esforço, a fé e o sentido de comunhão que haviam sido demonstrados dias antes, e constituem parte integrante da nossa matriz identitária.
O que se viu na partida internacional foi belo, e incomum em estádios portugueses. Algumas mentes mais empedernidas desdenharam daqueles aplausos, confundindo a satisfação por um resultado (e nenhum de nós saiu satisfeito da Luz nessa noite), com o reconhecimento do trabalho de profissionais que, perante múltiplas contrariedades, lutaram até à última gota de suor por um desfecho mais feliz. Participar naquele momento foi algo que me orgulhou enquanto benfiquista, enquanto apaixonado do futebol, e até enquanto português.
Como tantas vezes acontece, no futebol e na vida, justiça seguiu os seus próprios caminhos: no domingo, uma conjugação de resultados favoráveis guindou o Benfica à liderança da tabela classificativa, algo que afaga a moral da equipa e dos adeptos, e constitui precioso estímulo para os compromissos vindouros. Vencer o Moreirense não foi tarefa fácil. Em primeiro lugar devido à organização colectiva que o conjunto minhoto apresentou, um segundo lugar devido ao anti-jogo que cedo começou a praticar, e em terceiro a um certo adormecimento do Benfica ao longo da primeira parte - o qual poderá ter a ver com o desgaste físico e anímico da partida anterior, mas que deverá servir de aviso para uma equipa que tem na conquista do Bi-Campeonato a sua grande prioridade.
Nos próximos dias, mais um duplo compromisso. E mais um desafio à concentração competitiva da nossa equipa. Todo o grupo de trabalho estará certamente desperto para a importância do jogo de Leverkusen. É muito importante que se mantenha ainda mais desperto para o jogo com o Estoril."

Luís Fialho, in O Benfica

domingo, 28 de setembro de 2014

Vitória na Póvoa...

Póvoa Futsal 1 - 3 Benfica

Um dos melhores jogos da temporada, com claras melhorias na consistência defensiva...
A única má notícia do dia foi a lesão do Ré, espero que tenha sido só um susto.

sábado, 27 de setembro de 2014

Susto... rectificado !!!

Estoril 2 - 3 Benfica

Depois do empate de ontem no clássico, a vitória hoje era obrigatória... não pela matemática, mas pelo moral. O jogo não podia ter começado melhor, com 2 golos do Talisca... mas a eficácia demonstrada nos primeiros 8 minutos, desvaneceu-se!!! Bola ao poste, remates de golos interceptados por defesas, enfim... O Benfica tinha entrada a pressionar alto, permitia pouco ao Estoril... mas depois, baixámos o ritmo, e o Estoril começou a criar perigo junto da nossa baliza. Quase sempre da mesma forma: pouca pressão do Benfica no meio-campo, nas zonas do Nico e do Toto, a permitir passes perigossíssimos para as costas dos nossos Centrais... Não estou a culpar o Nico e o Toto, mas se tivesse o Fejsa em campo, duvido que o Estoril tivesse espaço para fazer este tipo de jogo!!! Repito, o Samaris tem bons pormenores (quase sempre com a bola nos pés), mas a defender, ainda está longe daquilo que é exigido ao '6' do Benfica... O problema é que o '6' do Benfica, é o principal 'equilibrador' do Benfica, e sem equilíbrio, vai ser difícil ganhar jogos, contra adversários mais competentes... Por exemplo, na próxima Quarta-feira em Leverkusen, espero que o titular seja o André Almeida... e o Samaris até pode jogar!!!

Dentro da 'sorte', tivemos 'azar' no 1.º golo do Estoril, pois parece-me que o remate iria para fora, sem o desvio do Maxi... Até reagimos bem, com nova bola no poste, desta vez numa cabeçada do Jardel... mas o intervalo, veio na altura certa.
Não entrámos mal no 2.º tempo, mas o Estoril praticamente na 1.ª oportunidade da 2.ª parte, marcou, numa jogada que começou com uma bola controlada por um braço canarinho...

Com 2-2 o jogo começou a mudar, primeiro, foi a habitual falta de ambição das equipas mais pequenas, que mesmo estando a jogar bem - e com o Benfica a denotar dificuldades... -, com o empate, baixaram a intensidade, tentando gerir o 'pontinho'... e isso ajudou o Benfica; depois, o canarinho mais 'amarelo' em campo, deu o berro (é incrível como em Portugal se permite, autênticas 'bombas atómicas' de Doping, como hoje foi visível no Kléber - e não foi o único... -, com total impunidade!!!); e finalmente aos 65 minutos o Cabrera foi expulso, com um duplo amarelo justissimo (outro dos 'amarelos'...!!!), o estranho neste jogo foi mesmo não terem existido mais amarelos e vermelhos, pois a 'amarelinha' é difícil de controlar... perguntem ao Sebá, que incrivelmente chegou ao fim do jogo sem um único amarelo!!!

Já com o Ola John e o Derley em campo, numa jogada onde o Salvio fez um grande passe, e o Derley demonstrou a sua utilidade, o Lima acabou por decidir o jogo... confirmando os 3 pontos para o Benfica. Até final do jogo, controlámos, mas podíamos e devíamos ter marcado, pelo menos mais um...

Fiquei surpreendido com a arbitragem do Vasquinho, não concordei com tudo (principalmente nos amarelos...), mas admito que conseguiu manter o critério. Durante a semana vai-se falar do encosto do Jardel, mas durante todo o jogo, naquele tipo de jogadas, nunca marcou faltas, dentro ou fora da área... para os dois lados.
Assim o momento Asco do jogo, ficou a cargo dos meninos da PorkosTV: então não é, que após a cavalgada no 1.º golo do Talisca, onde o brasileiro fez quase 40 metros com a bola controlada, aquilo que os Porkos se lembraram de dizer, é que a defesa do Estoril foi mole, e que alguém devia ter 'partido' uma perna ao Talisca...!!! Se um Brahimi, ou um João Mario tivessem feito algo parecido, será que eles teriam chegado à mesma conclusão!!! 

Vitória fácil...

Benfica 39 - 20 Santo Tirso

Nestes jogos acredito que a equipa vai estar quase sempre bem, a vontade dos jovens em mostrarem-se, vai acabar por fazer a diferença... mas quando o grau de dificuldade aumentar, duvido...

Caneco perdido...

Valongo 7 - 5 Benfica

Desilusão em Albergaria-a-Velha, com a derrota na Supertaça... num jogo onde o adversário aproveitou todas as situações de 'bola parada' e nós falhámos várias...
A equipa está mais forte em relação à época anterior com a entrada do Nicolia, mas devido às características do Argentino, vai demorar algum tempo aos restantes jogadores, rotinar as movimentações!!!
Não entro na onda das criticas assassinas aos treinadores e jogadores, sempre que obtemos um resultado negativo, mas hoje o Pedro Henriques tinha que ter entrado mais cedo (especialista a defender 'bolas paradas' recordo!!!), hoje foi visível que não seria dia do Trabal...!!!

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Surpresa e prémio

"Se em Agosto alguém dissesse que o Benfica liderava isolado à quinta jornada, quase ninguém acreditava. Em rigor, pelas análises da pré-época, esse lugar só poderia ser do FC Porto e da sua equipa maravilha, ou quando muito do Sporting, no sonho de algum inebriado sportinguista pelas palavras do seu presidente.
É uma surpresa e um prémio. Uma surpresa pela rapidez com que o Benfica conseguiu aproximar o plantel a uma equipa competitiva, e um prémio para a eficácia e trabalho que Jorge Jesus teve.
O jogo com o Moreirense  mostrou que há ainda muito a melhorar para colocar a equipa em linha com a ambição dos adeptos. Os benfiquistas apanharam um valente susto no domingo, susto que só passou a ter piada no fim do jogo do Dragão. Que o jogo contra o Moreirense seja o equivalente ao Benfica - Gil Vicente da última época.
Domingo, no Estádio do Dragão, Lopetegui meter mais água do que aquela que a equipa conseguiu drenar. Contra um limitado Boavista que fez da alma o seu argumento futebolístico, o FC Porto perdeu dois pontos caricatos. Petit enorme.
Isto nada muda de essencial e o FC Porto será o principal rival do Benfica na luta pelo título, tem melhores jogadores e melhor equipa do que o Sporting. Tudo que não seja uma vitória azul e branca logo à noite no clássico de Alvalade será uma grande surpresa. Não nego que gostava que houvesse surpresa, na qual não acredito. Mas também apostava 'singelo contra dobrado' numa goleada do FC Porto ao Boavista e... perdi. São a vantagem, beleza e sortilégio do futebol.
O Estoril - Benfica será uma partida muito difícil e vai ser um teste importante à nossa capacidade e ambição. Só uma vitória do Benfica na Amoreira pode transformar o resultado do clássico numa notícia positiva para o Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Do D'Artgnan ao cavalo do Gary Cooper

"Foi surpreendente o zero a zero no Dragão no reencontro oficial dos emblemas, respectivamente, mais absolvidos e mais condenados do processo do Apito Dourado.

A troca de galhardetes entre Jorge Jesus e José Mourinho é assunto que morreu na semana passada. Quem o enterrou foi o treinador do Benfica que, ao invés do treinador do Chelsea, não tem licenciatura universitária mas teve o bom senso prático de não dar corda ao boneco.
Até porque percebeu que a conversa lhe estava de feição, Jorge Jesus não deu troco às tiradas literárias de um José Mourinho fazendo-se douto e sabido perante um maltrapilho da língua e da gramática, porque foi a isto que o treinador do Chelsea quis reduzir o treinador do Benfica. Foi feio.
De uma maneira geral, as simpatias da opinião pública ficaram-se pela causa do maltrapilho neste combate desproporcionado e, por isso mesmo, para o inglório campo do amesquinhador.
Há expressões idiomáticas bem engraçadas na nossa língua, no nosso jargão. «Conheces fulano tão bem como eu conheço o D’Artagnan» é uma delas e não obriga a um conhecimento da obra de Alexandre Dumas, antes pelo contrário.
E há outros exemplos do género que até poderiam ser úteis ao próprio José Mourinho. Atente-se no episódio recente do empate do Chelsea em Manchester.
Os londrinos deslocaram-se à casa do campeão City, viram-se a ganhar por 1-0 mas acabaram por se deixar empatar bem perto do fim do jogo, mercê de um golo de Frank Lampard, jogador que o Chelsea deixou sair para o rival depois de um romance de parte a parte que durou 13 anos em Stamford Bridge. 
Naturalmente, terminado o jogo, a malévola imprensa britânica abeirou-se do treinador do Chelsea para colher a reacção do português ao golo do seu antigo jogador. Mourinho saiu-se com um «a história de amor acabou» o que, francamente, não é nada de especial como saída.
Mais lhe valia ter-se inspirado na velha e consagrada tirada do grande e já desaparecido António Medeiros, outro treinador sem licenciatura universitária, que um dia, aborrecido com as questões que lhe colocavam alguns adeptos em fúria, a todos respondeu com um «vão mas é conversar com o cavalo do Gary Cooper!»
Lembram-se? E acabou-se logo ali a conversa.
E tal como não é preciso ter lido Dumas para «não conhecer» o D’Artagnan, também não é obrigatório um doutoramento em coboiadas nem, muito menos, uma medalha de ouro num concurso olímpico de hipismo para se poder mandar alguém ir falar com «o cavalo do Gary Cooper».
Pelo menos é assim que eu vejo as coisas e com toda a imparcialidade.

O Moreirense esteve uma hora e picos a ganhar por 1-0 ao Benfica no Estádio da Luz e durante uma hora e picos ouvi-os cantar pelo caminho no regresso a casa.
O treinador do Moreirense, como quem não quer a coisa, tinha avisado nas vésperas do jogo. «Se trouxermos os três pontos vimos a cantar o caminho todo.» Aparentemente ninguém fez caso. E chegando o Moreirense ao intervalo a vencer por 1-0 o Benfica, não se podendo dizer que o resultado fosse inferior à exibição, era justo o prémio para os organizadíssimos visitantes.
E ainda mais justo o castigo para os lentíssimos donos da casa a quem, sejamos francos, nunca passou pela cabeça, ao longo do exasperante decorrer de uma tarde sofrida e desinspirada, verem-se na posição de líderes isolados do campeonato pelo fim da noite.
Por tudo isto, foi ainda mais saboroso o balanço do fim-de-semana.
No entanto, da exibição coletiva do Benfica pouco há a reter para além de alguns factos soltos. Tais como o empenho a 100% de Enzo Pérez, o regresso de Lima aos golos, uma bela estirada de Júlio César evitando um auto-golo de Jardel e, pairando acima destas ocorrências, a acertadíssima bomba de Eliseu que abriu o caminho à vitória.
Se estavam à espera os nossos jogadores de receber uma estrondosa ovação depois de perder em casa com o Moreirense, desenganem-nos rapidamente por favor. Estas singularidades do comportamento do público são isso mesmo, singularidades. E convém não abusar.
Agora segue-se uma viagem ao Estoril. O Estoril, ao contrário do Bayer de Leverkusen, é que é do nosso campeonato. Cuidado com o Kuca.

A diferença de potencial entre o FC Porto e o Boavista é de tal monta que nem os mais optimistas entre os seus rivais acreditaram que, com menos um em campo desde o meio da primeira parte, não conseguiria a renovada equipa azul e branca desembaraçar-se com toda a naturalidade do Boavista.
Passaram-se, entretanto, seis anos sem o Boavista entre os grandes. E na ante-ante-véspera do juízo jurisdicional sobre a não-existência da fruta, no decorrer do tal ressuscitado primeiro derby da Invicta logo aconteceu uma expulsão de um jogador do FC Porto antes da meia hora de jogo. Terá sido, conclui-se, a vingança do xadrez.
Foi, sem dúvida, surpreendente o zero-a-zero no Dragão no reencontro oficial dos emblemas, respectivamente, mais absolvidos e mais condenados do processo do Apito Dourado.
Foi um bom jogo em termos de empenho de todos os intervenientes. Sem Maicon em campo, houve vinte e duas oportunidades para desfeitear Mika, contou Julen Lopetegui logo na flash-interview. É muita oportunidade desperdiçada.
O atributo mais notável que vem revelando este regressado Boavista é o contágio da equipa pela personalidade do seu treinador. Na noite de domingo foram 11 Petits em campo. Neste FC Porto em construção, tantas são caras novas, que também a personalidade do seu treinador só pode ser, para já, a argamassa da equipa.
Resumindo: 11 Petis contas 10 Lopeteguis deu no que deu: 0-0.

NO nosso panorama audiovisual surgem agora os três grandes empatados visto que cada um tem o seu canal próprio de televisão. O Sporting foi o último a chegar a este patamar tecnológico e informativo e, uma vez mais, os últimos são os primeiros. E os primeiros em quê?
É um facto indisputado que nenhuma estação de televisão propriedade de um clube de futebol, seja em Portugal seja na Conchinchina, nasceu para dar cartas na dificílima arte do desapego e da imparcialidade no que diz respeito ao comentário a embates desportivos envolvendo as suas cores.
No entanto, é caso para se dizer que, em termos dos mínimos expectáveis nesse capítulo, a Benfica TV e o Porto Canal, por comparação com a Sporting TV, estão à altura de um Washington Post por comparação com a sempre desbocada Gazeta de Mira Coelhos que, se existisse, haveria de ser obra.

FERNANDO SANTOS é o novo seleccionador nacional. Chega ao cargo que é um castigo, face ao panorama geral, com um outro castigo aos ombros, este imposto pela FIFA. Fernando Santos já soma dois castigos e ainda nem começou.
Merece, por isso mesmo, toda a simpatia o seleccionador que já foi treinador do FC Porto, do Sporting e do Benfica. A escolha de Fernando Gomes, em termos de não fazer ondas e deixar toda a gente satisfeita, não podia ter sido mais criteriosa e cuidada.
Sobre o castigo imposto pela FPF a Fernando Santos – obrigando-o a ser seleccionador nacional em maré muito baixa de seleccionáveis – está já tudo dito. Sobre o castigo que lhe foi imposto pela FIFA garante a imprensa que pode ser revista e diminuída a pena aplicada. Ou seja, Fernando Santos pode ir mais cedo do que se esperava para o banco de Portugal.
A acontecer, trata-se de uma situação curiosa porque sendo encurtado o castigo ao ex-seleccionador da Grécia, como consequência é aumentado o castigo ao novo seleccionador de Portugal, obrigando-o a ir para o banco mais cedo que estava previsto… Boa sorte, mister!"

Leonor Pinhão, in A Bola

Fernando Santos

" 'Habemus' seleccionador! Fernando Santos foi o escolhido. Ainda bem. Trata-se de um treinador português, maduro, sabedor, exigente, justo, rigoroso. E, não menos importante, é um homem de carácter, com princípios e valores éticos às vezes tão arredios do futebol. Sem alardes folclóricos e amuletos inconsequentes, nem amuos de quem parece andar mal com o mundo.
Tem pela sua frente um caminho tão aliciante quanto complexo. Na minha opinião de mero observador, a nossa selecção precisa de uma radical renovação e regeneração. Exige, também, uma alteração de mentalidades em muitos jogadores, que precisam de sentir a alegria e o orgulho de envergar a camisola representativa do nosso país.
Mas isto não se faz do dia para a noite. Necessita de pesquisa, estudo e paciência. Em Portugal, vai-se notando um rareamento de grandes jogadores. Ou porque não os há mesmo, ou porque estão envoltos no nevoeiro de um relativo anonimato até chegarem a um dos grandes clubes. Fernando Santos é a pessoa certa para este enorme desafio. Homem sereno, humanista e perseverante sabe bem quão importante é resgatar a selecção de interesses particularistas, de jogos de sombras, de egos potenciadores e de vaidades tontas e quão necessário se torna devolver-lhe a alegria de jogar, a simplicidade de se se estar nos eleitos e o orgulho de pertença.
Agora que Fernando Santos deixou a selecção helénica e vivendo nós num mundo globalizado, faço votos para que não se veja grego a treinar Portugal, que os atletas não joguem para inglês ver e que o novo seleccionador os ponha a jogar como um relógio suíço."

Bagão Félix, in A Bola

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Eu estive lá

"Tenho mais de 30 anos de Estádio da Luz. Tempo suficiente para já ter visto de tudo: conquistas gloriosas, derrotas formativas e jogadas mágicas. De todas guardo igual memória. Aprendi a gostar do Benfica com vitórias como as da caminhada rumo à final da UEFA com Eriksson; com derrocadas como a sofrida com o Liverpool, em meados dos oitenta, às mãos de Bento, que era um gigante; ou com dribles como os do Diamantino, que num jogo contra o Porto, de tanto fintar o Laureta, acabou por deixá-lo sentado.
O futebol é ma ficção que podemos viver, sentados na bancada. Mas não há nisto nada contemplativo. Quem vê futebol com paixão no estádio, participa do jogo. Sei que é assim. Os medos dos adeptos (a ansiedade que sentimos numa bola mal atrasada para o guarda-redes, as dúvidas em relação a um defesa que teima em deixar-nos mal), bem como a nossa confiança (traduzida na alegria que vislumbramos no extremo a quem as fintas saem sempre), ligam-nos ao jogo, mas transmitem-se também ao jogo. O Benfica é a continuação do que passa nas bancadas da Luz.
De tudo o que vivi, não me recordo de uma noite como a de 16 de Setembro de 2014. Escrevo por extenso a data dessa terça-feira, em que perdemos com o Zenit, pois passará a estar inscrita na minha memória, lado a lado com outros momentos formativos de benfiquismo.
Para trás vai ficar a sonolência colectiva do início da partida e a história esquecerá o resultado. Quando olharmos para este dia, recordar-nos-emos, todos os que lá estiveram, do cântico espontâneo e prolongado. Sei de certeza firme que o que se passou naquela noite vai ser o suplemento de alma para grandes conquistas e que, no fim da época, quando Luisão levantar a taça, o fará com a força de todos nós, que empurramos o Benfica para as vitórias. A cantar."


PS: Sobre este assunto não posso deixar sem referência, a forma como esta manifestação de Benfiquismo (que eu também participei), foi recebida pelos nossos 'supostos' rivais!!!
A ignorância demonstrada sobre o significado destes cântico, só me deixa ainda mais orgulhoso de ser Benfiquista...

Gramática e D'Artagnan

"Este meu pontapé-de-saída é em redor de outros pontapés, mais ou menos literários, mais ou menos teatrais. Refiro-me à expressão pontapés na gramática que é considerada ofensiva. Se fosse defensiva melhor seria dizer contrapés na gramática. Ou, ainda, se fosse culposa e objecto de penalização, talvez se pudesse falar de mão na gramática. É uma expressão que junta futebol e linguística. Há quem seja melhor na gramática dos pontapés de que nos pontapés na gramática. E, pelo que vi nos últimos dias, há quem, acima de qualquer suspeita, se considere num estádio superior no mundo dos pontapés e da gramática. Ou seja, conciliando em pleno a gramática do futebol e o futebol da gramática.
Sabemos que a gramática também tem a ver com as orações bem divididas e educadas. Nestas, o sujeito é fundamental. Mas o predicado é indispensável. Assim como os complementos, atributos e apostos ou continuados.
Alguém escreveu que a discrição é a gramática da boa linguagem, que se aprende com o uso. Por isso, há outras gramáticas na vida, como a gramática da civilidade. E nesta, quantas vezes um analfabeto é melhor professor do que um catedrático. Nem sempre o problema está na gramática propriamente dita. Pode estar, mais acentuadamente, na dialéctica, na lógica, na retórica e na oratória. De que alguns se alimentam freneticamente para manter a gramática (de outros) numa posição dramática.

P.S. Parece-me que ele é íntimo com D'Artagnan é gramaticalmente inadequado. Em vez de íntimo com D'Artagnan deve dizer-se íntimo de D'Artagnan ou que tem um contacto íntimo com D'Artagnan... No melhor pano caí a nódoa."

Bagão Félix, in A Bola

O verdadeiro Mourinho

"Talisca é um jogador brasileiro do Benfica de 20 anos, que, no entanto, já originou uma polémica entre dois treinadores que tinham idade para ser quase seus avós. E que ganham milhões.
O caso foi este: Mourinho disse que os ingleses conheciam bem Talisca, que só não foi para Londres por razões burocráticas. Jesus respondeu que "eles conheciam tanto o Talisca como eu conhecia o D’Artagnan".
O caso não ficou por aqui.
Mourinho replicou e, numa alusão às falhas gramaticais de Jesus, disse: "Eu tento educar-me para não dar pontapés na gramática".
Convenhamos que este tipo de ataques não é bonito. Jesus não tinha de pôr em causa as afirmações de Mourinho. Mas as suas palavras foram ditas em jeito de desabafo, com a impulsividade própria das pessoas simples.
Mourinho foi mais refinado. Não tentou contrariar Jesus: tentou atacá-lo no amor-próprio, espetar-lhe a faca, dizendo que ele é um ignorante, que fala mal e portanto devia estar calado.
Uma coisa são as ‘bocas’, normais no mundo do futebol. Outra são os ataques pessoais. E estes revelam mais sobre quem os faz do que sobre as suas vítimas."

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Da Suécia à Dinamarca só a memória é curta...

"Lembro-me de 1981. E de 1977. Sempre em Outubro. No Estádio da Luz. Dois golos de Pietra. Um de cabeça, e outro de «penalty»; um pela selecção nacional, outro pelo Benfica. Como se fosse um avançado-centro.

Com sua licença, prezado leitor, hoje por aqui vai passar o Pietra. Minervino José Lopes Pietra: 10 anos como jogador do Benfica. Pau para toda a obra: vi-o jogar a defesa-direito e a defesa-esquerdo, a trinco e até a avançado quando teve de ser, e já lá vamos não tarda.
Tenho-o como um bom amigo. Muitos e muitos anos de grandes conversas, algumas delas no saudoso António, da Ajuda, com o Eusébio também.
Vou à arca das memórias, e há jogos inesquecíveis. Do Pietra, claro está. Um deles pela selecção nacional, no Estádio da Luz, frente à Suécia. Dia 14 de Outubro, no Estádio da Luz. Estive lá: eu e mais uns 70 mil. Portugal lutava para se qualificar para o Campeonato do Mundo de 1982, em Espanha, e falhou redondamente. Os apurados seriam a Escócia e a Irlanda do Norte. Os suecos, que visitaram Lisboa já sem hipóteses, instalaram-se em Tróia nos dias que antecederam o encontro, aproveitando uma réstia de sol ocidental e a tranquilidade arenosa da península. Os jornais bateram na tecla: se Portugal trabalhava para atravessar a fronteira no mês de Junho que e seguiria, a Suécia ia a banhos. Valeram os banhos: a Suécia ganhou por 2-1, obrigando a Equipa-de-Todos-Nós a ter de vencer o jogo seguinte, em Israel, para continuar a alimentar ténues e quase invisíveis esperanças. Debalde: nova derrota, desta vez por humilhantes 1-4.
Mas vamos ao Pietra! Jogou no lado esquerdo de uma defesa que contou com Gabriel, Humberto Coelho e Eurico. Bento foi o guarda-redes, mas saiu por lesão ao intervalo, entrando Amaral. Chalana só durou 15 minutos, dando o lugar a Costa. E Juca, o seleccionador, foi dizimado pela crítica por ter deixado à margem da partida os artistas Alves e Oliveira. Aos 39 minutos, os suecos ganharam vantagem por Larsson, Nervos na Luz. Era fundamental uma vitória, e eis que ela se escapava por entre os dedos como a fina areia que brilha nas praias de Tróia ao Carvalhal. Depois houve fé. O público tornou-se feroz. Numa equipa que contava ainda com Shéu e Carlos Manuel, Romeu, Nené e Jordão, Pietra foi enorme. Tinha um estilo único: meias em baixo, cabelo crespo, bigode imponente. Varreu corredores, lançou-se sobre os enormes escandinavos como a alma de um desesperado, levantou-se nas alturas para, aos 74 minutos, cabecear na grande área de Thomas Ravelli a bola centrada por Gabriel que dava o empate português. Lembro-me bem: houve uma explosão por todo o estádio. Uma explosão de crença. Portugal atirou-se para a frente e, por momentos, tudo parecia estar exactamente no lugar em que deveria estar. Engano. A um minuto do final, um pontapé de Persson silenciou piramidal, todos podíamos ouvir o bater do enorme coração do Pietra.

Avançado-centro em Copenhaga
Quatro anos antes, também em Outubro, no dia 19, estive igualmente no Estádio da Luz. Gosto de demandar aos estádios em dias ou noites de futebol. Em Portugal, em Inglaterra, no Brasil ou na Índia. Por todo o mundo procuro o futebol ao vivo, palpitante, longe do sofá e do rectângulo da televisão pelo qual se teima em perseguir apenas a bola, fugindo aos sons e às sensações que se entranham nas memórias.
O Benfica jogava para a Taça dos Campeões com o BK 1903, ou BK de Copenhaga, como o denominavam uns e outros. Boldklubben 1903 de nome original. Em 192 fundiu-se como o Kjobenhavns Boldlub, o KB, e deu lugar ao actual FC Copenhaga.
Eram os oitavos-de-final. Na primeira eliminatória, o Benfica afastara o Torpedo de Moscovo com vitória no desempate em grandes penalidades, na segunda «mão», em Moscovo, depois de dois irritantes zero-a-zero.
Bento foi a figura desse duplo confronto. Pietra seria a figura do segundo duplo confronto.
O jogo da Luz não me deixou grandes recordações. E a memória ficou curta. Foi uma hora e meia monótona. Era um Benfica à Mortimere: regular, mas não espantoso. Apesar de ter um trio de ataque de luxo, com Chalana, Nené e Vítor Baptista.lembro-me de Vítor Baptista sair de cabeça rachada (entrando Celso para o seu lugar) e de Toni, o «capitão», jogar no centro do terreno, com José Luís sobre a direita e Pietra sobre a esquerda. De Bastos Lopes ser o defesa-direito, com Humberto Coelho e Eurico ao meio e Alberto na esquerda. Era um Benfica em renovação, com Vítor Martins lesionado.
No início do segundo tempo, um remate de Alberto bateu no braço de um defesa dinamarquês. Pietra adiantou-se. Chutou e o guarda-redes segui a bola com o braço mas sem lhe chegar. Vitória por 1-0 que deveria ser suficiente perante tão medíocre adversário.
Em Copenhaga, quinze dias mais tarde, o jogo foi duro e feio. Mortimore fez alinhar quase o mesmo onze, apenas com Vítor Martins no lugar de Nené. Os primeiros vinte minutos dos encarnados prometeram uma vitória fácil, mas ela foi árdua e árida como os Invernos do norte da Europa. A violência espalhou-se pelo relvado. Vítor Martins saiu lesionado para entrar Shéu. Mais tarde seria José Luís a vítima, entrando Pereirinha. Entretanto, aos cinco minutos da segunda parte, o extremo-direito do Benfica arranca em velocidade levando atrás três adversários; centra com primor da linha de fundo para a área dinamarquesa onde surge Pietra a saltar mais alto do que os centrais e a fazer mais alto do que os centrais e a fazer o golo único e definitivo. 1-0 mais 1-0: duas vezes Pietra. Como se fosse avançado-centro. Escreviam os críticos que o futebol dos campeões nacionais não tinha qualidade para enfrentar as grandes equipas do continente. Tinham razão: nos quartos-de-final frente ao Liverpool, que nesse ano conquistou a sua segunda Taça dos Campeões, foi um descalabro.
Em Lisboa, no jogo a primeira «mão», chovia-que-Deus-a-dava. Tempo bom para patos. E para ingleses. O Pietra esteve lá. E eu também. O primeiro Benfica-Liverpool de uma séria que viria a tornar-se clássica. Sairá um destes dias do baú inesgotável das lembranças. E ocupará uma página como esta."

Afonso de Melo, in O Benfica

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lixívia V

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica........... 13 ( 0) = 13
Braga............... 8 (-2) = 10
Corruptos....... 11 (+2) = 9
Sporting........... 9 (+1) = 8

O grande momento da jornada - se calhar foi mesmo o grande momento da última década!!! -, foi a expulsão do Maicon... Compreendo o espanto do banco Corrupto, eles não estão nada habituados, a terem jogadores expulsos, por entradas daquelas... afinal as regras são sempre subjectivas!!! Também compreendo aquele olhar perdido do Maicon quando olhou para cima e viu o cartão vermelho: então durante a semana mostram-lhe os vídeos antigos dos jogos o André, do Paulinho Santos, do Aloísio, do Jorge Costa... do Fernando, inclusive do Casemiro, e nenhum deles foi expulso!!!
Ficarei atento à carreira deste Jorge Ferreira, mas parece que não vai ter vida fácil na 1.ª categoria!!! O resto do jogo não foi isento de erros, inclusive acabou por ser permissivo com outras entradas duras dos Corruptos (transformou uma cotovelada do Jackson, numa amarelo ao defesa do Boavista que levou com o cotovelo!!!), mas tendo em conta o 'normal' naquele antro, até esteve bastante bem...
Estando bem logo no início do jogo, adiando o apito por causa da chuva, mas esperando o tempo suficiente para o relvado ficar aceitável... Esta equipa Corrupta, aparentemente quando chove não pode jogar!!! Deve ser um dos privilégios...!!!

Na Luz tivemos um festival de anti-jogo com a total cumplicidade do árbitro. Se somarmos o tempo que o jogo esteve parado, se calhar ainda estaríamos a jogar...!!!
Compreendo que não é fácil para os árbitros, contrariar este tipo de estratégias - a cultura desportiva portuguesa é vergonhosa -, mas quem não conseguir distinguir uma lesão, de anti-jogo premeditado, então não deveria estar a apitar jogos da 1.ª categoria.
O principal erro do árbitro, foi a não marcação de um penalty, por Mão na bola, após remate de Jardel. Ao vivo pareceu-me logo penalty, pois aumentou a volumetria, mas vendo a repetição fico mesmo com a impressão que existiu mesmo uma 'defesa' com a Mão, pois ele desvia o braço em direcção da bola...
Houve outros erros, um fora-de-jogo mal tirado ao Lima, que ficou isolado (e falhou!!!); uma falta, não assinalada, sobre o Talisca, no final da 1.ª parte, parecida com aquela que deu a expulsão...
Decidiu bem na expulsão, também decidiu bem numa jogada no final do 1.º tempo com o Maxi no limite da área...; decidiu bem no penalty sobre o Lima, o contacto é evidente... mas não deixa de ser curiosa a reacção dos anti's...!!! Também decidiu bem numa jogada perfeitamente normal com o Enzo, que corta uma bola no chão, e depois choca com o adversário... só mesmo o aziado do Coroado para achar que seria expulsão!!!
Sobre os descontos no final tenho uma opinião muito própria: o jogo merecia 8 ou 10 minutos de desconto, com o anti-jogo do Moreirense (além da lesão do Talisca), mas entretanto o resultado alterou-se, portanto dar 10 minutos de desconto, seria beneficiar o infractor... mesmo caso especifico, com o Moreirense reduzido a 10, pouco iria alterar, mas acho que os árbitros devem saber 'ler' o jogo, e saber se devem dar mais ou menos descontos...

Em Barcelos o Xistra voltou a espalhar magia... O erro maior foi quando perdoou um penalty ao Sarr, que deu um valente pontapé no pé do adversário. Depois tocou na bola, mas primeiro fez falta... Ainda errou num lance onde o chorão do Adrien faz falta sobre o Luan, pelo menos para amarelo, mas depois atira-se para o chão simulando, e o Xistra caiu no engodo, e marcou mesmo falta contra o Gil... alguns minutos depois, o Luan 'vingou-se'!!!

Na Choupana, o Braga atirou-se ao árbitro no final da partida, e com alguma razão... Com poucos minutos de diferença, existiu duas faltas idênticas, e o árbitro decidiu de forma diferente: numa deu o 2.º amarelo ao Santos, e na outra, nem falta marcou ao Nacional...!!!

Anexos:
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Cosme, Prejudicados, Sem influência no resultado
2.ª-Boavista(f), V(1-0), Marco Ferreira, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(c), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Setúbal(f), V(0-5), Capela, Nada a assinalar
5.ª-Moreirense, V(3-1), Luís Ferreira, Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Académica(f), E(1-1), Soares Dias, Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
2.ª-Arouca(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, (2-0), Sem influência resultado
3.ª-Benfica(f), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
4.ª-Belenenses(c), E(1-1), Cosme Machado, Nada a assinalar
5.ª-Gil Vicente(f), V(0-4), Beneficiados, (1-4), Sem influência no resultado

Corruptos
1.ª-Marítimo(c), V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
2.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-0), Mota, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
4.ª-Guimarães(f), E(1-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
5.ª-Boavista(c), E(0-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar

Braga
1.ª-Boavista(c), V(3-0), Vasco Santos, Beneficiados, (1-0)?!, Impossível contabilizar
2.ª-Moreirense(f), E(0-0), Paixão, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
3.ª-Estoril(c), V(2-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (3-1), Sem influência no resultado
4.ª-Arouca(f), D(1-0), Proença, Nada a assinalar
5.ª-Nacional(f) E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, Impossível contabilizar

domingo, 21 de setembro de 2014

Bomba a abrir caminho... pelas laterais !!!

Benfica 3 - 1 Moreirense
Eliseu, Maxi, Lima

Já não deve ser surpresa para ninguém qual a estratégia deste tipo de equipas na Luz... defender com tudo, e contra-atacar pouco, mas eficazmente. Qual a estratégia do Benfica para contrariar o adversário: concentração defensiva, com recuperações altas, e trocas de bola seguras, mas rápidas, de preferência mudando algumas vezes de flanco, obrigando o adversário a desgastar-se... Nada de novo, todos nós já vimos o mesmo filme, muitas vezes...
Hoje, tivemos mal defensivamente, com uma desconcentração fatal... e fomos lentos e pouco seguros nas trocas de bola, principalmente na 1.ª parte. Além disso o Moreirense demonstrou competência defensiva, curiosamente com vários movimentos defensivos copiados do Benfica!!! É óbvio que a expulsão do Central adversário facilitou o nosso trabalho, mas tal como tinha acontecido no Dragay, pareceu-me que o Moreirense deu o 'berro' fisicamente nos últimos 20 minutos (mesmo se tivesse acabado 11 para 11, o massacre provavelmente seria idêntico...). E em cima disto tudo, ainda tivemos mais um show de anti-jogo, com a total complacência do árbitro, com paragens de jogo demoradas e constantes, para cortar o ritmo de jogo... algo que não ajuda, nada mesmo.
O Jesus é 'gozado' muitas vezes quando fala da intensidade de jogo do Benfica, e da nossa forma diferente de defender... o Moreirense parece que quer copiar a formula Jesus, mas parece não ter pernas para os 90 minutos!!!
O jogo com o Zenit foi na longínqua Terça-feira, mas os jogos após competições europeias são sempre difíceis, e jogo com os Russos foi muito desgastante... não é suficiente para explicar a fraca intensidade do Benfica no início do jogo, mas...
O prémio de Homem do Jogo, devia ser dividido pelo Talisca, e pelo Eliseu: se em relação ao Açoriano a escolha é óbvia (bomba), em relação ao Talisca não podemos esquecer, pois foi ele que 'ganhou' (justa) a expulsão do jogador adversário, numa jogada, onde o Estádio exigia o passe, e ele teimosamente tentou fintar a equipa adversária toda!!! Pessoalmente, até acho que ele devia efectuar mais arrancadas daquelas...
O Enzo pareceu-me finalmente a 100%, perto do fim do jogo fez uma cavalgada de baliza a baliza... O Ola John, e o Derley entraram muito bem. O Jardel com toda a pressão do mundo aguentou-se... O Maxi foi mais uma vez o campeão das 'piscinas'!!! O Nico melhorou quando foi jogar na posição do Enzo...
Já tinha notado na Terça, o Salvio está novamente naquelas fases 'trapalhão'; ao Lima nada corre bem...; o Samaris acabou por ser o sacrificado, ainda antes do intervalo, tem que jogar com mais intensidade...
O Júlio César teve uma estreia algo ingrata, sofreu um golo - sem culpas - praticamente no 1.º remate, e não foi obrigado a mais nenhuma defesa... Acabou por se destacar somente por jogar com os pés, com eficácia e sem tremer...
Creio que a questão mais importante que este jogo deixa, é o que fazer com a posição 6, até o regresso do Fejsa?! O Samaris é bom de bola, mas demonstra pouca atitude defensiva, o Cristante também é bom de passe, mas também não é um pitbull defensivo, sobra o André Almeida...

Uma nota final para a sintonia que existe hoje na Luz, entre a Catedral e a equipa: o 'Triplete' não é esquecido por aqueles que vão religiosamente à Luz... também é verdade que a equipa, na grande maioria dos jogos, puxa pelos adeptos... mas além destas questões que explicam em parte, creio que existe uma nova cultura - renovada talvez -, de apoio ao SL Benfica nas bancadas. Só é pena, que este comportamento não seja seguido noutros Fóruns!!!

sábado, 20 de setembro de 2014

Temos nova 'estrela' !!!

Benfica 8 - 2 Cascais

Foi mais difícil do que parece. Marcámos cedo, e logo dois... mas o Cascais em poucos minutos empatou, com dois remates de longe. Por opção jogou o Bebé, e não o Juanjo... no 1.º golo do Cascais, o Bebé podia ter feito mais. Antes do intervalo conseguimos passar para a frente, com mais dois golos, 4-2.
No 2.º tempo o 4-2 manteve-se por bastante tempo, e foi preciso o Ré finalmente acabar com a 'seca', para ampliarmos a vantagem para os 3 golos, e assim descansar um pouco... A partir daqui, o Cascais pareceu deixar de acreditar, o Benfica manteve a atitude, e os golos acabaram por surgir com naturalidade...
Mais uma vez, e confirmando as indicações do jogo do Fundão, o Chaguinha foi o homem do jogo: assistiu para os dois primeiros golos, marcou 3... e quando foi para o banco, o Benfica sofreu dois golos!!! Com apenas 2 jogos visionados, arrisco dizer que o Chaguinha neste momento já é o jogador mais importante da nossa equipa, e nos jogos a doer, vai descansar muito pouco... muita qualidade, em todas as acções do jogo. Uma nota para o Bruno Coelho, que tem estado abaixo do que fez o ano passado, mas hoje, além de marcar, bem, um livre de 10 metros, esteve muito bem no período imediatamente anterior ao 5-2 do Ré, com várias iniciativas que desequilibraram o adversário...
Além do Jefferson, ainda castigado (obtido na época anterior ao serviço do Varzim); faltou também o Patias (esteve bem nos comentários na BTV!!!), a recuperar de uma lesão; o Bruno Pinto apareceu com gesso no braço...; e o Pablito que estará de fora alguns meses também faltou... Infelizmente, também parece que a recuperação do Vítor Hugo está mais demorada do que se pensava...!!! Foram 5 ausências, e um titular indiscutível no banco, por opção....

Varela 'agarra' 3 pontos !!!

União da Madeira 2 - 3 Benfica B

Vitória na Madeira, num campo tradicionalmente difícil, que antes do jogo levou com uma enorme 'tromba de água', contra uma equipa que investiu para subir (Vítor Oliveira é o treinador)...
Começamos o jogo praticamente a perder, antes do intervalo empatámos de penalty, pelo Rui Fonte (e ficámos em superioridade numérica...), passámos para a frente novamente de penalty no início da 2.ª parte, pelo Rúben Pinto... Aos 67' o Hélder Costa, fez o 1-3 (já tinha sido o Hélder a 'ganhar' os dois penalty's).
Quando se pensava que o jogo estava ganho, o União reduziu para 2-3, e ao minuto 91, o Bruno Varela defendeu um penalty, salvando assim os 3 pontos!!!
Mais uma vez, tivemos muita dificuldade em gerir uma vantagem de 2 golos... Mas, apesar de todos os percalços, este é até agora, o melhor arranque da nossa equipa B, desde da sua existência. Para já, com mais um jogo, estamos à frente da II Liga...
Destaque ainda para a estreia do Dolly Menga; o Rochinha finalmente apareceu na ficha de jogo, mas não saiu do banco; onde também esteve o Vítor Andrade...

Varela; Semedo (Nunes, 61'), Lindelof, Valente, Rebocho; Amorim, Pinto; Santos (Menga, 71'), Costa, Guedes (Cardoso, 75'); Fonte.

PS: Hoje, também merece destaque a vitória tranquila dos nossos Juniores em Alcochete, por 0-2. Descobri finalmente a utilidade da Sporting TV: 2 jogos do Benfica em Alcochete, duas vitórias do Benfica, em directo e ao vivo...!!!
Marcaram o Romário, e o Buta... num jogo, onde falhámos demasiado à frente da baliza.
Já agora os Iniciados, continuam 100% vitoriosos, desta foi 3-0 ao Belenenses, no Seixal...

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Arrepiante

"Anfield e Celtic Park tornaram-se estádios míticos muito mais pelo comportamento impressionante dos adeptos do que pelos feitos de Liverpool e Celtic. Embora ambos os emblemas tenham uma história de muito êxito, foram os seus adeptos que os guindaram a patamares mais elevados. São estádios onde os jogos nunca mais se esquecem.
O que se passou terça-feira após a derrota com o Zenit seria um facto normal nesses dois palcos, mas não num estádio duma equipa latina que acabava de perder. Não quero banalizar derrotas, nem relativizar inêxitos, mas ficará na memória de todos os incontáveis minutos em que um estádio aplaude de pé os seus, e os empurra ao Olimpo como se tivesse vencido.
Os 5-0 ao Setúbal são mais banais do que aquele momento. O futebol é essencialmente um desporto de paixão e sentimento e, por isso, aquele momento foi arrepiante.
Quem gosta de futebol são esquece. Fez muito bem o Benfica em não falar de arbitragem nesse jogo, o Zenit foi melhor e mereceu ganhar. Agora há que ganhar o jogo mais importante da semana, contra o Moreirense no domingo. Fazer uma boa prova europeia pode ser a cereja no topo de bolo, mas o bolo é ser campeão e de nada serve a cereja sem o bolo.
O campeonato terá uma luta intensa e acesa até ao fim. O FC Porto, como sempre disse, será muito forte, e em Guimarães viveu-se uma excepção da equipa azul e branca.
Mesmo com 18 clubes, quem quiser ser campeão este ano, não poderá perder muitos pontos e, por isso, contra o Moreirense os três pontos serão decisivos.
O Moreirense é uma das boas surpresas deste campeonato e só um Benfica de topo evitará surpresas. As notícias dão Júlio César na baliza do Benfica no domingo, numa semana em que Robert (Olympiakos) foi melhor que Oblak (Atlético de Madrid) e, por isso, o futebol é um desporto único."

Sílvio Cervan, in A Bola

Encarnado é o Vermelho-amor (Mário Figueiredo)

"Sobre o presidente da Liga de Clubes, Mário Figueiredo, tenho sentimentos contraditórios. Se por um lado me dá imenso prazer vê-lo rebelar-se contra um Sistema a que já pertenceu, denunciando as ligações indecorosas que alguns fabricam para ganhar a todo o custo, por outro lado, a sua figura encarna bem no protótipo do charlatão que, de desculpa em desculpa, vai sobrevivendo num cargo para o qual não tem perfil, nem trabalho que se veja.
Ainda há dias, disse numa entrevista: 'O regime que vigora actualmente é o mesmo de 2004', tendo sido explícito quanto à teia de influências que era o Apito Dourado (que é como quem diz a aliança do FC Porto e da Olivedesportos contra a verdade desportiva) e que em seu entender ainda existe - se bem com uma nuance, agora sem a Liga de Clubes e o seu Conselho de Disciplina e de Arbitragem, por razões óbvias, mas com a conivência e os serviços da Federação e os seus Conselhos, hoje os que importam no futebol português. Esta palavras, vindas de quem vêm, tinham, no mínimo, de ser investigadas pelas autoridades desportivas e judiciais. A não ser que se dê à corrupção um estatuto normativo.
Mário Figueiredo, em desespero, dá um conselho ao Benfica: «Não devia tentar seguir o exemplo daquilo que tem sido o domínio feito pelo FCP».
O que ele não explicou é se o Benfica tenta influenciar a arbitragem ou, conhecedor dessas manigâncias mafiosas, é um Clube presente e atento ao fenómeno, inconformado e protestativo.
Ao que Mário Figueiredo se referia não seria a perda de ingenuidade por parte do Benfica e dos seus dirigentes? Luís Filipe Vieira já anda há muitíssimo tempo no futebol para ter percebido, antes de Mário Figueiredo, que o espírito e filosofia do Apito Dourado ainda não foram erradicados. Não perceber a legitimidade do Benfica em estar vigilante, em opor-se ao Sistema e combatê-lo da forma mais lógica é um mau presságio para um presidente da Liga que se quer astuto."

Carlos Campaniço, in O Benfica

Diz-se por aí... (lusofonia)

"Está relançada a Liga, sobretudo depois do travão do FC Porto em Guimarães e da desaceleração do Sporting, coroada com um empate frente ao Belenenses.
O adversário do Benfica para esta época será o FC Porto e, para renovar o título nacional, temos de apostar não apenas num futebol sólido, tacticamente bem construído e suportado por uma inexcedível preparação física, mas igualmente numa motivação fundamental: convencer a nova geração de sócios, adeptos e simpatizantes de que somos, efectivamente, a melhor equipa nacional, a luz do futebol português e, parafraseando Luís Filipe Vieira, a 'marca da lusofonia'.
O Benfica tem, actualmente, cerca 25% sócios na faixa dos 18 anos, o que representa um privilégio e, ao mesmo tempo, uma obrigação: fazer essa geração que as grandes conquistas europeias e mundiais são novamente possíveis. Que Portugal - e a cidade de Lisboa - poderão voltar a brilhar no palco-mundo do futebol profissional. Que o Benfica é o denominador comum dos países lusófonos, paradigma que tem levado Luís Filipe Vieira desde a capital angolana às mais recônditas províncias de Timor-Leste.
Neste contexto, e embate com o FC Porto tem, este ano, para além do objectivo primordial já anunciado do 34.º Campeonato, a vitória 'moral e diplomática' sobre os dragões passa também por manter e reforçar a vitalidade do SLB como denominador comum da lusofonia, contrariando a evolução portista dos últimos anos, sobretudo em Angola e Moçambique.
Este será o mais importante legado de Luís Filipe Vieira e merecia o renovado empenho de todos os benfiquistas para 2014/15: fazer do Estádio da Luz a Catedral da Lusofonia, o centro vital de uma religião laica que se perpetue no coração das novas gerações com a mesma magia com que um dia os inimagináveis golos do Pantera Negra alentaram toda uma Nação. E o Benfica, já o sabemos, é uma Nação!"

André Ventura, in O Benfica

Mais vitórias

"1. A pré-temporada terminou há pouco mais de um mês, e esse foi o tempo suficiente para afastar os anátemas que alguns já haviam lançado sobre a nossa equipa do Futebol.
Luisão, Maxi Pereira, Enzo Perez e Nico Gaitán permaneceram por cá (ao contrário do que chegou a ser garantido por jornais e comentadores); os reforços são, afinal, acima de qualquer suspeita; e até o ponta-de-lança, que a dada altura parecia em falta, acabou por chegar, numa operação de mercado que não pode deixar de ser aplaudida. À hora em que escrevo, desconheço o resultado do jogo europeu com o Zenit. Mas no plano nacional, quer resultados, quer exibições, têm mostrado um Benfica muito próximo dos níveis daquele que, há bem pouco tempo, alcançou o histórico 'Triplete'.

2. O desporto feminino está em alta no nosso Clube. Com vários troféus conquistados no Hóquei em Patins, no Futsal, no Râguebi, e também no Basquetebol, as nossas meninas têm interpretado bem a mística benfiquista, mostrando ao país que a grandeza do Benfica não escolhe sexos. Trata-se de uma aposta certeira da Direcção encarnada, que vai de encontro à enorme margem de crescimento que o desporto feminino ainda possui. Não me admiraria que, dentro de alguns anos, a popularidade destas competições rivalizasse com as suas correspondentes do sector masculino, trazendo novos adeptos, e adeptas, aos pavilhões, enchendo-os de beleza e fervor clubista. O Futebol, com a sua especificidade, terá de esperar. Mas o Voleibol e o Andebol podem, e devem, ser apostas para breve.

3. Por falar em Andebol, há que lamentar mais uma derrota da equipa principal, por números claros, frente a um rival directo. Os treinadores passam, mas a secção tarda em encontrar o caminho de sucesso trilhado por todas as restantes modalidades do Clube. As condições proporcionadas pela Direcção mereciam outros resultados. A época ainda agora começou, mas a olhar pelo passado recente, um resultado como o do último fim-de-semana não pode deixar de acentuar a desconfiança."

Luís Fialho, in O Benfica

"Benfica é o primeiro clube português acima dos 200 milhões em proveitos"

"Após divulgar à CMVM um resumo das contas anuais de 2013/14 com resultado positivo de 14,2 milhões de euros, o dirigente sublinha o crescimento das receitas apesar do aumento de custos.

Soares de Oliveira adopta discurso tranquilo quanto à situação económico-financeira do Benfica.

-Um exercício positivo após cinco negativos é fulcral para cumprimento das regras de fair-play financeiro?
- Não nos passa pela cabeça não cumprir esses critérios, mesmo nos dois anos passados em que tivemos resultados ligeiramente abaixo do breakeven. O destaque nas contas do ano passado é que o Benfica é o primeiro clube português a passar a barreira dos 200 milhões de euros em termos de proveitos consolidados. Para nós representa um crescimento muito significativo e, graças a isso, mesmo com o crescimento dos custos, conseguimos o resultado de 14,2 milhões de euros. Daqui em diante é de esperar que os proveitos continuem a ter uma relevância muito significativa mesmo em termos europeus e que o Benfica continue a cumprir os critérios de fair-play financeiro.

- Nos dados divulgados não estão as estruturas de receitas, gastos, situação da dívida financeira, empréstimos obrigacionistas, entre outros. Como estão esses itens?
- Os resultados foram apresentados de modo mais resumido, no caso do universo da SAD, porque o Benfica tem a sua assembleia geral de aprovação de contas no próximo dia 26 e, para esse acto, foram apresentados os resultados não só do Benfica como clube, mas também como detentor da maior parte do capital das várias participadas. Do ponto de vista prático temos de incorporar no Sport Lisboa e Benfica o método de equivalência patrimonial em relação a cada uma das empresas participadas. Logo não faz sentido os resultados da SAD valerem X no clube sem divulgar alguma informação. No final do mês de Outubro, altura da aprovação de contas da SAD, será feito o relatório detalhado. O destaque vai para o crescimento de receitas acima dos 50 milhões, passando de 156 milhões de proveitos consolidados para um valor próximo dos 204 milhões. Aqui o papel das receitas televisivas foi muito importante com um salto de 255% face aos proveitos tradicionais e as outras rubricas, excepto na venda de jogadores, não há variações significativas.

- E os custos?
- Mantiveram-se sem grandes variações com excepção de salários do plantel, pois existe grande variação na massa salarial associada aos ganhos desportivos: vencer todas as competições menos a Liga Europa leva a que, da equipa técnica aos jogadores, haja aumento dos gastos com pessoal no exercício. Mas há uma correlação interessante que, por hábito, se pensa ser o inverso: prova-se que é possível conjugar bons resultados desportivos e económicos.

- Os empréstimos obrigacionistas que estão a vencer vão ser renovados?
- Depende daquilo que seja o diálogo com as entidades gestoras desses fundos. Até aqui tem havido interesse no chamado ‘revolving', pois os detentores das obrigações ganham dinheiro e para o Benfica é uma fonte de financiamento. Como é sabido há alterações na estrutura de gestão do Novo Banco, nos próximos dias por certo iremos conversar, mas não temos qualquer preocupação sobre esse assunto - se a entidade mantiver a ideia de que é um investimento interessante estaremos disponíveis para o ‘revolving'; caso contrário liquidaremos esses obrigacionistas.

- O Espírito Santo Liquidez tem linhas de obrigações do Benfica, no valor de 67,7 milhões, a vencer em Outubro e Dezembro: como vai amortizar esses casos?
- Temos posição de caixa confortável, porque o conjunto de vendas do ano passado permite posição forte de tesouraria e olhar para o ano em curso de forma equilibrada, não há necessidades adicionais de financiamento, gerimos bem as coisas com os intercalares da parte da banca portuguesa. Se for preciso um reembolso em Outubro será feito; caso se considere um novo mecanismo de financiamento não há problema. Há em curso investimentos como o papel comercial que tem corrido muito bem: abrimos há alguns anos com 30 milhões, neste momento é de 20, mantém-se a tendência de reembolso e tem havido vontade das partes em renovar porque é vantajoso para todos.

- Há dados novos sobre o empréstimo à SGPS?
- Não, nem nos preocupa de forma excessiva. Integra-se na gestão corrente, em certo momento será necessário tomar decisões, mas ainda não chegámos lá.

- O ‘project finance' está assegurado?
- Não temos qualquer incumprimento em relação aos últimos 12 anos, desde que o estádio está construído. Essa é uma grande vantagem do Benfica quando dialoga com entidades financeiras nacionais ou estrangeiras, ou seja, não representamos uma só imparidade. Como nos dizem, o Benfica não é uma imparidade, mas um tema mediático. Notícias que têm saído são falsas, não há problema com o ‘project finance', o papel comercial mantém-se, os empréstimos obrigacionistas são reembolsados nos prazos, fazemos ‘revolving' de forma natural, temos entidades financeiras a trabalhar com o Benfica no plano nacional e internacional...

- Mas aumenta o endividamento...
- Sim, mas os proveitos crescem mais depressa. Entende-se que o modelo de desenvolvimento do Benfica necessita de investimento constante na compra de jogadores, isto é, deixámos o cimento (estádio, academia e Benfica TV) e passámos para as pernas, algo que tem de ser renovado. Muitas vezes olha-se para as contas dos clubes e, como no caso do Benfica, diz-se que o passivo aumentou, mas ninguém refere que o activo cresceu muito mais. Procuram-se ‘sound bytes' e nunca ouvi um comentador falar em activos, seja do Benfica ou de outros clubes. Isso tem de mudar, pois as pessoas devem perceber que esta é uma indústria séria com temas sérios e só assim se justifica que, num país em crise, numa Europa em crise, este clube passasse da facturação de 40 milhões, em termos consolidados, há 10 anos para superar este ano os 200 milhões. Somos um dos 20 maiores clubes da Europa, estamos nos cinco melhores do ponto de vista desportivo e não conheço outra empresa que, com resultados destes, seja tratada como um negócio menos sério.

- A dívida financeira era de 296 milhões no terceiro trimestre, sendo 64% de curto prazo. Esse dado não pressiona as necessidades de financiamento?
- Não, pois não é uma situação nova. O facto de trabalharmos com instrumentos financeiros com renovação em prazos de seis meses a um ano leva a que analisemos a dívida como sendo de curto prazo, mesmo que não na totalidade.

- Qual é o nível do rácio de gastos com pessoal/amortização de passes face ao volume de negócios?
- Está no habitual para o Benfica. Pretende-se que seja entre os 50 e 70% do volume de negócios. Se olharmos do lado da SAD está mais perto da barreira de cima; se for olhado do universo consolidado está muito abaixo dos 50%.

- Os fluxos de caixa têm sido insuficientes para pagar juros. O Benfica está a mudar nesse sentido?
- Os fluxos de caixa dependem muito do que são as transacções com jogadores. Em 2012/13, face à decisão de não alienar os jogadores principais, isso representou esforço adicional do ponto de vista de caixa, mas essa situação vai ser invertida com as vendas feitas agora e, mesmo que não quiséssemos, seria preciso por causa do fair-play financeiro. No caso de clubes ricos como PSG e City as multas são só mais um custo, mas para os clubes portugueses não há espaço para esse incumprimento.

- Fechar o Benfica Stars Fund era inevitável?
- Termina a 30 de Setembro e havia vários cenários: renovação (fomos cautelosos pois não entendemos até onde irá o ataque aos fundos por parte da UEFA e não controlamos o que aí vem) ou não prolongar, podendo voltar a fazê-lo, pois deve ser visto como diversificação de financiamento. Podíamos deixá-lo chegar ao fim sem renovação e os diversos detentores de unidades de participação ficavam com activos do fundo - jogadores e posição de caixa - e não quisemos que passes como o de Gaitán estivessem repartido por nós e sete ou oito entidades, não seria gerível. Restava a opção de comprar as unidades de participação por preços razoáveis e, ao pagar 28 milhões, não significa que estejamos a valorizar os passes nesse montante. Os passes correspondem a oito milhões e tudo o resto é liquidez e contas a receber que o Fundo tem. Foi um projecto interessante, é um instrumento que bem gerido, com regras claras e informação prestada à CMVM e unidade de participação sempre ajustada, é um sistema equilibrado.

- A cedência de jovens formados na Academia é uma estratégia para aposta posterior?
- O grande debate para qualquer clube formador gira em torno da transição do futebol jovem para o profissional, mas outro desafio se coloca no patamar de exigência num clube como o Benfica. Em alguns casos, o jogador deve permanecer e fazer mais um ano na equipa B e outros em que não será o sítio certo para os desenvolver, rodando em Portugal ou fora em equipas de topo. São estes os casos de Cavaleiro, Bernardo e Cancelo. Esperamos que essa passagem dê frutos para todos, sobretudo para os jogadores. 


"Custos da BTV não tiveram grandes variações"
São cerca de nove milhões de euros e os assinantes voltaram aos 300 mil após o defeso.

- Há um ano admitiu a saída de um jogador até final do exercício. Saíram dois e, depois, Oblak, Garay, Markovic, Cardozo. Alguma razão forçou tantas saídas?
- Impacto nas contas de 2013/14 há que separar as transacções até 30 de Junho e as posteriores. São razões de mercado: os clubes portugueses dependem da sua capacidade de realizar mais-valias com venda de jogadores e procuramos a optimização do momento máixmo de valorização. Casos de Rodrigo e André Gomes já estavam muito próximos dessa questão e saíram no momento certo. Quanto aos cedidos no Verão é diferente, pois há casos de final de processo de desenvolvimento de carreira (Cardozo), procurando-se refrescar o plantel com sangue novo e valorização significativa nos próximos anos; outras são casos de bom negócio e, na maior parte dos casos deste Verão, a execução de cláusulas de rescisão, sendo obrigatório respeitá-las.

- A saída de Garay pelo preço que foi teve a ver com um compromisso em Janeiro que foi adiado?
- Havia interesse em mantê-lo (e creio que não existia compromisso para saída em Janeiro), bem como aos principais activos, decisão tomada no Verão do ano passado, no sentido de alcançar vitórias não conseguidas em 2013. Foi uma decisão de risco controlado, mas Garay estava no último ano de contrato e, entre mantê-lo contra a sua vontade, não realizar qualquer mais-valia ou deixá-lo sair pelo valor possível, o assunto está feito e encerrado.

- Entende que os adeptos tenham ficado com a ideia de que o Benfica tinha ‘obrigação' de ganhar a Liga Europa?
- O Benfica tudo fez para ganhar a final. Se nos lembrarmos das equipas que ficaram para trás e do dramatismo do jogo com a Juventus, 15 dias antes da final, podia dizer-se que, da mesma forma que o Benfica tinha ‘obrigação' de ganhar a final, a Juventus tinha ‘obrigação' de ganhar ao Benfica que acabou com nove. Mas o futebol é incerteza e, não estando felizes, cá estaremos para voltar a finais e ter mais condições a ganhar troféus. A BTV teve receitas brutas de 28,1 milhões. Os custos estão perto dos nove milhões como há um ano? Não houve grandes variações. A estrutura de custos tem a ver com pessoal e compra de conteúdos, pois a produção de jogos, mesmo com imagens de helicóptero, não custa mais de 20 mil euros. A estrutura de pessoal não se modificou, mesmo o lançamento do segundo canal fez-se sem mais pessoal e não houve compra de conteúdos adicionais. Perdemos o Brasileirão, mas talvez venhamos a ter outros conteúdos internacionais interessantes. Logo no primeiro ano, a BTV teve resultados que esperávamos, batendo a proposta da PPTV/Olivedesportos. Não queremos fazer concorrência, mas ir buscar conteúdos que nos permitam pagar com receita adicional que só pode vir por maisassinaturas ou aumento do valor, algo que não está previsto.

- Qual é o número de assinantes?
- Estamos outra vez perto dos 300 mil, também por acção do Benfica-Sporting no começo. O pico mais baixo foi cerca de 200 mil.

- Expansão para outros mercados?
- Já temos acordos para 120 países. No caso da BTV foram definidos 12 países no âmbito da Lusofonia e está, por exemplo, em Angola, Moçambique, França, Luxemburgo, Brasil, EUA."

Entrevista de Domingos Soares de Oliveira, in Diário Económico, por Paulo Jorge Pereira