sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Como é difícil ser Campeão

"O Benfica tem uma semana difícil de gerir. Jogos muito importantes com o Arouca e o Olhanense e um jogo para rodar jogadores e descansar titulares contra o PSG.
Uma final europeia no Estádio da Luz seria monótono para o Benfica, Turim é um destino muito mais internacional. Se contra os franceses qualquer resultado serve, já nos jogos da primeira Liga só a vitória interessa.
O Benfica venceu sem deslumbrar em Vila do Conde, mas seria difícil deslumbrar um benfiquista no último domingo, pois no sábado à noite os benfiquistas estavam quase todos deslumbrados. Com excepção do empenhado João Capela que tudo fez para inverter o curdo da história. Deve estar para se descobrir que João Capela é sócio do Benfica desde o dia em que Pedro Proença se fez associado.
A ver aquele penalty em Coimbra no minuto 82, poucos têm dúvida da dificuldade em ser campeão. Ainda assim, há que lutar para ver como será desta vez.
Quarta-feira o FC Porto perdeu um jogo de andebol com o Benfica e a culpa deverá ter sido de Paulo Fonseca, pois tal não sucedia há 23 anos.
Quem poderá ver a sua sanção agravada é Jorge Jesus pois ficou claro que agrediu Rui Costa com um abraço na altura do terceiro golo de Vila do Conde.
O treinador do Rio Ave, que se notabilizou por ter sido noutros tempos o porta-voz da indignação, cansado de ser prejudicado, resolveu falar depois de jogar com o Benfica.
O presidente do Arouca, cansado de ser prejudicado desde que iniciou o campeonato, resolveu falar antes de jogar com o Benfica.
O Benfica está para o futebol, como o meridiano de Greenwich para a contagem do tempo, é a referência."

Sílvio Cervan, in A Bola

Dos ideais de uns e das ânsias de outros

"Rui Moreira – recém-eleito presidente da Câmara da cidade do Porto, portista conhecido por ter fugido de um estúdio de televisão quando confrontado com as escutas do caso de corrupção denominado “Apito Dourado” – afirmou que o FCP espelha o que é a cidade do Porto. Os portuenses não mereciam esta ofensa, na linha da de Mourinho quando designou o Porto como Palermo. São dois equívocos afinal tão próximos e tão míopes. Da miopia de quem confunde o cotão no umbigo com a Torre dos Clérigos.
Após mais um insucesso, um grupo de adeptos do FCP recebeu a sua própria equipa (o presidente da mesma seguia prudentemente à parte) com insultos, murros no autocarro, arremesso de tochas e ameaças várias. Esperaria o observador incauto que a ‘estrutura perfeita’ condenasse esses actos, mas, ao invés, arranjou-se um ex-treinador adjunto chamado Rui Quinta para dizer que “um número enorme de treinadores gostariam de estar naquele autocarro a levar com tochas". Sem dúvida, uma declaração edificante. Pelo caminho, puseram o actual treinador a prestar contas dos insucessos perante membros da SAD que gere o Clube e também perante membros de uma… claque. Estas práticas espelham os ideais da ‘estrutura perfeita’ e nunca demasiadamente louvada.
Entretanto, o Benfica passou para o primeiro lugar, garantindo às carpideiras que anunciavam a sua morte como um facto consumado que estavam ligeiramente enganadas e histericamente ansiosas.
Enfim, como escreveu o semi-heterónimo Bernardo Soares: “Tantos nobres ideais caídos entre o estrume, tantas ânsias verdadeiras extraviadas entre o enxurro!” "

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Sim, é obsceno

"O Figueiredo acertou uma!

O argumento de que regulamentar as apostas em Portugal vai reduzir as possibilidades de manipulação de resultados não colhe. A manipulação de resultados funciona tanto sobre sistemas regulamentados como sobre sistemas clandestinos: é obra de profissionais treinados e assimila sem dificuldade as regras de qualquer estrutura, desde logo porque funciona à margem dela. Se querem um exemplo quase benigno, nunca foi por a Lotaria ser legal que deixou de existir Jogo do Bicho. Em quase tudo o resto, porém, Mário Figueiredo tem razão. Até porque o que aqui está em causa não é legalizar ou não as apostas: é conservar ou não o jogo no estrito domínio do oligopólio Santa Casa da Misericórdia/Casinos. Urge desfazê-lo: por uma questão de justiça, por uma questão de oportunidade económica e, já agora, por uma questão de fiscalidade também. Não sei se a cifra de cem milhões de euros de impostos está bem calculada. Não acredito que parte dos apostadores não continuasse a jogar através de casas estrangeiras, assim como não acredito que a legalização de novos modelos de apostas não provocasse a derrocada do Totobola, hoje com atividade residual, mas ainda assim com facturação não negligenciável. Agora, que é obsceno, é. É obsceno andar a massacrar a classe média e os pensionistas e, depois, não regulamentar um jogo que existe, que nem sequer é propriamente ilegal e que apenas é mantido na marginalidade para proteger a oligarquia do costume. É obsceno e é preciso ter lata.

Sem espinhas ou com elas?
O que nós arranjámos foi isto. Quando Platini diz que "se calhar a FIFA alargou o prazo [da votações para a Bola de Ouro] para agradar a Ronaldo", o que está a insinuar é que a pressão que andámos a fazer estes meses todos, insultando Blatter e invetivando a Pepsi e reagindo com ódio a todo aquele que pudesse manifestar preferência pelos adversários, resultou. Portanto, Cristiano Ronaldo ganha, mas com coação. Ou seja: ganha mais ou menos. E eu acho que Ronaldo merecia ganhar este ano em absoluto, com os aplausos rendidos de toda a gente, sem espinhas ou torceres de nariz. Platini já tem o seu torcido e só o destorcerá se o português perder. O que seria irrelevante se não se tratasse do presidente da UEFA e próximo presidente da FIFA."