sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Estratégia do Sporting resultou

"Um Benfica-Sporting deixa marcas. Seria mau que assim não fosse, ou algum dos clubes era irrelevante ou o jogo não mexia com as emoções. Um derby com prolongamento e sete golos nunca será insípido, inodoro, nem incolor por isso venham de lá esses sentimentos.
Gostei da estratégia dos dirigentes sportinguistas de se atirarem ao árbitro para proteger o Rui Patrício. No fundo o Duarte Gomes não é um activo da SAD leonina, ao contrário da pequena parte do passe do guarda-redes. É pouco, mas há que proteger o activo. Se é certo que o Sporting perdeu porque o Rui Patrício deu um frango, não é menos verdade que o Sporting não levou oito, porque os postes e o Rui Patrício não deixaram.
Assim parabéns ao rival pelo excelente jogo que fez, e ao seu treinador pelos milagres que opera com os recursos que tem.
Esta derrota para os lados de Alvalade assemelha-se à de Atenas para o Benfica, não zanga os adeptos.
Só qeu saí zangado da Luz: não percebo como a ganhar 3-1, não me deixaram ir mais cedo para os 40 anos do meu querido amigo, e jornalista da Benfica TV, João Martins. Este Benfica retém em demasia os adeptos no estádio, mesmo para ver o seu clube, foi demais.
Por outro lado também foram positivas para Duarte Gomes as críticas leoninas, ninguém falou do seu erro mais notório, o penalty sobre Luisão.
Espero que mais logo, de regresso à Luz, Rui Patrício esteja imaculado e possa dar uma alegria a sportinguistas e benfiquistas de uma vez só.
No Benfica recomendo que se festejem títulos, porque só pequenos clubes festejam a vitória em jogos. Sporting foi apenas um degrau, como o Cinfães, eu só festejo se vencer no Jamor, e já não venço há muito tempo.
É assim, não por menosprezo pelo Sporting, mas por consideração pelo Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

Classe ou... falta dela

"Foi no último domingo. Na véspera, o Benfica havia batido o Sporting, na Luz, eliminando, num jogo carregado de emoção, o seu arquirival da Taça. Nesse dia, minutos antes, em Loures, aonde resido, outro triunfo vermelho, frente ao Sporting, na modalidade de Futsal.
Ao cabo de uma parte da tarde de convívio, em minha casa, com o Benfica como pano de fundo, quando Luís Filipe Vieira abandonou as minhas instalações, um grupo organizado de jovens adeptos leoninos, dirigiram-lhe, de forma altissonante, alguns impropérios, demonstrando uma deplorável falta de respeito desportivo, para já não falar do devido esguardo institucional.
Morador em Loures, cidade com inúmeros adeptos benfiquistas, registei o acontecimento com particular lamúria. Da mesma forma, sublinho a postura exemplar de Luís Filipe Vieira, incapaz de responder às provocações, assumindo uma postura dignificante para o líder de uma instituição com a grandeza e o carácter do Sport Lisboa e Benfica.
No dia seguinte, o acontecimento foi notícia. No mesmo dia e nos subsequentes, recebi inúmeras manifestações de solidariedade, e repúdio pelos acontecimentos, inclusive de vários aficionados e até sócios de longa filiação na agremiação de Alvalade.
O sucedido vale o que vale. Mas vale, sobretudo, pela serenidade, mais classe de Luís Filipe Vieira. E vale pela selvajaria verbal de simpatizantes do Sporting, clube que tantas vezes apregoa superioridade moral, quando muitos dos seus apoiantes comentam arruaças de absoluta torpeza."

João Malheiro, in O Benfica

Galheteiros

"1. O Madaleno, ou a Rainha de Inglaterra, como um dia lhe chamou o presidente do Benfica, é figura influente como poucas no xadrez do Futebol. Talvez por isso não se estranhe que surja nas ocasiões de estadão geralmente ladeado por um bispo e por um general (aqui a fazer as funções do cavalo). A idade consome-os aos três de forma dura e duradora, como é próprio da sua crueldade. E assim os recordaremos, inaugurações atrás de inaugurações, celebração de centenário inventado atrás de visitas papais: os três juntos, como num galheteiro.

2. Recordar é o termo certo. Não merece a pena acreditar nas fotografias. O que revelam num dia pode ser apagado no outro. O que vale é que, como dizia Iva Delgado, «a memória nunca prescreve».

3. Profissionalizam-se os árbitros à vontade do dono, tal e qual como se albardam os asnos. A partir de agora, qual será o clube que deseja ser arbitrado por um amador se tem à mão um verdadeiro profissional? E os observadores, passarão a profissionais (esta do passarão vem mais a propósito do que pensei a princípio) ou limitar-se-ão a ser amadores que classificam profissionais? E os piores classificados dos profissionais passarão por sua vez a amadores? E os melhores dos amadores? E o presidente dos árbitros vai ser profissional ou já o é?
Como tudo o que é feito em cima do joelho por gente incompetente ficam perguntas demais sem resposta. Para já, ao que parece, profissionalizam-se meia dúzia. E que meia-dúzia!!! Um oferece a camisola a um adepto do FC Porto; outro festeja títulos martelados com os jogadores e treinadores do FC Porto... E assim corre o futuro da arbitragem. Como o Azeiteiro-da-Cabeça-d'Unto à frente do galheteiro! Afinal é ele quem manda."

Afonso de Melo, in O Benfica

Um jogo louco

"1. Foi um jogo 'louco' com o Sporting. Mérito das duas equipas. A nossa inexplicável alergia às bolas paradas determinou uma completa viragem no rumo do jogo. Parecia que íamos a caminho de uma goleada e acabámos por ter que ir para prolongamento, para mais depois de um jogo intensíssimo na Grécia. Mas o certo é que acabámos por cima, ganhando muito justamente. Quantas jogadas de perigo ( e bolas nos postes) criámos e quantas criou o Sporting? Quem teve que defender melhor, Artur ou Patrício? Fala-se muito no golo decisivo de Luisão, muito consentido pelo guarda-redes do Sporting. Mas é preciso não esquecer que a jogada foi para penálti. No Estádio, todos vimos o penálti e ninguém percebeu o golo! Agora, o culpado é Duarte Gomes, de quem os sportinguistas não gostam.
Esquecem o escândalo de há uns anos, com os mergulhos de Jardel para a piscina a transformarem uma vitória nossa num empate.

2. O FC Porto emitiu um lamentável comunicado protestando contra a edificação, em Lisboa, de uma estátua a Cosme Damião, que não foi decidida pelo executivo camarário mas sim apresentada e votada pelos munícipes. O comunicado que, demagogicamente, fala em 'tempos de crise', em 'cortes de salários e reformas baixíssimas', ataca a estátua a Cosme Damião mas não o faz relativamente à estátua a Nuno Álvares Pereira. Mas a questão principal nem é essa. Que moral tem o FC Porto para falar de despesas da Câmara de Lisboa quando toda a gente sabe quanto custou à Câmara do Porto todo o processo que levou à construção do novo estádio do clube, com compras e vendas de terrenos que ainda estão nos tribunais? Que moral têm os seus dirigentes para se referirem à Câmara de Lisboa quando ficaram possuidores, à borla, de um centro de estágio em Gaia, pagando agora uma verba mensal simbólica pela sua utilização? Isso sim, é vergonhoso!

3. Já não é novidade. Desta vez é com Abdoulaye, jogador que o FC Porto emprestou ao V. Guimarães. Os regulamentos proíbem que os clubes que emprestam jogadores os  impeçam de defrontar as respectivas equipas. Não há problema. Arranjam-se umas lesões de última hora. Com o FC Porto é assim..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

Sinal dos tempos

"Terminado o dérbi do passado sábado, notava-se, entre os benfiquistas, um sentimento bastante contido de satisfação. Ou eram as bolas paradas - um problema a resolver -, ou era a recuperação consentida na segunda parte, ou era a fracassada expectativa de goleada que (confessem lá...) todos tínhamos ao intervalo, a verdade é que, descontada a beleza do espectáculo, ganhar ao Sporting de forma tão apertada já não nos deixa propriamente eufóricos, mas tão só com a sensação de dever cumprido.
Paradoxalmente, do lado de lá, notava-se uma atmosfera bem positiva, de onde se depreendia uma certo alívio por perderem por poucos (depois dos tais 3-1 ao intervalo), e até algum regozijo pela capacidade de discutirem o jogo até final.
Aliás, já da recente derrota diante do FC Porto a generalidade dos sportinguistas havia saído de peito feito, como se estas vitórias morais (?) tivessem o condão de lhes devolver o estatuto de outrora.
Vencer o Sporting, depois de uma roleta de emoções tão vibrante e arrebatadora, não pode deixar de nos encher a alma. É verdade que poderíamos ter goleado,é verdade que aquele golo ao minuto 92 nos fez reviver fantasmas de um passado recente, mas, caramba, ganhámos.
E ganhámos bem, depois de uma grande partida de Futebol, durante a qual fomos sempre superiores. Para o rival, contente ou não com isso, fica apenas mais uma derrota. A 11.ª nos últimos 15 dérbis. Compreendo-se o esforço - e louve-se a eficácia - do seu aparelho de comunicação para não deixar estoirar o balão da euforia (semelhante ao que, não há muito tempo, encheu Domingos Paciência), procurando álibis na arbitragem.
Mas não é preciso ter memória de elefante para recordar o jogo de Alvalade, já nesta mesma época, ou, indo um pouco mais atrás, um tristemente célebre empate a dois, na velha Luz, com este mesmo árbitro. Portanto, esta já tradicional gritaria não nos vai comover."

Luís Fialho, in O Benfica

Coração Benfquista

"No dia seguinte à derrota em Atenas arranjei algum tempo para voltar ao Museu do Benfica. Precisava de lamber as feridas daquela noite europeia tão  infeliz e injustamente perdida e ali estava a História, o que fica depois de passarem os homens, deixando, ou não, uma marca sua no tempo. Ali, a História permanece viva, bem como a Memória de quem a fez e até os singelos adereços que ficaram como símbolos: a boina de Vítor Silva, os calções de Nené, o brinco de Vítor Baptista, as luvas de João Alves, as luvas de Manuel Bento, as botas de Eusébio, já agora as lágrimas de Toni.
O Museu do Benfica nunca está visto, há sempre outras coisas para ver mais e melhor, ou simplesmente ver de novo, e desta vez detive-me na primeira sala consagrada aos troféus mais recentes. Alguém avança um número quanto aos troféus do SLB com data de 2013? Eu respondo: 67 troféus das mais diversas modalidades e escalões. É obra! A exposição terá como jóia da coroa a magnífica taça da European League de Hóquei em Patins.
O Museu do Benfica é uma instituição viva que interage com os visitantes e que enquadra a vida e obra do SLB no tempo e no espaço que é o seu, ontem e hoje, Portugal e o Mundo. E sendo o Benfica mais que um Clube, o Museu Cosme Damião é muitíssimo mais que uma muito bem organizada colecção e exposição de troféus, de dados históricos, de áreas temáticas, de curiosidades, de elementos de estudo, servidos por tecnologia admirável. O Museu do Benfica tem alma e o momento mais alto e intenso da Viagem ao Coração Benfiquista é um tónico para dar a volta aos resultados do destino e seguir em frente na vida.
À saída comprei bilhetes para o dérbi da Taça. E fiz muito bem."

João Paulo Guerra, in O Benfica