sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Objectivamente (tudo na mesma)

"Começou mais um Campeonato de vergonha. Nada mudou. Tudo o que vem acontecendo de benefício ao habitual vencedor de taças e campeonatos aí está em todo o seu esplendor! Em Setúbal, quando se adivinhava um final diferente do habitual, eis que Capela alterou tudo a favor dos portistas em poucos minutos. Penálti inexistente (não venham confirmar a opinião dos cobardolas dos ex-árbitros que sempre defendem a classe), golo e expulsão do guarda-redes sadino. A partir daí foi a auto-estrada do costume, sem portagens nem trânsito... No penálti, Jackson caíu a um ligeiro toque. Falta nenhuma.
Quando muito amarelo ao avançado por simulação. Na expulsão do guarda-redes Kieszek, pergunta-se se não foi Josué que o empurrou e provocou acabando os dois por se envolverem em agressões? Porquê só um expulso? Porque é sempre assim. O FC Porto tem de ganhar e pronto! É porque sim! Mas o caso do jogo é outro bem mais grave e fora das quatro linhas.
O delegado da Liga, Luís Baptista Rodrigues, que se encontrava no camarote presidencial - com a ausência notada de Fernando Oliveira que preferiu o banco de suplentes - acusou de agressão um dos elementos do FC Porto repetindo para quem o quisesse ouvir que lhe tinham batido. Os jornalistas presentes confirmaram estas declarações de Baptista mas no final do jogo quando foram saber pormenores das agressões o Delegado da Liga negou a agressão:
«Não. Não foi nada»! Ponto final.
Parágrafo; digo eu. E segue a música. Nada muda. Tudo na mesma.
Medo de denúncias por parte de quem tem a responsabilidade de zelar pela segurança de todos e pela seriedade da Liga.

Nota: Tudo começou quando o árbitro Capela expulsou o guarda-redes do Vitória e após um penálti que os adeptos do Setúbal muito contestaram virando-se para o camarote onde estava Pinto da Costa. Gritaria dentro do camarote. Chamada a Polícia e seguranças privados do FCP. Discussão entre Polícias públicos e privados bem acesa. Foi isto e deu em... nada!"

João Diogo, in O Benfica 

Todos com a equipa

"1. Mais uma vez não começamos bem o Campeonato. Neste aspecto, infelizmente, não houve novidade. Se nos anos anteriores não foi por isso que deixámos de lutar pelo título, não será agora que o deixaremos de fazer. Estas 1.ª jornada também nos faz recordar outras 'infelicidades' do passado em alturas cruciais da época: grandes penalidades que se marcam num lado e não se marcam no outro, grandes penalidades que se marcam a favor de outros; expulsões que acontecem e não acontecem. Sem esses 'ingredientes', o resultado até poderia ter sido diferente. Mas o certo é que a equipa jogou mal, mantendo os 'pecados' da pré-época, embora não nos possamos esquecer que o adversário também conta e o Marítimo, muito fechado e a aproveitar a escassa largura do campo (repararam na larga faixa de relvado entre a linha lateral e aquilo que antigamente era uma pista de Atletismo?), defendeu sempre bem e saiu rápido para o contra-ataque. Agora, o que interessa é o jogo deste domingo, em nossa casa, com o Gil Vicente. É a altura própria para começarmos a dar a volta à situação. E todos teremos que ajudar. Não interessa quem é o ponta-de-lança - e sabemos que muitos daqueles que agora assobiam já os idolatraram. Interessa é o Benfica. Este jogo será como que a primeira de muitas finais. Teremos todos que lá estar a apoiar a equipa.

2. O nosso guarda-redes, Artur, foi expulso num jogo de preparação e cumpriu o jogo de suspensão no jogo de preparação seguinte. O guarda-redes, Rui Patrício, foi expulso do último jogo de preparação do Sporting e cumpriu o jogo de castigo no encontro do Sporting B... ou seja, nem chegou a cumprir castigo nenhum.
Sabendo-se que os jogadores só são castigados nesses jogos de preparação se o árbitro for português, temos que concordar que seria pouco justo que um jogador expulso num jogo 'a feijões' (e nem em todos) tivesse que cumprir o castigo num jogo a sério. Mas é bem pouco lógico que se utilizem jogos da equipa B para tal. Enfim, os regulamentos que temos não há meio de impedirem anomalias.

3. A Benfica TV vai começar a transmitir os nossos jogos na Liga, algo de histórico no futebol... mundial. Mas já se ouvem vozes muito preocupadas com aquilo que as câmaras mostrarão e não mostrarão. Como se a Benfica TV e o Porto Canal não transmitissem há bastante tempo os jogos das modalidades dos respectivos clubes. E nunca vimos ninguém preocupado com a 'equidade'..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

PS: O precedente aberto com esta decisão sobre o Patrício, é bastante grave. A utilização das equipas B's para despenalizar jogadores, é um muito mau princípio... recordo que os Campeonatos das Reservas acabaram, por causa destes expedientes.
Mas as decisões dos CD e CJ e afins, são normalmente favoráveis aos Lagartos, hoje foi o Bruma - contra todas as opiniões jurídicas... - o processo do incêndio na Luz demorou meses, e o castigo foi o mais leve possível... As pedradas em Alcochete tiveram o vergonhoso desfecho conhecido... Até o Tribunal mais alto deste País, já condenou um jornal por difamação, por ter publicado uma notícia, assumidamente verdadeira, sobre o Sporting!!!
É o que fez ter adeptos sem vergonha, bem colocados!!!

Queremos ganhar títulos

"O Benfica jogou mal na Madeira e foi ajudado a perder. O FC Porto jogou mal em Setúbal e foi ajudado a ganhar. Assim posto, e sem nenhuma novidade, o Benfica sabia que para vencer na Madeira teria que jogar muito melhor e correr muito mais. Sabia, desde a nomeação de Jorge Sousa, que só um jogo perfeito daria três pontos. Assim sendo, o jogo pobre e sem chama fica muito mais inexplicável. Jorge Jesus é o alvo mais fácil, mas com a sua experiência ele sabe que tem que dar a volta por dentro e por fora. Veremos quem sai e quem entra até ao fim do mês, mas fica claro que Salvio e Markovic fizeram falta. Os adeptos estão sem tempo, com pouca paciência e não têm vontade de esperar mais por vitórias. O pior não são os 20 ou 30 que mostram lenços brancos, o mais grave são os 20 ou 30 mil que perderam vontade de ir ao estádio. Desta vez tem que ser a equipa a ajudar a dar a volta ao clube, e ao seu estado anímico. Precisamos de serenidade mas também de não nos afundarmos num mar de justificações. Nesta fase, só vitórias, muitas e seguidas podem fazer renascer a fé numa época como aspiramos. Ganhar ao Gil Vicente de forma clara,com uma exibição clara e categórica é o primeiro passo dos 29 que faltam. Vamos tratar deste primeiro passo. Eu que nunca assobiei o Benfica, que nunca mostrei lenços brancos, nem quero trocar de treinador todas as semanas, gostava de bater palmas de pé no fim do jogo de domingo e dizer «assim sim». Até para ouvir o sorteio da Liga dos Campeões, na próxima semana, é preciso o ânimo da vitória contra o Gil Vicente.
Ao fim de muitos anos voltamos ao pote 1, cabeças de série da Liga milionária. No ranking actualizado, somos a sexta equipa da Europa mas queremos mais, queremos ganhar títulos. Não tenho vocação para adepto do Arsenal, é sempre o que joga melhor e mais bonito, faz bons negócios, mas não ganha títulos."

Sílvio Cervan, in A Bola

Mais do mesmo

"Seria preciso recuar até 2004 para encontrarmos uma vitória do Benfica em jogo de abertura do Campeonato. Daí para cá, pese embora algumas pré-temporadas bastante prometedoras, entrámos invariavelmente com o pé esquerdo – mesmo em 2009, quando, meses depois, viríamos a conquistar o título. Ao longo destes anos, nessas partidas iniciais, sofremos muitas vezes os efeitos de arbitragens habilidosas, mas também nos deparámos, com demasiada frequência, com jogadores ainda de chinelos e toalha de praia aos ombros, esperando que as camisolas do Benfica fossem suficientes para garantir os pontos. Pode dizer-se que no jogo da Madeira as duas situações se cruzaram, pelo que o resultado acaba por nem surpreender.
Um penálti sobre Lima, nos instantes finais da partida, poderia ter-nos poupado à derrota. Mas a indolência revelada pela equipa durante longos minutos também nos deixou distantes da vitória. O valor do adversário fez o resto, cumprindo-se, pois, a negra tradição. Não acredito em gatos pretos, nem em gatos brancos, pelo que tento sempre encontrar uma razão para tudo. E, neste caso, talvez o calendário das competições ajude a explicar alguma coisa.
Com o mercado em aberto, com jogadores a sair e a entrar, e muitos debaixo da ombreira da porta, é impossível manter uma equipa concentrada a cem por cento. A qualquer pessoa de bom senso parece absurdo iniciar um Campeonato nestas circunstâncias, e se os poderes internacionais insistem em colocar o Futebol ao serviço dos interesses parasitários de uns quantos agentes, a Liga Portuguesa, caso quisesse, teria um bom remédio: começar o Campeonato em Setembro, reservando o mês de Agosto, por exemplo, para a Taça da Liga. O que é certo é que ninguém dá o primeiro passo nesse sentido, e o Benfica parece sentir particular dificuldade em lidar com esta situação. Até porque outros, quando a sentem, têm uma mão protectora a impedi-los de cair – bastando lembrar os penáltis que deram ao FC Porto 3 vitórias nos últimos 4 começos de época."

Luís Fialho, in O Benfica

Apocalípticos e preocupados

"O campeonato começou da pior maneira possível, com uma derrota que calcou o sangue pisado das feridas não cicatrizadas do final da época passada. Dor em cima de dor, frustração a calcar frustração e montou-se imediatamente o auto de fé mediático em que, à vez, se pede a cabeça do treinador, do presidente, dos futebolistas do plantel, da “estrutura” e de quem mais estiver à mão de semear. Agora, é chegado o tempo do discurso do “eu bem disse” que alterna com o do “estava-se mesmo a ver”. Exige-se um sangue sacrificial para aplacar a ira. Percebo e partilho totalmente a preocupação perante a situação actual do nosso Benfica.
Não estar preocupado com o presente do Benfica seria de uma insensatez imensa. No entanto, esta preocupação não pode nem deve dar lugar ao discurso apocalíptico de que o futuro está hipotecado e de que a única solução é a política de terra queimada. Esta visão apocalíptica conduz apenas à desesperança, à desunião e à derrota. Enfrentar o problema com preocupação e pragmatismo é a única solução. Quem toma decisões deve tomá-las de acordo com as suas convicções (não teimosias) e, se assim for, deve estar à altura das decisões tomadas. Uma decisão tomada em consciência é uma decisão honesta e perante uma decisão honesta não há muito espaço para o arrependimento. Podemos e devemos corrigir o rumo, se assim o entendermos. Recordo Raul Brandão como o homem que, olhando retrospectivamente para os enganos e desenganos da sua existência, assumiu que repetiria o calvário da vida sem lhe alterar o itinerário. Uma liderança deve ter esta grandeza e lealdade: saber que o passado não se pode mudar e que o futuro depende das respostas que hoje lhe consigamos dar. Para que se encontre uma solução, importa que as lideranças tenham um pensamento preocupado, mas nunca apocalíptico."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

A mais velha história

"O clássico circuito de relações do futebol português nunca nos surpreende. Menos de seis meses depois de ter abjurado, tripudiado e deixado ameaças veladas à Liga por causa de uma questão meramente disciplinar que pôs em causa a continuidade da equipa na Taça da Liga, o presidente do FC Porto deixou-se fotografar numa tribuna presidencial com o outrora “candidato do Marítimo”. Aconteceu na mesma tribuna e poucos dias depois de ter deixado o presidente da Federação de mão estendida. Não podia ser mais explícito.
As relações de poder nesta divertida família gerem-se pela velha máxima da política de que é preciso fazer mudanças para que tudo fique na mesma.
Depois de ter provocado um cisma interno e o caos entre os aliados ao apoiar a candidatura de Mário Figueiredo, por razões difíceis de entender, o Benfica tirou-lhe o tapete ao tornar impossível de viabilizar a principal promessa eleitoral daquele, a da centralização dos direitos de televisão. Estavam unidos no objectivo de combater Joaquim Oliveira, mas os processos não podiam ser mais antagónicos.
Mas a concretização e aparente sucesso do projecto encarnado tornou-se assustadora para os principais adversários, ao reduzir o campo de manobra do controlo das imagens e da informação, que durante tantos anos esteve sob alçada do mesmo sistema. A única forma de combater esta força é recuperar o protagonismo entre os clubes. E a melhor forma de o conseguir poderia ser o dar a mão a um presidente de Liga à beira do precipício, depois de perder consecutivamente todas as ideias de reforma que foi lançando, desde os direitos de TV aos quadros competitivos, sem esquecer a falência da Taça da Liga, que já quis extinguir depois de a ter vendido a uma televisão por valores abaixo do futebol feminino ou do futsal. 
Tratando-se de um “homem do passado”, como o presidente do FC Porto chamou a Mário Figueiredo no momento da eleição, fica por entender o que tem a oferecer, para lá de uma nova frente contra o Benfica, pois colide com os interesses de Joaquim Oliveira, accionista de referência dos clubes principais. Na verdade, parece mais uma boleia caridosa antes da estocada final, como uma última vontade de um condenado. O presidente da Liga está isolado, preparando-se para deixar a instituição sem concerto e sem futuro, no final do mandato.
A menos que do horizonte sombrio lhe tenha saído ao caminho um anjo salvador, um amigo para a ocasião."