domingo, 11 de agosto de 2013

Nos intervalos da chuva

"Azafama-se o futebol português em dissertações acerca do Cardozo. Se fica, se vai, se fica chateadinho ou vai satisfeitinho, se é um selo do apocalipse ou talvez não. Enquanto a turba se entretém nisso, esquecem-se os especialistas em futebol português e em “estruturas” (um dia alguém chegará à conclusão de que em Portugal a “estrutura perfeita” e o “sistema” são vocábulos do campo semântico da dourada corrupção – mas isso são outros quinhentinhos) de que o submundo da arbitragem (aquela gente que passa a vida a martelar as classificações dos clubes) se insurgiu contra o facto de eles próprios terem sido alvo de mais uma época de classificações marteladas.
Ou seja, há pouco mais de quinze dias, Vítor Pereira confirmou, sem corar de vergonha, que não foi a Comissão de Classificações da arbitragem a classificar os árbitros. Foi “alguém” institucionalmente acima do Conselho de Arbitragem e da Comissão de Classificações. Os árbitros protestaram contra esta “martelada” aparentemente legal. Foram muitos anos a viver e a serem promovidos e despromovidos com classificações urdidas em lupanares e cimentadas com trocas de favores e compadrios. Desta vez, a marosca fora mais longe, deram-lhe um ar sério. Assim não. Gritaram, protestaram, ameaçaram e conseguiram que a “martelada” se transformasse numa “chapelada”.
Aparentemente garantiram que a sua carreira durará mais cinco anos e que passarão a ser profissionais da coisa. A profissionalização é apresentada como a solução para todos os males de que enfermam. É como se alguém dissesse que a solução para a prostituição passaria pela obrigação da emissão de facturas pelo serviço prestado. Bem vistas as coisas, e como sabe qualquer Nandinho das Facturas, estas coisas até andam ligadas."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Marcha lenta !!!

A participação dos atletas do Benfica no Campeonato do Mundo de Atletismo, que está a decorrer em Moscovo, não começou da melhor forma. O Sérgio Vieira (20Km Marcha), parecia estar num excelente momento de forma, durante a prova conseguiu manter-se junto do principal pelotão, mais ou menos, até metade da prova, mas quando o ritmo acelerou, o Sérgio não conseguiu aguentar... acabando por perder bastante tempo, ficando bem longe da sua melhor marca, no 40.º lugar. O calor vs. humidade de Moscovo também não ajudou, mas...

PS: Os parabéns para o irmão gémeo do Sérgio: o João Vieira conseguiu um histórico 4.º lugar na prova, fazendo uma corrida de trás para a frente. Acabando por surpreender todos, inclusive a realização televisiva (depois de Daegu, mais uma realização televisiva dos Mundiais de Atletismo muito aquém do nível exigido!!!). Os dois correram juntos, durante parte da corrida, sendo assim ainda é mais frustrante os mais de 6 minutos de atraso do Sérgio em relação ao irmão. Eles que recentemente terminaram uma prova de 10 Km ao sprint!!!

Esquecer Cardozo

"1. Já o escrevi: tenho pena que Cardozo deixe o Clube. Mas parece que será assim (na altura em que escrevo ainda não havia certezas). Independentemente da forma, mais ou menos infeliz, como sai, o seu abandono não pode prejudicar ainda mais o Benfica do que já o fez. E nem pode criar mais divisões para além das que resultam de simples divergências de opiniões. Cardozo saiu, ponto final. É de muito mau gosto - por prejudicial à equipa - os gritos recordando-o quando não marcamos golos. Nessa altura, quem precisa de apoio é quem lá está dentro. O Benfica não jogou bem frente ao São Paulo e perdeu. Paciência. Na última vez em que fomos Campeões também tivemos uma pré-época menos feliz. A partir da próxima semana é que todos os resultados serão importantes. E a nós, cá fora, independentemente de gostarmos deste ou daquele jogador, treinador ou dirigente, cabe-nos ser o 12.º jogador e apoiar sempre a equipa. Sem divisões.

2. Tenho-o referido várias vezes ao longo deste interminável 'defeso': não gosto nada deste período. E a semana passada reforçou esta minha sensação. São mais jogadores que saem (ou 'ameaçam' que saem), são acordos que se fazem ou quase estão feitos, são jogadores que se valorizam ou desvalorizam (e não deveriam desvalorizar-se...), são jogadores que se contratam para logo serem emprestados (e alguns nada baratos...), são negócios que se realizaram mas depois não são bem assim. Enfim, uma confusão de notícias e de comunicados, em que cada vez é mais difícil destrinçar entre o que é verdade e não passa de boatos, entre o que é a realidade e aquilo que nos querem fazer crer. Quando tudo isto toca aos outros, vamos encolhendo os ombros. Quando nos toca a nós, é natural que não gostemos. E eu não gostei nada da semana que passou...

3. Uma das maiores taças expostas no nosso excelente Museu Cosme Damião foi aquela que o Benfica ganhou na inauguração do antigo Estádio das Antas, com uma histórica vitória, por 8-2. Não é o resultado (uma simples curiosidade) que aqui interessa. É o nome da taça - General Craveiro Lopes, então Presidente da República. O FC Porto não só inaugurou o estádio numa data simbólica do antigo regime (28 de Maio) como ainda atribuiu o nome do então Chefe de Estado ao troféu. O Benfica, que inaugurou o seu Estádio dois anos depois (1954), fê-lo no dia 1.º de Dezembro e deu às taças em disputa os nomes de Cosme Damião (entregue ao FC Porto, que ganhou) e Álvaro Gaspar, antigo futebolista (ao Benfica que perdeu). E depois nós é que somos o Clube do antigo regime..."

Arons de Carvalho, in O Benfica