quinta-feira, 18 de abril de 2013
O Benfica é uma obra social
"Equipas com salários em atraso - a triste realidade do nosso futebol - já sabem que na semana passada antes de jogarem com o Benfica têm o problema resolvido. Não é isto ser obra social?
NO Sábado houve a final da Taça da Liga. Ganhou o Sporting de Braga com inteiro mérito. Foi o primeiro título oficial para os minhotos depois da conquista da Taça de Portugal de 1966 e, entretanto, passaram-se quase 47 anos sobre essa final no Jamor com o Vitória de Setúbal no tempo da televisão a preto e branco.
Está assim plenamente justificada a alegria vivida noite fora na cidade dos arcebispos ainda que, por portas travessas, as muitas reportagens em directo das nossas televisões tenham surpreendido mais que um adeptos confesso do Benfica no meio dos festejos bracarenses a pretexto do acompanhamento de familiares e de amigos.
Como se familiares ou amigos, numa ocasião destas, precisassem de qualquer tipo de acompanhamento...
O Sporting de Braga de António Salvador já tem uma década e já tem um título oficial português para fazer bordar em bandeiras e cachecóis. Pode somá-lo um título internacional, a Taça Intertoto conquistada em 2008 quando Jorge Jesus era o treinador contratado.
Regressemos à Taça da Liga de 2013 que ainda está morna. Foi um título valorosamente conquistado pelo Sporting de Braga à custa do Benfica, na meia-final, e do FC Porto, na final. Uma coisa destas não é para qualquer um.
Também José Peseiro só pode ter ficado imensamente contente. Ele que é acusado, pelos supersticiosos, de ser pé frio é, afinal, tão pé frio que até se pode ufanar de ter sido o único treinador a vencer nesta temporada o FC Porto, o campeão em título. E não foi uma vez. Foram duas vezes.
Vítor Pereira já nem deve poder ver José Peseiro pela frente e, deste modo, curiosamente, Vítor Pereira sente pelo outro exactamente o mesmo que muitos adeptos do FC Porto sentem por ele.
No que diz respeito ao FC Porto, o finalista vencido, esteve bem com 11 e até esteve bem com 10 embora seja de admitir, em função do observado, que se o Sporting de Braga ainda tivesse Lima, ou mesmo meio Lima, o resultado poderia ter-se saldado numa goleada francamente inesperada.
Veremos o que Lima tem a dizer sobre o assunto a quem tanto nele confia quando, na penúltima jornada do campeonato, o Benfica for visitar o Dragão. Isto se houver jogo, como veremos adiante.
Sobre a arbitragem da final da Taça da Liga, excepção feita ao treinador do FC Porto, não houve grandes relambórios. Terá ficado apenas a dúvida se a expulsão de Abdoulaye deveria ter ocorrido aos 17 ou, como finalmente se verificou, aos 45 minutos. No sábado, em Coimbra, o jovem Abdoulaye não podia ver Mossoró pela frente que logo se ia ele com um ímpeto que lhe acabaria por valer a expulsão.
Em termos estritamente humanos está assim analisada a final da Taça da Liga.
Em termos estatísticos, registe-se que o FC Porto alcançou o Sporting em número de finais pedidas da Taça da Liga: 2.
Há aqui qualquer coisa que não bate certo.
Escrever na agenda a 26 de Maio, Jamor.
Mas, no entanto...
..., no entanto, dizem que não vai haver árbitro para a final da Taça de Portugal.
Chega o Benfica ao Jamor depois de uma tão longa seca e, pronto, não há árbitro, não há jogo, não há taça, não há nada.
Atenção que ninguém de bom senso se pode pôr contra os árbitros quando estes exigem policiamento nos campos de futebol e se unem contra este desgoverno que não recua na liberalização daquele pormenorzinho fundamental da segurança nos estádios.
Ninguém pode aceitar ou ser conivente com uma coisa destas. E, por isso mesmo, numa acção de protesto contra a nova lei do não-policiamento todos os árbitros da primeira categoria nacional solicitaram ao Conselho de Arbitragem da FPF dispensa de apitar entre 9 e 27 de Maio, período que engloba as duas últimas jornadas do campeonato e a final da Taça de Portugal.
Eu estou com eles. A causa é justa e urgente. E não só dos árbitros, é uma causa de todos. Mas nem todos os benfiquistas pensam da mesma maneira.
«Enfim, como se não bastasse não haver Jamor também não vai haver decisão do título», suspiram os benfiquistas do tipo mais angustiado perante o anúncio da greve dos árbitros. «Basta irmos à frente e à final da Taça para desatarem todos a fazer e a ameaçar com abandonos», refilam outros. «E não só os árbitros, conte-se também com as greves dos jogadores adversários e até com as greves dos comentadores», acrescentam mais alguns, especialmente atentos.
Que o Benfica é uma obra social, é. Nisso estaremos todos de acordo.
Equipas em aflição económica, plantéis inteiros com salários em atraso - a triste realidade do nosso futebol - já sabem que na semana antes de jogarem com o Benfica têm o problema resolvido.
Aconteceu assim com o Olhanense graças a um «amigo» do presidente, na jornada anterior do campeonato, e aconteceu o mesmo com o Sporting, que será o adversário da próxima jornada, graças ao empenho da Banca.
Não é isto ser obra social?
O sorteio das meias-finais da Liga dos Campeões promete uma final espanhola entre o Real Madrid e o Barcelona o que, a acontecer, será certamente um dos jogos de futebol mais vistos de sempre.
Triliões de telespectadores por todo esse vasto mundo colados, em dois hemisférios, aos aparelhos de televisão sem perder pitada do duelo Cristiano Ronaldo-Messi no palco de sonho da competição de clubes mais importante do mundo.
Será este também o sonho da UEFA?
A ver se não sai uma final 100% alemã entre o Borussia de Dortmund e o Bayern de Munique. É que também jogam muito à bola, podem crer.
Há sorteios de sonho, claro que há. E há fezadas, como esta minha: se a selecção portuguesa se conseguir apurar para o Mundial de 2014 no Brasil não ficará no grupo do Brasil na fase inicial do torneio.
Se o campeonato do mundo de futebol é um dos maiores espectáculos do mundo então o sorteio da FIFA tem de colocar Portugal no grupo da Argentina para que, uma vez mais, o planeta inteiro possa assistir a um duelo Messi-Cristiano Ronaldo agora em figurinos diferentes, para variar: ambos com as camisolas das respectivas equipas nacionais.
Não será este o sonho da FIFA?
E o de toda a gente?
POR amor à estatística fez muito bem o Benfica em empatar estes seus dois últimos jogos que eram os únicos que, neste momento, podia terminar empatado sem qualquer espécie de dano de ordem prática.
Ninguém de bom senso acreditaria que o Benfica conseguisse fazer um percurso até ao fim só com vitórias nas três competições a que, aparentemente, se candidatou esta temporada.
Portanto estava na altura de empatar uns joguinhos onde as vitórias não fizessem falta. Assim acaonteceu em Newcastle (1-1) assegurando a qualificação para a meia-final da Liga Europa e assim aconteceu na segunda-feira, na Luz, frente ao Paços de Ferreira (outra vez (1-1) garantido a qualificação para a final da Taça de Portugal.
É por causa destas coisas que Jorge Jesus dá aulas na faculdade.
No entanto, não se pode exagerar nestas construções laboratoriais nem se deve abusar da sorte.
Aquela hesitação do Matic que deu o golo ao Newcastle ainda se aceita como um segundo de distracção num homem que há meses e meses não tira os olhos da bola nem dos adversários. Já a oferta do Maxi Pereira que permitiu ao Paços de Ferreira marcar na Luz, francamente, só mesmo por amor à estatística."
Leonor Pinhão, in A Bola
Jorge Jesus
"Já é por demais intrigante a não decisão sobre a continuidade de Jorge Jesus como treinador do Benfica. Ou, pelo menos, é misteriosa a razão de tanto silêncio, não sabendo nós se até a decisão já estará tomada, embora não anunciada.
Também não se sabe de quem parte este hipotético nó: se do clube, se do treinador, se de ambos, se de nenhum. Ou se há outros argumentos (ou desejos) que complicam um caso que até pode não o ser.
Escrevo antes de jogos decisivos para o Campeonato e para a Liga Europa. Porque, independentemente do que deles advier, Jorge Jesus é, sem margem para dúvida, o treinador de que o projecto do Benfica continua a precisar.
Nestes quatro anos deu densidade competitiva ao futebol da Luz, foi capaz de manter um elevado nível e qualidade apesar da saída de jogadores fundamentais (Di Maria, Ramires, David Luíz, Fábio Coentrão, Javi Garcia, Witsel, Saviola) e transformou jogadores de banais em excelentes.
Deu estabilidade a um modo de jogar que chama público aos estádios, e até tem sabido emendar erros que naturalmente cometeu, o que demonstra sabedoria e sagacidade.
Tem batido sucessivos recordes de que os benfiquistas tinham perdido o rasto em outros tempos de glória.
O certo é que o Benfica precisa de ter um Ferguson que permaneça o tempo suficiente para corporizar e enraizar uma ideia de jogo, um propósito de sucesso e um respeito no palco europeu.
E para afastar, de vez, treinadores que fazem do Benfica um ponto de passagem, gerando a estabilidade da instabilidade.
O Benfica tem, pois, a melhor solução em casa.
Independentemente do maior ou menor sucesso até ao fim da época."
Bagão Félix, in A Bola
O maior teste de Jorge Jesus
" «Aconteça o que acontecer será uma época brilhante. Se conquistarmos as três provas em que estamos inseridos passará a ser uma época de sonho»
Jorge Jesus, antes do jogo em Newcastle
Esqueçamos a Taça de Portugal - o Benfica estava, na verdade, qualificado para a final desde 30 de Janeiro. E essa final, com o Vitória de Guimarães (soube-se há pouco), será sempre o último jogo da época, aconteça o que acontecer antes, uma oportunidade para partir do zero, venha a águia de passado recente positivo ou negativo.
Está esquecida a Taça? Muito bem. Até porque, se o Benfica ganhar campeonato e Liga Europa, ninguém levará a mal que perca a Taça; como se perder campeonato e Liga Europa a Taça não será consolação. O clube tem então cinco semanas para vencer tudo, alguma coisa ou nada. Jorge Jesus tem cinco semanas para ser André Villas Boas ou José Peseiro. Sim, porque muita gente se lembra do triplete de AVB pelo FC Porto em 2011 mas poucos recordam que Peseiro chegou, em 2004/2005, a esta altura da época com fortes hipóteses de vencer Liga e Taça UEFA. Com uma semelhança extraordinária em relação ao que pode acontecer este ano: jogo do título (na altura deslocação à Luz; agora ida do Benfica ao Dragão) na penúltima jornada do campeonato, imediatamente antes da final europeia. Se o Benfica chegar já campeão, ao jogo com o FC Porto, ou pelo menos a poder perder e mesmo assim continuar na frente.
Jesus tem, este ano, conseguido balançar a participação em todas as provas sem grandes sobressaltos. Em 47 jogos, apenas duas derrotas - no sintético de Moscovo e em casa com um Barcelona na sua fase mais super. Brilhante, por isso. Mas não está tão longe assim do pesadelo. Porque nem tudo o que reluz, ou que brilha, é ouro..."
Hugo Vasconcelos, in A Bola
PS: Estas comparações são sempre fáceis de manipular: comparar o mérito de vencer um Campeonato pelo Benfica, com os Corruptos, é sempre uma canalhice!!! O AVB foi Campeão em 2011, com o Benfica a perder 9 pontos nas primeiras 4 jornadas, após os 'serviços' de Cosme Machado, Proença, e Benquerença!!! Fizeram toda a época em gestão, e quando o Benfica 'ameaçou' recuperar - estivemos a 8 pontos!!! -, lá mandaram o Xistra para Braga, e o Benfica, no início de Março, desistiu, positivamente, do Campeonato. Permitindo aos Corruptos, atacarem a fase decisiva da Liga Europa, sem outras preocupações... enquanto na Taça de Portugal, outra Xistralhada na Luz, resolveu a questão!!!
Mesmo com o Peseiro, a comparação é canalha: o Sporting nunca teve 4 pontos de vantagem no Campeonato, o Benfica só não foi Campeão mais cedo, porque o Proença em Penafiel não deixou... A final da Liga Europa não é na Luz, e os Lagartos já tinham sido eliminados na Taça...