quarta-feira, 10 de abril de 2013

Os amigos

"Num tempo de tantas dificuldades, nada melhor do que ter um bom amigo. Com a generosidade do momento preciso e os euros da quantidade certa. Sem sequer exigir recibo de quitação pela dádiva da sua amizade. Que, claro está, é cristalina e desinteressada.
Amigo sempre é amigo e não um qualquer bicho careta que nos aparece pela frente, ou um fulano que espreita a primeira oportunidade para nos lesar, ou um beltrano que não passa do amigo do inimigo.
Claro que há amigos e amigos. Os que subsistem para além da erosão do tempo. E os que chamaria de amigos técnicos que surgem e se esfumam nas circunstâncias certas, em função de interesses próprios (ou alheios) envoltos no nevoeiro da mais diáfana amizade.
Há amigos para todos os feitios e condições: os amigos do peito, os amigos da onça ou de Peniche, não esquecendo o sempre entusiasta amigo dos diabos e, claro está, evitando-se o contacto com um qualquer amigo do alheio, espécie que se desenvolve a um ritmo, por sinal, muito pouco amigo. Há ainda quem não sendo amigo, se faça de amigo com cantigas de amigo.
Aplicar a propriedade transitiva da lógica aos amigos já foi mais ajustada do que hoje. Agora, dizer que amigo do meu amigo meu amigo é só com prova real, ou no mínimo prova dos nove.
Há ainda os amigos secretos ou invisíveis que, segundo a tradição nórdica, são vistos por ocasião das festas do Natal. Espera-se o nascer do Sol para trocar prendas e compensa-se quem não tem dinheiro para as comprar. Amigos de olho ou... de olhão! Jorrando luz, evidentemente.
Mas como amigo não empata amigo, logo a seguir se dirá: amigos, amigos, negócios à parte."

Bagão Félix, in A Bola

Golpe de mestre

"Toda a gente está centrada na questão do título. O Benfica vai conseguir manter o avanço e ser campeão? Ou, pelo contrário, vai morrer na praia? Mas há uma questão muito mais importante do que esta para Benfica e FC Porto. Chama-se Jorge Jesus.
Pinto da Costa vai entrar no seu último mandato à frente do FC Porto. E pode vir a sair dele pela porta principal ou já pela porta baixa, isto é, na condição de perdedor. Tudo depende de como correrem os próximos 3 anos. Se Jorge Jesus se mantiver no Benfica, o Porto arrisca-se a perder a hegemonia no futebol português, relegando o velho presidente para uma posição secundária. Mas, se Pinto da Costa roubar Jesus ao Benfica, mata de uma cajadada dois coelhos: mantém a esperança de continuar a dominar e ganhar títulos - e tira ao Benfica o seu grande trunfo.
Se Jorge Jesus se mudar da Luz para o Dragão, o FC Porto poderá ganhar o que perdeu com Vítor Pereira: alegria de jogar, agressividade ofensiva, valorização dos jogadores, capacidade de produzir espectáculo. E o Benfica, inversamente, corre o sério risco de voltar à estaca zero.
Enquanto Benfica e Porto discutem nos relvados o título nacional, Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira dirimem nos bastidores uma cartada tão ou mais importante: o futuro treinador. E embora seja verdade que, nestas disputas, Pinto da Costa tem quase sempre levado a melhor, não é menos verdade que as suas últimas contratações foram uma lástima: Izmailov e Liedson. Contratando Jesus, Pinto da Costa tem oportunidade de se redimir - e garantir uma saída em beleza do trono portista. Seria um golpe de mestre."

Lixívia 25

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica.........67 (-6 ) = 73
Corruptos......63 (+4 ) = 59
Braga...........43 ( +1 ) = 42
Sporting.........33 (+10 ) = 23


O Benfica não permitiu que Hugo Miguel tivesse a oportunidade de condicionar o resultado do jogo, mas desenganasse quem pensar que o 'homem' está curado!!! Só prova que o Benfica tem que ser muito melhor que os adversários para vencer jogos em Portugal, porque ser ligeiramente melhor, muitas vezes não chega...
Admito que não marcava a falta sobre o André Almeida, porque a queda do André acabou por ser 'estranha', mas já vi coisas mais estranhas serem marcadas assinaladas... O penalty sobre o Salvio é evidente, ao contrário do jogo, do Sporting em Braga, na semana passada, onde aconteceu um lance parecido, desta vez o Vasco Fernandes corta a bola com um pé, mas com a outra perna, num 2.º movimento derruba o Salvio... Os fiscais-de-linha estiveram muito mal, logo no início do jogo tiraram mal um fora-de-jogo inconsequente ao Olhanense, mas depois foi sempre contra o Benfica... O da 2.ª parte sobre o Salvio é um absurdo!!!

Os Lagartos, tiveram mais um empurrãozinho... no lance do 2.º golo, na recuperação de bola, existe uma falta clara sobre o jogador do Moreirense, que é atropelado, não existe rasteira, mas o atropelamento ainda não é permitido!!! O penalty assinalado a favor do Sporting também é evidente.

O Proença esteve muito calmo, demasiado calmo... se o empate tivesse chegado aos 90 minutos, não sei que teria acontecido nos descontos!!! Errou ao não marcar um penalty, por Mão do Hugo Viana aos 2 minutos, só não marcou porque era impossível de o ter visto, devido ao ângulo de visão, mas pouco depois, perdoou o Vermelho directo ao Moutinho após uma agressão do Moutinho (nem amarelo!!!). Este lance é praticamente igual (mais grave na minha opinião) ao Amarelo, que deveria ter sido Vermelho, que o Rodrigo levou a semana passada, no jogo contra o Rio Ave. Jogada que foi repetida milhares de vezes em todos os programas televisivos. O pontapé do Moutinho foi completamente sonegado, por todos... Esta é a grande diferença...!!!

Anexos:
Benfica
1ª-Braga(c) E(2-2), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, (3-2), (-2 pontos)
2ª-Setúbal(f) V(0-5), Jorge Sousa, Nada a assinalar
3ª-Nacional(c) V(3-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
4ª-Académica(f) E(2-2), Xistra, Prejudicados, (0-3), (-2 pontos)
5ª-Paços de Ferreira(f) V(1-2), Marco Ferreira, Prejudicados, (1-5), Sem influência no resultado
6ª-Beira-Mar(c) V(2-1), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, (3-1), Sem influência no resultado
7ª-Gil Vicente(f) V(0-3), Vasco Santos, Nada a assinalar
8ª-Guimarães(c) V(3-0), João Ferreira, Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
9ª-Rio Ave(f) V(0-1), Bruno Esteves, Nada a assinalar
10ª-Olhanense(c) V(2-0), Rui Silva, Nada a assinalar
11ª-Sporting(f) V(1-3), Marco Ferreira, Nada a assinalar
12ª-Marítimo(c) V(4-1), Hugo Pacheco, Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
13ª-Estoril(f) V(1-3), Duarte Pacheco, Nada a assinalar
14ª-Corruptos(c) E(2-2), João Ferreira, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
15ª-Moreirense(f) V(0-2), Capela, Nada a assinalar
16ª-Braga(f) V(1-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
17ª-Setúbal(c) V(3-0), Vasco Santos, Beneficiados, Sem influência no resultado
18ª-Nacional(f) E(2-2), Proença, Prejudicados, (2-4), (-2 pontos)
19ª-Académica(c) V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, Sem influência no resultado
20ª-Paços de Ferreira(c) V(3-0), Capela, Nada a assinalar
21ª-Beira-Mar(f) V(0-1), Manuel Mota, Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
22ª-Gil Vicente(c) V(5-0), Duarte Gomes, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
23ª-Guimarães(f) V(4-0), Paulo Baptista, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
24ª-Rio Ave(c) V(6-1), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
25ª-Olhanense(f) V(0-2), Hugo Miguel, Prejudicados, Sem influência no resultado

Sporting
1ª-Guimarães(f) E(0-0), Capela, Nada a assinalar
2ª-Rio Ave(c) D(0-1), Marco Ferreira, Nada a assinalar
-Marítimo(f) E(1-1), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
4ª-Gil Vicente(c) V(2-1), Vasco Santos, Beneficiados, Prejudicados, (2-2), (+2 pontos)
5ª-Estoril(c) E(2-2), Nuno Almeida, Beneficiados, (2-3), (+1 ponto)
6ª-Corruptos(f) D(2-0), Jorge Sousa, Prejudicados, (1-0), Sem influência no resultado
7ª-Académica(c) E(0-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
8ª-Setúbal(f) D(2-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
9ª-Braga(c) V(1-0), Proença, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
10ª-Moreirense(f) E(2-2), Hugo Miguel, Nada a assinalar
11ª-Benfica(c) D(1-3), Marco Ferreira, Nada a assinalar
12ª-Nacional(f) E(1-1), Soares Dias, Nada a assinalar
13ª-Paços de Ferreira(c) D(0-1), Rui Silva, Nada a assinalar
14ª-Olhanense(f) V(0-2), Hugo Pacheco, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
15ª-Beira-Mar(c) V(1-0), Cosme, Nada a assinalar
16ª-Guimarães(c) E(1-1), Xistra, Beneficiados, (1-2), (+1 ponto)
17ª-Rio Ave(f), D(2-1), Capela, Beneficiados, Sem influência no resultado
18ª-Marítimo(c) D(0-1), Duarte Gomes, Nada a assinalar
19ª-Gil Vicente(f) V(2-3), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, (3-4), Sem influência no resultado
20ª-Estoril(f) D(3-1), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
21ª-Corruptos(c) E(0-0), Paulo Baptista, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
22ª-Académica(f) E(1-1), Hugo Pacheco, Nada a assinalar
23ª-Setubal(c) V(2-1), Marco Ferreira, Prejudicados, Sem influência no resultado
24ª-Braga(f) V(2-3), Jorge Sousa, Beneficiados, (3-3), (+2 pontos)
25ª-Moreirense(c) V(3-2), Soares Dias, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)

Corruptos
1ª-Gil Vicente(f) E(0-0), Duarte Gomes, Beneficiado, Prejudicados, (1-1), Sem influência no resultado
2ª-Guimarães(c) V(4-0), Hugo Miguel, Prejudicados, Sem influência no resultado
3ª-Olhanense(f) V(2-3), João Ferreira, Nada a assinalar
-Beira-Mar(c) V(4-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
5ª-Rio Ave(f) E(2-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
6ª-Sporting(c) V(2-0), Jorge Sousa, Beneficiados, (1-0), Sem influência no resultado
7ª-Estoril(f) V(1-2), Capela, Nada a assinalar
8ª-Marítimo(c) V(5-0), Cosme, Nada a assinalar
9ª-Académica(c) V(2-1), Hugo Pacheco, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
10ª-Braga(f), V(0-2), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
11ª-Moreirense(c) V(1-0), Vasco Santos, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
12ª-Setúbal(f) V(-3), Proença, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
13ª-Nacional(c) V(1-0), Rui Costa, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
14ª-Benfica(f) E(2-2), João Ferreira, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
15ª-Paços de Ferreira(c) V(2-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
16ª-Gil Vicente(c) V(5-0), Paulo Baptista, Beneficiados, Sem influência no resultado
17ª-Guimarães(f) V(0-4), Marco Ferreira, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
18ª-Olhanense(c) E(1-1), Cosme Machado, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
19ª-Beira-Mar(f) V(0-2), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
20ª-Rio Ave(c) V(2-1), Soares Dias, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
21ª-Sporting(f) E(0-0), Paulo Baptista, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
22ª-Estoril(c) V(2-0), Nuno Almeida, Beneficiados, Sem influência no resultado
23ª-Marítimo(f) E(1-1), João Capela, Beneficiados, Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
24ª-Académica(f), V(0-3), Bruno Esteves, Prejudicados, Impossível contabilizar
25ª-Braga(c), V(3-1), Proença, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado

Braga
1ª-Benfica(f) E(2-2), Soares Dias, Beneficiado, Prejudicados, (3-2), (+ 1 ponto)
2ª-Beira-Mar(c) V(3-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
3ª-Paços de Ferreira(f) D(2-0), Pedro Proença, Nada assinalar
4ª-Rio Ave(c), V(4-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
5ª-Guimarães(f), V(0-2), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
6ª-Olhanense(c), E(4-4), Jorge Tavares, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7ª-Marítimo(f), V(0-2), Benquerença, Nada a assinalar
8ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
9ª-Sporting(f) D(1-0), Proença, Prejudicados, (1-1), (-1 ponto)
10ª-Corrutpos(c) D(0-2), Xistra, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
11ª-Académica(f) V(1-4), Soares Dias, Nada a assinalar
12ª-Estoril,(c) V(3-0), Nuno Almeida, Beneficiados, (3-1),Sem influência no resultado
13ª-Moreirense(c) V(1-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
14ª-Nacional(f) D(3-2), Hugo Miguel, Nada a assinalar
15ª-Setúbal(c) V(4-1), Duarte Gomes, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
16ª-Benfica(c) D(1-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
17ª-Beira-Mar(f) E(3-3), Hugo Pacheco, Beneficiados, Prejudicados, (4-2), (+1 ponto)
18ª-Paços de Ferreira(c) D(2-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
19ª-Rio Ave(f) E(1-1), João Ferreira, Beneficiados, (1-0), (+1 ponto)
20ª-Guimarães(c) V(3-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
21ª-Olhanense(f) V(0-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
22ª-Marítimo(c) V(2-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
23ª-Gil Vicente(f), V(1-3), Xistra, Nada a assinalar
24ª-Sporting(c), D(2-3), Jorge Sousa, Prejudicados, (3-3), (-1 ponto)
25ª-Corruptos(f), D(3-2), Proença, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado

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Rabo de fora? O gato nem se esconde...

"DECISÃO do CJ - Boavista readmito no principal campeonato, não por sentença de inocência, sim por o processo ter prescrito... - foi fabuloso pretexto para o presidente da Liga e quem o elegeu voltarem à carga: alargamento da I Liga. Puro mel este pretexto, escrevi dias antes de a maioria de clubes nem pestanejar no aplauso ao finca pé de Mário Figueiredo em ideia decisiva na sua eleição. Há um ano, idêntica vontade da Liga esbarrou no veto da Federação. E agora?
Repete-se esta certeza: risco de o futebol português recuar para aí duas décadas (!) em matéria de confusões no final de época, leia-se alargamento e liguilhas... - ou para resolver berbicachos criados por um caracol denominado Justiça, ou porque se juntam conglomerado de interesses em fortíssima maré de angústias e de novas esperanças. Simples: 6 clubes esbracejam contra despromoção e 4 correm pelo 2.º lugar de promoção e 4 correm pelo 2.º lugar de promoção; dá logo 10 pró alargamento... E se o Boavista não chegar ao milagre de ter requisitos financeiros para se inscrever na I Liga (só nas dívidas ao fisco, fala-se em 20 milhões)? Isso é problema dele... - e felicidade de outro. Que jeitão! Com ou sem Boavista, 18 lá em cima. Não há rabo de fora...; porque o gato nem se esconde...
Salários em atraso? Fracos estádios? Bancadas quase vazias? Meros pormenores...

QUE noite de Champions! A 2.ª parte do Galatasaray, enorme susto do Real Madrid; e meninos queridos de Mourinho (Drogba, Sneijder, Ronaldo) esgrimindo classe nos seus golos. Em Dortmund, drama do surpreendente Málaga na loucura de 1-2 virar 3-2 para lá do minuto 90. Agora, com os dois melhores de Espanha e os melhores dois da Alemanha, fantásticas meias-finais!"

Santos Neves, in A Bola

Jesus, um e outro

"Meu caro Jorge Jesus:
Você pode ter mudado com o Benfica, mas o Benfica mudou muito mais consigo. A cada semana que passa a equipa é melhor, mais consistente, mais acutilante - e você deixou de ser o lunático em ebulição a olhar para ela obcecado pelo seu umbigo (Houve tempos em que o fez - e se perdeu). Por isso sempre tive este feeling: que só se a terra passasse a rodar ao contrário é que você deixaria de ser campeão (e até acreditei que ganhasse a Liga Europa também...) - e não por capricho do destino mas por mérito seu mais do que qualquer outro. Sabe porquê? Porque, este ano, raro foi o dia em que você não foi o que o Galeano diz que um treinador deve ser: ter a genialidade de Einstein, a subtileza de Freud, a perseverança de Gandhi e a capacidade milagreira de Jesus. (É verdade: ele, o Galeano, ao falar da capacidade milagreira não falou de nenhum Jesus, falou da Virgem de Lourdes, mas, para o caso, fica melhor o Jesus.)
Mas queria dizer-lhe mais: com essa nova faixa de campeão ao peito, você não é só o maior treinador do Benfica no século XXI, é um dos maiores da sua história. Sim, há quem tenha ganho muito mais, mas não houve ninguém que ganhasse o que você ganhou (e pode ganhar...) apanhando um Benfica, trôpego, a cair no inferno - e um FC Porto a olhá-lo, garboso, refastelado no paraíso.
Ah! Lembrei-me de outra coisa, de ideia de poeta que nunca morre, o Drummond. Ele dizia que no futebol (e na vida) o mérito da derrota consiste em isentar o derrotado de qualquer responsabilidade na vitória - e o que você fez foi dar a Vítor Pereira esse mérito de o isentar de qualquer responsabilidade na derrota. (Sim, não tenho dúvidas: este Vítor Pereira não foi pior que Vítor Pereira campeão, bem pelo contrário, viu-se, ontem, de novo, contra o SC Braga, você é que foi melhor do que se imaginara...)
PS: Como se percebe, esta crónica tem um truque literário: tratado que ainda não sucedeu. Mas se não suceder eu continuarei a achar de Jorge Jesus (e de Vítor Pereira) tudo isso na mesma..."

António Simões, in A Bola

Jesus, o mestre da gestão

"É elementar o elogio público ao Benfica de Jesus, que, nos momentos fundamentais da nossa Liga, tem sabido estar à altura dos acontecimentos: a sua equipa é organizada e disciplinada, com bom sentido estratégico e posicional, com talento colectivo e com jogadores que, nos últimos metros, são capazes de decidir as vitórias. Mérito do seu treinador e dos seus jogadores e ainda dos seus dirigentes que, numa época em que é proibido falhar o que quer que seja, têm dado uma boa resposta. É um facto que o Benfica pode ganhar as três competições em que ainda está envolvido – para já foi afastado da Taça da Liga e da Liga dos Campeões –, o que será óptimo  mas não deixa de ser também verdade que ainda nada ganhou e nada pode ganhar, o que será difícil.
Compreende-se, pois, a atitude prudente de Jesus, hoje em dia e cada vez mais o porta-voz do clube – papel que desempenha com evidentes dificuldades –, que nesta fase da época tem colocado as suas preocupações só no jogo seguinte, o que não deixa de ser uma boa solução, embora por vezes não saiba cuidar da sua narrativa e se deixe levar pelas emoções que, afinal, são tão próprias de uma personalidade, como é o caso da sua, que precisa de estar constantemente no centro do mundo. Mas desta vez com razão, reconheça-se, porque Jesus voltou a ser o que foi no seu primeiro ano no Benfica: um treinador que sabe muito de futebol e que treina como há poucos.
O Benfica corre assim imparável para o título e o que mais tem surpreendido nos seus últimos jogos é a atitude manifestada pela equipa que com a máxima disponibilidade e coragem, com uma gestão inteligente – Jesus aprendeu depressa e muito bem com os erros da última época – força o ritmo e renova a intensidade até chegar à vitória final, como se verificou, por exemplo, na última jornada em Olhão. Essa situação só vem confirmar, no fundo, esta ideia: todos querem garantir o campeonato o mais depressa possível, e todos fazem “das tripas coração” para chegarem ao Dragão com vantagem suficiente para não precisarem desse jogo para nada.
Com tudo a rolar sobre esferas, o que só prova que Jesus há um mês não tinha razão quando não privilegiou a Liga Europa – erro grave embora de pronto corrigido –, verifica-se agora que este Benfica dispõe de todas as condições, mesmo todas, para igualar a época de André Villas-Boas no FC Porto – ganhou tudo o que havia para ganhar e só falhou a Taça da Liga enquanto Benfica só não pode ganhar a Taça da Liga e a Supertaça nacional. Este facto conduz-nos a uma pergunta: o que é que mudou em apenas dois anos para esta cambalhota?!"

Estranha pequenez

"O Braga vai perigosamente escorregando para uma pequenez de que já tinha conseguido sair em tempos bem mais memoráveis e foi essa triste realidade que manifestou no Dragão, onde o FC Porto ganhou, porque só podia, mesmo, ganhar. Os portistas dominaram em tanto espaço e por tanto tempo que, mesmo admitindo uma exibição que chegou a ser preocupante, nunca pareceu distante de uma vitória que sempre mereceu, garantindo, assim, a expectativa de um campeonato que poderá ser jogado até à última gota.
Não admira que Benfica e FC Porto continuem invictos na ponta final do campeonato. Até mesmo adversários como o Braga, que já nos tinha habituado à personalidade e ao carácter de uma equipa competitivamente adulta e competente, se tornaram demasiado frágeis e vulneráveis. É pena. Depois de ter prometido aproximar-se dos grandes, chegando até a uma final europeia, onde lutou de igual para igual pelo jogo e pelo resultado com o FC Porto, o Braga aparece agora tolhido de ambição, de capacidade, de convicção, com uma equipazinha medrosa e insegura com um futebol encolhido e inútil.
Provavelmente, em qualquer circunstância, o FC Porto teria sido sempre mais forte e teria ganho o jogo, mas, ao menos, tivesse sido o Braga uma equipa menos inócua e não se teria perdido o espectáculo. Pode entender-se o que se viu, ontem, numa pequena equipa a lutar estoicamente com o FC Porto para não descer de divisão, mas é inaceitável ver aquela recusa tão óbvia de jogar o jogo pelo jogo numa equipa, como o Braga, com aspirações a uma qualificação de acesso à Champions."

Vítor Serpa, in A Bola

Toca a apertar o cinto

"1. Pela primeira vez na história do futebol italiano e, segundo creio, europeu, a Liga da Série B aprovou duas medidas revolucinonárias: a introdução de um tecto salarial máximo de 300 mil euros para os novos contractos a partir da época 2013/2014 e a redução dos plantéis. Ou seja, os clubes só poderão pagar, no máximo, a cada jogador 300 mil euros ilíquidos (divididos igualmente entre a parte fixa e variável). Se alguém prevaricar será objecto de sanções pecuniárias. Convém dizer que este salary cap (tão comum nos EUA) foi votado por unanimidade. Os dados disponíveis permitem concluir que, em média, os clubes economizarão cerca de 25 por cento. Outra decisão igualmente importante diz respeito à composição dos plantéis a partir da próxima temporada: máximo de 22 jogadores (18 com mais de 23 anos, 2 sub-23 e 2 com quatro anos de formação no clube) que descerão para 20 em 2014/2015 (18+0+2). Em carteira ficou ainda uma nova alteração para ser implementada a breve prazo: as actuais 22 equipas serão reduzidas para 20 e de seguida para 18.

2. Mas há mais, desta vez a nova Direcção do Comité Olímpico, presidida por Giovanni Malagó, deliberou acabar com os favores e os privilégios reservados aos deputados, senadores, ex-secretários de Estado e ex-ministros além de autoridades locais e regionais que todos os fins-de-semana enchiam à borla as tribunais de honra dos estádios de todo o país. A partir de 31 de Maio cessam os cartões gratuitos para a casta política.

3. Ao contrário de Vítor Gaspar que fustiga os detentores de salários ricos para debelar a crise, e quem diz salários ricos diz jogadores de futebol, François Hollande castiga com 75 por cento de IRC as empresas e clubes que pagam mais de 1 milhão de euros a qualquer colaborador. Em França o futebol está em pé de guerra. O presidente do PSG, Al Khelaifi, limita-se a dizer: «Respeitaremos as leis». Para evitar problemas, os jogadores são todos pagos pelo líquido. Conclusão: Ibrahimovic vai custar 70 milhões/ano, dos quais 56 para o Estado, e Thiago Silva e Lavezzi à volta de 45."

Manuel Martins de Sá, in A Bola

O voo da águia entre Einstein e Darwin

"No futebol como na vida tudo é relativo, e a Lei do mais forte impera.
Diz-se que na prática, a consequência mais importante da Teoria da Relatividade, formulada por Einstein, trouxe uma proporcionalidade directa entre massa e energia, isto é, quando uma cresce a outra também cresce, e quando uma diminui a outra diminui proporcionalmente.
E no futebol a proporção de massa e energia pode ser considerada equivalente. Pois, se um clube tem muita “massa” constrói uma grande equipa sempre com energia presente para vencer. Já um clube com pouca “massa”, ou nenhuma, precisa de encontrar uma fonte energética alternativa para não definhar, ou um amigo incógnito para ajudar.
Tudo é relativo, e no caso da deslocação do Benfica a Olhão, onde os encarnados não venciam há três épocas, os desaires no Algarve não significavam propriamente a derrota. E como se veio a provar, este jogo acabaria por ser o mais fácil do Benfica na condição de visitante, mesmo alinhando com alguns jogadores que não estavam a cem por cento. E apesar disso, o Benfica passou, no estádio José Arcanjo, uma noite de turismo e de convívio com os seus adeptos algarvios.
Enzo, Matic e Sálvio são “ricos” jogadores que não poupam na energia, e parecem mesmo ter um reservatório infinito para esta recta final, mesmo num campo difícil. Refiro-me ao piso do terreno porque o adversário nunca incomodou. Os jogadores atrás referidos jogaram bem e todos teriam marcado golos se Enzo não desperdiçasse uma excelente oportunidade.
Em termos atacantes só o Benfica jogou. O Olhanense só defendeu, mas nem sempre bem. Na primeira parte, as águias, como predadoras que são, comeram a bola, saborearam o jogo a seu belo prazer, mas na hora de colocarem a reserva alimentar nas balizas desviaram o bico e desperdiçaram seis ocasiões para “encaixar” a bola no armazém do golo.
Claro que o Olhanense, qual Gaivota-de-bico-fino defendia-se como podia das contínuas investidas da Águia – Real, a qual deseja manter o seu ninho bem lá no alto da classificação. Os algarvios recuavam em bando na esperança de aproveitarem algum peixe que se escapasse pelo buraco das redes.
Na segunda parte, Sálvio numa das suas deambulações para o corredor central, recebeu a bola e ao avançar assustou três defesas e depenicou o primeiro golo. Também Matic, outro elemento que não estava a cem por cento, rematou e a bola em voo rasante acabou por entrou na baliza de Bracali. Bem, se este duo de marcadores não está em pleno fisicamente e realiza duas excelentes exibições, pergunta-se como estarão quando estiverem totalmente em condições.
O voo da Águia parece estar imparável e na sua altiva rota tem três possíveis e agradáveis destinos. Neste momento, o Benfica sobrevoa serenamente o campeonato nacional. Esta semana, as águias vão emigrar provisoriamente para Newcastle, onde procuram ganhar mais “ar quente” para continuar a voar na Europa. E é ponto assente que depois daquele passeio na Mata-Real terminará a época no Estádio Nacional!"