sexta-feira, 5 de abril de 2013

Perto do sonho depois do pesadelo

"Os próximos três adversários do Benfica no campeonato são os três clubes que tiraram pontos, nesta volta, ao nosso rival.
Foi com Olhanense, Sporting e Marítimo que o FC Porto escorregou e nos deu esta pequena vantagem de quatro pontos.
Temos que ser melhores e mostrar que sabemos fazer a diferença para ser campeões. Contra o Rio Ave foi assim. Não demos hipóteses a que nada corresse mal.
Nos próximos três jogos decidimos a nossa sorte. Olhanense num campo impraticável, e moralizado pela vitória de Aveiro e o dinheiro caído de um amigo, será a próxima batalha.
Não costumamos ser felizes em Olhão, nem nos jogos, nem nas exibições, nem nas arbitragens (lembro Soares Dias e João Capela). O mesmo Benfica que jogou contra o Rio Ave saberá ficar a salvo de intempéries e manter a rota e o rumo do 33.º campeonato.
Facto que parece indesmentível é que os jogadores do Sporting rendem menos. Veja-se Van Wolswinkel: desde que é jogador do Norwich já marca hat-tricks.
A eliminatória com o Newcastle é bem diferente da disputada com o Bordéus. Estes ingleses são bem mais débeis fora de casa que em St. James Park.
O Benfica está longe de ter a eliminatória resolvida. Mas depois do pesadelo, acabámos perto do sonho das meias finais.
No frio do norte de Inglaterra teremos que manter a humildade e a concentração competitiva. O Newcastle tem muitas e boas soluções ofensivas, teremos aproveitar alguma fragilidade de uma defesa aquém do resto da equipa.
Lazio e Tottenham terão de suar para chegar às meias-finais. Chelsea e Benfica deverão respeitar os rivais para evitar surpresas."

Sílvio Cervan, in A Bola

Gente feliz com golos

"Benfica "superstar" depois de início titubeante.
Mais um teste, mais um triunfo. Despachados os alemães, foi agora a vez dos ingleses do Newcastle provarem da receita, tão precisados estavam depois das fanfarronices do seu técnico, para quem a deslocação a Portugal era mera formalidade. Já deviam era saber ao que vinham, após a goleada que lhes foi imposta em Alvalade, aqui há uns anos, mas, pelos vistos, nunca mais aprendem.
É verdade que este Newcastle até surgiu confiante e poderoso. De tal maneira que soube intimidar e interferir no ânimo do seu opositor, um Benfica que talvez não estivesse à espera de tamanho atrevimento. As movimentações de Cissé, na frente de ataque, cedo causaram pânico, tanto quanto as assistências e demais apoio de Sissoko e Marveaux, sempre numa roda-viva de excelente e veloz circulação de bola.
Daí que não tenha surpreendido o golo dos visitantes (12'), após combinação entre Sissoko e Cissé, que deixou completamente derrotada toda a retaguarda encarnada. Poucos minutos depois, já com "epicentro" no flanco esquerdo, foi a vez de Gutierrez solicitar o senegalês para o 0-2, mas o poste devolveu a bola, após desvio providencial de Artur. O momento era, pois, do Newcastle e o Benfica acusava retracção em demasia. Mas, num repente, tudo se modificou.
Cardozo teve oportunidade de aplicar o seu valioso pé esquerdo e Krul apenas pôde repelir para a frente, surgindo então Rodrigo para a recarga vitoriosa. Era o empate e o início de um novo ciclo no jogo. Os ingleses acusaram o toque, mas, mais do que isso, foi o Benfica a acreditar no milagre da reviravolta, encostando o adversário às cordas, que é como quem diz à baliza do atento Krul, verdadeiro responsável pela escassa capacidade concretizadora dos donos da casa neste primeiro período.
Tentou o Newcastle reeditar, após o descanso, o arranque protagonizado no jogo e Cissé, sempre ele, bem servido por Marveux, explorou a má colocação das linhas recuadas do Benfica e apresentou-se isolado para um caprichoso segundo remate ao poste. Ter-se-ia aí iniciado, provavelmente, novo capítulo na história da partida, mas se a sorte que o evitou esteve do lado do Benfica, há que reconhecer que a ela se juntou também a sageza de Jorge Jesus.
De uma assentada fez duas substituições que tiveram o condão de transmitir mais dinâmica ao jogo da equipa. Saíram André Gomes e Rodrigo, duas boas exibições sem dúvida, mas o Benfica não ficou a perder, já que entraram Enzo Perez e Lima, qualquer deles a garantir maior agressividade nas respectivas zonas de intervenção e com a particularidade de estarem mais frescos para a refrega que os aguardava.
A comprová-lo, o golo de Lima, logo após a sua entrada em campo, aproveitando um erro crasso de Santon. Logo a seguir, o 3-1, numa grande penalidade cobrada a dobrar (a primeira não valeu) por Cardozo. Dois brindes da defesa inglesa, é certo, mas que não retira mérito à maior insistência ofensiva do Benfica, que, naquela fase do jogo, podia muito bem ter causado ainda maiores estragos.
Para a parte final, Jesus completou o seu número de prestidigitação nas substituições, tirando o extenuado Cardozo para apostar numa unidade mais defensiva, Maxi, assim procurando garantir a coesão em terrenos mais recuados e, com isso, a manutenção do resultado. Já Alan Pardew tentou mais o ataque, com o recurso ao fogoso Ameobi, em detrimento do mais cerebral Marveux, mas não ganhou grande coisa com isso.
Em resumo, o Benfica teve sorte do jogo, com as tais duas bolas no poste, mas acabou por ganhar bem, pela forma como soube virar o rumo dos acontecimentos e pela clara superioridade com que, a partir daí, se impôs ao seu antagonista. Já não falando de um outro "penalty" que terá ficado por marcar por falta sobre Cardozo, ainda na primeira metade..."

Bruno de Carvalho, 35 - Pinto da Costa, 30,5

"Desde os 6 anos que Bruno de Carvalho pensa como presidente do Sporting. Pinto da Costa só em Agosto completará 31 anos como líder; Carvalho leva quatro de anos e meio de avanço...

O novo presidente do Sporting inaugurou-se em funções em Rio Maior num jogo da II Liga entre as equipas B do Sporting e do Benfica que terminou com a vitoria do histórico rival por 3-1, o que sempre doí.
Para se poder atirar ao árbitro à vontade sem correr riscos de sanções disciplinares pela parte da Liga, como as que no ano passado recaíram sobre um ex-vice-presidente do Benfica, Rui Gomes da Silva, o estreante Bruno de Carvalho recorreu a uma inovadora metáfora de cariz ornitológico, por sinal bem divertida, que causou furor e jamais lhe causará incómodos.
Recorde-se que no princípio da temporada, Rui Gomes da Silva foi castigado, suspenso e multado com violência por ter dito no final do jogo Académica-Benfica, arbitrado por Carlos Xistra, que o Benfica já tinha sido «avisado» do que iria acontecer. O resultado foi um empate a 2-2 e os dois golos da Briosa nasceram de duas curiosas grandes penalidades que resultaram de decisões inabaláveis do árbitro albicastrense.
Os árbitros são humanos, enganam-se.
E temos uma vez mais, um campeonato a penalties.
Queixa-se, por exemplo, o FC Porto das duas grandes penalidades desperdiçadas a seu favor por Jackson Martínez e que, só por si, justificam os correntes 4 pontos de atraso que os campeões nacionais levam do Benfica.
Lamenta-se por sua vez o Benfica da actuação de Xistra em Coimbra que, só por si, lhe terá substraído 2 pontos que somados aos correntes 4 já somavam 6, o que era logo outra coisa.
Concluindo: neste campeonato, o Carlos Xistra é o nosso Jackson Martínez. E nem é caso para se dizer que cada um tem o que merece, longe disso.
Há, no entanto, quem ande a pensar nestas coisas dos árbitros há muitos mais anos do que os que Gomes da Silva levava como dirigente do Benfica quando definiu «um roubo de Vaticano» os dois penalties que o nosso Jackson Martínez particular vislumbrou em Coimbra.
E vem como exemplo Bruno de Carvalho que andou desde os 6 anos, idade em que decidiu querer ser presidente do Sporting, a pensar no que chamar ao primeiro árbitro lampião que lhe aparecesse pela frente. Tendo o presidente do Sporting, actualmente 41 anos de idade, basta fazer as contas para se concluir que andou 35 anos a pensar seriamente no assunto.
E se pensarmos que Pinto da Costa só no próximo mês de Agosto completará uns modestos 31 anos na condução do FC Porto, chegamos facilmente à conclusão de que Bruno de Carvalho, a pensar nestas coisas todas como presidente, leva uns quatro anos e meio de avanço sobre o vetusto presidente dragão.
Muito à frente, portanto.
Viu-se em Rio Maior isto tudo. No fim do derby-B, de zangado que ficou, o presidente do Sporting referiu-se à necessidade de exterminar «um bando de pássaros» e ainda outro bando de 'inúteis» que andam por aí à solta a estragar o futebol português.
Se são pássaros não são humanos e os árbitros são humanos como não se cansam de nos dizer. E se são inúteis é porque não são úteis a ninguém. E se não são úteis a ninguém é porque, sendo pássaros, acresce que nem ninhos sabem fazer.
Inimputável! Chapéu!
A metáfora dos pássaros é o primeiro marco da longa caminhada do presidente eleito do Sporting cumprido o seu sonho de criança. Num futuro mais ou menos longínquo, os que lá chegarem lerão como a História se haverá de referir a este episódio inaugural de Bruno de Carvalho em Rio Maior sabendo-se, por certo, que a dita História é sempre escrita pelos vencedores.
Daí a importância de ganhar Campeonatos, Taças de Portugal, Taças da Liga e até jogos particulares e torneios de verão. De outra maneira, serão os outros, os vencedores, a escrever a nossa História e, quando isso acontece, não é de esperar piedade nem, muito menos, comiseração.
Tudo isto vem a propósito de um livro que estou a ler. Trata-se de Um Diário Russo, escrito pelo escritor estado-unidense John Steinbeck depois de visitar a União Soviética em 1947 no dramático rescaldo da II Guerra Mundial. Há em Lisboa no fundo da Rua de São Bento uma adorável livraria chamada Palavra Viajante, especialista em livros de viagem com uma vasta e muito bem escolhida oferta de títulos, facto deliciosamente surpreendente numa pequena livraria de bairro.
Foi aí que comprei o livro de Steinbeck ilustrado com fotografias do grande Robert Capa, o fotógrafo de origem húngara que se imortalizou com a sua reportagem sobre a guerra civil em Espanha e que haveria de morrer no palco da guerra da Indochina em 1954.
Os detractores de Bruno de Carvalho poderão dizer que pássaros e ratada não rimam e que foi disparatada a estreia do novo presidente do Sporting no ataque à arbitragem que temos por casa. Mas lendo Steinbeck lembrei-me de Bruno de Carvalho e forçosamente dou razão ao presidente do Sporting. Pássaros e futebol, afinal, podem rimar desde que haja génio para tal.
No seu périplo pela URSS, John Steinbeck visitou Tblissi, a capital da República da Geórgia. Levaram-no logo à bola:
«Da parte da tarde fomos ver um jogo de futebol entre as equipas de Tiblissi e de Kiev. Jogaram bem, depressa e empenhadamente num estádio enorme. Pelo menos 40 mil pessoas estavam a assistir, a multidão foi vibrante porque estes jogos entre equipas de Repúblicas diferentes são sempre emotivos. O jogo terminou empatado 2-2 e assim que acabou foram lançados dois pombos. Antigamente, na Geórgia, em competições de todos os tipos e mesmo em combates, era lançado um pombo branco em sinal de vitória ou um pombo preto em sinal de derrota. E eram esses pombos que levavam a notícia dos resultados para outras cidades sob o céu da Geórgia. Hoje, como o resultado foi um empate, foram lançados dois pombos, um branco e um preto, que voaram por cima do estádio e logo desapareceram.»
Bonito, não é? Futebol e pombos, uma perfeição.
E vendo Bruno de Carvalho aos saltos no final do jogo de Braga lembrei-me outra vez de Steinbeck e do relato da sua viagem à URSS. É que não se cansou o presidente do Sporting de lançar pombos brancos do relvado da Pedreira. Foi um pombal inteiro. Temos personagem. Bem-vindo.

O Benfica manda na arbitragem? Sim! Bastou ver Pedro Proença, o maior benfiquistas de todos os tempos, tão perfilado na plateia da gala da AF Porto para desfazer qualquer tipo de dúvidas sobre o assunto. Proença foi lá meter-lhes medo.
Na mesma ocasião, o presidente do FC Porto foi distinguido com o galardão para o «dirigente do século». Parece-me francamente exagero porque, de uma maneira geral, um século tem 100 anos.
Só se justificaria semelhante distinção se, tal como Bruno Carvalho, Pinto da Costa tivesse começado a pensar como presidente do FC Porto aos 6 anos. Aí sim, já se aproximava do século. Mas, mesmo assim, que exagero.

PABLO MIGLION, guarda-redes do San Lorenzo de Almagro, foi preso à saída de um jogo do campeonato argentino por suspeitas de encobrimento de um crime. O San Lorenzo de Almagro até é o clube confessado do Papa Francisco I mas, neste caso, nem o Papa lhe valeu. Na Argentina é assim. Para e bola não é a mesma coisa do que árbitros e pássaros.

NA próxima jornada, o Moreirense do treinador Inácio vai ao Sporting do director Inácio. É uma situação cómica e nada mais. Faz lembrar aquela velha rábula da grande Ivone Silva, «Olívia Patroa contra Olívia Costureira». Os mais velhos lembram-se.

QUE bem jogou o Benfica com o Rio Ave. Agora segue-se o valoroso Olhanese acossado por uma tormenta financeira que impede os seus jogadores e treinadores de receberem os devidos salários mas não os impede de lutar e de ganhar como aconteceu na última jornada em Aveiro. No meio há o jogo com o Newcastle é a equipa mais francesa da Premier League. Conta com 10 jogadores franceses. Para facilitar a comunicação, o Platini mandou para a Luz um árbitro todo ele também francês. Ai a passarada...
Mas que importa?
Este ano a Liga Europa está para o Benfica como a Taça da Liga está para o FC Porto. Só mesmo se tiver de ser...

P.S. - Também temos Belenenses para o ano. Bem-vindo."

Leonor Pinhão, in A Bola

Normalidade

"Sabemos que o nosso conceito de ‘normalidade’ mudou no momento em que o Benfica vence por 6-1 o Rio Ave, clube da primeira metade da tabela classificativa, e consideramos que é um resultado normal.
Foi com normalidade que ouvi consócios benfiquistas, no terceiro anel, dizer que esperavam na segunda parte do jogo outros tantos golos quantos os marcados na primeira parte (e assim aconteceu). Foi com normalidade que estava o resultado na meia-dúzia e as bancadas pediam “só mais um”. É com a mesma normalidade que nos apercebemos a meio do jogo de que acabáramos de ultrapassar a barreira dos cem golos marcados, nesta época, em competições oficiais. Dentro da mesma toada, aceitamos como normal termos em Lima o futebolista com mais golos marcados na época de estreia desde os tempos de Eusébio. Aceitamos como normal que neste jogo na Luz tenham estado mais espectadores do que no somatório de todos os outros jogos desta jornada. Chegar a esta normalidade foi e é um trabalho hercúleo.
No meio de toda esta normalidade, foi muito interessante observar a prudência com que todos nós, adeptos e profissionais, encaramos mais esta vitória que nos deixa mais perto de sermos campeões. A mesma prudência que nos leva a não entrar em euforias e a perceber que ao Benfica nada é oferecido e tudo é conquistado pelo trabalho árduo. Afinal, é com normalidade que percebemos que o arreganho da Académica se esgotou no jogo contra o Benfica e se transformou em docilidade no jogo contra o FCP. É com normalidade que nos preparamos para as xistremas, olegarices, proençadas ou o soaresdiasismos do costume. Estamos perto das meias-finais da Liga Europa, estamos perto da final da Taça de Portugal e estamos perto da vitória no Campeonato. É com normalidade que sabemos que estar perto não basta… é preciso ganhar, como sempre, contra tudo e contra todos."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

O dinheiro do «amigo»

"Os jogadores do Olhanense foram os heróis da semana. Revoltaram-se contra quatro meses de salários em atraso e, ao mesmo tempo que activaram um pré-aviso de greve, a concretizar no jogo com o Benfica, foram a Aveiro, fizeram das fraquezas forças, e arrancaram, provavelmente, os mais saborosos três pontos das suas carreiras. Deram uma lição de dignidade profissional que deverá ficar registada a letras de ouro na história das relações laborais no contexto do futebol português e depois aguardaram pelo desenvolvimento da situação. O Olhanense deveria pagar pelo menos um dos quatro meses em atraso para que a greve não se tornasse efectiva. E assim aconteceu. Os profissionais do emblema de Olhão venceram a luta.
Posto isto, tirados do filme os jogadores rubro-negros, foquemo-nos na Direcção do Olhanense que, até agora, fez quase tudo bem, ou seja, encontrou, de forma expedita, meios para resolver a parte mais escaldante do problema que tinha nas mãos. Porém, ao não divulgar quem avançou com a avultadíssima verba que lhe permitiu pagar aos futebolistas, colocou-se numa posição insustentável face à opinião pública e não só. A transparência exige que se saiba os contornos do empréstimo até agora imputado a «um amigo». O anonimato, neste caso (e sem entrar em implicações legais de outra ordem...) não pode vingar, sob pena de grassar uma especulação intolerável, devastadora. Para defesa do Olhanense, nomeadamente do seu presidente que tem dado a cara neste processo, o dinheiro não pode ter caído do céu, até porque nestes tempos difíceis, de lá só jorra água. E como não caiu do céu e porque certamente se trata de uma operação feita com base na boa-fé, não há nenhuma razão para que permaneça secreta. Ou então..."

José Manuel Delgado, in A Bola

O amigo do presidente

"O presidente do Olhanense tem um amigo que todos nós gostaríamos de ter. O homem não é de Olhão - a acreditar nas palavras de quem sabe do que está a falar - mas deixou-se sensibilizar pelo drama dos jogadores do Olhanense, que já iam em três meses de ordenados em atraso. Vai daí, esqueceu-se do tempo de crise em que vivem os portugueses e emprestou, do seu bolso ou do seu banco, 288 mil euros sem garantias, o que, na pior das hipóteses, pode querer dizer a fundo perdido.
Isidoro Sousa, o presidente do clube, ficou naturalmente sensibilizado com o gesto, tanto mais que nem sequer ficou assente que esse dinheiro serviria de primeira prestação do benemérito para uma entrada no capital da SAD. «Logo se verá, depois» - diz Isidoro, com uma serenidade surpreendente. O que interessa é que o dinheiro apareceu, os cheques foram passados e os jogadores levantaram a greve anunciada.
Não me parece que a coisa seja, de facto, assim tão simples. Tanto pode ter sido apenas um gesto de generosa loucura de alguém sem amor ao dinheiro, como pode ter sido um gesto com fins inconfessáveis, admitindo eu que, num e noutro casos, poderá haver justificação para o anonimato.
Pode o presidente do Olhanense considerar que ninguém tem a ver com o assunto e que essa questão de saber quem emprestou o dinheiro e porquê será, apenas, um pormenor. Não é verdade. Ninguém empresta 228 mil euros a um amigo para pagar ordenados de uma equipa de futebol sem ter interesses. Não quer dizer que sejam interesses obscuros, mas é importante que a Liga perceba os contornos desta pouco luminosa operação e que se travem, assim, as especulações que, inevitavelmente, foram surgindo."

Vítor Serpa, in A Bola

Elogio canhestro

Penso que na Premier League jogariam para os oito/dez primeiros lugares»
Alan Pardew, treinador do Newcastle, ontem, sobre o Benfica

Há muito sabemos que os britânicos continuam a achar que o sol nunca se põe no império, apesar deste ter acabado no século passado e de em Londres chover 164 dias por ano.
Essa coisa de se acharem o centro do universo leva-os a olhar com uma perspectiva distorcida para tudo o que seja medido no sistema métrico e onde se conduza pela direita.
Alan Pardew, treinador do Newcastle, decidiu ontem tentar fazer um elogio ao Benfica. Pensando que o Newcastle é 15.º da Premier League, lembrou-se de dizer que os portugueses jogariam pelos primeiros oito/dez lugares.
É impossível saber, claro. Mas o 8.º da classificação inglesa é neste momento o West Bromwich Albion, o nono o Swansea, o décimo o Fulham. Pardew olha para o Benfica e coloca-o abaixo de Man. United, Man City, Tottenham, Chelsea, Arsenal, Everton e Liverpool. Mas para mim o Benfica está muito mais próximo do nível do Everton, ou do Liverpool, ou até do Arsenal, que de WBA, Swansea ou Fulham. Nos últimos três anos e meio, aliás, o Benfica defrontou quatro clubes ingleses na UEFA: dois empates com o Man United, duas vitórias sobre o Everton, vitória e derrota com o Liverpool e duas derrotas no ano passado com o Chelsea, em circunstâncias muito especiais.
Parece-me óbvio que FC Porto e Benfica, em Inglaterra, lutariam pelos quatro primeiros lugares (acesso à Liga dos Campeões). Nem sempre conseguiram - o Liverpool também falha apuramento há três épocas seguidas.
Esta soberba britânica já se vira na Luz quando Souness achou que com bons jogadores em fim de carreira, como Saunders e Michel Thomas, e outros fracos (Pembridge, Gary Charles, Harkness) seria campeão sem problemas. Acho que Pardew também não está a ver bem o filme e arrisca-se esta noite a sair da Luz com um olho negro."

Hugo Vasconcelos, in A Bola

PS: Esta declarações, na minha opinião, não são significativas, servem somente para os jornais venderem papel, se os jogadores do Benfica estiverem à espera destas supostas provocações, então estaríamos muito mal... só coloquei aqui esta crónica, para enquadrar o excelente cartoon do Henrique Monteiro:

Começou mal, mas acabou bem !!!


Benfica 3 - 1 Newcastle

As minhas dúvidas ficaram desfeitas logo no início: o Jesus manteve a rotação, mais pronunciada. E eu concordo. Por todas as razões e mais algumas, o jogo de Domingo em Olhão será muito complicado, e assim vamos ter vários jogadores frescos: Lima, Enzo, Maxi - Luisinho -, e também será muito importante a recuperação do Salvio, já que hoje, os dois alas - Nico, Ola -, fizeram os 90 minutos.



Começamos mal, com pouca intensidade, e a dar espaços... Como tem sido habitual, desde do sorteio, temos assistido a uma campanha de desvalorização do Newcastle, campanha premeditada, canalha, com a intenção óbvia de em caso de sucesso do Benfica, desvalorizar a vitória, e em caso de derrota, achincalhar o Benfica. O Jesus tem toda a razão ao elogiar os dois avançados do Newcastle: titulares de caras em qualquer equipa Portuguesa - incluindo o Benfica!!! -, e na maior parte das equipas, que neste momento estão ainda na Champions. O golo sofrido foi um déjà vu de uma jogada exactamente igual ao último jogo com o Rio Ave, onde a indecisão/incompetência do Ukra e a experiência do Luisão, acabou por resolver a situação. O Melga não pode 'dar' a linha de passe interior, tem que defender mais junto do Garay. O Garay é 'agressivo' na pressão, não fica na dobra - como o Luisão faz muitas vezes, por falta de 'pernas'!!! -, portanto o defesa esquerdo não pode dar as 'costas'. Situação que tem que ser resolvida nos treinos.
O Benfica acordou, tornou-se mais agressivo, e o André Gomes subiu no terreno. O André começou a jogar praticamente ao lado do Matic, e isso tirou profundidade ofensiva ao Benfica, deixando para o Rodrigo o transporte de bola, entre-linhas... Curiosamente o 1.º golo, foi numa subida-surpresa do outro André, o Almeida!!! Que como é natural não faz nem metade das 'piscinas' do Maxi, o que também retira muito jogo ofensivo ao Benfica, já que o Maxi sendo defesa, é um jogador que com as suas subidas, cria muitos desequilíbrios ofensivos. Na minha opinião ainda na 1.ª parte já merecíamos estar em vantagem, já que o Krul estava a ser o melhor em campo...!!!
Voltámos a ter sorte no início da segunda parte, com uma 2.ª bola no poste do Artur - abençoados pelos postes, mas traídos pelos apitos!!! -, mas depois o jogo foi todo nosso. O Newcastle, empatado, também decidiu controlar o jogo, fazendo claríssimo anti-jogo - estilo nada Britânico -, o que facilitou a nossa tarefa, com a entrada do Lima e do Enzo, o Benfica ganhou objectividade ofensiva, pressionou mais, e rapidamente marcámos dois golos - foram três, já que o Tacuara foi obrigado a marcar o penalty 2 vezes... estupidamente!!! -, aliás era visível que a defesa deles, pressionada  iria ceder... A arbitragem foi vergonhosa, o critério disciplinar uma nódoa, e tecnicamente mal, creio mesmo que na 1.º parte ficou um penalty por marcar a nosso favor, e o penalty marcado foi por indicação do árbitro de baliza - finalmente...!!! Mas aqui está outro ponto, que reforça a minha teoria, que a aposta tem que ser total no Campeonato, porque na UEFA, o Platini - ou o Colina ou outro qualquer que para lá trabalhe...!!! -, parece que não gostam do vermelho do Glorioso!!! Não tenho as estatísticas, mas não me recordo do último penalty a nosso favor na UEFA, mas não têm sido muitos, e este teve que ser em duplicado!!!


Acredito que o Benfica vai marcar em Newcastle. Mas o jogo não será fácil, aquele tipo de jogo directo, dos últimos minutos, foi uma amostra daquilo que nos espera. Com um árbitro caseiro, que não marque as faltas constantes que os Avançados fazem sobre os Centrais, podemos ter muitos problemas, porque eles normalmente ganham as segundas bolas!!!