terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Lixívia 19

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica.........49 (-6 ) = 55
Corruptos......49 (+4 ) = 45
Braga...........31 ( +2 ) = 29
Sporting.........22 (+6 ) = 16


É significativo verificar que quando o Benfica beneficia de uma grande penalidade bem assinalada - descaradamente bem assinalada -, a favor, tanto os Lagartos como os Corruptos começam logo a zurrar: '...o Vieira já controla as arbitragens...!!! Esta acusação disparatada, tem duas leituras interessantes:
-Em primeiro parece admitir que anteriormente 'outros' controlavam as arbitragens!!!
-Em segundo lugar, o facto de o Benfica beneficiar de bons juízos dos árbitros, e consequentemente não perder pontos devido a erros descarados por parte dos apitadeiros, como é habitual, é suficiente para tanto Lagartos como Corruptos insinuarem benefícios ao Benfica!!! Eu sei que eles estão mal habituados, que o corriqueiro é ver o Benfica nos momentos decisivos das épocas, ser Xistrado, ou Proençado... E portanto quando isso não acontece, a azia intelectual ataca forte aquelas cabecinhas vazias!!!
Ouvir a ginástica mental mentirosa, tentando encontrar uma falta do Gaitán sobre o João Dias, é pornográfico, ouvir Lagartos a defenderem estas teorias é expectável, mas deprimente: então não se recordam do penalty assinalado o ano passado no Sporting-Benfica, no lance entre o Luisão e o Wolfcoiso, que por muito, mas mesmo muito menos, foi considerado um penalty indiscutível, por vocês?!!! Gentinha sem espinha...



Um jogo decidido no último minuto, é sempre emotivo... havia já muitos, com os fósforos acessos, para atear os foguetes, por exemplo os jogadores da Académica já estavam a fazer contas de cabeça, ao carcanhol que o Homem da Mala ia depositar nas suas contas... Mas num raro momento de consciência, o árbitro marcou penalty a favor do Benfica!!! Durante o jogo a arbitragem foi má, muito má - também é verdade que já tivemos pior... -, foi cúmplice activo no anti-jogo da Académica, apesar do domínio total do Benfica, não tivemos um único livre frontal, e tivemos poucos livres laterais... Só sobre o Nico não foram marcados dois livres frontais, um bem pertinho da grande área, e outro sobre o Kardec... Como já defendi noutras ocasiões a Mão na Bola do Cabral, não deveria ser marcado penalty, mas em Portugal o critério nestes lances é marcar penalty (excepto contra os Corruptos), ainda me pareceu haver outro penalty, no lance do remate do Melga e da defesa impossível do ranhoso: o Nico tentou cabecear a bola, e é empurrado pelo João Dias... Os fiscais-de-linha também tiveram mal, só na 1.ª parte deixaram passar 3 foras-de-jogo à Académica, todos, jogadas em que os jogadores estão em posição irregular, e depois recuaram... o mesmo fiscal, na 2.ª parte marcou, mal, um fora-de-jogo ao Salvio numa jogada perigosa do Benfica.
O único remate da Académica à baliza foi anulado por fora-de-jogo: não sei se o Wilson estava e fora-de-jogo mas o Cissé, que também se fez à bola, estava em fora-de-jogo.
Ouvir, e ler gentinha a afirmar que o penalty existiu, e mesmo assim apelidarem esta vitória do Benfica, como: Polémica...!!! É difícil de engolir. Polémico seria se o penalty não fosse assinalado. Seria mais normal, aceito, mas nesse caso é que teríamos um resultado influenciado pelo árbitro. É legitimo apelidar esta vitória, como emotiva, sofrida... mas afirmar que foi polémica, é um atestado de estupidez, que infelizmente muita gente assina por baixo!!!
Sendo honesto, tenho que afirmar que já vi o Pedro Emanuel jogar assim contra os Corruptos, também já o vi jogar aberto contra o Benfica - e também contra os Corruptos -, portanto, como treinador não o meto no mesmo saco do Domingos... A grande diferença é que quando ele joga assim contra os Corruptos, o árbitro em vez de o proteger, leva com os Cosmes ou os Vascos Santos desta vida, e rapidamente fica com a defesa amarelada, leva com uma cabazada de livres perigosos contra, quando tenta sair para o contra-ataque tem as jogadas sabotadas à nascença, corre o risco de levar golos em claro fora-de-jogo, e se tiver a sorte de um dos seus avançados se isolar, legitimamente, é imediatamente marcado fora-de-jogo... e assim raramente este sistema de jogo resulta contra os Corruptos!!!
O grande problema deste anti-jogo é a sua defesa cultural. Que existe em Portugal, sempre que uma equipa actua desta forma. Enquanto se continuar a elogiar estes comportamentos vamos continuar a ter estádios vazios... A Académica não fez um único remate à baliza!!! Eu achei estranho ouvir no final que a estatística dava um remate à Académica, mas depois foi corregido, já que esse remate foi efectuado em fora-de-jogo!!! O ponta-de-lança de Coimbra jogou, quase sempre nos seus 25 metros defensivos, como um médio, mas se o resultado tivesse sido um empate, teríamos uma avalanche de elogios aos de Coimbra e de criticas ao Benfica...


Adenda: Também merece referência as constantes provocações - de gozo mesmo... - de alguns jogadores da Académica em direcção dos adeptos do Benfica, principalmente o Hélder Cabral, não é normal este tipo de atitudes, em nenhum Estádio...


O Xistra andou a espalhar o seu odor inconfundível em Aveiro. Quando devia ter expulso o Mangala, com o resultado em 1-0, e com mais de 20 minutos para jogar: não o fez. Quando o jogo estava decidido, com 2-0, a poucos minutos do fim, expulsou ridiculamente o caceteiro Corrupto. Mais ridiculo, só mesmo o Vitinho Sapo, no fim do jogo a queixar-se da perseguição ao seu novo carniceiro (os protestos, do seu adjunto, Paulinho Santos, no banco também foram engraçados!!!)... E pronto continua a série de jogos, em que os Corruptos não jogam em inferioridade numérica com o resultado do jogo ainda em aberto... Os Corruptos ainda se queixaram de um penalty por Mão na Bola, numa jogada completamente involuntária.
Os Lagartos, com uma sorte descomunal, já são os melhores do Mundo e dos arredores... Tudo isto devido  à entrada desleixada do Gil no jogo. Neste momento o problema dos adversários do Sporting, é entrarem  nos jogos com excesso de confiança!!! Foi mal marcado, muito mal, um fora-de-jogo ao Esgaio, que ficava completamente isolado, e nos últimos minutos, o mesmo Esgaio fez um penalty que o árbitro perdoou aos Lagartos: teria sido mais um prego no caixão!!!
Só vi o resumo do Braga, e parece-me que o Mossoró se atirou para a piscina... A expulsão do Hassam nos últimos minutos, demonstra que afinal o Major João Ferreira, ficou condicionado pelas declarações dos Corruptos no final do jogo com o Benfica, e resolveu facilitar o próximo jogo dos Corruptos!!! Se o senhor árbitro Ferreira tivesse o mesmo critério com as pisadelas do Fernando, o Benfica neste momento estaria isolado na frente do Campeonato...



Anexos:
Benfica
1ª-Braga(c) E(2-2), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, (3-2), (-2 pontos)
2ª-Setúbal(f) V(0-5), Jorge Sousa, Nada a assinalar
3ª-Nacional(c) V(3-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
4ª-Académica(f) E(2-2), Xistra, Prejudicados, (0-3), (-2 pontos)
5ª-Paços de Ferreira(f) V(1-2), Marco Ferreira, Prejudicados, (1-5), Sem influência no resultado
6ª-Beira-Mar(c) V(2-1), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, (3-1), Sem influência no resultado
7ª-Gil Vicente(f) V(0-3), Vasco Santos, Nada a assinalar
8ª-Guimarães(c) V(3-0), João Ferreira, Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
9ª-Rio Ave(f) V(0-1), Bruno Esteves, Nada a assinalar
10ª-Olhanense(c) V(2-0), Rui Silva, Nada a assinalar
11ª-Sporting(f) V(1-3), Marco Ferreira, Nada a assinalar
12ª-Marítimo(c) V(4-1), Hugo Pacheco, Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
13ª-Estoril(f) V(1-3), Duarte Pacheco, Nada a assinalar
14ª-Corruptos(c) E(2-2), João Ferreira, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
15ª-Moreirense(f) V(0-2), Capela, Nada a assinalar
16ª-Braga(f) V(1-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
17ª-Setúbal(c) V(3-0), Vasco Santos, Beneficiados, Sem influência no resultado
18ª-Nacional(f) E(2-2), Proença, Prejudicados, (2-4), (-2 pontos)
19ª-Académica(c) V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, Sem influência no resultado

Sporting
1ª-Guimarães(f) E(0-0), Capela, Nada a assinalar
2ª-Rio Ave(c) D(0-1), Marco Ferreira, Nada a assinalar
-Marítimo(f) E(1-1), Xistra, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
4ª-Gil Vicente(c) V(2-1), Vasco Santos, Beneficiados, Prejudicados, (2-2), (+2 pontos)
5ª-Estoril(c) E(2-2), Nuno Almeida, Beneficiados, (2-3), (+1 ponto)
6ª-Corruptos(f) D(2-0), Jorge Sousa, Prejudicados, (1-0), Sem influência no resultado
7ª-Académica(c) E(0-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
8ª-Setúbal(f) D(2-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
9ª-Braga(c) V(1-0), Proença, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
10ª-Moreirense(f) E(2-2), Hugo Miguel, Nada a assinalar
11ª-Benfica(c) D(1-3), Marco Ferreira, Nada a assinalar
12ª-Nacional(f) E(1-1), Soares Dias, Nada a assinalar
13ª-Paços de Ferreira(c) D(0-1), Rui Silva, Nada a assinalar
14ª-Olhanense(f) V(0-2), Hugo Pacheco, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
15ª-Beira-Mar(c) V(1-0), Cosme, Nada a assinalar
16ª-Guimarães(c) E(1-1), Xistra, Beneficiados, (1-2), (+1 ponto)
17ª-Rio Ave(f), D(2-1), Capela, Beneficiados, Sem influência no resultado
18ª-Marítimo(c) D(0-1), Duarte Gomes, Nada a assinalar
19ª-Gil Vicente(f) V(2-3), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, (3-4), Sem influência no resultado

Corruptos
1ª-Gil Vicente(f) E(0-0), Duarte Gomes, Beneficiado, Prejudicado, (1-1), Sem influência no resultado
2ª-Guimarães(c) V(4-0), Hugo Miguel, Prejudicado, Sem influência no resultado
3ª-Olhanense(f) V(2-3), João Ferreira, Nada a assinalar
-Beira-Mar(c) V(4-0), Manuel Mota, Nada a assinalar
5ª-Rio Ave(f) E(2-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
6ª-Sporting(c) V(2-0), Jorge Sousa, Beneficiados, (1-0), Sem influência no resultado
7ª-Estoril(f) V(1-2), Capela, Nada a assinalar
8ª-Marítimo(c) V(5-0), Cosme, Nada a assinalar
9ª-Académica(c) V(2-1), Hugo Pacheco, Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
10ª-Braga(f), V(0-2), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
11ª-Moreirense(c) V(1-0), Vasco Santos, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
12ª-Setúbal(f) V(-3), Proença, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
13ª-Nacional(c) V(1-0), Rui Costa, Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
14ª-Benfica(f) E(2-2), João Ferreira, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
15ª-Paços de Ferreira(c) V(2-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
16ª-Gil Vicente(c) V(5-0), Paulo Baptista, Beneficiados, Sem influência no resultado
17ª-Guimarães(f) V(0-4), Marco Ferreira, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
18ª-Olhanense(c) E(1-1), Cosme Machado, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado
19ª-Beira-Mar(f) V(0-2), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar no resultado

Braga
1ª-Benfica(f) E(2-2), Soares Dias, Beneficiado, Prejudicado, (3-2), (+ 1 ponto)
2ª-Beira-Mar(c) V(3-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
3ª-Paços de Ferreira(f) D(2-0), Pedro Proença, Nada assinalar
4ª-Rio Ave(c), V(4-1), Bruno Paixão, Nada a assinalar
5ª-Guimarães(f), V(0-2), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
6ª-Olhanense(c), E(4-4), Jorge Tavares, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7ª-Marítimo(f), V(0-2), Benquerença, Nada a assinalar
8ª-Gil Vicente(c) V(3-1), Rui Silva, Beneficiados, Impossível contabilizar
9ª-Sporting(f) D(1-0), Proença, Prejudicados, (1-1), (-1 ponto)
10ª-Corrutpos(c) D(0-2), Xistra, Prejudicados, Impossível contabilizar no resultado
11ª-Académica(f) V(1-4), Soares Dias, Nada a assinalar
12ª-Estoril,(c) V(3-0), Nuno Almeida, Beneficiados, (3-1),Sem influência no resultado
13ª-Moreirense(c) V(1-0), Jorge Sousa, Nada a assinalar
14ª-Nacional(f) D(3-2), Hugo Miguel, Nada a assinalar
15ª-Setúbal(c) V(4-1), Duarte Gomes, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
16ª-Benfica(c) D(1-2), Bruno Esteves, Nada a assinalar
17ª-Beira-Mar(f) E(3-3), Hugo Pacheco, Beneficiados, Prejudicados, (4-2), (+1 ponto)
18ª-Paços de Ferreira(c) D(2-3), Paulo Baptista, Nada a assinalar
19ª-Rio Ave(f) E(1-1), João Ferreira, Beneficiados, (1-0), (+1 ponto)

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Épocas anteriores:

A morte e a morte do Chacha, ou seja, Álvaro Gaspar

"Morreu primeiro como jogador, vítima de doença estranha e implacável, e depois como homem, na flor da idade... Foi, dizem, um talento único.

NÃO é «A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água», de Jorge Amado, mas é também a história de uma morte seguida de outra morte. Estas são as mortes de Álvaro Gaspar, uma das figuras mais marcantes dos primórdios da história do Benfica.
Nasceu no dia 10 de Maio de 1889. Morreu a 3 de Setembro de 1915. Essa foi a sua morte de papel passado. De atestado de óbito.
Mas já tinha morrido antes. Ou, vamos lá, tinha 'morrido', assim com aspas.
A morte dolorosa de não poder voltar a jogar futebol. No dia 15 de Fevereiro de 1914. Menos de três anos após a sua estria, em Novembro de 1911.
Que aconteceu a um rapaz tão jovem, conhecido pelo seu azougue? Ninguém parece saber ao certo. Foi ficando fraco, doente. Sentava-se na bancada contemplando entristecido o esforço dos seus companheiros. Nada conseguiu contra a maleita.
Escreveu, quem o viu jogar, que era um fenómeno. Alegrava o povo com a sua rapidez e a sua técnica apurada, algo raro para essa época de futebol-de-baliza-às-costas que nem o peso das botas ajudava o que quer que fosse.
Álvaro Gaspar, Paiva Simões, Homem de Figueiredo, Henrique Costa, Cosme Damião, Artur José Pereira: nomes que já não se usam sobre os relvados. A ditadura da rádio encurtou-os.
O Benfica ganhava hábitos de Campeão. Na época de 1913/14 ganhou os Campeonatos das quatro categorias. Chamavam-lhe o 'Chacha'. Ainda não conseguiu perceber porquê. Mas não desisto.

Aquela tarde inesquecível!
O 'Chacha' faz parte da história, mas houve sobretudo uma tarde que ficou para sempre marcada na história.
Dia 27 de Março de 1913: o Benfica recebia o New Crusaders, de Inglaterra. Acredito que, hoje em dia, o nome New Crusaders diga zero a quem faz o favor de me ler. Não lamente a ignorância. Nunca o New Crusaders foi uma potência do Futebol inglês. Mas, ao tempo, distinguia-se (e bem!) o Futebol profissional do amador, e enquanto em Portugal se jogava dentro do mais puro amadorismo, nas ilhas britânicas já havia profissionalismo à séria. Convenhamos: jogar contra as poderosas equipas profissionais inglesas estava fora de questão. Ninguém estava para passar vergonhas nem os ingleses, com o seu complexo de superioridade, se predispunham a defrontar pobres latinos amadores dos confins da Europa. Não se esqueçam que esse complexo de superioridade fez com que se recusassem a participar no Campeonato do Mundo até 1950...
Vinha então o New Crusaders, considerada o mais forte conjunto amador da Velha Albion, então mais pérfida do que nunca.
Pela primeira vez o Benfica está frente a frente com os mestres ingleses, criadores do jogo, considerados de um mundo à parte em relação aos clubes do continente.
A imprensa rejubila: «O New Crusaders FC vai mostrar, pela primeira vez, ao povo lisboeta, o jogo de Futebol como ele se pratica nos clubes ingleses de primeira categoria. As suas duas últimas 'tournées' ao continente foram um verdadeiro triunfo, pois nunca conheceram a derrota. Em 1912, o clube inglês venceu o campeão de França, por 2-0, e o Barcelona, por 2-0 e 3-1». O Benfica perde, como não podia deixar de ser. Duas derrotas aceitáveis, 0-6 e 0-3 (sobretudo se pensarmos que o Sporting perdeu, por 0-12).
Melhoras significativas no segundo encontro. 'Os Sports Ilustrados' gritavam em manchete: «A formidável equipa inglesa esmagou literalmente os nossos 'teams'». No 'Vida Desportiva', pela pena de João Veloso, o Benfica recebe um elogio de truz pela sua segunda exibição face aos ingleses: «O Benfica teve a glória de, jogando com um 'team' de tal classe e respeito, ter sido vencido apenas, por 0-3. Foi, nessa tarde, grande e monumental, para o nosso orgulho de jogadores e portugueses que assistimos ao espectáculo, nunca presenciado, de vermos ao colo, em gesto apoteótico, pelos jogadores ingleses, até ao balneário, o imortal jogador de bola que se chamou Álvaro Gaspar, o célebre 'Chacha'. A multidão, emocionada, delirava de pasmo. Este facto há-de ficar na história do Futebol português como um dos mais memoráveis». A exibição de Álvaro Gaspar foi, segundo rezam as crónicas, formidável.
Impressionados com a técnica do franzino benfiquista, os adversários rodearam-no e felicitaram-no no final do encontro. Depois, como nas touradas, levaram-no em ombros. Era assim o 'fair-play'. Era assim Álvaro Gaspar.
Dois anos depois estava morto."

Afonso de Melo, in O Benfica

Jogo de uma banda só

"Vitória merecida do Benfica (1-0) perante Académica superdefensiva.
Depois de um jogo extenuante na Alemanha, pelo adversário e pelas condições climatéricas adversas, previam-se alguns problemas para o Benfica neste confronto com a matreira Académica, apesar do factor-casa de que os encarnados beneficiavam. O que já não estaria nas previsões mais pessimistas era que o "nulo" se arrastasse para lá dos 90' e apenas fosse desfeito de grande penalidade.
Sem Matic nem Cardozo - ambos expulsos no jogo anterior e ridiculamente penalizados por igual (1 jogo), quando o avançado justificava mais severa sanção e o sérvio nem sequer o "amarelo" - o Benfica não foi o mesmo, mais pela ausência do "trinco" do que pela do "matador", já que aquela obrigou a uma operação de cosmética à retaguarda que, decididamente, não resultou.
A chamada de André Almeida, habitual lateral, não foi a mais feliz, por evidente falta de rotina, facto que prejudicou claramente a ligação com os homens mais adiantados. Uma situação mais agravada pelo jogo pouco elástico, digamos assim, que Enzo Peréz teve a oportunidade de protagonizar. E, sem apoios consistentes no eixo, a dupla Rodrigo-Lima viu-se sempre em dificuldades para ultrapassar a barreira defensiva contrária.
Uma Académica que, sublinhe-se, apenas procurou defender, abdicando completamente do ataque, o que determinou que o jogo decorresse numa toada pastosa, sem o aliciante do contra-golpe que a existência de espaços sempre suscita. Tivesse o Benfica marcado mais cedo e, por certo, a estratégia de Pedro Emanuel teria de vestir outro "fato". Mas o jogo fechado da Briosa, com realce para Ricardo na baliza - que, apesar da melena capilar, defendeu tudo o que havia para defender - constituindo sério obstáculo às pretensões encarnadas, dispensou mudança de "traje".
Quem se viu obrigado a mudar foi Jesus, sobretudo com a entrada de Carlos Martins (saiu André Almeida). Finalmente, o onze surgiu arrumado, com o recuo de Enzo Pérez para a função de "trinco", que ele também conhece, e a passagem de Martins para a posição 10 (idem) de apoio aos pontas de lança, agora Kardec e Lima. Gaitán completou a revolução, fazendo o corredor esquerdo, em vez de Ola John, que assim se despedia depois de um remate ao poste, gesto que Melgarejo, com a "ajuda" de Ricardo, reeditaria.
Do outro lado, P. Emanuel reforçava o seu sistema de segurança com o recurso a mais uma dose de betão armado para a zona intermediária (Makelele e Ogu), enquanto Edinho rendia Cissé para o que desse e viesse lá na frente. Mas o que deu foi lá atrás, na área da Académica, onde a ingenuidade de João Dias acabou por ser fatal. Embrulhado com Gaitán, o defesa prolongou o contacto, puxando a camisola do adversário, incorrendo em castigo máximo que Lima não desperdiçou.
Uma vitória arrancada a ferros mas inteiramente merecida, uma vez que o Benfica, sem ter feito uma exibição de gala, longe disso, foi a única equipa que fez por ganhar o jogo. Já a Académica apostou forte, sim, mas apenas (e apenas mesmo) no empate. E quando assim é, às vezes apanham-se decepções..."