sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

God save the Queen!

"Das cenas mais canalhas que o pobre Futebol português foi testemunha: a de um árbitro, que umas semanas antes tinha martelado um resultado descaradamente, oferecendo de bandeja o título ao clube do regime corrupto, beijar e ser beijado no pescoço por aqueles a quem fizera o favor de tornar campeões. Cada ósculo foi um asco. Vaidoso, prepotente em relação aos que prejudica e submisso perante quem realmente lhe dá ordens, o Azeiteiro-da-Cabeça-d'Unto demonstrou publicamente, em exagero, a estrutura moral que o sustenta, dobrando a espinha como vime fino em tarde de ventania.
Não sabemos se, na véspera, terá sido convidado para um dos famosos cafezinhos naquela casa iluminada da Madalena que serve de palácio à Rainha. Se foi, não é de estranhar. De cócoras, à frente do patrão, limitou-se a ser o atoleimado presunçoso que sempre foi, cantando desafinadamente o 'God Save the Queen' antes de surgir na pantalha de todos nós a mendigar que o deixem aparecer mais vezes no palco daquele jogo que se tornou, para ele, uma espécie de fetiche, marcando-o com pilhagens inesquecíveis. Miserável arbitragem, esta das malfeitorias consecutivas!
Um cancro que se espalha há anos em metástases pelo Futebol português. Ajoelhados, os sinistros senhores de preto, cantam os parabéns à Rainha que acaba de cumprir sete décadas e meia de esbulhos. Em coro:
'God Save the Queen
her fascist regime
God Save the Queen
she ain't no human being...'

P.S. 1 - Quando um jogador se comove ao lembrar uma vitória conseguida à custa de mais incrível das batotas, revela muito sobre o seu carácter. E ainda mais sobre a falta dele.

P.S. 2 - Cuidado! Muito cuidado! O Azeiteiro teima em oferecer-se para resolver o Campeonato. E ele sabe como fazê-lo. Já nem seria a primeira vez."

PS: Em relação ao P.S. 2, tenho que acrescentar: '...não seria a primeira vez, nem a segunda!!!'

Artilharia afinada para conquistas

"Maquiavel sempre ensinou que quem «depende exclusivamente da sorte, cai quando ela muda». Ora, talvez por isso, não seja a sorte aquela que mais decide títulos. É preciso haver qualidade individual, mas sobretudo qualidade colectiva. O Benfica cansado e sem inspiração mostrou uma grande vontade de não perder contra o Moreirense e manter intactas as aspirações na Taça da Liga. O Benfica mais fresco e inspirado goleou um Desp. Aves sem argumentos para tanto Benfica na busca pela Taça de Portugal. Mérito dos jogadores mas sobretudo de quem os treina. Gostei de ver Jesus desesperado em Moreira de Cónegos e tentar não hipotecar uma prova que ganhou repetidamente. Gostei de sentir vontade em vencer a Taça de Portugal. O Benfica que desejo luta por títulos, com um futebol bonito de preferência, e não por ganhar alguns jogos ou por ter alguma sorte.
No campeonato segue-se o Estoril, equipa sensação que fará antever um jogo muito difícil. Por agora o Estoril é mais importante e difícil que o FC Porto. Quarta-feira temos que cumprir com a Académica o objectivo Taça da Liga.
Lima, Rodrigo e Cardozo são artilharia afinada para as conquistas que se esperam. Enzo é fulcral, mas Jesus parece ter ressuscitado Bruno César que apareceu contra o Aves como não nos lembramos de ver e Gaitán renasceu com a magia que nos encanta. Bem precisamos que as lesões não nos dizimem, com tantas provas e tantos jogos para cumprir.
O Benfica regressou ao trabalho com o Seixal num mar de gente em treino aberto ao público, e o FC Porto cumpriu dia 1 um treino no Dragão com mais de 10 mil adeptos. Moreira de Cónegos estava completamente cheia num jogo da Taça da Liga. Prova apenas uma coisa: que o amor pelos clubes e pelo futebol está lá. Os clubes têm que se adaptar às novas capacidades de uma população exaurida financeiramente."

Sílvio Cervan, in A Bola

Os inocentes

"Paulo Pereira Cristóvão, actualmente ex-vice presidente do Sporting, foi acusado de sete crimes pelo Ministério Público. De entre os crimes, estão o branqueamento de capitais e a burla qualificada. Decorrente desta investigação, há a convicção, por parte do Ministério Público, de que, enquanto esse cidadão desempenhava funções directivas no Sporting, teria espionado futebolistas, árbitros e dirigentes, fomentando ainda uma tentativa de espionagem do complexo desportivo do Benfica, no Seixal. Tudo isto complementado com uma canhestra atitude de patrocinar o depósito de dinheiro na conta de um fiscal de linha nomeado para um jogo do Sporting.
Com base na presunção da inocência, todos nós somos inocentes até prova em contrário e, como tal, todos olhamos inocentemente para este cândido cenário. Assim, inocentemente, acreditamos que este rol de acusações é uma cabala ou um mal-entendido para com o cidadão que veio ao Estádio da Luz chamar pré-históricos aos dirigentes do Benfica. Possivelmente, por estes se recusarem a usar os métodos de dirigismo pós-moderno do referido cidadão. Do mesmo modo, acreditamos todos que estes métodos alegadamente “pereirianos” nada tinham que ver com a viciação das competições em que o clube de que era vice-presidente estava envolvido. Obviamente, como todos somos inocentes, isto de andar a espiar árbitros, adversários e a depositar dinheiro em contas de membros de equipas de arbitragem é, certamente, um acto individual, para servir interesses que não nos dizem respeito, e só por má-fé se pode concluir que, a ser alguma coisa, fosse mais do que isso.
É dentro deste clima de inocência total que se percebe o alheamento da justiça desportiva relativamente a isto tudo e, como inocentes que somos, nem sequer comentamos a decisão do Sporting não se constituir como assistente em todo o processo… Qualquer inocente conclui que o tal clube “diferente” nada tem que ver com isto."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica